segunda-feira, 28 de novembro de 2016

O Brasil e a blindagem para poucos, não necessariamente os melhores


O Brasil vive uma situação surreal em que há todo um esquema de blindagem para poucos, um privilégio dado não necessariamente àqueles dotados de grandes virtudes, mas aos que cometem erros gravíssimos mas são protegidos por algum grande status social.

Há pessoas que, hoje, são completamente beneficiadas pela impunidade plena, fossem quem fossem os abusos cometidos. Pessoas que causam escândalos sérios, incidentes preocupantes, mas que nada consegue abalá-los.

Isso não quer dizer que tais pessoas tenham virtudes que se sobressaem aos defeitos, até porque os defeitos chegam a ser graves e as virtudes, superficiais ou inexpressivas. Mesmo assim, o respaldo da sociedade faz com que instituições ou pessoas se tornem "intocaveis" pelo status que representam devido aos valores conservadores e certos paradigmas hierárquicos.

No Poder Judiciário e no Ministério Público, temos exemplos de pessoas que são blindadas por mais que cometam erros graves e constrangedores. As atuações do juiz Sérgio Moro, do ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, e do procurador Deltan Dalagnol são totalmente irregulares e gravíssimas, sob o ponto de vista do Direito, escapando muitas vezes do rigor metodológico e da imparcialidade.

Mesmo assim, eles são dotados de uma blindagem extrema e forte. São beneficiados por um prestígio e um status inabaláveis, nenhuma denúncia contra eles consegue derrubá-los, enquanto por outro lado seus seguidores os endeusam como se eles já tivessem o passaporte para o Paraíso, o "reino dos puros".

A Rede Globo de Televisão é principal veículo das Organizações Globo, empresa cujos donos, os irmãos Marinho (João Roberto, José Roberto e Roberto Irineu), são comprovadamente sonegadores de impostos, donos de algumas das maiores fortunas do mundo e ainda recebem verbas públicas que estão garantidas pelo governo de Michel Temer, o mesmo que pretende fazer um rigoroso congelamento de gastos públicos.

Nada abala da Rede Globo, que manipula a opinião pública e estabelece influência ideológica até em parcela de aparentes detratores. Gírias (como "balada" e "galera"), hábitos vestuários, gastronômicos etc, gostos musicais e tudo, penetram no inconsciente coletivo até de pessoas que pegam carona no bordão "o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo". A Globo nunca é punida, não entra em falência e sua queda de público, além de longe de ser drástica, ainda não abala seriamente a empresa.

Da Rede Globo, o exemplo da blindagem mais extrema é o do apresentador Luciano Huck. Ele é sócio de uma marca de roupas que publicou mensagens de mau gosto que expressavam preconceitos sociais graves. Ele popularizou a gíria "balada", criada por DJs de boates para ricos com base no eufemismo "bala" (pílulas entorpecentes, como ecstasy).

Elitista, Luciano tenta se passar por "assistente social" num quadro do Caldeirão do Huck, Há denúncias de que ele mandava reformar carros velhos, fingia entregar aos beneficiários e depois os pegava de volta dando uma precária indenização. Sem falar que os quadros "assistenciais" são copiados de programas do gênero, de valor muito duvidoso, transmitidos nos EUA.

Huck também foi visto fumando cigarros suspeitos e apoia políticos retrógrados como João Dória Jr. (que tomou café de botequim fazendo cara de nojo) e Aécio Neves, ele enrolado em muitas denúncias de corrupção - só pela Operação Lava Jato Aécio é citado em pelo menos seis delações - e também beneficiado pela blindagem mais absoluta.

Aécio é do PSDB. O PSDB também é beneficiado pela blindagem da mídia e da sociedade. A Justiça, então, nem chega perto dos tucanos, a não ser os de "pequena plumagem" (os políticos menores), geralmente prefeitos do interior ou deputados e vereadores de menor expressão política.

Nomes como Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Geraldo Alckmin e Aécio Neves, ou mesmo os falecidos Sérgio Guerra e Mário Covas, estão citados em denúncias graves de corrupção, com muitas provas documentais e tendo desviado grandes somas de dinheiro público para suas contas pessoais e de seus familiares.

Apesar disso, os que estão vivos nem de longe vivem o ocaso político, estando até esperançosos em pôr a República em suas mãos. A Justiça não mexe no PSDB. Aécio Neves está citado em denúncias da Lava Jato e o jurista Gilmar Mendes - que o filho do espírita Deolindo Amorim, Paulo Henrique Amorim, definiu como "do PSDB do Mato Grosso" -

O "espiritismo" brasileiro também tem uma blindagem surpreendente. A religião nem está entre as mais populares do Brasil, mas goza de uma impunidade que nem mesmo católicos e evangélicos chegam a possuir. Nenhum questionamento oficial atinge os "espíritas" que, diante de denúncias, ainda reagem com vitimismo, no seu teatrinho de falsa modéstia.

Chico Xavier e Divaldo Franco se tornaram os piores deturpadores da Doutrina Espírita, produzindo livros e dando depoimentos cujo conteúdo, em que pese o suposto teor de "bondade", contrariam de maneira aberrante o pensamento trazido por Allan Kardec.

No entanto, os dois foram aproveitados pela doutrina dúbia, tendência ainda dominante no "movimento espírita", que prometeu a "recuperação das bases kardecianas" mas manteve o igrejismo herdado do roustanguismo. Há quem acredite numa recuperação "para valer" do pensamento kardeciano mantendo os dois "médiuns" deturpadores no pedestal.

O verniz de "bondade" dos dois "médiuns" criou uma linhagem de impunidade no "movimento espírita", em que verdadeiras fraudes "mediúnicas" são produzidas impunemente. Chico Xavier saiu impune na usurpação do nome de Humberto de Campos e, esperto, o "médium" ainda aliciou familiares do falecido escritor que, iludidos com a aparente "bondade" do mineiro, acabaram se rendendo a ele.

Chico Xavier fez pastiches literários grosseiros, incluindo vários plágios, usurpou identidades de pessoas mortas famosas ou não, defendeu e propagou valores moralistas retrógrados, defendeu a ditadura e enganou muita gente sob a capa da "bondade" e da "caridade".

Mesmo assim, o anti-médium morreu impune, blindado pela sociedade, endeusado pelas paixões terrenas de seus seguidores, cegos e enfeitiçados pelo deslumbramento religioso que santifica na Terra os ídolos religiosos que, no "outro lado da vida", recebem o choque das "santas ilusões" que mascaram vaidades imensas sob o disfarce da "humildade".

Isso fez com que outros seguidores "espíritas" também se beneficiassem com a impunidade. O rico "curandeiro" João Teixeira de Faria, o João de Deus, que não teve coragem de tentar auto-cirurgia de um câncer, é um poderoso latifundiário, cujos bens foram provavelmente desviados do dinheiro da caridade. Mas ninguém investiga.

Em vez disso, João de Deus ainda tem o benefício de ter a Rede Globo encomendando a uma atriz ateia a fazer uma "visita de agradecimento" por não ter sofrido uma tragédia que matou um colega de cena. E, o que é pior, poucos percebem que essa "visita espontânea" era um recurso da Globo de usar o "espiritismo" para reagir à Rede Record, cuja dona, a Igreja Universal do Reino de Deus, tem um "bispo" se preparando para assumir a Prefeitura do Rio de Janeiro após a virada do ano.

José Medrado é acusado de usar sem alvará um terreno da Cidade da Luz em Salvador, de manter os meninos pobres que aloja isolados durante as palestras. Além disso, Medrado costuma fazer piadas preconceituosas em suas exposições, e é cortejado pela alta sociedade soteropolitana, da qual o próprio "médium" faz parte, ostentando um carrão utilitário caro demais para alguém com currículo de funcionário público.

Mas o mais grave é que Medrado está associado a produção de quadros que nem de longe lembram os estilos dos pintores falecidos a quem se atribui tais pinturas. mas são parecidos entre si, lembrando mais o estilo pessoal do "médium", que não mede escrúpulos em usar uma mesma caligrafia para assinaturas tidas como "de diferentes autores".

E mesmo o "refinado" Divaldo Franco cometeu a gravidade de espalhar a deturpação da Doutrina Espírita para vários cantos do mundo, no esforço de destruir o legado de Allan Kardec espalhando mentiras e conceitos estranhos à doutrina kardeciana. Um dos aspectos mais preocupantes é a defesa de uma bobagem sensacionalista como as crianças-índigo, um modismo esotérico tão ridículo que resultou até na separação de um casal que criou essa farsa, por causa de disputas financeiras.

E ninguém investiga, ninguém questiona, ninguém analisa com severidade e rigor objetivo. Em vez disso, preferem adular esses ídolos "espíritas", e, quando muito, apenas criam-se simulacros de investigação sobre Chico Xavier, que praticamente dão em nada.

Ser "espírita" é se sentir no "paraíso" da Terra, podendo praticar desonestidade doutrinária e fraude mediúnica, que ninguém mexe. E quando há um risco, os "espíritas" e seus seguidores ainda reagem com coitadismo ou apelam para ostentar ações "filantrópicas", tidas como "transformadoras" mas que são extremamente inócuas e pouco expressivas. Vide o caso da Mansão do Caminho.

É triste ver que pessoas e instituições assim, como os "espíritas", o PSDB, a Rede Globo etc, são dotados da mais absoluta impunidade, podendo cometer seus abusos e desonestidades livremente, sem ver qualquer efeito drástico contra tais delitos ou crimes.

É constrangedor ver que o status quo blinda tais pessoas, não pelas virtudes que possuem, que são poucas e medianas, mas para protegê-los em seus erros graves, como se fosse possível fazer apologia do erro quando seu praticante goza de alto prestígio. O "paraíso" da Terra garante tais privilégios, dentro de um quadro em que multidões são vítimas diárias de tantas injustiças sociais.

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