domingo, 17 de setembro de 2017

"Espíritas" se confundem ao definir a "data-limite" como fase de turbulência ou regeneração

"PROTEGIDA" POR "NOSSO LAR", PELA RÁDIO RIO DE JANEIRO E PELO JORNAL "CORREIO ESPÍRITA", A CIDADE DO RIO DE JANEIRO VIVE GRAVE SURTO DE VIOLÊNCIA.

Os "espíritas" são marcados pela confusão de argumentos, quando o assunto é evolução da humanidade. Não conseguem se decidir se o que ocorre é uma regeneração ou um momento de turbulência, chegando mesmo a desmentir expectativas que, na véspera, afirmavam como certeiras, tão possuidores da verdade que se acham os "espíritas", que lutam para ter para si a palavra final.

Nos eventos políticos de maio de 2016, houve um processo que depois se definiu como "golpe político moderno", um golpe que foi marcado não pela ação de tanques do Exército nem de grupos paramilitares assaltando o poder, mas pelo aparato de "legalidade" trazida pelos poderes Legislativo e Judiciário, aliados ao Ministério Público e à Polícia Federal. Foi o golpe político que representou a volta dos conservadores ao poder no Brasil, através do governo do retrógrado Michel Temer.

Pois esse golpe político-judiciário, também apoiado pela grande mídia, foi definido pelos "espíritas" como um "momento de despertar para o Brasil". Além do habitual refrão de pedir "orações para as autoridades pensarem no povo brasileiro", os "espíritas" passaram a alternar artigos de puro otimismo com súplicas, cada vez mais constantes, para os sofredores e desafortunados da sorte aceitarem desgraças e limitações pesadas, suportando tudo com "fé e resignação".

Os "espíritas" chegaram mesmo a apelar para os sofredores "amarem o sofrimento". Mas aí, quando se divulgou na Internet que o "espiritismo" brasileiro estava acolhendo a Teologia do Sofrimento, corrente católica-medieval que faz apologia da desgraça humana, os "espíritas", dissimuladores contumazes, logo recuaram e tentam desmentir, criando agora textos sobre "esperança" e até sobre o lema cristão "Pedi e Obtereis".

A defesa subliminar do governo Michel Temer era observada, nos textos "espíritas", por essa Teologia do Sofrimento. Infere-se que as reformas conservadoras do governo Temer são apoiadas com entusiasmo pelos "espíritas": a reforma trabalhista, por evocar valores ligados à hierarquia social, ao desapego material e à conformação com as limitações humanas. A reforma previdenciária, pela ideia de adiar um benefício para a beira do túmulo.

Mas também o "espiritismo" definiu os manifestantes do Março de 2016, que pediram o fim do governo Dilma Rousseff, como "jovens conscientizados", atribuindo a eles um "despertar político" e "intuição de espíritos benfeitores". Há quem viesse a atribuir a ação das "crianças-índigo" e "crianças-cristais" que estariam impulsionando o progresso no Brasil.

Esta alegação parece bonita, mas se torna risível quando se observa quem são esses manifestantes. Uma histérica Janaína Paschoal, recentemente reprovada num concurso para o corpo docente da USP, um Alexandre Frota (que foi famoso ator de TV e chegou a ser casado com Cláudia Raia) que, de tão reacionário, teve conta cancelada no Twitter, e grupos como o Movimento Brasil Livre, Vem Pra Rua e o Revoltados On Line, na ironia dos "espíritas" se dizerem contra qualquer expressão de revolta.

No Movimento Brasil Livre (MBL), se destacam figuras pitorescas como Kim Kataguiri e Fernando Holiday, este um negro homossexual que defende propostas contrárias a negros e homossexuais. Eleito vereador de São Paulo pelo DEM, na chapa que apoiou o prefeito João Dória Jr., Holiday decidiu "peregrinar" pelas escolas públicas patrulhando os professores e forçando-os a seguir as ideias da Escola Sem Partido.

A Escola Sem Partido é um projeto educacional insosso, de moldes conservadores e essência medieval. Consiste em restringir a pedagogia ao processo de ensinar a ler, escrever e aprender um ofício. No nível universitário, ela se restringe à formação técnica. Não se estimula o desenvolvimento real de conhecimentos fora dos limites pragmáticos de cada especialização, e se desencoraja o pensamento crítico, mas, em contrapartida, se permite transmitir fantasias religiosas.

No "espiritismo" brasileiro, o programa educacional de instituições como a Mansão do Caminho, de Divaldo Franco, localizada no bairro de Pau da Lima, em Salvador, encontra afinidades com a Escola Sem Partido, de tal forma que muitos fazem o trocadilho da sigla ESP com o próprio nome "espiritismo".

O próprio Divaldo Franco havia sido um entusiasta dos "novos tempos", mas ultimamente ele estava meio perdido diante dos rumos do Brasil, e, numa entrevista recente durante um "congresso espírita" na Espanha, ele "criticou" aquilo que ele mesmo adorava fazer, o de estabelecer datas prévias para acontecimentos sócio-políticos na Terra.

Divaldo, assim como os demais ícones "espíritas", sempre se embolou ao definir datas futuras. Os "espíritas" apostavam que o biênio 2010-2012 - 2010, pelo centenário de nascimento de Francisco Cândido Xavier - iria ser um preparativo para um período de regeneração da humanidade, mas a onda reacionária que surgiu nas redes sociais e estourou nas ruas e nas urnas em 2016 desmentiu tal perspectiva.

Os "espíritas", então, que na véspera eram tão taxativos e seguros em suas predições, tentam arrumar desculpas para o fracasso de suas visões. Dizem que os "irmãos pouco esclarecidos" (eufemismo para "espíritos inferiores") não deixaram ocorrer a evolução, que turbulências repentinas ocorreram e, por isso, os "benfeitores espirituais" estabeleceram novas datas para a regeneração da humanidade. Foi sempre essa mesma lorota, existente há pelo menos 50 anos.

DATA-LIMITE

Os "espíritas" também se confundem ao definir a data-limite de 2019 "prevista" por um sonho de Chico Xavier como um período de regeneração ou de depuração. Uns dizem que o ano será um marco de um futuro progresso da humanidade, outros um período ainda de turbulências.

Não há uma definição exata e coerente, porque os "espíritas" se arrogam em querer prever o futuro, estabelecer datas fixas para acontecimentos futuros e ficar plantando esperanças vãs com o objetivo de lotar as "casas espíritas" e aumentar a quantidade de fiéis.

Sabe-se que o auge do "movimento espírita", apoiado pelo discurso da "Nova Era" plantado entre 1975 e 2010, representou uma série de perspectivas e expectativas que se revelaram, depois, grandes e profundas bobagens. E, vindas de deturpadores do Espiritismo original, essa bobagem tem suas razões de ser.

Afinal, o próprio Allan Kardec reprovava o estabelecimento de datas prévias para acontecimentos cruciais para a humanidade. Uma citação do espírito São Luís, publicada em O Livro dos Médiuns e cujas ideias estão de acordo com a lógica trazida pelo Codificador, é clara:

"Os Espíritos bons podem fazer-nos pressentir as coisas futuras, quando esse conhecimento for útil, mas jamais precisam as datas. Todo anúncio de acontecimento para uma época certa é indício de mistificação".

A declaração praticamente derrubou Chico Xavier, Divaldo Franco e outros que se atrevem a ser pretensos cristos e pretensos profetas, se valendo do prestígio religioso e do aparato de palavras enfeitadas e textos verborrágicos que soam prolixos e rebuscados, mas são do agrado de muita gente.

Perdidos, os "espíritas" precisam fazer ginástica mental para explicar por que suas "previsões", que julgavam tão certeiras e precisas, foram desmentidas pelos fatos. Criam argumentos e desculpas esfarrapadas, sem medir escrúpulos para contradições, e depois apelam para o "deixa para lá" para ficarem apelando para conceitos igrejeiros de "fraternidade".

Pretensamente racionais, os "espíritas" criam um engodo intelectual, mas no final tudo acaba soando meros apelos igrejistas. Depois os "espíritas" ficam falando mal da "vaticanização" e do roustanguismo.

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