quarta-feira, 29 de julho de 2015

"Espiritismo" está caminhando para ser o Opus Dei brasileiro

SEDE DO MOVIMENTO OPUS DEI, EM ROMA.

Um dos aspectos preocupantes que se observa no "movimento espírita" brasileiro em todas as facções que se comungam com o religiosismo extremo da doutrina e, por isso, se distanciam do pensamento científico de Allan Kardec, é o seu conservadorismo extremo.

A crise em que vive o "espiritismo" brasileiro e a forma com seus adeptos e líderes reagem faz com que a tão alardeada "fidelidade a Kardec" seja traída severamente em detrimento do que dizem eles, e tais reações indicam o radicalismo dos retrocessos da doutrina.

O aparente abandono de Jean-Baptiste Roustaing da maioria dos chamados "espíritas" não significa o abandono das ideias por ele difundidas. Sabemos que Francisco Cândido Xavier adaptou de maneira exemplar as ideias roustanguistas que os aspectos mais polêmicos do advogado francês foram descartados para não criar problemas.

Através disso, investe-se na contraditória evocação parcial do cientificismo de Allan Kardec, só que de uma forma bastante pedante e atrapalhada em relação ao pensamento do pedagogo de Lyon. Essa evocação é mesclada com o repertório moralista e religiosista do "espiritismo", mantendo as contradições que se tornaram oficialmente vigentes a partir de 1975.

Só que essa postura indica o crescente conservadorismo do "espiritismo", que trocou as ideias progressistas de Allan Kardec pelo conservadorismo piegas das mensagens diabéticas de Chico Xavier, e sua mediunidade discutível e cheia de fraudes. O conservadorismo se firmou de modo que hoje o "espiritismo" já está caminhando para os níveis de uma Opus Dei.

Para quem não sabe, a Opus Dei é uma facção da Igreja Católica fundada em 02 de outubro de 1928 (por pouco não coincide com o aniversário de Kardec, que é 03 de outubro) pelo sacerdote espanhol Josemaria Escrivá de Balaguer, canonizado pelo Vaticano em 2002.

Em tese, o Opus Dei, nome em latim que significa "obra de Deus", tem como objetivo reforçar a evangelização da Igreja Católica difundindo a "vida cristã no mundo, no trabalho, na família e a chamada universal à santidade e ao valor santificador do trabalho cotidiano".

O movimento Opus Dei é definido pelo Vaticano como Prelazia Pessoal, um status de instituição ligada à Igreja Católica, constituída de prelados (autoridades eclesiásticas), clérigos e leigos ligados a missões pastorais mas diferentes das dioceses por não serem delimitadas geograficamente.

O Opus Dei, no Brasil, tem como adeptos o casal Geraldo Alckmin (governador de São Paulo) e Lu Alckmin, o político Gabriel Chalita e o jornalista de O Estado de São Paulo, Carlos Alberto Di Franco (também do direitista Instituto Millenium, de Rodrigo Constantino, Guilherme Fiúza, Pedro Bial e do ator "espírita" Carlos Vereza, que interpretou Bezerra de Menezes no cinema).

A instituição é considerada neo-medieval, pela visão extremamente tradicionalista do Catolicismo apostólico romano. Além disso, o movimento Opus Dei é também conhecido pelo seu apoio dado à ditadura do general espanhol Francisco Franco.

Aparentemente, o Opus Dei se anunciava como um movimento "humanista", enquanto respaldava um conservadorismo ideológico. É o mesmo caminho que vemos nos "espíritas", que embora jurem apreciar os novos tempos e a racionalidade científica, seguem um moralismo que torna-se a cada tempo mais próximo do Catolicismo medieval.

Esse é o medo. E vendo que o Catolicismo em geral se torna relativamente mais avançado, pois, dentro dos seus limites ideológicos, consegue se adaptar a novos valores sociais, os "espíritas" se congelam nos mesmos valores ideológicos e nas suas contradições, que a gente imagina se os integrantes do Opus Dei não gostariam de trocar a Igreja Católica pelo "movimento espírita".

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