sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Rede Globo e inconsciente coletivo


A falta de discernimento, autocrítica e reflexão das pessoas faz com que muitos que se dizem renegar os mestres seguem fielmente as suas lições. Demite-se os mestres, ficam seus ensinamentos, como podemos observar.

É o que se observa no caso da influência da Rede Globo, que se torna mais perigosa na medida em que atinge uma parcela de opositores pouco aprofundados. É perigoso uma ideologia ou instituição ligadas a objetivos de manipulação e domínio conquistarem o respaldo não assumido de seus alegados opositores, fazendo com que o legado de uma ideologia nefasta possa ser assimilado pela parcela de aparentes detratores.

A Rede Globo controla a vida das pessoas e elas não sabem. Elas tomam tudo como "natural", como vindo delas mesmas, quando houve um sutil processo de manipulação de corações e mentes, através de valores próprios difundidos pela rede televisiva.

Sim, muitas coisas que as pessoas imaginam terem saído de seus hábitos cotidianos, sejam as músicas que ouvem, as gírias que falam, as crenças e os totens que passaram a adorar, foram planejadas nos escritórios de executivos da Globo.

Soa bastante patético que pessoas que dizem questionar a Rede Globo, até de maneira um tanto forçada, como grupos de jovens embriagados que ficam gritando "O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo", porque estes são os primeiros a serem influenciados e manipulados pela rede televisiva.

Quem pratica trolagem na Internet, que demonstra ter um reacionarismo bastante aguçado, defende valores ditados pelo poder midiático como se fossem "naturais". Para o troleiro, o que importa é defender aquilo que é decidido "de cima", de políticas autoritárias para a mobilidade urbana até o papel que a sociedade elitista quer reservar para o povo de ascendência negra ou indígena.

O inconsciente coletivo desenvolvido pela Rede Globo cria situações insólitas aqui e ali. Em um ônibus, um jovem que conversava no celular falava mal do Domingão do Faustão mas falava a gíria "galera", difundida por Fausto Silva, com a mesma frequência do apresentador. Que "aversão" é essa?

E as moças "descoladas" do Orkut, que se achavam "diferenciadas" e "alternativas" mas se apegavam à mesmice imbecilizante de nomes como Bruno & Marrone, Exaltasamba, Luan Santana ou todo o "funk carioca"? Se elas disserem que odeiam a Rede Globo, ou estão mentindo ou não têm consciência da influência que a rede televisiva exerce sobre elas.

As pessoas falando a gíria "balada", criação de Luciano Huck para testar seu poder de influência na juventude brasileira em geral, e acham que ela surgiu "das ruas". As pessoas pautando seu gosto musical pelas trilhas sonoras das novelas da Rede Globo, que agora decide até o que vai ser considerado "novo" na MPB. E ninguém desconfia.

Até o caso de Francisco Cândido Xavier também não escapa desse processo de manipulação "global" que atinge o país. Chico Xavier foi imposto pela Rede Globo de forma tão persuasiva quanto Fernando Collor (que Chico Xavier apoiou).

O mito de Chico Xavier, antes um caso pitoresco de paranormalidade, depois um suposto médium metido em confusões, foi reciclado por iniciativa da Rede Globo, que buscou reproduzir com rigor o roteiro feito pelo jornalista inglês Malcolm Muggeridge para trabalhar o mito de Madre Teresa de Calcutá.

É só observar o padrão de "amor, bondade e caridade" que o poder midiático da Rede Globo fazia através do mito renovado do "médium" mineiro. O fato de conseguir agradar as pessoas e deixá-las deslumbradas, felizes e tranquilas não indica ausência de manipulação, mas o contrário disso, um processo de exploração maliciosa do inconsciente coletivo.

A encenação do "filantropo" - seja a freira albanesa que atuava em Calcutá, seja o "médium" que atuou em Pedro Leopoldo e Uberaba - ao lado de crianças carentes tomando sopa, velhos miseráveis pedindo esmola e estando, cada um dos mitos, rodeados por multidões nas ruas, era o artifício ideológico de manipulação das mentes para forçar a opinião pública a cultuar ídolos religiosos.

O maior perigo que a Rede Globo traz é que ela manipula as mentes das pessoas e elas não percebem isso. Elas até se fazem de "opositoras" da Rede Globo, correm para seguir Emir Sader, Caros Amigos, Carta Capital e outros ícones esquerdistas só para impressionar os amigos e parecerem ideologicamente "mais avançadas".

No entanto, a prática é implacável. São pessoas que seguem o receituário da Rede Globo para consumir e contemplar o que ela impõe como "cultura", das gírias aos ídolos religiosos. E mais uma vez o Big Brother Brasil voltou para hipnotizar as pessoas, e, como é de praxe, a hipnose é feita para as pessoas terem a impressão de que nunca foram hipnotizadas.

E aí é que o perigo se configura. Pessoas que são manipuladas sem saber, que pensam que são diferenciadas e com vontade própria se apegando a modismos e arbitrariedades diversas. O pior manipulado é aquele que não tem consciência desta manipulação e se torna uma presa mais fácil para as piores armadilhas, na medida em que pensa ser incapaz de cair nas mesmas.

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