quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

"Espiritismo" se nivela aos vícios religiosos do Império Romano


O "espiritismo" está cada vez mais comprovando ser uma seita ultraconservadora, tirando a máscara, que já não era tão firme, de pretenso movimento de vanguarda da espiritualidade. A cada dia se observa que o "espiritismo" igrejista nada tem de humanista e que a Teologia do Sofrimento confirma ser seu postulado maior, bem mais do que qualquer conceito trazido por Allan Kardec.

Não bastasse o "espiritismo" agir como se fosse um Catolicismo à paisana - que seu defensores até não consideram um "mal", pela afinidade com o que eles entendem ser os "princípios cristãos" e o "trabalho do bem" - , ele recupera aspectos medievais ou mesmo romanos que Jesus de Nazaré reprovaria com energia, como no caso dos vendilhões do templo.

O "culto à personalidade" dos supostos médiuns, mesmo os mais badalados, como Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco, já era um ponto a se preocupar, e não ficar tranquilo e feliz, porque o personalismo inexistia nos médiuns autênticos que haviam sido consultados por Kardec em seu tempo, no século XIX.

No Brasil "médium" é menos intermediário do que centro das atenções, vira "grife" para consultas mediúnicas, desobedecendo severamente as recomendações kardecianas no Controle Universal dos Ensinos dos Espíritos. Há uma piada que, do C. U. E. E. da Doutrina Espírita, os brasileiros só aproveitaram a primeira metade da sigla.

O mais grave é que o "médium" brasileiro vira dublê de pensador, de filósofo e consultor sentimental, e aí vemos o quanto eles, principalmente o exemplo típico de Divaldo Franco, retomam o vício dos antigos sacerdotes romanos que Jesus de Nazaré tanto rejeitava em suas palestras. O quanto Divaldo Franco se decepcionaria, da maneira chocante, se entrasse em contato com Jesus.

Os "sábios" do "movimento espírita", que tanto fascínio e confiança inspiram em seus seguidores ou mesmo em leigos incautos de boa-fé, repetem o pedantismo, a vaidade e a presunção falsamente humilde e grotescamente devota dos antigos sacerdotes romanos, aqueles que se arrogam em se sentar nos bancos da frente nas sinagogas, a fazer orações e se arrogar do vínculo com o "Alto".

Divaldo Franco, não bastasse assumir estereótipos do velho professor dos anos 1930-1940, quando o ensino nas escolas exprimia relações rigorosamente hierarquizadas exprimindo um "saber" aristocrático do "mestre", também personifica esse "culto à personalidade", esse "complexo de superioridade" à maneira religiosa, muito mal disfarçado por um verniz de bondade e humildade.

Chico Xavier começou tudo isso, ele que, adorador de imagens católicas, católico de crenças ortodoxas e devoto da Teologia do Sofrimento, lançou o "culto à personalidade" que é absolutamente impróprio nos médiuns de verdade, como já recomendava o próprio Allan Kardec.

Os "espíritas" enrolam, se dizendo contra o personalismo, mas a verdade é que eles têm um jeito - sempre o "jeitinho brasileiro" - para camuflar o "culto à personalidade" que cria vaidades imensas em supostos médiuns: o verniz de "bondade" e "humildade", na qual supostos médiuns, aliás anti-médiuns, fazem sua propaganda às custas de crianças pobres e velhinhos doentes.

Ou seja, os "médiuns" brasileiros fazem "culto à personalidade" com uma presunção de fazer qualquer aristocrata esnobe ser um primor de simplicidade e modéstia. Mas usam o aparato de "filantropia" para dissimular a anabolização de egos que existe no "movimento espírita", e com isso passam a ser endeusados como se fossem símbolos da mais absoluta perfeição espiritual. Só que não.

Afinal, devemos sempre desconfiar desses ídolos religiosos. O que Chico Xavier e Divaldo Franco fizeram em deturpação da Doutrina Espírita é suficiente para que eles sejam vistos como deploráveis e desmerecedores mesmo de um quarto da admiração que recebem.

O espírito Erasto havia recomendado cautela extrema contra figuras semelhantes, que usam a "bondade" apenas como fachada para seus planos traiçoeiros de dissimulação, voltados a paradigmas medievais e a sacerdotismos decadentes que o Catolicismo mais antigo quer transferir para o "espiritismo" brasileiro, religião que reflete o cenário que temos sob o governo de Michel Temer: o velho, antiquado, podre e obsoleto travestido de "novo", "moderno" e "atemporal".

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