quarta-feira, 13 de abril de 2016

Em crise, Brasil se prende a estereótipos


O Brasil costuma pensar a realidade como se fosse uma propaganda publicitária, um enredo de novela, um filme de ficção. E é isso que faz as pessoas se apegarem a estereótipos e, por mais que tentem argumentar racionalmente suas convicções pessoais, a constatação é que os cérebros das pessoas parecem estar dotados de um "ponto" no qual os executivos da mídia dão suas ordens.

As pessoas tentam argumentar cada bobagem ou cada coisa equivocada como se fossem assessores de imprensa, legisladores ou cientistas frustrados. Muitos não sabem sequer o que realmente querem, e aceitam prejuízos e retrocessos porque acreditaram piamente naquilo que ouviram, por iniciativa de tecnocratas duvidosos, decisão de autoridade duvidosa e divulgado por uma mídia duvidosa.

As pessoas acabam defendendo aquilo que lhes prejudica. Ou aquilo que não lhes traz vantagem alguma. Vive-se como "se pode", até quando não se poderá viver sequer o "possível", porque o Brasil decai a níveis surreais, por conta da prepotência de autoridades ou de outros representantes do status quo cujos estereótipos sugerem pretensa superioridade, carisma e poder.

Temos um Congresso Nacional que, da parte da Câmara Federal sob a liderança de Eduardo Cunha, quer fazer o Brasil retroceder ao período colonial. Temos uma religião "futurista", o tão conhecido "espiritismo" brasileiro (sim, o de Chico Xavier e Divaldo Franco), que, na verdade, quer retroceder o país aos parâmetros religiosos e intelectuais da Idade Média.

Saímos de casa sem poder saber o ônibus que vamos pegar, já que a pintura padronizada deixou as diferentes empresas de ônibus com o mesmo visual. E, quando voltamos, temos que saltar do local errado que o ônibus errado nos levou, olhando para todos os lados para evitar o ladrão da proximidade, e pegar talvez mais um ou dois que nos levem para casa ou próximo dela.

Quando usamos a Internet e contestamos algum problema nas mídias sociais, em primeiro momento, quando a discussão é privativa e feita às costas do poder em geral e da opinião pública, há um mínimo de tolerância. Mas quando as reclamações convertem em uma iniciativa para interferir nas leis e decisões alheias, os "concordantes" se rebelam e passam a fazer trolagem.

Sim, porque só é permitido reclamar dos problemas nas mídias sociais, de forma privativa e discreta, como se reclamar fosse apenas um "esporte", um "passatempo". Se a queixa se transforma em ação para resolver o problema, ocorre o surreal: aqueles que concordaram com as queixas reagem contra aquele que intervém, fazendo humilhações e ameaças violentas.

As pessoas não têm noção da crise, e a visão geral é que tudo "é culpa do PT". Projetos de retrocessos sociais ocorrem fora do "lulo-petismo" e da "ação dos petralhas" e as pessoas não percebem. ficando felizes na sua vida medíocre, mesmo abastada, preferindo rezar, contar piadas e jogar conversa fora mesmo quando problemas surgem sob suas sombras.

É preocupante que as pessoas se prendam a estereótipos em tudo. Suas vidas se degradam, e isso não é só um "privilégio" das periferias, mas algo que atinge também classes abastadas, de nível universitário, dotadas de algum conforto na vida. Tudo porque o status quo lhes faz legitimar, apoiar e subordinar-se ao poder ou influência de maus poderosos, maus tecnocratas, maus ativistas e outros maus cumpridores de papéis sociais.

A ânsia de ver Dilma Rousseff fora do poder faz com que as pessoas se esqueçam de influências perigosas como as do deputado Eduardo Cunha, que, a pretexto de "servir a Deus" - a exemplo do truculento Jair Bolsonaro - , agem para tornar o Brasil uma pátria obscurantista, retrógrada, com trabalhadores reduzidos a uma multidão de escravos mal remunerados.

No "espiritismo" brasileiro, o efeito mais grave que se observa é que os maiores deturpadores da Doutrina Espírita, Chico Xavier e Divaldo Franco, são aceitos comodamente por causa dos estereótipos diversos que os cercam, sobretudo ligados a supostas filantropias.

Os estereótipos chegam mesmo a delirantes atribuições de qualidades que eles nunca tiveram: filósofos, cientistas, psicólogos, mestres. A emotividade extrema que tira das pessoas o dom da razão faz com que se exaltem ou depreciem pessoas sob um simples impulso de instintos.

As pessoas não querem abandonar totens e se assustam quando seus ídolos e dogmas são postos em xeque. Quando se fala em crise fora dos manjados terrenos da Política e da Economia, correm de medo. Querem resolver problemas na vida lendo livros para colorir ou histórias sobre jogos de Minecraft. Acham mais fácil "combater" vampiros e bonecos eletrônicos do que resolver os problemas da vida.

Essa prisão a estereótipos, dos tecnocratas que impõem malefícios como se fossem "sacrifícios necessários", de políticos antipopulares que se impõem como "alternativa viável" ao "insuportável" PT, de ídolos religiosos que cometem irregularidades mil mas "são bondosos", dos ídolos musicais caricatos e canastrões que "são autenticamente populares" porque se apresentam sempre em plateias lotadas, tocam em rádios e TVs de grande audiência etc.

As pessoas, agindo assim, mostram o quanto a chamada ditadura midiática e a influência do mercado e dos meios de comunicação exercem nas pessoas. Mesmo adultos sucumbem a essa influência, e de maneira ainda mais perigosa, porque são manipulados e ainda arrumam desculpas "lógicas" para defender ideias que lhes são induzidas por esta manipulação.

Desta maneira, o Brasil não só mantém seu atraso como pode perder as conquistas que teve. Os retrocessos mostram que a crise que o país vive vai muito além da Economia e da Política e, principalmente, do PT. Se no país de Tom Jobim, "grande artista" hoje é Wesley Safadão, é sinal que o país sofre uma decadência que vai muito além dos "limites do lulo-dilmo-petismo".

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