A EXTREMA-DIREITA CRESCE, NO ÁPICE DA RETOMADA ULTRACONSERVADORA QUE VIGORA NO BRASIL DESDE 2016.
O quadro político brasileiro simplesmente desqualificou, por completo, o mito de que o Brasil seria "o coração do mundo e a pátria do Evangelho". Não há como os "espíritas" falarem que esse mito apenas "começará em 2019" e que "será um longo caminho". Sabe-se que tudo isso se sustenta com muitas falácias e que a situação do Brasil, na comunidade das nações, não só voltou a ser humilhante como se tornou ainda mais constrangedora para o exterior.
Como o "espiritismo" brasileiro não conseguiu mais esconder seu ultraconservadorismo, um resultado amargo, porém natural, pelas escolhas que a doutrina igrejeira fez a partir do apreço a Jean-Baptiste Roustaing, sabe-se que suas perspectivas de que o Brasil entraria numa "nova era" e que "comandaria o progresso da humanidade" são ao mesmo tempo falaciosas e perigosas.
Podemos garantir que, a poucos meses da "data-limite" - a alegada "profecia" de Francisco Cândido Xavier divulgada em 1986, de que um sonho de 1969 prenunciava uma "moratória de 50 anos" para a humanidade planetária, antes da ascensão do Brasil como "nação-guia" do planeta - , o Brasil perdeu todas as condições da tão sonhada posição. Isso parece ruim, mas é bom, em certo sentido.
Em primeiro lugar, os rumos que o Brasil está vivendo desmoralizaram os "espíritas", que demonstraram que, por trás de seu discurso "futurista", havia um conteúdo doutrinário medieval, cada vez mais afastado de Allan Kardec, ainda que seu nome fosse bajulado com insistência e seus ensinamentos, mal interpretados, fossem evocados de forma pedante pelos palestrantes "espíritas".
A chamada "nova era", fantasia que fez lotar muitas casas "espíritas", na carona de tantos movimentos esotéricos e místicos, uns misturando até ufologia e horóscopo com pastiches de religiões hindus e chinesas, foi derrubada quando, no Brasil, se observa a barbárie querendo voltar com toda força.
Recentemente, se fala de casos de vários homens se achando no direito de se masturbarem em público, ofendendo as pessoas que são alvo desse ato grosseiramente praticado em ônibus. E isso fora os casos de racismo, machismo, homicídio, homofobia e outros, além da ascensão "tranquila" e "segura" do político Jair Bolsonaro, que parece estar indiferente às críticas que recebe e aos escândalos, gravíssimos, que provoca.
Mas se até Chico Xavier é imune aos escândalos que provocou, tendo reagido, em seu tempo, aos piores impasses com vitimismo e hipocrisia - o caso Otília Diogo, que ele acompanhou com gosto nos bastidores, é um exemplo - , sempre buscando um meio de se livrar de encrencas e aliciar pessoas (como o caso de Humberto de Campos Filho, que processou o "médium" e depois foi por este seduzido por um espetáculo de Ad Passiones e Assistencialismo em Uberaba), então Bolsonaro também pode tudo.
Vivemos a viciada complacência com as hierarquias e com a desinformação generalizada das pessoas que parecem ter a sensação, bastante enganosa, de que estão vivendo os tempos áureos. Para elas, bastava tirar o PT no poder e era só "arrumar a casa". Elas pensam que os projetos retrógrados do governo Michel Temer - apoiado pelos "espíritas" - irão beneficiar os não-ricos, mesmo com o desmonte dos direitos trabalhistas e a desnacionalização predatória de nossa economia.
Essa sensação enganosa pode até gerar o discurso de que a "data-limite" se "consolidou" em 2019 e o Brasil "está a salvo". Fala-se de falácias como a "inauguração da Pátria do Evangelho" ("Correio Espírita") e "o fim da recessão na nossa Economia" (O Globo). Depois os "espíritas" não gostam quando alguém diz que Chico Xavier não passa de mais uma estrela da Rede Globo...
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