sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Ideia de crianças-índigo revela uma grande estupidez


A ideia de criança-índigo é muito mais estúpida e ridícula do que se pode imaginar. Primeiro, porque se trata de uma discriminação, anunciada em argumentação "positiva", contra pessoas que são dotadas de personalidade diferenciada e inteligência peculiar. Segundo, porque enxerga a perspectiva materialista de "estoques de pessoas inteligentes" com a missão de "transformar o planeta".

A primeira alegação é até confusa, porque no meio do caminho, os "espíritas" colocam no mesmo balaio cheiradores de crack e jovens cientistas. Caindo em contradições o tempo todo, eles tentam argumentar que algumas crianças-índigo "não conseguem" aproveitar "adequadamente" seus potenciais.

Os partidários dessa ideia, que não passa de engodo místico e sensacionalista, não conseguem decidir se tal classificação se refere às pessoas com elevado grau de moralidade, combinada a uma inteligência precocemente adquirida, ou se refere a pessoas muito inteligentes mas eventualmente perturbadas e relapsas.

O anti-médium baiano, Divaldo Franco, que os incautos entendem como "fiel e rigoroso discípulo de Allan Kardec" mas que comete asneiras que o pedagogo francês reprovaria sem um milésimo de segundo de hesitação, chegou ao cúmulo de dizer que o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade) era uma "virtude" das ditas crianças-índigo.

Para evitar críticas, os partidários dessa ideia absurda reservam a classificação de crianças-cristais para "espíritos de maior evolução", e alguns se limitam a definir as crianças-índigo apenas como "muito inteligentes" e "bastante engenhosas".

Perde-se muito tempo com isso e o próprio Divaldo Franco, com seus simulacros de "cientista" através de suas poses, seu teatrinho professoral e sua verborragia, tenta dar um caráter "científico" a essa bobagem, que revela um gritante aspecto materialista que envergonharia aqueles que se apoiam nas bases kardecianas.

Isso porque a ideia de que uma série de "crianças especiais" que nasceriam num determinado período para "salvar a humanidade" e "cumprir uma função missionária", além de deixar subentendidos dogmas de caráter esotérico e religioso, trazem um ranço materialista que, por incrível que pareça, é o que mais contamina o "espiritismo" brasileiro.

Esse ranço se observa quando a ideia de "crianças especiais" se apoia numa abordagem que lembra um envio de estoques para abastecimento no mercado. A ideia então expressa a visão de que "estoques de pessoas especiais", o que traz uma série de preconceitos sociais graves.

Afinal, cria-se uma discriminação de pessoas que se tornam bastante inteligentes e são capazes de perceber as coisas até na adolescência. É a forma de dizer e de acreditar que o ideal na sociedade é a mediocridade e que o rótulo "criança-índigo" ou "criança-cristal" - há ainda outro similar, a "criança-estrela" - seria uma forma de segregar pessoas que manifestam um saber fora do comum.

Recentemente, uma atriz estadunidense, Rowan Blanchard, do seriado Garota Conhece o Mundo (Girl Meets World), do Disney Channel, havia escrito um texto sobre feminismo que parece escrito por uma universitária de 25 anos. Mas Rowan ainda vai fazer 14 anos em outubro próximo.

Só para uma comparação, a funqueira Valesca Popozuda passou a defender um arremedo de feminismo que não passa de um amontoado de estereótipos e valores deturpados, voltados mais a uma afirmação narcisista de um tipo de sensualismo grosseiro, que nada tem de feminista e mostra uma essência sutilmente machista. Um "feminismo" pensado pelo silicone.

Valesca fará 37 anos uma semana antes de Rowan. E, com todo o arremedo de feminismo que tenta desenvolver, a funqueira não tem a relevância e a sinceridade da atriz da Disney, que ainda nos seus treze anos traz uma visão muito mais consistente e realista de feminismo do que a intérprete de "Beijinho no Ombro". Rowan mandou um "beijinho no ombro" ao "feminismo" da funqueira e preferiu conhecer o mundo.

Rowan é uma criança-índigo? De jeito nenhum! Como também não são crianças-índigo as irmãs atrizes Dakota Fanning e Elle Fanning. Se elas se tornaram bastante inteligentes e capazes de dar opiniões já na infância, é porque elas tiveram um contexto em que combina uma excelente educação familiar e escolar e a vontade delas próprias em compreender o mundo.

Muitos casos a inteligência peculiar é uma combinação da própria vontade da criança, da curiosidade que ela tem das coisas e do interesse de pais que, por si, possuem uma boa vivência de vida, darem uma educação que aproveitasse esse potencial. Nada de bobagens como Kryon, estrelas cósmicas, profecias místicas. Tudo é uma questão de educação e convívio social.

Daí que a classificação de "crianças-índigo" e similares são inválidas, no sentido de que se trata de mistificações que escondem preconceitos. E mostram o quanto religiosos, no fundo, sempre desejaram uma sociedade medíocre e submissa para que estivesse sempre sob o controle de suas seitas. E os "espíritas" não são exceção a essa regra.

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