segunda-feira, 20 de abril de 2015

O medo "espírita"


Nos últimos anos, a Internet realiza uma devassa dos erros cometidos pelo "movimento espírita" ao longo dos seus 131 anos, e a alta repercussão de muitos de seus episódios está causando uma reação de medo e de pavor entre seus líderes e astros.

Entre a tristeza resignada e a indignação raivosa, os "espíritas" tentam se julgar "perseguidos" e "injustiçados", alegando só fazerem a "tarefa do bem", não admitindo os erros que eles cometeram e que comprometeram seriamente a Doutrina Espírita.

Eles achavam que poderiam prevalecer impunes traindo a doutrina de Allan Kardec mas se julgando fiéis a ela. Achavam que o rol de contradições e equívocos iria ser protegido pela credulidade religiosa, pelo "mistério da fé" à maneira "espírita" e pelo manto das ações "filantrópicas" e das pregações "fraternais" das "palavras de amor".

O problema é que eles foram os que mais traíram o Espiritismo, foram os que mais combateram os princípios de espiritualidade, em prol de um moralismo familiaresco, um misticismo fraudulento e um simulacro de mediunidade que nada tem de mediúnico, enquanto promovia o estrelato de pretensos médiuns que viravam dublês de filósofos através de suas pregações baratas.

E fala-se mesmo de Divaldo Franco e Francisco Cândido Xavier, dois dos que mais traíram a doutrina de Allan Kardec, dois dos que mais combateram, deturparam e ridicularizaram a Doutrina Espírita, inserindo nelas o dogmatismo católico adoçado por "palavras de amor" e pelo simulacro de humildade.

Isso causa pavor aos líderes "espíritas", que sempre empurraram com a barriga tais escândalos, que não são novos, pois existem desde os tempos de Afonso Angeli Torteroli, que não conseguiu desenvolver no nascente Espiritismo no Brasil, a corrente cientificista que colocava a lógica acima da fé, sem reprová-la em seu todo, mas deixando-a no seu devido lugar da crença emocional.

Em vez disso, tivemos Bezerra de Menezes impondo o religiosismo mais mistificador, colocando a fé acima da ciência e, quando muito, transformando o raciocínio científico em um escravo da fé, a um procedimento só feito para defender as mistificações e os mitos "espíritas", como se vê no caso da "mediunidade" de Chico Xavier.

Os escândalos foram muitos, e foram tensos. E isso tem boa parte da responsabilidade da Federação "Espírita" Brasileira, que durante muito tempo fez seus demandos, agiu com poder concentrado - durante um tempo não dava voz às federações regionais, mesmo espiritólicas - e deturpou a Doutrina Espírita, rebaixando a sua forma brasileira a uma espécie de Catolicismo híbrido e alucinado.

Com a ampliação das informações e questionamentos na Internet, as antigas "doenças infantis" são novamente contestadas em larga escala, causando medo nos líderes "espíritas", que durante muitos anos se protegiam com o mel retórico que corria nas suas pregações morais.

Como toda religião, o "espiritismo" tentou resistir às mudanças do tempo, e hoje ele é testado pelo raciocínio lógico, embora até hoje não tenha conseguido explicar suas contradições, seus equívocos e omissões, preferindo agir com coitadismo em vez de ter autocrítica e isenção.

Um líder "espírita" tentou até dizer que sua doutrina vive a "coerência de comportamento", quando na verdade o que houve foi sempre uma deturpação organizada, uma criação engenhosa de um "espiritismo" que nunca teve a ver com Allan Kardec, apesar das dóceis bajulações a seu nome.

As contradições corriam no curso organizado de uma deturpação em que a retórica era muito bem arrumada, com palavras dóceis, que tanto poderiam exprimir pretensa e falsa sabedoria quanto poderiam ferir com dóceis vocábulos, como no caso dos "reajustes espirituais", desculpa para pessoas sem muito conhecimento do mundo espiritual culparem as vítimas de infortúnios diversos.

São 131 anos de erros, cuja permissividade foi garantida pelo chamado "jeitinho brasileiro", que permite que pessoas digam uma coisa e façam outra sem que despertassem qualquer desconfiança nas multidões. Só que hoje os questionamentos se aprofundam e a "caixa de Pandora" dos erros "espíritas" começa a ser aberta.

Não estamos caluniando, nem perseguindo, nem cometendo intolerância. Temos a tolerância religiosa profunda. Somos capazes de admirar Irmã Dulce, Martin Luther King e Mahatma Gandhi, pessoas de magnífico valor e indiscutível missão de amor ao próximo e combate às injustiças sociais.

O que não toleramos é a mentira travestida de verdade, as fraudes acobertadas pelas "palavras de amor', as mistificações e os mitos que usam seus carismas para esconder práticas duvidosas. Somos contra o desfile de palavras bonitas que disfarçam atos nem tão bonitos assim.

Daí o medo dos "espíritas". O medo, o pavor, o pânico. Mais uma vez os erros de 131 anos são divulgados, e agora de forma mais intensa, desafiando a normalidade forçada que sempre dominou nesse problemático país chamado Brasil. Normalidade esta que mais acoberta injustiças, corrupções e crimes do que os resolve de maneira honesta e transparente.

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