terça-feira, 12 de abril de 2016

É muito fácil os "espíritas" exigirem dos outros o sacrifício


Os membros do "movimento espírita" se impacientam quando muitos sofredores e angustiados reclamam dos pesados infortúnios que sofrem, sem poder terem uma solução adequada para seus problemas.

Para piorar, mesmo os mais dedicados tratamentos espirituais, em vez de resolver um problema, contraem outros, bem mais graves. As pessoas, buscando proteção, acabam ficando mais inseguras, desprotegidas e vulneráveis.

E aí o palestrante "espírita", o sacerdote moderno das "belas palavras", o artífice das mensagens de "otimismo e fé", o "cavaleiro da esperança" do "espiritismo" brasileiro, reage dizendo que as pessoas só querem misericórdia e não sacrifícios.

E aí a palestrante "espírita", senhora "bondosa", fica dizendo ao desafortunado que contraiu azar depois que fez um tratamento espiritual, que esse tratamento "está dando certo" e apenas os "amiguinhos ignorantes" é que fazem de tudo para atrapalhar. Como se dar errado fosse sinônimo de dar certo, o que é um grande desrespeito a quem sofre.

Os artífices "espíritas" da palavra, malabaristas das "belas mensagens fraternais", vivem em situação confortável. Têm boa vida, embora tentem dar a impressão de que vivem "bem, mas com simplicidade". Não sofrem grandes infortúnios, suas famílias quase não enfrentam tragédias precoces e repentinas, e são apoiados por membros da alta sociedade.

Eles não percebem o equívoco que fazem quando dizem, com "bondade paternal", que a certas pessoas são necessários "sacrifícios" como uma forma de "aprendizado" para a vida. Esquecem eles da diferença que existe entre desafios e desgraças e acham que infortúnios longos não podem causar danos às pessoas, como remédios tomados acima da dose.

Em suas pregações, eles costumam argumentar: "O 'eu' não quer sacrifícios. Pede ao 'outro' ajuda além da conta. O 'eu' fica paralisado, esperando que a graça venha em suas mãos quando é necessário agir para obter superação".

Só que falar é fácil. Mas a verdade é que eles são o "eu" que pede misericórdia, compreensão e aceitação. O pobre coitado que sofre, que pede solução para seus problemas, é que é o "outro" que o "eu" dos palestrantes "espíritas" exige sacrifícios, confundindo desafios com desgraças, infortúnios com aprendizados, e do qual se pede mais esforço e quase não lhe dá ajuda.

O ideólogo religioso tenta se anular como o "eu" psicológico, atribuindo a um ente ainda misterioso, chamado "Deus", suas convicções ideológicas. O ideólogo religioso tenta se camuflar no rótulo de "nós", ou seja, "eu e os outros", e com isso se exime da culpa de ser o "eu" que cobra demais do "outro".

Mas a verdade é que o "espiritismo", com sua moral severa, apoiada no juízo de valor de supor encarnações passadas sem conhecer adequadamente a Ciência Espírita trazida por Allan Kardec, e busca inspiração na Teologia do Sofrimento popularizada por Chico Xavier, demonstra um sutil egoísmo moralista diante das angústias dos sofredores.

Sem perceber individualidades, para o palestrante "espírita" pouco importa se um homem com habilidades de ser um brilhante professor só tem a seu acesso um trabalho sombrio de flanelinha de rua, de preferência enfrentando concorrentes perigosos que podem matar a pessoa. Mas aí, se matar, pouco importa para os "espíritas", que, ao verem a vida carnal como algo "qualquer nota", acham que toda reencarnação é igual a outra. Deixou de fazer algo, tente daqui a cem anos!

O "espírita" julga os outros, cobra esforço dos outros, mas quanto ao seu igrejismo, ao seu Catolicismo informal, sem batina, sem revestimentos de ouro, mas com muitos dogmas e ritos católicos adaptados à "rotina espírita", não pode ser criticado nem cobrado.

Sem poder discernir as coisas, já que os "espíritas" se dizem "rigorosamente fiéis" a Allan Kardec mas o traem o tempo inteiro com o igrejismo extremado, tanto faz se um jovem solitário com dificuldades na vida amorosa querer se casar com uma mulher do perfil de Emma Watson (e não se fala da beleza dela, mas do seu nível de inteligência) e só ter em seu caminho mulheres fúteis como as siliconadas que só se afirmam pelo grotesco físico e são péssimas para conversa.

A complexidade da vida não é entendida pelos "espíritas", que pensam que a vida humana se limita a um processo simplório e aleatório de resolução de conflitos e prática de solidariedade, sem entender que pessoas também têm dons específicos, necessidades específicas e habilidades próprias.

Pedir o atendimento a esses dons, necessidades e habilidades não tem a ver com orgulhos materialistas, caprichos de vaidade ou exigências extravagantes, mas o respeito a uma missão que um prazo de vida relativamente curto, que dificilmente atinge o espaço de um século, tem para oferecer para a pessoa desenvolver suas qualidades.

A questão não é ser o "bonzinho". Os "espíritas" só pensam em bom-mocismo, mas não entende que, quando a pessoa é privada de desenvolver seus próprios dons, forçando-a a subir na vida se sujeitando a pessoas mais medíocres e tirânicas do que ela, encenando o "teatrinho da superação" que vai divertir a vaidade dos deslumbrados da fé religiosa, se está cometendo um prejuízo.

A vida não é um jogo de resolver conflitos e prestar solidariedades. É um processo de desenvolver habilidades, dons pessoais, fazer a pessoa crescer um pouco na sua trajetória pessoal, neste pequeno prazo de, no máximo, uns 85 anos, que lhe é oferecido pela Natureza.

Daí que aguentar qualquer sofrimento e limitação, sob o pretexto de "ampliar o aprendizado", como num masoquismo religioso de "quanto pior, melhor", acreditando que a desgraça é o "atalho para o céu", é um grande desperdício, e os "espíritas" acabam brincando com o sofrimento alheio, ao pensar que o sofredor deveria sacrificar-se mais e não ficar esperando misericórdia.

O "espiritismo", através de seu moralismo severo travestido de "belas palavras", acaba permitindo que o encarnado se torne brinquedo de espíritos traiçoeiros, vire um boneco das circunstâncias maléficas, manipulado de forma a ter mais dificuldades de superar infortúnios, aumentando o custo dos esforços e o abandono de habilidades, dons, necessidades e até sonhos.

Pensando assim, exigindo que o "outro" (o "eu" da pessoa que sofre) se sacrifique mais e mais, os "espíritas" revelam seu pior "eu", tomado pela vaidade de possuir a "melhor palavra", pelo orgulho de pregar a "melhor moral", enquanto escondem seus privilégios, como os velhos sacerdotes que sempre pedem humildade e sacrifício dos "outros" e se esquecem de fazerem sua parte.

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