quarta-feira, 1 de junho de 2016

O perigo de recuperar bases kardecianas sem descartar Chico Xavier e Divaldo Franco


É muito comum as pessoas que, no Brasil, discutem a deturpação da Doutrina Espírita, se sentirem melindrosas quando as críticas chegam aos dois astros do "movimento espírita": Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco.

Ainda apegadas à fabulosa reputação dos dois, associados a estereótipos ligados ao amor, bondade, caridade e humildade, Chico Xavier e Divaldo Franco ainda exercem uma "fascinação" (no sentido de um tipo de obsessão alertado pelo Espiritismo original) até mesmo em ateus e kardecianos autênticos.

Só isso para explicar que os questionamentos sempre "morrem" quando se chega a essas duas figuras, que seduzem os incautos diante de um aparato de "filantropia" e "generosidade". O que é um perigo muito sério, uma armadilha traiçoeira e sutil que pega qualquer um desprevenido.

Lendo os livros e artigos de Allan Kardec e os alertas de espíritos como Erasto, observa-se que eles avisaram, com toda a clareza possível, para as pessoas evitarem as armadilhas dos deturpadores da Doutrina Espírita, que fariam de tudo para obter a confiança absoluta de suas vítimas.

Com o máximo de clareza, identifica-se muitos aspectos que as pessoas no Brasil deixaram passar: os deturpadores manipulariam por textos rebuscados e prolixos e oratória empolada, falariam de coisas lindas e boas, dominariam as pessoas falando de amor, bondade e humildade, e sempre transmitiriam uma imagem agradável que dificultasse qualquer reação contrária a esses espíritos levianos.

Identifica-se dois tipos de obsessão que se tornam motores para a prevalência do "espiritismo" brasileiro em sua fase dúbia (que bajula Kardec mas pratica o igrejismo). A "fascinação", que consiste na pessoa ser seduzida pelo deturpador religioso através de uma porção de ideias e aspectos agradáveis, e a "subjugação", que é a submissão completa a esse deturpador.

As pessoas geralmente exercem "fascinação" por Chico Xavier e Divaldo Franco. Se entregam, com morbidez quase voluptuosa, às suas imagens de pretensos filantropos. Embora admitam que eles "entenderam mal" a Doutrina Espírita, sempre justificam a complacência pela desculpa da "bondade", da "filantropia" e da "humildade".

Chegam a dizer que os dois "ajudaram muita gente" sem dar argumentos convincentes. Acham que eles, pelo menos, "sempre foram grandes filantropos", ignorando o fato de que os locais de sua influência, Uberaba e o bairro de Pau da Lima, em Salvador, estão entre as áreas mais violentas no Brasil. Alguém tem coragem de circular por Uberaba ou Pau da Lima na penumbra da madrugada?

As instituições já seguem o processo de "subjugação". Ninguém investiga Divaldo Franco e, quando tenta investigar Chico Xavier, é só uma tarefa de fachada que só serve para fingir admitir uma polêmica e depois legitimar todas as farsas e mistificações do anti-médium.

Isso porque as classes de juristas, jornalistas e acadêmicos estão subordinadas à imagem "bondosa" associada aos dois anti-médiuns, e não conseguem sequer questionar se essa imagem não teria sido construída, se ela é falsa ou se mesmo aspectos verossímeis como a "caridade praticada" na Mansão do Caminho realmente trazem resultado ou não.

BASES FICAM IRRECUPERÁVEIS COM CHICO E DIVALDO

Para quem quer recuperar as bases doutrinárias do Espiritismo original, melhor seria esquecer e desprezar Chico e Divaldo, e admitir que eles, com toda a imagem "bondosa" que apresentam, são realmente os inimigos internos da Doutrina de Allan Kardec.

Aceitá-los a pretexto deles serem, "pelo menos, símbolos de amor e bondade", é legitimar a deturpação de uma forma ou de outra. Afinal, mau Espiritismo não se compensa com tais pretextos. Até porque bom-mocismo não compensa mau serviço. O amor não é cúmplice da desonestidade, ninguém mente para ajudar os desfavorecidos.

O grande perigo de aceitar Chico e Divaldo é que, no caso da recuperação das bases kardecianas, o processo se revela traiçoeiro, a aceitação torna-se uma armadilha que pode, sim, manter a deturpação através de algumas etapas:

1) Pressupondo que Chico Xavier e Divaldo Franco são "bondosos", dá se alguma credibilidade para os dois anti-médiuns.

2) Com isso, eles são creditados como "exemplos de caráter" e, por isso, adorados de uma forma quase incondicional pelas pessoas que querem recuperar as bases kardecianas.

3) Sendo "exemplos de caráter", eles passam a ganhar uma confiança plena que dá imunidade a ambos.

4) Em primeira instância, se admite que eles "entenderam mal" a Doutrina Espírita, mas pela imagem de "bondosos" que recebem, os questionadores são tentados a ler ou reler as obras lançadas pelos dois "médiuns".

5) Com isso, as pessoas são seduzidas pelas "mensagens lindas" que as obras trazem, passando a dar crédito nas obras deturpadoras como se fosse "uma abordagem diferente e atualizada".

6) Diante disso, à aceitação das "palavras de amor" se segue a "revisão de posições" na qual se "avalia" as ideias deturpadoras como se elas fossem "melhor" do que as do tempo de Kardec, afinal elas teriam sido publicadas décadas depois.

7) Com isso, a pessoa que queria recuperar as bases originais do pensamento kardeciano passa a legitimar visões deturpadoras, porque estas vêm de pessoas consideradas "bondosas" e "admiráveis".

Não existe meio-termo. A pessoa que acha que pode cultuar Chico e Divaldo porque eles são "bondosos" e não chegar perto de seus livros será tentada alguma vez a lê-los. A visão "imparcial" é apenas o começo de um caminho no qual os questionadores sempre escorregarão na rampa que a deturpação arruma para fazer seus opositores declinarem para o apoio do "movimento espírita".

É um processo traiçoeiro. Primeiro se diz que os deturpadores são "bondosos". Depois se dá confiança plena a eles. Em seguida, a curiosidade impele a leitura de suas obras. No fim, há a aceitação das ideias deturpadas e a invalidação das bases kardecianas, que se tornam irrecuperáveis.

Portanto, é essa armadilha que se arma e que já havia sido prevenida há mais de 150 anos. E o Brasil se recusa até hoje a ouvir tais advertências. Em vez de aceitar dez verdades, aceitou-se uma única mentira: a mentira igrejeira de Chico Xavier e seu discípulo Divaldo Franco.

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