domingo, 9 de outubro de 2016

Vitória eleitoral da direita e PEC 241 sepultam utopia do "Coração do Mundo"


O "espiritismo" demonstra cada vez mais ser uma religião retrógrada, reacionária, medieval e ultraconservadora, não só por exemplos como a "psicografia-coxinha" de Robson Pinheiro ou os apelos chorosos dos palestrantes "espíritas" para os sofredores "suportarem as desgraças", "terem fé na vida" e "abrir mão de suas paixões (eufemismo para as necessidades humanas)", mas pelo fracasso da utopia do "Coração do Mundo", supostamente prometida para a partir de 2019.

A vitória eleitoral da direita, sobretudo quando os cariocas, teimosos em ignorar as lições amargas de um Eduardo Cunha e Jair Bolsonaro, fizeram o filho deste, Carlos Bolsonaro, como vereador mais votado da campanha de 2016, revela não um tempo de esclarecimento e de progresso, mas tão simplesmente um período obscurantista, que cientistas políticos e juristas sérios já classificam como a Idade Média brasileira e comparam o momento atual à ascensão do nazismo na Alemanha.

A agenda política do presidente Michel Temer é das mais retrógradas. Sua ênfase é o "controle" de gastos públicos, através de uma proposta de emenda à Constituição Federal, a PEC 241, a "PEC do Teto", que na verdade limitará os investimentos à Educação, Saúde e Assistência Social.

Esse corte de gastos faz parte de um pacote chamado Plano Temer e apelidado de "Ponte para o Futuro", que, pelo conteúdo ultraconservador, é pejorativamente conhecido como "pinguela para o passado". Ele inclui projetos que sutilmente apelam para a precarização do trabalho e para a autorização dos empresários em desrespeitar direitos trabalhistas.

Mesmo com desmentimentos aqui e ali, a pauta reacionária é evidente e, no conjunto da obra, visa enriquecer os mais ricos e deixar os pobres perderem suas conquistas históricas. Trabalhadores perderão garantias como o 13º salário e o adicional de férias, a licença-paternidade e a assistência médica gratuita, poderão ganhar menos no salário líquido que já não é dos melhores e poderão levar a pior em negociações trabalhistas, quando a falta de mediação da lei encorajará os patrões a fazerem prevalecer seus interesses.

A comemoração da mídia reacionária - sobretudo a Rede Globo, que endeusa Chico Xavier e Divaldo Franco e manipula as mentes das pessoas, e cujos donos são extremamente ricos e abocanham grana até da sonegação de impostos a percentuais generosos das ligações do Criança Esperança - com a decadência do PT nas urnas, há uma semana, mostra o quanto o Brasil está caminhando para trás. E com o apoio do próprio "espiritismo", diga-se de passagem.

A interpretação fantasiosa do sonho de Francisco Cândido Xavier sobre a tal "data-limite", que sugeria uma restrição ao egoísmo humano para que se evite uma catástrofe na humanidade, além de ser desastrada, cheia de falhas de caráter geológico e sociológico (o vulcânico Chile seria poupado de catástrofes ambientais planetárias e os eslavos iriam viver - isto é, morrer - no calor do Nordeste brasileiro), não parece ter um pingo de probabilidade de ocorrer.

Em teoria, mesmo que a humanidade fosse melhorar por volta de 2052 ou 2057, além de ser de uma forma completamente diferente do que sonhavam Chico Xavier e Divaldo Franco, eles nunca teriam razão, até porque eles não são proprietários da verdade, nada do que eles disseram terá confirmação profética, a humanidade seguirá em frente à revelia de seu legado igrejista medieval.

Mas o que se observa é que a humanidade está longe de melhorar. Em muitos aspectos, por culpa do próprio misticismo religioso, já que a religião é um movimento em que um seleto número de pessoas parece sentir pressa em atingir o paraíso, e não raro perde a cabeça na ânsia de se evoluir ou fazer valer suas visões "corretas" de vida, o que faz com que alguns cometam injustiças e até violências, mesmo sob os pretextos cristãos aparentemente mais nobres.

Aumenta-se o feminicídio conjugal como nos anos 1970 e 1980, numa época em que a imprensa se recusa a admitir e noticiar que Doca Street e Pimenta Neves estão a poucos passos do caixão. O machismo que impõe tragédia às mulheres não admite sua própria tragédia, diante da violência furiosa dos machistas diante da separação conjugal, que também traz efeitos adversos a eles, por causa dos atos destrutivos que provocam na sociedade e dos vícios dos próprios machistas, que não são um primor de cuidados com a saúde ou prudência no trânsito.

Aumentam os moradores de ruas nas grandes cidades, com zonas urbanas sendo cada vez mais extensões de favelas, já que a exclusão social tira as pessoas das casas, com aluguéis cada vez mais caros, diante de políticas salariais mais injustas, que só tendem a piorar diante do voraz apetite privatista e rentista do governo Michel Temer e seus aliados no ramo político, empresarial, jurídico e midiático.

Aumenta a decadência da cultura popular, antes um pólo de expressão dos anseios do povo, cada vez mais tomada por empresários inescrupulosos que promovem a imbecilização das classes populares como um meio de ganhar mais dinheiro.

Juntamente a isso, há o oportunismo do "funk", o ritmo que leva a imbecilização cultural às últimas consequências e também é apoiado pela Rede Globo, tentando parasitar o que resta das forças sóciopolíticas de esquerda, para depois apunhalá-las quando não houver mais chance de recuperação do lulo-petismo e não for preciso vincular as lutas progressistas ao ridículo "balançar do popozão".

E quem imagina que o cenário é de regeneração humana e fim da impunidade, nota-se que um verdadeiro "trem da alegria" surge com anti-petistas aumentando as riquezas pessoais e antigos líderes das passeatas verde-amarelas, como os do Movimento Brasil Livre, Revoltados On Line, Vem Pra Rua, Acorda Brasil (este liderado por um descendente de Dom Pedro II, imperador endeusado pelo "movimento espírita") e outros, acumulando sua fortuna aos poucos.

A grande mídia já está nadando em dinheiro, com o governo Temer, que costuma impor limites aos gastos públicos e investimentos sociais, torrando dinheiro com verbas desnecessárias aos grupos de comunicação, como Globo, Folha e Veja, empresas privadas que já possuem um gigantesco patrimônio financeiro. Os donos da Rede Globo, os três filhos de Roberto Marinho, já figuram nas listas dos mais ricos do mundo, pelo patrimônio faraônico que possuem.

Há também a decadência do Poder Judiciário e do Ministério Público, com juristas como Gilmar Mendes exibindo sua prepotência, já que o referido juiz, apenas porque não gostou de críticas ou de citações de fatos, resolveu processar a atriz Mônica Iozzi e obrigar a retirada de um livro só porque narrou um bate-papo entre o juiz e o âncora do Jornal Nacional, William Bonner.

Mas já temos o exemplo cheio de equívocos e contradições na pessoa de Sérgio Moro, juiz paranaense que se comporta, indevidamente, como se fosse um tira de Hollywood. Um sujeito que admite colher provas ilícitas para a investigação da "corrupção" e que trata de forma desigual a corrupção do PT e a do PSDB, mas que é tido como "herói nacional" com uma surpreendente rede de apoio da sociedade brasileira.

O Brasil está numa situação extremamente calamitosa. Fala-se em catástrofe política que pode gerar traumas futuros e outros efeitos devastadores. E os próprios "espíritas" acabam coniventes com esse cenário desolador, na medida em que se preocupam apenas em dizer para os sofredores "aceitarem desgraças" e dizer que o atual momento em que vivemos é de "regeneração". Só se for regeneração dos antigos privilégios e abusos das elites que detém algum tipo de poder na sociedade.

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