quinta-feira, 21 de julho de 2016
Por que triunfalismo não é humildade nem perseverança?
"Quanto mais ataques sofro, mais sinto fortalecido". "Quanto maior é o sofrimento, mais abençoado sinto". "A cada derrota que sofro na vida, é uma vitória conquistada". "Diante das severas críticas que me derrubam, é porque me reergui sobre elas".
Existem tantos exemplos de triunfalismo. A mania de se julgar vencedor, não apenas na situação de vitória, mas sobretudo na situação de derrota. O que muitos pensam ser humildade e perseverança é na verdade uma das piores demonstrações de arrogância e teimosia do ser humano.
Já descrevemos o triunfalismo "espírita" e ficamos preocupados com essa mania dos "espíritas" de se acharem acima de qualquer adversidade. Sobretudo o exemplo deixado por Francisco Cândido Xavier, que fez coisas terríveis usando de sua esperteza para se travestir com o verniz de "amor e bondade" de sua aparência fisicamente frágil.
Os escândalos que envolveram Chico Xavier não eram fruto da fúria de perseguidores. Chico fez, mesmo, pastiches literários e plágios de trechos de obras literárias. Isso se observa de maneira isenta, sem paixões de toda ordem, já que é fácil verificar, desde que prestando atenção, que as obras literárias que Chico Xavier trouxe atribuídas ao além destoam severamente dos estilos originais dos autores alegados.
Portanto são escândalos que tiveram uma única razão: a irresponsabilidade e o oportunismo do "médium". Não é porque Chico Xavier tinha aparência de caipira molenga e, depois, de velhinho frágil, e era associado a clichês do deslumbramento religioso, que será poupado de ser culpado pelo que fez.
E ele tornou-se o pior dos culpados, e mais grave ainda porque tentou se proteger pelo véu da mística religiosa. Ele combinou coitadismo com triunfalismo, que é o complexo de superioridade às avessas, dentro de elementos ideológicos que deram certo porque agradaram muita gente.
E por que agradaram muita gente? Porque era uma rosa de perfeição entre espinhos de imperfeição? Não. Deixemos de ser infantis. O que fez Chico Xavier agradar muita gente é a junção de ingredientes acumulados como, por exemplo, se acumula em uma obra de ficção de grande sucesso.
Junte-se uma retórica dócil, fantasias infantis dignas de contos de fadas, valores da fé religiosa, visões paternalistas de caridade e elementos místicos e messiânicos e, pronto: o mito Chico Xavier está embalado para consumo.
A adoração vira um espetáculo de entretenimento, as "boas palavras" um produto a ser publicado como marketing de cada pessoa que queira se passar por "boazinha" mostrando frases dóceis ditas por um ídolo religioso e ilustrada por céus azuis e jardins floridos.
As pessoas ficam por demais ingênuas achando que suas fantasias infantis são imperecíveis. O triunfalismo coitadista de Chico Xavier, que para confundir seus contestadores se passava por choroso e "ameaçava" reagir em silêncio às adversidades que lhe vinham.
As pessoas deliravam e se comoviam à toa com isso, porque o que elas imaginavam ser uma demonstração de humildade e perseverança era uma arrogância às avessas. É como se Chico Xavier, astucioso que era, quisesse dizer "eu sou maioral" de forma diferente: criticado severamente, fazia cara de choro e ficava quieto e cabisbaixo, mas por trás de tudo isso ele tentava intimidar as pessoas com esse coitadismo oportunista.
Ele foi o que mais divulgou frases e posturas triunfalistas. Isso era uma manobra que a própria Teologia do Sofrimento, aquela que diz que "sofrer é bonito" e que a "desgraça é o caminho para o Céu", garante a quem detém privilégios de poder. E ser ídolo religioso é um tipo de privilégio de poder, o ídolo religioso é um privilegiado fantasiado de humilde. Domina os outros "com categoria".
O triunfalismo é um tipo de arrogância. Ficar em silêncio e fazer cara de choro não é demonstração de humildade. Muitas pessoas fazem isso por chantagem ou por jogo de cena. Quantos assassinos perversos, quando estão nos bancos dos réus, fazem caras de tristonhos diante dos tribunais, tentando mostrar uma fragilidade que nunca tiveram no momento de seus crimes?
Quantos arrogantes são desprovidos de autocrítica quando, diante de tantas derrotas, ainda se consideram "vencedores"? Quantos orgulhosos se escondem no verniz da aparente choradeira, da pretensa fragilidade, da suposta humildade?
É típico de caipiras traiçoeiros que reajam em silêncio, deixam seu interlocutor ficar com a palavra final, fingem resignação e, se passando por infelizes resignados, armam alguma coisa contra o outro. Há os que não cobram dinheiro, mas cobram outras coisas, e nessa religião confusa que é o "espiritismo", as pessoas podem não pagar com dinheiro, mas pagam com os cadáveres de seus filhos mais queridos.
São energias maléficas que vem desde a influência do traiçoeiro Jean-Baptiste Roustaing, que continua firme no "movimento espírita", por mais que seus membros o reneguem em nome de uma bajulação oportunista a Kardec.
Além do mais, Chico Xavier é Roustaing redivivo, e tal constatação não é fruto de ódio nem calúnia. Comparem os livros de Xavier e a obra de Roustaing: são essencialmente a mesma coisa e a única diferença que existe é a adaptação, por Xavier, para o contexto brasileiro, ou seja, Chico Xavier "abrasileirou" Jean-Baptiste Roustaing.
Quanto ao triunfalismo, ele não é demonstração de humildade nem perseverança porque o triunfalista não aceita a derrota e se acha um vencedor. Ele apenas se passa por humilde e diz que a cada derrota se sente um vencedor. As pessoas adoram essa abordagem, sem saber que isso tem muito mais a ver com arrogância e falta de autocrítica do que com humildade e perseverança.
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