sexta-feira, 23 de setembro de 2016
A catástrofe do cenário político do Brasil de hoje
A situação que o Brasil vive hoje é simplesmente assustadora. E mais assustadora porque a sociedade considerada "mais influente" permance na sua indiferença, como pais de família que acham que o incêndio a atingir os quartos de dormir deles e dos filhos fossem apenas uma festinha com churrasco.
O quadro é caótico e o Brasil está à deriva. Setores do Poder Judiciário, do Ministério Pùblico e da Polícia Federal movidos pela compreensão tendenciosa e parcial das leis e pela condenação seletiva apenas de suspeitos "mais incômodos". Uma grande mídia de rádios e TVs decadentes, e de uma imprensa que cada vez mais esquece seu compromisso com a informação, publicando mentiras aberrantes e descaradas.
Capitais que sofrem sérios retrocessos sociais como Rio de Janeiro e Curitiba cada vez mais perdem a condição de servirem de "cidades-modelo" para qualquer coisa no país. Nem para popularizar campeonatos de cuspe à distância como se fossem a "última palavra do entretenimento" no Brasil essas capitais, e muito menos São Paulo, servem mais.
Desde que toda uma campanha para derrubar Dilma Rousseff, com base em acusações infundadas e muito vagas, referentes a práticas que seriam normais a qualquer presidente da República, o Brasil não só não resolveu sua crise econômica como a fez se agravar e, o que é mais grave, a ela acumulando uma série de crises de natureza política, social, institucional, jurídica e midiática.
Existe até a crise cultural, que há muito tempo fez a chamada cultura popular se degradar com fenômenos da música, da imprensa, das (sub)celebridades etc patrocinados pela mídia oligárquica e patronal como se fossem "representantes autênticos" das classes populares e apoiados por uma intelectualidade associada e pseudo-progressista.
O Brasil vive uma verdadeira catástrofe no qual as forças retrógradas sociais se extasiaram com a volta aos "bons tempos" (leia-se Era Geisel, quando a sociadade brasileira estava, aos olhos da plutocracia, num patamar ideal). Até a onda de feminicídios conjugais, que já intensificava desde 2013, voltou a todo o vapor, fazendo a festa de machistas que "brincam" com facas, revólveres ou, às vezes, venenos.
E toda essa catástrofe, que faz com que especialistas sérios afirmem que o Brasil entrou na Idade Média, deixa as pessoas indiferentes vivendo uma felicidade assustadora, não pelo suposto otimismo ou esperança que possam representar, mas pelo desprezo ou pela ignorância de coisas piores que já estão acontecendo e outras que têm sua vinda anunciada para 2017.
A degradação do mercado de trabalho, a entrega das riquezas brasileiras para corporações estrangeiras e projetos legislativos que tentam reverter os avanços e as conquistas sociais obtidos nos últimos 80 anos - embora se fala até na revogação da Lei Áurea, são a tônica desse "novo" país que se desenha com o fim da Era PT no Governo Federal.
Aliás, a revogação da Lei Áurea, que parece piada de Stanislaw Ponte Preta, não é tão anedótica assim. A "bancada do Boi" (ruralista) no Congresso Nacional pretende transformar em lei a PEC 3842, que retira as expressões "jornada exaustiva" e "condições degradantes de trabalho" das definições de crime de "trabalho escravo".
Isso é muito grave porque, através da reforma trabalhista do governo de Michel Temer, os patrões terão seus abusos autorizados por lei, como descumprir obrigações trabalhistas, fazer prevalecer seus interesses nos acordos coletivos de trabalho, pagar menos salários aos trabalhadores e forçá-los a trabalhar mais horas por mais anos de serviço, se aposentando (e mal) mais tarde.
É assustador o masoquismo um tanto alienado das pessoas, que pensam agir com esperança e otimismo diante desse cenário desolador. Acham que basta ter fé para sobreviver a qualquer retrocesso, e que podem entender a realidade sem poder compreender metade de sua natureza complexa, que nunca é difundida pela grande mídia nem pelo status quo plutocrático de hoje.
É assustadora a situação de catástrofe que atingirá o Brasil em dimensões trágicas. Atingirá não só as classes populares ou os novos agentes sociais - como a sociedade LGBT - mas as alegres elites felizes na areia da praia, que mal saberão que a felicidade cega das festas de hoje pode gerar uma ressaca trágica amanhã. O Brasil entrou em colapso e isso afetará sobretudo quem não está sequer preparado a admiti-lo.
É uma situação grave, com um país desgovernado por um presidente que chegou ao poder de maneira institucionalmente violenta, passando por cima das leis e sob a corrupção de setores legislativos e jurídicos.
É um quadro político aberrante, para o qual nenhum otimismo preguiçoso poderá resolver, pois o que vem por aí será duro demais para a "fé-licidade" cega das pessoas passar por cima. O Brasil está muito abaixo para poder passar por cima de nuvens trovejantes.
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