domingo, 11 de setembro de 2016

Retrocessos do governo Temer custarão caro aos mais ricos

OS RICOS TERÃO QUE SER MAIS ÁGEIS NO ESTACIONAMENTO DE VEÍCULOS, PARA EVITAR SEREM VÍTIMAS DE LATROCÍNIO.

Desde sua fase como governo interino, o de Michel Temer anunciou uma série de medidas retrógradas que pretendem desfazer, pelo menos, as conquistas trabalhistas que, com muita dificuldade, se obteve em cerca de 80 anos.

Embora sua equipe de governo e o próprio presidente Temer, efetivado há pouco mais de uma semana, desminta que irá romper com os direitos sociais previstos na Constituição Federal, há uma perspectiva de que reformas nesse sentido sejam feitas, para atender às pressões do empresariado e do mercado financeiro para o qual se privilegiarão as medidas do governo Temer.

Fala-se na reforma da Previdência Social que vai prorrogar a idade de aposentadoria dos 60 anos para homens e 55 para mulheres para a idade unificada para 65 ou 70 anos, tanto para os dois gêneros. Há também propostas de aumento da carga horária de serviço, da redução de encargos na remuneração, e do fim da intermediação da lei nas negociações trabalhistas, prevalecendo o negociado sobre o legislado.

Não bastasse isso, há também o anúncio do congelamento do valor de investimentos na Saúde e Educação por 20 anos, a desvinculação dos benefícios ao salário-mínimo e a privatização de empresas públicas e a venda de muitas reservas de petróleo, sobretudo no pré-sal, controladas pela Petrobras, ameaçada também de privatização. A primeira delas, em Carcará, na Bacia de Santos, já foi vendida para uma empresa norueguesa.

Com a privatização da Petrobras, que será vendida aos poucos através de suas subsidiárias - a BR Distribuidora, rede de postos de combustíveis, é uma das mais fortes, o que poderá enfraquecer a Petrobras se vendida para os estrangeiros - e o fim do seu monopólio na exploração do pré-sal, as riquezas petrolíferas poderão ser entregues aos estrangeiros, com prejuízo para o Tesouro Nacional.

Com as demais privatizações, que Temer pretende fazer "o máximo que for possível" para deixar o Estado mais "enxuto", o dinheiro dos brasileiros escorrerá para os cofres de empresários estrangeiros, que se esconderão em consórcios cujas empresas brasileiras apenas servem de "testas-de-ferro" para companhias estrangeiras levarem nosso dinheiro para longe daqui, só sobrando migalhas para nós.

As perdas sociais e econômicas do povo brasileiro serão incalculáveis, como se não bastasse o grave prejuízo financeiro que os brasileiros tiveram com a ditadura militar, com os confiscos das poupanças do governo Fernando Collor (que provocaram vários suicídios no Brasil) e com as privatizações dos governos de Fernando Henrique Cardoso, que desviaram dinheiro para compradores estrangeiros e o dinheiro que ficou no Brasil acabou indo para as contas do pessoal do PSDB em "paraísos fiscais".

É muito retrocesso para um governo só, e se tratando de um mandato-tampão feito para completar o período deixado pelo afastamento da presidenta Dilma Rousseff, tornado definitivo no fim do mês passado.

E não se falou em outros retrocessos, como as mudanças administrativas da EBC (Empresa Brasileira de Comunicação), que controla emissoras públicas e educativas, e que se reduzirá a um órgão meramente governamental (onde os interesses políticos conservadores prevalecem aos interesses sociais) e a Escola Sem Partido, que reduzirá a Educação a um processo pedagógico inócuo, na qual se proíbe o debate de problemas reais mas se permite manter a ilusão dos mitos religiosos.

É evidente que o governo de Michel Temer, até para romper com os progressos ainda limitados, mas de certa forma significativos, dos 13 anos de governo do Partido dos Trabalhadores, quer um retorno forçado ao passado, através do projeto que, embora seja denominado "Ponte para o Futuro", impõe retrocessos que, na melhor das hipóteses, devolvem ao Brasil os padrões sócio, político e econômicos da República Velha.

Esse retrocesso é tão certo que os críticos a essa "ponte", também conhecida como Plano Temer, lhe deram o apelido pejorativo de "pinguela para o passado" ("pinguela" é um tipo de ponte improvisada com tábuas de madeira e extremamente frágil).

Temer tenta recuos, disfarça com um discurso que tente desmentir várias medidas, mas como se observa no PMDB carioca (que impôs a nefasta pintura padronizada nos ônibus municipais, que confunde os passageiros e facilita a corrupção político-empresarial, na surdina, sem afirmar de início mas impondo a coisa na "hora H"), que inspira a lógica do PMDB como um todo, os retrocessos podem ser implantados "na marra" quando muitos não acreditarem em sua implantação.

A situação é tão grave que o governo Temer, tanto na condição de interino quanto na de efetivo, só fez agravar a crise político-institucional. Os protestos contra Temer só aumentam a cada dia e as autoridades estrangeiras chegaram a boicotar a Rio 2016 em protesto contra o que se define como golpe político.

ELITES TAMBÉM PODEM FICAR COM A CONTA

O que muitos não percebem é que o governo Temer, se conseguir implantar tais retrocessos, causará um grave prejuízo para o país. Já se fala que as medidas a serem adotadas são "suicidas" e contrariam as tendências mundiais. A atuação, neste sentido, do ministro da Fazenda Henrique Meirelles, considerado um dos "heróis" do governo Temer, pode ser arriscada, desastrosa e com prejuízos devastadores para o Brasil.

O que chama a atenção, no entanto, é que isso serve de alerta para as próprias elites, que terão que fazer mil manobras para evitar serem vítimas de assaltos. Os assaltos tenderão a aumentar, pois, com os trabalhadores perdendo direitos e benefícios, em muitos casos não podendo sequer ter emprego, muitos poderão, nos impasses da vida, sucumbir à criminalidade.

A própria corrupção que envolve os aliados de Michel Temer e até ele próprio - como afirmam vários delatores e reportagens investigativas indicam sobre o esquema de propinas no Porto de Santos - dá um aspecto sombrio de uma farra política que vai longe demais e pode parar no precipício.

O Brasil vive uma situação de muita insegurança, a crise aumentou não por culpa de Dilma Rousseff mas do capitalismo estrangeiro e dos seguidores brasileiros que apoiam Temer, além da própria corrupção desses políticos e da mídia associada (como a companhia sonegadora de impostos, as Organizações Globo, da Rede Globo, da Globo News, da CBN e de O Globo).

As elites são ao mesmo tempo arrogantes, burras, intolerantes, vingativas mas também imprudentes. Diante das reações adversas que não acreditam que enfrentarão, elas parecem tranquilas diante de uma farra sem fim, na qual até setores jurídicos como o Supremo Tribunal Federal e a Procuradoria-Geral da República atuam em favor dos plutocratas políticos.

Mas, com os retrocessos afetando as classes populares, o sossego das elites pode encerrar principalmente à noite, onde os mais ricos costumam sair para o lazer, e é aí que os plutocratas poderão enterrar seus filhos, mortos quando estacionam seus carros ou voltam para suas casas na madrugada, por pessoas que se tornaram assaltantes por causa das barreiras intransponíveis do desemprego e da economia opressiva a ser implantada, com o fim dos direitos sociais.

Pode parecer tudo um exagero, mas a verdade é que as elites também sofrem o risco, até porque o preço a ser cobrado pela volta forçada ao passado será caro demais não somente para as classes populares, mas também para os ricos, ao mesmo tempo arrogantes e imprudentes, de vez em quando também "brincando com fogo" devido aos privilégios abusivos.

Daí que, com a implantação da pauta retrógrada que agrada muito ao PMDB e ao PSDB, além de setores como a "bancada BBB" (Bíblia, Boi e Bala) e seus partidos associados, o Brasil terá um desfecho trágico semelhante ao de períodos mais caóticos da ditadura militar. É melhor o governo Temer tomar muito cuidado com as classes populares.

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