segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Como não cair na tentação da retratação do "espiritismo" brasileiro?


No "espiritismo" brasileiro, há muitos casos de adesão de pessoas que haviam sido céticas e até extremamente críticas, a ponto de acusar os "médiuns" de charlatanismo e fraude, mas que depois, no primeiro contato com uma atividade "espírita", passam a aderir a ela com muita devoção, desfazendo das impressões anteriores.

Isso é bom? Não. Isso é péssimo, é perigoso e bastante nocivo para a pessoa, que apenas ganha falsa impressão de amorosidade e paz, embora num momento ou em outro o infortúnio lhe pregue peças muito piores, nem que seja para afastar dele, através da tragédia, os entes mais queridos.

O que parece uma "sublime atitude de reconhecimento da fé espírita" é na verdade uma perigosa subordinação religiosa comparável à que os hereges da Idade Média sucumbiram ao jugo católico. Nunca devemos esquecer que o "espiritismo" brasileiro, por suas escolhas igrejistas, reduziu-se a uma versão repaginada do Catolicismo jesuíta do Brasil colonial, que possuía bases medievais.

É vergonhoso que no Brasil haja essa tendência, uma grande ameaça do "espiritismo" brasileiro absorver céticos e contestadores e, assim, fazer-se triunfar essa versão do Espiritismo que permanece deturpada, com traições graves contra Allan Kardec sendo impunemente praticadas, e, o que é pior, em nome dele.

Os deturpadores do Espiritismo, que exercem seu poder pelo aparato de "humildade", "caridade" e "esclarecimento", até se valem do triunfalismo, aguentando as críticas pesadas que recebem e as violentas crises que os atingem, como se isso fosse uma tempestade de duas horas. Acreditam eles que seus contestadores de véspera se renderão e correrão chorando para os braços dos "médiuns", que são os sacerdotes sem batina dessa esquizofrenia religiosa.

Quem se rende a esses deturpadores é tido como "forte", "perseverante" e "misericordioso". Engana-se quem pensa assim. Quem se rende assim é, na verdade, um fraco, um desistente, e um masoquista, porque o "espiritismo" finge que perdoa os hereges contemporâneos, mas lhes roga azar assim que os acolhe como "ovelhas perdidas".

Há dicas para as pessoas evitarem essa retratação e seguirem a recomendação de Allan Kardec, que sempre aconselhou para que se combata a deturpação com vigilância, sem ceder um único passo em favor dos deturpadores.

Segundo Kardec, os deturpadores - sobretudo, conforme nossa análise, os "médiuns" brasileiros tão conhecidos e, infelizmente, muito adorados - investem em mensagens falando de "amor", "fraternidade" e "caridade", apelando para ideias "mais lindas", de forma a dominar o interlocutor e inserir nele ideias levianas de mistificação e de conservadorismo ideológico.

Damos aqui as dicas para as pessoas evitarem qualquer retratação do "espiritismo" brasileiro, evitando assim o papel patético que pessoas como Humberto de Campos Filho fizeram ao se renderem a Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier:

1) NÃO VISITE UMA "CASA ESPÍRITA" - Estabelecimentos "espíritas" estão preparados para receber estranhos através do recurso do "bombardeio de amor", combinando apelos emotivos muito fortes e aparentemente confortadores com demonstrações de aparentes intimidade e fraternidade extremas. Isso traz sensações que na aparência soam muito agradáveis e prazerosas, mas essas sensações são alucinógenas e corrompem a razão e o bom senso, além de tornar as pessoas irritáveis à menor adversidade.

2) NÃO SE DEIXE LEVAR PELA POSE DE COITADOS DOS "MÉDIUNS ESPÍRITAS" - É essencial resistir, com todas as energias, à pose de coitados e de vítimas dos "médiuns espíritas", que sempre tentam passar uma imagem de mansuetude e aparente alegria. A tentação em se deixar levar pela aparência suave desses perversos deturpadores do Espiritismo é imensa e já levou muitos bravos Ulisses do cotidiano atual para os "cantos de sereias" dos "médiuns" pretensamente amorosos. É preciso firmeza, porque legitimar um "médium espírita" é legitimar a deturpação.

3) NÃO SE DEIXE LEVAR POR APELOS EMOTIVOS DIVERSOS - Paisagens floridas, céu azul com nuvens brancas e sol, cenários marinhos com peixes graciosos e fotos de crianças sorrindo, ou então, de crianças pobres chorando, são apelos dos mais diversos que forçam a pessoa a se render a esse "espiritismo" deturpador. Há também a propaganda midiática que glamouriza a imagem dos "médiuns" e, no caso de Divaldo Franco, o aparato melífluo da voz ou a teatralidade das oratórias também favorece a dominação de quem não tem firmeza para resistir a esses apelos perigosos.

4) DESCONFIE DAS DESCULPAS RELACIONADAS À "CARIDADE" - A "caridade" - que os "espíritas" definem erroneamente como "Assistência Social", mas é mero Assistencialismo - é usada como artifício para abafar as irregularidades do "espiritismo" brasileiro. Daí a famosa desculpa: "os espíritas no Brasil deturpam a Codificação, mas pelo menos valem pela caridade". Não, não existe a caridade sincera e espontânea e mesmo o serviço mais gratuito e aparentemente fraternal tem seu objetivo de recompensa, senão a financeira, pelo menos a simbólica, que é o prestígio religioso.

5) NÃO ACEITE AS DESCULPAS DE QUE OS DETURPADORES IRÃO "APRENDER MELHOR" O ESPIRITISMO - Foi essa desculpa que fez ampliar os poderes dos "médiuns" deturpadores durante a ditadura militar. A promessa, que se comprovou em vão, dos deturpadores Chico Xavier e Divaldo Franco em "recuperar as bases doutrinárias do Espiritismo original" foi apenas uma conversa para boi dormir. O igrejismo dos dois só se intensificou, assim como as traições doutrinárias. A promessa foi como uma raposa prometer recuperar o galinheiro. Só deu errado.

6) NÃO SE ILUDA COM DISCURSOS "FRATERNOS" E "UNIFICADORES" - Parece cruel, mas rejeitar o discurso de "fraternidade" e "união entre irmãos" é necessário porque muitos desses processos "unificadores" e "conciliadores" escondem mecanismos de dominação das pessoas. Em muitos momentos, a expressão "fraternidade" e "irmão" servem apenas de eufemismo para líderes religiosos dominarem as pessoas e submeterem-nas ao seu poder e controle.

São alguns desses cuidados que devem ser feitos para que o questionador das irregularidades do "espiritismo" brasileiro não se renda ao seu domínio, evitando ser escravo do poder mistificador dos deturpadores e seus apelos emotivos e outros aparatos atraentes, porém perigosos.

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