sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Cotado para ser "Coração do Mundo", Brasil é terceiro país mais ignorante da Terra


Que país está pronto para comandar a chamada "comunidade das nações", sendo um dos três mais ignorantes do mundo? Uma pesquisa do instituto britânico Ipsos Mori, que fez um questionário para várias pessoas em 33 países - dos quais 28 foram enumerados num ranking - , a partir de um estudo chamado Perils of Perception (Perigos da Percepção), apontou o Brasil como o terceiro país mais ignorante do mundo.

Perguntas como "Qual a média de idade de seus habitantes?", "Qual a percentagem de imigrantes em seu país?" e "Qual a média de pessoas mais ricas por cada grupo de habitantes?" eram feitas e os pesquisados que errassem em maioria diagnosticavam um quadro de ignorância social em cada país.

O México é considerado o país mais ignorante do mundo. O país vive um contexto de muita pobreza e ações intensas do crime organizado, o que denota uma baixa qualidade de vida e uma baixa formação educacional da população. A Índia, com sua superpopulação e seu contexto de miséria, pobreza, sujeira, mediocridade cultural e habitações irregulares e perigosas, ficou em segundo lugar.

O Brasil ficou em terceiro lugar na pesquisa, por causa do desconhecimento sociológico dos pesquisados. Embora apenas cerca de mil pessoas tenham sido pesquisadas, a realidade condiz ao que vemos na mídia e, sobretudo, nas chamadas "redes sociais".

Há tanto a incompreensão de coisas essenciais da vida, o desprezo ao Conhecimento, a aversão à lógica e ao bom senso, quanto existe a camuflagem ideológica, marcada pelo misto de pretensiosismo e falta de conhecimento das coisas.

Na pesquisa, os brasileiros erraram, na grande quantidade de entrevistados, quanto a perguntas sobre a média de idade dos habitantes (a maioria respondeu 56 em vez de 31), a presença de mulheres na política (31% em vez de 14%, esta a resposta correta) e a presença de habitantes de origem estrangeira em território brasileiro (25% em vez dos corretos 0,3%).

A mediocrização cultural atinge níveis extremos no país, em todos os aspectos. Na música, impera a canastrice de ídolos surgidos de gerações recentes da música brega, como Wesley Safadão, Nego do Borel e Anitta. No cinema, imperam comédias imbecis que imitam o pior do cinema dos EUA. Na literatura, as temáticas "água-com-açúcar" (variando entre religião, humor e ficção) prevalecem sobre qualquer livro que transmita Conhecimento. No teatro, comédias urbanas inócuas e franquias estrangeiras prevalecem sobre produções nacionais de qualidade.

Na mídia, observa-se a ascensão por demais meteórica de um colunista medíocre como Merval Pereira, de O Globo, que nunca lançou um livro propriamente dito mas meras coletâneas de artigos (que não são lá grande coisa), que permitiu um assento na outrora rigorosa e respeitável Academia Brasileira de Letras, fundada por escritores do nível de Machado de Assis, Joaquim Nabuco e Olavo Bilac e que até pouco tempo atrás tinha um João Ubaldo Ribeiro entre seus membros.

Mas não é só isso. A outrora culta Folha de São Paulo contratou como novo colunista um jovem desinformado e rancoroso como Kim Kataguiri, capaz de publicar mentiras desde que sejam contra o Partido dos Trabalhadores. Uma das principais "rádios de rock" do país, a Rádio Cidade, nunca teve tradição no gênero (ela surgiu como FM pop) e sua equipe de locutores e produtores não tem envolvimento natural com o gênero.

Indo mais adiante, a ascensão de subcelebridades no Brasil acontece em doses industriais, A presença maciça de ex-BBBs, "mulheres-frutas" e outros tipos que se tornam famosos por nada - basta uma mulher ser fotografada próxima de um ator ou esportista para ela virar "celebridade" - já começa a fazer tornar menos frequentes as aparições de atores, atrizes, artistas musicais e escritores.

Na camuflagem ideológica, nota-se, por exemplo, a atitude de pessoas que, por ignorância ou por pretensiosismo, se julgam "esquerdistas" adotando ideias associadas à direita, como a exaltação ao mercado, a adoração a poderosos (sejam famosos, políticos, empresários, acadêmicos ou tecnocratas), por simbolizarem "vencedores", e à absorção de valores e costumes trazidos pela mídia reacionária.

Recentemente, houve a supremacia de uma parcela da intelectualidade cultural que pregava a degradação da cultura popular sob a desculpa da "ruptura do preconceito". Ideias típicas do mais conservador pensamento liberal eram misturadas com retórica tropicalista e vendidas como se fossem pretensas causas libertárias, quando, por trás do discurso, se defendia apenas a aplicação de regras de "livre mercado" para a dita "cultura das periferias", "sucessos do povão" e "cultura popular demais".

Na trolagem, uma boa parcela de troleiros (ou trolls) adotava um perfil furiosamente reacionário, alinhado com a extrema-direita ideológica, mas se autoproclamavam "de esquerda", fingiam admirar Ernesto Che Guevara e, de forma tendenciosa, seguiam perfis do jornal Caros Amigos ou de pensadores como Emir Sader no Facebook e no Twitter.

É essa camuflagem ideológica que permitia que ícones do machismo mais grotesco, como a funqueira Mulher Melão, se autodefinissem como "feministas", assim como, de maneira "politicamente correta", a colega Valesca Popozuda, que teve que ser repaginada para penetrar em ambientes sociais mais "selecionados".

TERRENO FÁCIL PARA A RELIGIÃO

Na pesquisa do Ipsos Mori, os mexicanos e indianos erraram por se suporem serem menos religiosos do que realmente são. Na pergunta sobre a porcentagem de não-religiosos em cada país, os mexicanos responderam 35% e os indianos 33%, quando as respectivas respostas verdadeiras eram 5% e 0,1%.

No Brasil, a religiosidade encontra terreno na ignorância e na falta de compreensão das pessoas. Boa parte da sociedade, e isso inclui até mesmo pessoas que aparentemente possuem alto grau de instrução, acham que as ideias de bondade e caridade estão subordinadas ao rígido conceito de fé religiosa.

Daí a comparação, por exemplo, da facilidade com que o mito de Madre Teresa de Calcutá, que parecia bastante verossímil, o da "santa viva" (quando ela era ainda viva), foi combatido ao observar irregularidades severas de sua trajetória, como maus tratos aos doentes e condenação severa ao aborto e ao divórcio motivada por preconceitos moralistas.

No Brasil, a trajetória de Francisco Cândido Xavier foi muito mais marcada de confusões, irregularidades, escândalos da mais alta gravidade, fraudes severas e, no entanto, há uma grande dificuldade de se reconhecer oficialmente que seu mito está falido e perdeu todo o sentido e relevância.

Pelo contrário. O mito de Chico Xavier é fortalecido pela arrogância extrema de seus seguidores, que preferem abrir mão da lógica e do bom senso, apegados e obsediados pelo estereótipo de "bondade" associado ao anti-médium brasileiro. E isso sob a complacência de juristas, jornalistas e acadêmicos que não têm coragem, e muito menos interesse, em combater o mito chiquista.

A religião permite, no Brasil, a ação do fanatismo, e é preocupante que a sociedade fale tanto em "intolerância religiosa", mas prega, por outro lado, uma intolerância pior ainda, a do direito a não ter religião.

A associação forçada da ideia de bondade, subordinada à camisa-de-força da fé religiosa, Isso cria uma imagem preconceituosa do ser humano, visto como "selvagem", "inseguro" e "egoísta" quando está fora da religião, e só considerado "bom" se estiver subordinado a fé religiosa.

É ilustrativo que os três países mais ignorantes do planeta sejam religiosos. E, no Brasil, é preocupante que o raciocínio humano se torna uma das qualidades mais combatidas, deturpadas e violadas  e que o modo de encarar religiosamente as coisas, consagrando fenômenos "divinos", cria uma perspectiva que ultrapassa os limites da religiosidade e das práticas litúrgicas.

Daí, por exemplo, o endeusamento que recebe um político da ditadura militar, como o arquiteto Jaime Lerner, considerado um "deus" da mobilidade urbana, e uma medida aparentemente "inofensiva", mas no fundo prejudicial, como a pintura padronizada nos ônibus, ser endeusada por busólogos do Rio de Janeiro sob a promessa do "milagre divino" de ônibus mais longos, com ar condicionado e motores possantes (com chassis de marcas suecas).

Quando houve a campanha "Volta Rádio Cidade", direcionada não ao retorno da trajetória original da rádio (dedicada ao pop eclético e despretensioso), mas à desastrosa experiência como "rádio de rock", notou-se o fanatismo de seus ouvintes, que emprestavam à rádio um sentimento divinizado e religioso, que os faz tratar o rock não como um gênero musical, mas como uma religião, do qual vale um som qualquer nota, desde que voltado aos clichês "radicais" atribuídos à cultura roqueira.

Como nos dois casos, a religião mostra que a fé fortalece a ignorância, ao submetê-la às fantasias e encantos da mística religiosa ou do modo de atribuir "superioridade" a pessoas, instituições e medidas que, no fundo, não são tão benéficas assim, mas são defendidas com cego fanatismo em nome de "milagres" como os famigerados BRTs ou os festivais de rock no eixo Rio-São Paulo. Até parece que foi "Deus" quem determinou a pintura padronizada nos ônibus e a volta da Rádio Cidade ao rock.

A religião cria, assim, uma "metodologia" e uma "pedagogia" de encarar a vida não através da lógica e do bom senso, mas da ignorância estimulada por supostas esperanças. E isso faz com que as chamadas "curas milagrosas", seja a partir de rezas ou de "cirurgias espirituais" de processo duvidoso, sejam muito mais admiradas e festejadas do que descobertas científicas sérias.

Há milhares e milhares de exemplos que fazem com que a religião influencie decisivamente na prevalência da ignorância no Brasil, produzindo fantasias, teimosias e induzindo pessoas que se dizem "de energias elevadas" e "de consciência limpa" ao estarem sob a "proteção" da fé, a terem surtos descomunais de raiva, rancor e vingança diante da menor contrariedade às suas crenças.

CORAÇÃO DO MUNDO?

Foi a religião que castrou todos os esforços de vigilância e combate a mistificadores e espertalhões do porte de Chico Xavier. A ideia de associar a "bondade" como qualidade subordinada à religião impediu que o mito chiquista morresse no nascedouro, punindo o "médium" brasileiro pela usurpação indébita e oportunista do prestígio do escritor Humberto de Campos.

Diante da hesitação e do "corpo mole" da Justiça dos homens, o anti-médium mineiro teve o caminho livre para seu mito crescer e se agigantar de forma que um mero plagiador de poemas foi transformado em um semi-deus, "símbolo maior da bondade" e com supostos dons de profecia, mesmo apresentando grandes erros de conhecimentos históricos, geográficos e sociológicos.

A falsa profecia da "data-limite", que "rasgaria" o planeta numa porção "intata", o Hemisfério Sul, e em outra "arrasada", o Hemisfério Norte, através de um conjunto de preconceitos moralistas e religiosos de cunho medieval dissimulados em discurso pseudo-científico, revela a farsa da ilusão que atribui ao Brasil a "garantia" de que irá comandar as nações do planeta.

A ideia é "exterminar" o "velho mundo" e "zerar" a humanidade ao privar da sobrevivência as civilizações mais desenvolvidas. Prega-se um segundo "genocídio" para que assim se rearticulasse a decadente teocracia religiosa e interrompesse o progresso da humanidade, como se fez com as guerras que destruíram boa parte do patrimônio cultural da Antiguidade, inclusive livros que explicariam teses científicas e até a sofisticada arquitetura de pirâmides e outras construções.

No segundo "genocídio", que seria minimizado com as réplicas dos seus legados deixados nos países do Hemisfério Sul, e mesmo assim réplicas de réplicas, o "velho mundo" parece mais garantido de ser poupado. Todavia, autores como Percival Lowell e Wolfgang Bargmann poderiam desaparecer quase que por completo, prevalecendo a lenda de um falso pioneirismo de Chico Xavier sobre certas façanhas científicas.

A religião torna-se um processo perigoso, daí ela motivar ações de grupos terroristas no exterior, ou na ameaça de seitas neopentecostais como a Igreja Universal do Reino de Deus investirem nos "Gladiadores do Altar". Mas mesmo dentro do "espiritismo" nota-se a ação de fanáticos tresloucados, verdadeiros psicopatas, que se explodem em violenta fúria quando nomes como Chico Xavier e Divaldo Franco são duramente questionados.

A escravidão da fé torna-se um problema que paralisa o progresso humano. Discrimina-se o raciocínio humano, condena-se o pensamento questionador, castra-se a pesquisa, a análise e o manifesto do senso crítico para proteger totens que a fantasia da fé, do culto aos "vencedores" (quando a "fé" ultrapassa os limites da religião e parte para endeusar pessoas e fenômenos "comuns") de serem combatidos pela desqualificação.

Com isso, o Brasil torna-se o inferno astral da lógica e do bom senso, ficando prisioneiro de um padrão de ideias, procedimentos e perspectivas que simplesmente compromete o progresso do país, influi em sua crise e insiste em falsas soluções que provaram não darem certo. E, na medida em que as pessoas assustadas com a crise brasileira se apegam demais à religião, elas apelam para as raízes dos próprios problemas achando que elas serão a solução para os mesmos.

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