segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Allan Kardec advertiu para a dificuldade de definir o mundo espiritual

O UNIVERSO MATERIAL JÁ É UM MISTÉRIO, QUANTO MAIS O MUNDO ESPIRITUAL.

Os "espíritas" erram feio, quando tentam arriscar no "achismo" o que para eles pode ser o mundo espiritual. Visões especulativas e fantasiosas, trazidas a partir do livro Nosso Lar de Francisco Cândido Xavier, de 1943, se multiplicaram e criaram uma "visão oficial", tida como erroneamente verídica, do mundo espiritual.

A ideia de um campo florido e cheio de árvores, com um grande gramado verde, cercado de prédios imponentes que parecem um grupo de grandes edifícios cercados por um hospital que, esteticamente, mais parece um shopping center, onde pessoas vivem com pijamas brancos e existem até animais considerados dóceis (cães, gatos e pequenos pássaros), tornou-se a ideia corrente de "mundo espiritual" defendida pelos "espíritas".

Só que essa concepção de "mundo espiritual" e "vida espiritual" apresenta diversos equívocos, e isso observa quando se notam que hábitos materiais como a alimentação e o sono são adotados na famosa "colônia espiritual".

A alimentação é usada para renovar as energias do organismo, procurando evitar a fraqueza e a desnutrição. Não se está aqui falando dos excessos alimentares, porque são outra história. Já o sono é um processo de repouso para que o corpo recicle suas funções para retomar as atividades vitais.

Se o espírito não dispõe de um corpo físico, na vida espiritual, por que ele precisará se alimentar ou dormir? No caso da alimentação, há a tese de que espíritos ainda tomados de instintos materialistas tenham que "se alimentar" no além-túmulo, mas até isso é bastante discutível e duvidoso.

A verdade é que não existem estudos sérios sobre o mundo espiritual, e no tempo de Allan Kardec, era impossível até mesmo cogitar ou imaginar como seria a vida no além-túmulo, pois não havia condição alguma de se estabelecer sequer uma suposição com um mínimo de probabilidade.

Infelizmente, nenhum estudo avançou de forma que se definisse como seria o mundo espiritual. A visão especulativa já veio a partir do "velho mundo", com o livro britânico A Vida Além do Véu (The Life Beyond the Veil), lançado por George Vale Owen. O livro mais parece um arremedo de ficção científica trazido por um protestante inglês que afirmava ter "psicografado" a obra.

O livro tornou-se fonte para a elaboração de Nosso Lar, de Chico Xavier. Há uma probabilidade que a elaboração do livro brasileiro tenha contido sugestões do jovem Waldo Vieira, então um pré-adolescente, já que ele era considerado um "médium-prodígio" e eram recíprocas as admirações de Chico e Waldo nessa época, o que influiu em futuras parcerias.

Waldo Vieira era colecionador de revistas em quadrinhos e fã de ficção científica, ingrediente considerado "novo" na obra de Xavier, apesar das "inserções" das viagens à Marte dos livros Cartas de uma Morta, de 1935, atribuído à mãe do "médium", Maria João de Deus, e Novas Mensagens, de 1939, em que foi usado, de forma indevida, o nome de Humberto de Campos como crédito de autoria.

Há quem diga que as pesquisas científicas no sentido de verificar a vida espiritual estão paralisadas ou lentas. Enquanto isso, núcleos "espíritas" em universidades brasileiras diversas servem como reduto de difusão das mistificações do "movimento espírita", com todas as suas fantasias e farsas que buscam um respaldo pretensamente científico para "confirmação", o que compromete ainda mais o verdadeiro trabalho da busca do Conhecimento.

Isso piorou ainda mais as coisas. E pode trazer uma decepção enorme para quem retornar ao mundo espiritual. Imaginar que, ao morrer, o espírito será acolhido por parentes e amigos próximos, como num desembarque em algum aeroporto, e encontrará um gigantesco gramado cheio de belas flores e árvores, com passarinhos voando, gatinhos e cãezinhos correndo e até crianças brincando, é algo que irá gerar um choque quando se observar a realidade.

O "espiritismo" não pesquisa a vida espiritual, reduz a mediunidade a um faz-de-conta e limita-se a avaliar as reencarnações sob um severo juízo de valor, e, desta forma, a doutrina brasileira é totalmente incapaz de perceber o que realmente é o mundo espiritual, um grande mistério que está longe de revelar noções minimamente realistas. O além-túmulo é ainda um grosso véu para nós.

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