sexta-feira, 18 de novembro de 2016
Invasão de fascistas na Câmara dos Deputados é alerta para o Brasil
Na tarde do último dia 16, um grupo de mais de 800 manifestantes chegou em Brasília e 50 deles invadiram o plenário da Câmara dos Deputados - um deles conseguiu passar pelos detectores de metais, porque portava um revólver - para atrapalhar os debates sobre o "pacote anti-corrupção" na referida casa do Legislativo.
Eles derrubaram vidros, agrediram seguranças e outras pessoas à frente, e, gritando louvores a Sérgio Moro, pediam a chegada de um general ao local e reivindicavam intervenção militar no país. Estúpidos e agressivos - embora vários de seus integrantes sejam gente adulta que deveria ter consciência de seus atos - , eles ainda cometeram gafes, como uma delas definindo o Japão como "país comunista", quando o país é um dos que levam o capitalismo às últimas consequências.
São pessoas que usam os mesmos argumentos da extrema-direita. Fascistas, eles queriam a volta da ditadura militar, se servindo do eufemismo "intervenção" para definir o golpe. Se dizem "sem organização definida", mas foram financiados por um empresário que bancou a excursão e a permanência dos "ativistas".
Eles são a facção extrema dos manifestantes que pediam o "Fora Dilma" até pouco tempo atrás. Estão insatisfeitos com os retrocessos sinalizados pelo governo de Michel Temer - que defende a chamada PEC do Teto ou PEC dos Gastos Públicos (que foi PEC 241 e hoje é PEC 55) para reduzir drasticamente os investimentos para a Educação, Saúde e Asistência Social, deixando o Brasil à penúria - e querem um governo ainda mais autoritário e elitista.
Os invasores chegaram a serem detidos, mas foram liberados. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), condenou a invasão de defendeu a prisão dos delinquentes, mas tudo ficou nisso mesmo. A grande mídia reacionária se esqueceu que influenciou os invasores por causa das campanhas de ódio anti-PT de tempos atrás e "condenou" a invasão.
QUAL A ÓTICA "ESPÍRITA"?
O episódio serve de alerta para o crescimento de movimentos fascistas no Brasil, algo que não deve ser visto como uma brincadeira de moleques provocadores. Em Niterói, já foram vistos colados nas paredes de locais públicos panfletos de uma tal "International Klans", que pode ser um grupo fascista nos moldes da Klu Klux Klan que atua clandestinamente no Brasil.
A ação de "fascistas mirins" e os atos de intolerância social, seja por trolagem ou cyberbullying, além de ações racistas e machistas - recentemente voltou a onda de feminicídios de motivação conjugal - chama a atenção de um cenário sombrio que as pessoas não podem subestimar como sendo casos isolados ou ações extremas de poucas pessoas.
A situação do Brasil está absolutamente vulnerável, diante de uma Justiça seletiva, uma mídia mentirosa e uma classe política sem a menor confiabilidade. E um governante como Michel Temer, que chega a financiar jantares caros (usando dinheiro público) para pedir aos parlamentares o apoio à PEC que irá cortar os gastos públicos, quando estes se voltam para o interesse público. Para os ricos, tudo, para os pobres, nada!
O "espiritismo", desnorteado, não assume formalmente posição alguma, mas sinalizou apoio implícito ao governo de Michel Temer. Um sem-número de artigos e palestras pedia para pessoas que tivessem algum sofrimento ou dificuldade na vida aceitarem desgraças e infortúnios, abrindo mão de desejos e necessidades e vivendo "conforme o possível". Parecem falar da PEC do Teto, chamada de PEC do Fim do Mundo ou PEC da Morte (seria PEC do Além-Túmulo para os "espíritas"?).
O reacionarismo "espírita" já é conhecido pelas bases roustanguistas originais, e pelas posturas ultraconservadoras de Francisco Cândido Xavier, um católico ortodoxo, de ideias medievais e moralismo retrógrado, mas transformado em um semi-deus por causa das manobras da FEB e do apoio da grande mídia patronal.
Quem não se lembra da edição especial do programa Pinga Fogo, da TV Tupi de São Paulo, que no final de julho de 1971 mostrou um Chico Xavier defendendo a ditadura militar, que vivia sua fase ainda mais cruel, pedindo para que "orássemos pelos generais", porque eles "estavam construindo o reino de amor do Brasil futuro". Reino de amor? Com o sangue de muitos inocentes assassinados?
Recentemente, o "médium" Robson Pinheiro, um dos mais festejados do mercado literário atual, lançou livros como O Partido - Projeto Criminoso de Poder e A Quadrilha: Foro de São Paulo, que tentam justificar o anti-esquerdismo doentio do autor (que usa o nome do suposto espírito Ângelo Inácio) pela "influência dos planos espirituais". O conteúdo "coxinha" das duas obras não faria feio se lançadas, em capítulos esparsos, como folhetim nas páginas da revista Veja.
Corroborado pelo "Correio Espírita", o reacionarismo de Robson definiu as passeatas anti-PT como "libertadoras" e como "despertar da juventude" por um "novo Brasil", supostamente atendendo às recomendações de "benfeitores espirituais". O "movimento espírita" chegou a festejar tais passeatas como se fossem o "começo de uma fase de regeneração do Brasil", o que é uma incoerência.
Afinal, as passeatas foram movidas pelo ódio nas redes sociais. Um dos grupos organizadores tem o nome de Revoltados On Line (o "espiritismo" diz condenar a revolta). Nas passeatas, havia gente exibindo símbolos nazistas, pedindo a tal "intervenção militar", rogando para que esquerdistas fossem mortos e havia até mesmo um grupo de rapazes que baixou as bermudas, exibindo grotescamente seus glúteos ao ar livre, sem ter escrúpulos com o ridículo de seus atos.
É com base nessas manifestações de "libertação" e "regeneração" que se diz "intuída por espíritos superiores" que um grupo de pessoas praticou vandalismo e truculência e invadiu a Câmara dos Deputados pedindo a volta da ditadura militar. Gente movida por ódio estúpido e patético, contrariando as perspectivas dos "espíritas".
Isso é terrível e mostra que o Brasil não retomou a "normalidade institucional". Pelo contrário. Desde maio o Brasil está extremamente vulnerável, como um trem bala sem freio descendo uma ladeira e tendo perdido seu condutor. A retomada ultraconservadora revela tempos ainda mais obscuros, a não ser que haja um freio para conter essa multidão que pede retrocessos diversos para o país. É melhor que ocorra algo contra isso, antes que seja tarde demais.
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