terça-feira, 13 de setembro de 2016
O pseudo-Humberto "falando" como se fosse Chico Xavier
O amor pode tudo? É muito perigosa essa ideia, porque se trata de uma premissa dotada de conteúdo meramente emocional, que não traz uma segurança lógica nem um sentido coerente e confiável. Ideias como "amor", "bondade" e "caridade" podem estar a serviço da mentira, da fraude e da dissimulação.
O que poucas pessoas conseguem entender é que é muito mais traiçoeira é a ideia de "amor" e "bondade" quando sustentam práticas fraudulentas, dissimuladoras e mistificadoras, e que os pretextos amorosos não podem ser atenuantes nem legitimadores de mentiras e fraudes.
Pelo contrário, é infinitamente mais cruel e mais desonesto aquele que se apoia na simbologia do amor e da caridade para acobertar práticas fraudulentas e mistificadoras. Milhões de vezes mais perverso é aquele que usa o "amor" para legitimar a mentira, pois as "coisas boas" servem apenas de isca para enganar as pessoas e deixá-las praticamente submissas e resignadas.
É, portanto, uma forma de domínio, e vemos o quanto Francisco Cândido Xavier foi perverso e cruel nas suas atividades. Isso é chocante de dizer para muitos, mas um exame apurado verifica que é isso mesmo que aconteceu. Um criador de pastiches e plágios literários que usurpava os nomes dos mortos e se protegia pelo verniz da "caridade", sob o apoio até mesmo de políticos corruptos e barões da grande mídia.
É o que se vê neste fragmento reproduzido do livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, patriotada literária escrita a quatro mãos por Chico Xavier e Antônio Wantuil de Freitas, mas levianamente atribuído a Humberto de Campos, numa revanche, nunca assumida, de Chico Xavier contra comentários irônicos que Humberto havia escrito em vida. Chico teria resolvido se vingar "transformando" Humberto num padre.
Observa-se, no trecho abaixo, que nada do estilo pessoal de Humberto de Campos se observa. Nada de sua escrita fluente, ágil, quase cinematográfica. O que se observa é um texto pachorrento, pesado e cansativo de se ler, portanto uma grande fraude. A linguagem lembra os depoimentos que Chico Xavier sempre dava à imprensa. Portanto, é um texto escrito por Chico Xavier, de sua própria mente:
"Depreende-se, portanto, que a principal questão do espiritualismo é proclamar a necessidade da renovação interior, educando-se o pensamento do homem no Evangelho, para que o lar possa refletir os seus sublimados preceitos."
"Dentro dessa ação pacífica de educação das criaturas, aliada à prática genuína do bem, repousam as bases da obra de Ismael, cujo objetivo não é a reforma inopinada das instituições, impondo abalos à Natureza, que não dá saltos; é, sim, a regeneração e o levantamento moral dos homens, a fim de que essas mesmas instituições sejam espontaneamente renovadas para o progresso comum."
"A tarefa é vagarosa, mas, de outra forma, seria a destruição e o esforço insensato. A obra da revolução espiritual, no Evangelho de Jesus, não se compadece com as agitações do século."
"Os que desejarem impor, no seu compreensível entusiasmo de crentes, os preceitos do Mestre às instituições estritamente humanas, talvez ainda não tenham ponderado que a obra cristã espera, há dois milênios, a compreensão do mundo."
"Todos os que lutaram por ela de armas na mão e quantos pretenderam utilizar-se dos processos da força para a imposição dos seus ensinamentos, no transcurso dos séculos, tarde reconheceram a sua ilusão, redundando seus esforços no mais franco desvirtuamento das lições do Salvador, porque essas lições têm de começar no coração, para conseguirem melhorar e regenerar o planeta."
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É vergonhoso que as pessoas vejam legitimidade neste texto. Essa mensagem é completamente inútil, um apelo que não tem a menor serventia, porque se apoia numa mentira. Sendo um texto que destoa do estilo pessoal de Humberto de Campos, fácil de se observar pelo texto pesado que o autor maranhense nunca teria escrito, conclui-se que é, portanto, uma grande fraude.
Lembremos Erasto, lembremos O Livro dos Médiuns de Allan Kardec, no qual há vários alertas de "médiuns" ou "espíritos" que se apoiam de nomes ilustres para usar "coisas boas" para manipular os corações e mentes das pessoas.
Erasto havia dito que mais vale rejeitar dez verdades do que aceitar uma única mentira. Aceita-se a mentira chamada Chico Xavier, com todas suas fraudes e pastiches, porque um recurso da falácia sustenta a reputação do anti-médium mineiro: o Ad Passiones, o "apelo à emoção", com todo o discurso enganador do vitimismo e do triunfalismo que sempre protegeram o "médium".
Diante dessa mensagem igrejista atribuída a Humberto de Campos, a interpretação não poderia ser outra: o uso oportunista e deplorável de um falecido autor, a profanação de sua memória respaldada por supostas mensagens positivas, garantindo assim o oportunismo de um arrivista como Chico Xavier, um sujeito que nunca deveria ter tido a confiabilidade que recebe das pessoas.
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