quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

A "caridade" condenável de Divaldo Franco

DIVALDO FRANCO ACUMULANDO TESOUROS NA TERRA.

Que celeiro de muito charlatanismo e muitas obras fake é o "espiritismo" brasileiro, que levou longe demais a deturpação do legado espírita original, e as pessoas, tomadas de cegueira emocional, em nenhum momento conseguem perceber!

Se ao menos os jornalistas dos movimentos de esquerda agissem e repudiassem os "médiuns espíritas", investigando suas irregularidades, seria alguma coisa. Devemos lembrar às esquerdas que os neopentecostais também lhes foram aliados e a desilusão foi bem menos dolorosa, cabendo questionamentos e investigações mais severas contra seus pastores, antes chamados de "neoPTcostais" pelo apoio, embora condicional, ao governo Lula.

Por que, então, tanto mimimi diante dos "médiuns espíritas"? Por que o silêncio quando se viu Divaldo Franco ao lado de João Dória Jr.? Que silêncio é esse diante do fato verídico de que foi no Você e a Paz que ocorreu o lançamento oficial da "farinata" do prefake de São Paulo? E o que fez Divaldo Franco ao chamar o farsante Sri Prem Baba, o guru dos tucanos, para se apresentar no Você e a Paz?

As esquerdas, tolas, ainda publicam colunas "espíritas" que poderiam muito bem ser escritas na revista Época, na Folha de São Paulo ou em algum jornal conservador do interior do país. Um deslumbramento em torno de Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco e suas pretensas imagens de "filantropos" montadas como dramaturgia da Rede Globo, eles cuja "corajosa caridade" não é mais do que um precursor dos "projetos sociais" do apresentador Luciano Huck.

Fala-se que os "espíritas" praticam Assistência Social, que traz profundas transformações sociais. Mentira. Se assim isso fosse, o Brasil seria um país próximo das nações escandinavas, em relação à qualidade de vida das classes populares. Pela grandeza que se atribui oficialmente aos "médiuns espíritas", os resultados deveriam ter sido melhores. Pelo contrário, eles pioraram e o Brasil sofreu muitos retrocessos. E olha que se endeusa demais esses deturpadores do Espiritismo!

O que esses "médiuns" fizeram ou fazem é Assistencialismo. É fácil, pelo malabarismo discursivo e pela arte de embelezar falácias, fazer pouco e dizer que faz muito. Os políticos já são hábeis nessa manobra. Alojar um punhado de pobres e doentes, dar comida e sustento é até bom, mas não resolve as condições da dependência humana.

Isso se dá na mesma forma que projetos pedagógicos que até ensinam a ler, escrever e trabalhar, mas sob o preço do proselitismo religioso e das "recomendações" para ser uma pessoa submissa e resignada ante muitos problemas da humanidade. E a Mansão do Caminho adota projetos educativos que não destoam dos princípios defendidos pela neo-medieval Escola Sem Partido.

HERCULANO PIRES AVISOU

Aliás, o responsável da Mansão do Caminho, Divaldo Pereira Franco, foi reprovado por José Herculano Pires, que não é alguém de caluniar nem de dizer desaforos gratuitos. Ele havia manifesto preocupação com o crescimento vertiginoso do "médium" baiano, na década de 1970, reconhecido como farsante e oportunista.

Uma carta de Herculano Pires ao colega jornalista Agnelo Moreto deu o alerta, o que mostra o quanto o tempo pode provocar desastres tremendos levando às alturas da idolatria extrema e unânime figuras que não merecem a menor confiabilidade. Pois as pessoas que hoje se simpatizam com Divaldo devem se alertar diante desse trecho bastante contundente e verídico:

"Do pouco que lhe revelei acima você deve notar que nada sobrou do médium que se possa aproveitar: conduta negativa como orador, com fingimento e comercialização da palavra, abrindo perigoso precedente em nosso movimento ingênuo e desprevenido; conduta mediúnica perigosa, reduzindo a psicografia a pastiche e plágio – e reduzindo a mediunidade a campo de fraudes e interferências (caso Nancy); conduta condenável no terreno da caridade, transformando-a em disfarce para a sustentação das posições anteriores, meio de defesa para a sua carreira sombria no meio espírita".

O "caso Nancy" se refere a uma das "bandeiras" pseudo-proféticas que Divaldo divulga em suas palestras, as "crianças-índigo". Ela foi uma farsa criada pela vidente mercenária Nancy Ann Tappe, nos EUA, e ampliada por seus compatriotas Lee Carroll e Jan Tober. Uma farsa esotérica que, no país de origem, é considerada risível, mas que aqui ela é tida como "profecia futurista", sendo fundida com outra "profecia" duvidosa, a do "Brasil, Coração do Mundo e Pátria do Evangelho".

Essa patriotada "profética", que Chico Xavier jogou na conta de Humberto de Campos (que nunca embarcaria num embuste desses), é corroborada por Divaldo Franco, que inseriu ali as "crianças" criadas por Nancy. Mas tanto o projeto de "nação" de Chico quanto as "crianças" de Nancy, Lee, Jan e Divaldo são perigosos. A primeira sugere uma supremacia político-religiosa nos moldes do Império Romano / Catolicismo medieval, as segundas sugerem uma confusa discriminação, um "balaio de gatos" que envolve de prodígios intelectuais até vândalos.

A "caridade" condenável de Divaldo Franco deve chamar atenção, assim como a aberrante perversidade de Chico Xavier diante das "cartas dos familiares mortos", a "maior caridade" que se revelou cruel, por ostentar e prolongar as tragédias familiares, divulgar cartas fake e fazer o seu nome em cima do sofrimento dos outros.

O caso de Divaldo Franco, que deixa a Mansão do Caminho à própria sorte para fazer turismo pelo planeta, brincando de ser "líder pacifista" para os olhos das autoridades do mundo inteiro, tudo à mercê de uma comercialização de palavras, nos faz pensar na declaração de Herculano. A situação é grave a ponto de se tornar preocupante tanta idolatria que se dá a Divaldo, mesmo entre as esquerdas que não prestaram atenção nas aparições dele ao lado de João Dória Jr. e Sri Prem Baba.

Divaldo é definido pela "conduta negativa como orador" e "conduta condenável no terreno da caridade". É um oportunista que se promove às custas do Assistencialismo, usando a "filantropia" para forçar a aceitação pública como deturpador do Espiritismo. Divaldo Franco desfigurou os ensinamentos espíritas originais e, cinicamente, ainda viaja para Paris, Roma, Londres, Nova York, Helsinque para receber prêmios por causa de um simples "balé das palavras".

A "caridade" de Divaldo Franco quase nada ajudou. Em mais de 60 anos, a Mansão do Caminho só ajudou 0,0012% da população brasileira. Isso, em termos estatísticos, é igual a ZERO. Os defensores de Divaldo Franco tentam explicar, em vão, o título risível de "maior filantropo do Brasil", dado de graça pela Rede Globo (claro, é a emissora reaça capaz de exaltar Sérgio Moro e companhia) não pelos resultados mostrados, porque é o tipo de "caridade" defendido por ela e hoje praticado também por Luciano Huck.

Os defensores de Divaldo Franco, porém, não escondem que estão defendendo mais um ídolo religioso do que os resultados sociais apresentados. Chegam mesmo a desprezar quem foi beneficiado (pouquíssimos, e de forma mais medíocre do que se imagina), na sua obsessão de proteger um prestígio de um ídolo religioso que não pode ser questionado.

Com base em Herculano, observa-se o quanto se produziu ilusões em torno de Divaldo, com toda a pieguice emotiva nos seus relatos e causos, com o açúcar em doses diabéticas de sua oratória, seus depoimentos e seus apelos emocionais. Tudo isso para permitir que um "médium" (aliás, não um, mas dois ou mais, nos lembremos de outro deturpador pioneiro, Chico Xavier) deturpasse o Espiritismo, traísse o legado de Kardec e ainda por cima se passar por um de seus "mais fiéis seguidores".

Quanto cinismo, quanta hipocrisia...

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Não se pode idealizar um "médium" à maneira de cada um dos seus seguidores

DIVALDO FRANCO DEMONSTROU POSTURAS BASTANTE CONSERVADORAS. NÃO SERÃO SEUS FÃS QUE O OBRIGARÃO A ABRIR MÃO DISSO.

Dizem que existem dois tipos de pessoas que os brasileiros adoram idealizar: mulher "boazuda" e "médium espírita". O chamado pensamento desejoso, em inglês wishful thinking, torna-se uma mania de idealizar seu ídolo não da maneira como ele é na realidade, mas da maneira que cada admirador gostaria que fosse.

No "espiritismo", o wishful thinking anda de mãos dadas com a fascinação obsessiva, a memória curta, o deslumbramento religioso e as sensações alucinógenas do "bombardeio de amor". Com isso, "médiuns" que, na verdade, desfiguraram de forma irresponsável o legado de Allan Kardec são convertidos em pretensos semi-deuses, mesmo com a disfarçada capa da "humildade" e da "simplicidade", já que em certos contextos "pessoas simples" também são um tipo de semi-deuses.

O apoio do "médium" baiano Divaldo Franco à Operação Lava Jato, definindo toda a sua equipe como "Missionários da Ordem do Bem", protegidos pelo "Plano Superior Divino", foi claro. Se já víamos "espíritas" tratando os protestos do Movimento Brasil Livre - de "iluminados" como Kim Kataguiri e Fernando Holiday - como "início da regeneração" e os palestrantes "espíritas" dizendo para os infortunados aceitarem o sofrimento, o dado de Divaldo soma-se a essa antologia direitista.

COM VOCÊS, OS "MISSIONÁRIOS DA ORDEM DO BEM", COM DELTAN DALLAGNOL NO MEIO, DE ÓCULOS.

Não há como escapar disso e os esquerdistas ficaram com a pulga atrás da orelha quando viram Divaldo Franco homenageando o prefeito de São Paulo, João Dória Jr., já reconhecido com um dos políticos mais desastrados que governaram a capital paulista.

Como maridos que não conseguem admitir que estão sendo traídos quando se fala que aqueles "primos" que a esposa visitava eram amantes e não parentes, os esquerdistas se recusam a reconhecer que Divaldo Franco adota posturas de direita. Ele, que personifica um idoso de trejeitos antiquados, orando como se fosse um tribuno da República Velha, pregando como se fosse um professor dos velhos padrões educacionais hierarquizados, os mesmos defendidos pela Escola Sem Partido.

Os esquerdistas vão nas redes sociais e nos fóruns de Internet se dizerem perplexos e não acreditando das atitudes de Divaldo. Há quem também não acredite que Francisco Cândido Xavier apoiou a ditadura militar, que aquilo era recurso para agradar o governo e não ser preso etc. Sempre se arruma uma desculpa para tirar um "médium" da responsabilidade de seus piores atos.

Isso é wishful thinking. É aquela mania de não ver a coisa como realmente é, mas como se deseja que fosse. Muitos desejavam ver o conservador Chico Xavier vestindo a capa de progressista, e sonham em vê-lo voltando à Terra, em espírito, voando como super-homem, no caso do ex-presidente Lula for preso, para quebrar o cadeado da cela, carregar o petista no colo e recolocá-lo no Palácio do Planalto, dizendo: "Vá, irmão, vá governar essa gente querida de Deus Todo-Poderoso!".

Quanta ingenuidade. Confunde-se misericórdia com permissividade e a bagunça em que se situa o nosso país se deve por tantas demonstrações de pensamentos desejosos. No caso do "espiritismo", permitiu-se que a doutrina virasse uma bagunça e, pasmem, um "reservatório" de energias negativas, tamanha a sucessão de desonestidades, ambições, arrivismos e dissimulações.

Que não se deva ter ódio dos "médiuns" e outros deturpadores, tudo bem, isso é fundamental. Mas transformar o "espiritismo" brasileiro num abusivo laissez faire como se perdoar fosse sinal verde para se fazer o que quer, é uma leviandade sem tamanho, que acaba ofendendo seriamente a memória do pedagogo francês Allan Kardec, que com toda a certeza reprovaria 99,9% do que é feito no Brasil em seu nome.

NEOPENTECOSTAIS FORAM ALIADOS E SÃO QUESTIONADOS; "ESPÍRITAS" NUNCA FORAM ALIADOS E SÃO POUPADOS

As esquerdas, tomadas de um misto de wishful thinking e fascinação obsessiva pelos "médiuns espíritas", não conseguem perceber as coisas e ignoram até mesmo as lições que tiveram depois que as seitas neopentecostais romperam com as esquerdas depois de uma breve aliança com Lula.

As seitas neopentecostais podem ser conservadoras, mas durante um breve momento se aliaram com o Partido dos Trabalhadores, por condições e interesses diversos. A Igreja Universal do Reino de Deus, através da Rede Record (atual Record TV), contratou alguns jornalistas que também são blogueiros de esquerda, entre eles Paulo Henrique Amorim, filho do jornalista autenticamente espírita Deolindo Amorim.

O rompimento se deu durante o segundo governo Dilma Rousseff e num momento de séria crise social. As seitas neopentecostais também não estavam gostando das transformações sociais profundas e desembarcaram da base aliada do PT, se tornando os primeiros a clamar pela saída da presidenta, e, depois dela, defender pautas retrógradas como o fim da ideologia de gênero, o combate generalizado ao aborto e ao obscurantismo religioso da Escola Sem Partido.

As esquerdas perceberam isso rapidamente e passaram a reagir, investigando aspectos sombrios de políticos neopentecostais e acompanhando incidentes desastrosos envolvendo vários deles. Passaram a divulgar até mesmo denúncias vindas de Portugal acusando a IURD de ter praticado tráfico de crianças para aquele país.

No caso dos "espíritas", porém, a situação foi surreal. Os "espíritas" nunca foram aliados dos movimentos de esquerda, nunca defenderam as forças progressistas, apenas exercendo relações diplomáticas com os governantes do PT, sem no entanto ter qualquer tipo de cumplicidade. Mesmo a superestimada relação do "médium" goiano João de Deus com Lula, na verdade, nunca passou de uma correta, porém indiferente, diplomacia.

Os "espíritas" eram claramente blindados pela Rede Globo de Televisão. O filme As Mães de Chico Xavier foram co-produzidos pela Globo Filmes e as esquerdas morderam a isca dos boatos de que a grande mídia (?!?!) estaria boicotando o filme. Teve gente que acreditou que a própria Globo estava boicotando o filme, com elenco e narrativa de novela "global". Imagine a Rede Globo boicotar uma obra cinematográfica da própria empresa! Não faz o menor sentido.

Os "espíritas" foram os primeiros a apoiar a Operação Lava Jato e os protestos dos "coxinhas" e, com o impeachment e o governo Michel Temer, foram apoiar, mesmo de forma mais sutil, a reforma trabalhista e a reforma previdenciária, medidas que dão fim a muitos direitos dos trabalhadores.

Só que, neste caso, as esquerdas se comportaram como aquele sujeito que pensa que a mulher que o despreza mas ele imagina que ela está apaixonada por ele só porque recorreu a este por alguma formalidade. Os esquerdistas passaram a cortejar os "espíritas", como fazem com o "funk" - outro fenômeno blindado pela Rede Globo - , achando que eles estão apaixonados pela causa esquerdista. Mas não estão.

O pensamento desejoso que se desenvolveu em torno de Chico Xavier e Divaldo Franco criou aberrações como ver, na mídia esquerdista em que se questiona até mesmo o próprio esquerdismo, textos evocando esses dois "médiuns" de direita. O dado constrangedor é que os artigos "espíritas" publicados na mídia esquerdista corroboram muitas das fantasias, ilusões e perspectivas trazidos por uma concepção que já é trazida pela Rede Globo que promoveu esses "médiuns".

Ironicamente, a Globo fortaleceu os mitos de Chico e Divaldo para concorrer com os neopentecostais. Era uma estratégia de criar ídolos religiosos "ecumênicos", que tivessem apelo popular e produzissem a catarse da comoção pública com paradigmas de "caridade" e "bondade humana" fajutos, mas suficientes para seduzir multidões. A "filantropia" de Chico Xavier e Divaldo Franco não é muito diferente do que faz, hoje, Luciano Huck.

É, portanto, surreal que os esquerdistas cortejem ídolos religiosos protegidos da mesma Rede Globo que eles tanto questionam e combatem. Não conseguem explicar seu apreço aos "médiuns espíritas" e também não conseguem entender por que eles são figuras tão convictamente conservadoras.

Divaldo Franco apoiou a Operação Lava Jato, apareceu ao lado de João Dória Jr., apoiou a "farinata", acolheu o guru dos "coxinhas", Sri Prem Baba. Chico Xavier sonhava com um futuro presidente com as caraterísticas de Aécio Neves ou Luciano Huck. João de Deus sonha em ver Sérgio Moro presidindo o Brasil. O "Correio Espírita" manifestou-se homofóbico. Os "espíritas" como um todo reprovam o aborto até em casos de estupro e riscos à saúde da gestante.

Não se pode idealizar os "espíritas", muito menos os "médiuns", querendo que eles tenham a postura progressista do seguidor. Isso é uma atitude que revela o quanto os adeptos dos "médiuns" vivem em tamanha ilusão, caindo em atitudes ridículas, sem saber.

Esse é o preço do wishful thinking: o choque de realidade que ainda recebe a resistência de pessoas que preferem viver na zona de conforto dos seus sonhos. Traídos pelos "espíritas", os esquerdistas, se somando aos espíritas autênticos de vontade débil, que acreditam ingenuamente que os "médiuns", de formação roustanguista, iriam recuperar as bases kardecianas originais, vão ainda mais longe achando que os "médiuns" blindados pela Globo irão recolocar Lula no poder.

Com isso, acabam cometendo uma luta desnecessária entre ilusão e realidade, quando a ilusão se torna o combustível da fé religiosa e o "acreditar" passa a ter mais importância que o "saber". Os esquerdistas acabam, como no caso dos funkeiros que comemoram suas vitórias na Globo e abraçados aos coxinhas, sendo traídos também pelos "médiuns espíritas", que sonham em ver um candidato liberal, mais apropriado para seus paradigmas religiosos, governando o Brasil.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Divaldo Franco apoiou Operação Lava Jato e, por conseguinte, a condenação de Lula

DIVALDO FRANCO, SÉRGIO MORO E DELTAN DALLAGNOL - Tudo a ver.

As esquerdas ficaram caladas com o caso da "farinata do João Dória Jr.", com Divaldo Franco homenageando, com decisão própria, o prefeito de São Paulo famoso por ser um executivo elitista e desumano, e agora paga pelo silêncio em relação a um "médium espírita" que se revelou abertamente conservador.

Enquanto o colunista do Jornal GGN, Marcos Villas Boas, como quem vê cabelo em ovo, via "psicologia transpessoal" na suposta psicografia do "medium" baiano, e muitos esquerdistas misturam fascinação obsessiva com wishful thinking ao expressarem "suas dúvidas" sobre o direitismo de Divaldo Franco, cá está ele para provar o seu apoio à Operação Lava Jato.

Em um vídeo aqui disponível, Divaldo Franco, mesmo sem citar nomes, diz a um jornalista que toda a equipe da Operação Lava Jato é composta por "missionários da Ordem do Bem" e protegidos pelo "Plano Superior Divino" para prosseguirem suas ações de forma "inspirada".

Nas redes sociais, houve esquerdista caindo no ridículo, pedindo para Divaldo "corrigir" sua declaração. Ora, deixemos de pensamentos desejosos! Divaldo Franco é um sujeito conservador, mesmo, e isso está claro quando ele decidiu homenagear João Dória Jr. no Você e a Paz, e convidar o farsante Sri Prem Baba para participar do evento.

Sabe-se que a Operação Lava Jato é feita com irregularidades jurídicas - assim como o "espiritismo" aponta irregularidades nas obras mediúnicas - , age com muita agressividade contra políticos de esquerda e com complacência em relação aos do PSDB (que deveria mudar o seu nome para ESPÍRITAS - e os tucanos, "médiuns", até porque, pelo jeito, "médium" voa mais longe que tucano -  a tempo de alcançar a campanha presidencial de 2018).

O delator Rodrigo Tacla Duran questionou as perspectivas de Divaldo. O ex-advogado das empreiteiras Odebrecht e UTC afirmou que os "missionários da Ordem do Bem" chegavam mesmo a combinar propinas para certas delações, dando como garantia o cancelamento da prisão em cadeia e sua substituição pela prisão domiciliar.

Foi por essa operação que o ex-presidente Lula, símbolo das políticas progressistas que mais beneficiaram as classes populares, foi condenado em segunda instância por um boato nunca devidamente esclarecido sobre o triplex do Guarujá. Lula corre sério risco de não concorrer às eleições presidenciais de 2018.

Além disso, o apoio de Divaldo Franco à Operação Lava Jato segue a cartilha do "espiritismo" brasileiro que muita gente tapa olhos e ouvidos para não saber, apegados à ignorância que lhes garante a tranquila fascinação pelos "médiuns": os "espíritas" veem como "regeneração" o golpismo político de 2016, vê os tribunais de exceção da Lava Jato como "justiça divina" e vê os políticos reacionários como "designados pelo Alto para promover a união dos brasileiros".

Infelizmente, as pessoas se chocam com o direitismo de Divaldo Franco porque veem a bondade humana e a caridade como meros subprodutos da religião e como franquias pessoais de uma minoria de ídolos religiosos, que só são "iluminados" sob o ponto de vista das paixões religiosas de muitos cidadãos incautos, e ignoram que a caridade de Divaldo é medíocre e seu "revolucionário projeto educacional" na Mansão do Caminho é um projeto não muito diferente da Escola Sem Partido.

Pedimos aos esquerdistas que não conseguem acreditar no direitismo de Divaldo Franco que se acostumem com isso. Abram mão do pensamento desejoso e da fascinação obsessiva por um "médium". A realidade não é sempre como se deseja e os ídolos não se moldam conforme a vontade de cada fã. É preciso abrir mão dessas ilusões e idealizações antes que seja tarde demais.

domingo, 28 de janeiro de 2018

Divaldo Franco inventou reencarnação francesa para forçar vínculo com Kardec

DIVALDO FRANCO EM PARIS, CINICAMENTE INVENTANDO UMA SUPOSTA ENCARNAÇÃO SUA NA FRANÇA E BAJULANDO ALLAN KARDEC.

Temos que questionar os mistificadores da fé religiosa em vez de aceitar a fascinação obsessiva motivada por fortes apelos emotivos, em verdade carregados de doses diabéticas de pura pieguice. E o caso de Divaldo Franco é ilustrativo, ele que sempre foi um seguidor de Jean-Baptiste Roustaing mas ultimamente tenta fingir que é "seguidor fiel de Allan Kardec", enganando a todos.

Divaldo, um mero manipulador de mentes e malabarista das palavras bonitinhas, se autoproclama "ativista da paz" por conta de um balé de palavras empoladas, textos rebuscados e prolixos e apelos meramente igrejistas. E se faz de "filantropo" fazendo um "projeto assistencial" que não é diferente dos projetos tendenciosos que Luciano Huck realiza nos últimos anos.

O texto que reproduziremos aqui mostra um lado constrangedor de Divaldo Franco: a invenção de uma reencarnação anterior, feita à revelia da Ciência Espírita (que, pelo jeito, é uma raridade no Brasil), vivida na França, na qual ele teria convencido uma abadesa, que, seduzida pelos argumentos falaciosos do interlocutor, ainda se comoveu com a falsa revelação.

Isso é constrangedor porque vemos que no Brasil o nome Espiritismo só serve para oportunistas fazerem o que quiserem, cometendo irregularidades no terreno da mediunidade, da filantropia e do Conhecimento, mostrando sua canastrice em tudo e passando por cima de qualquer obstáculo. Isso é triste e é muito preocupante que as pessoas se deixam levar por tudo isso, em nome de apelos emotivos piegas e bastante duvidosos no âmbito da moral e das melhorias psíquicas e emocionais humanas.

É bom deixar claro que Allan Kardec reprovava que pessoas ficassem supondo encarnações passadas aqui e ali. Ele em nenhum momento apoiaria o que os "espíritas" brasileiros fazem, atribuindo personalidades ilustres como objetivo de alimentar vaidades e impressionar a opinião pública. O que Divaldo relata abaixo é da mais terrível e deplorável leviandade, só servindo para alimentar a sua vaidade e reforçar o seu poder de domínio das pessoas desavisadas e desprevenidas.

Vamos reproduzir o texto, lembrando aos leitores para evitarem sucumbirem às paixões religiosas, caindo na tentação dos apelos emotivos contidos no texto abaixo. Essa recomendação se baseia nos avisos da literatura de Kardec, que sempre aconselhava que mantivéssemos a frieza emocional ao ler textos relacionados à mistificação e à deturpação da Doutrina Espírita, lembrando que Divaldo descreve um personagem católico, reforçando seu igrejismo, apesar da tentativa de, sendo um suposto cidadão francês, forçasse seu vínculo tendencioso e hipócrita ao pedagogo lionês.

==========

DIVALDO E SUAS REENCARNAÇÕES

(Artigo publicado na Rede Amigo Espírita - 22 de abril de 2012)

Divaldo há cerca de 40 anos foi à Paris, hospedando-se na residência de familiares de um casal amigo residente aqui no Rio de Janeiro, à época: Ligia e Emílio Ribeiro.

A primeira noite naquela capital foi-lhe tormentosa, não conseguindo conciliar o sono de modo algum e sendo vítima de atrozes fenômenos psíquicos.

Pela manhã, sentindo-se muito estranho, pediu permissão ao casal anfitrião para sair e dirigir-se a algum lugar que ele mesmo não sabia onde seria. O casal ficou perplexo, sem entender, como uma pessoa que jamais houvera ido àquela cidade pedia para sair sozinho, para ir não se sabia aonde... Ao demais eram 7 horas de uma segunda-feira, onde os monumentos históricos franceses não ficam abertos à visitação pública. Mas, Divaldo insistiu, afirmando-lhes que levaria o endereço deles no bolso e dizendo que qualquer coisa os avisaria por telefone ou pegaria um táxi. Eles anuíram.

Divaldo saiu a pé, depois pegou o metrô, depois um ônibus que começou a levá-lo para fora da cidade. Algum tempo se passou dentro do ônibus e o médium cada vez mais se sentindo noutra personalidade, essa muito endurecida, parecendo detestar tudo e todos à volta...

O ônibus começou a passar perto de certo bosque. Divaldo pediu ao motorista para descer do veículo, dirigindo-se a uma estrada de pedras, muito bem cuidada, uma estrada real, que terminava em frente a enorme Monastério também revestido de pedras, onde bela torre de igreja ao fundo predominava. Era uma ordem religiosa, de monjas enclausuradas, que datava do século XVII, fundada em 1606 por um frade capuchinho. 

Divaldo cada vez mais entronizava aquela personalidade estranha para ele, sentia-se aturdido, mas dispôs-se a bater à porta do Monastério, onde sorridente monja-porteira lhe informou que o Monastério não estava aberto à visitação pública; que as monjas eram enclausuradas e só lhes era permitida uma única visita masculina - a do confessor da Instituição.

Divaldo, muito pálido pediu que ela fosse chamar a monja-mestra e deu-se conta que estava falando em francês! Era um francês com um sotaque diferente...

Sem saber porque a moça aquiesceu, mandou-o entrar até o parlatório onde uma religiosa, de cerca de 60 anos, passou a lhe dizer da impossibilidade do intento por ele almejado. O médium mais pálido e suando muito disse que desejava uma entrevista com a Abadessa.

Veio a Abadessa, veneranda senhora belga de cerca de 70 anos, e passaram os dois a dialogar mais ou menos assim:

-Senhora, eu sou o fundador dessa Instituição, muito dura para com as jovens que aqui habitam, quando a instituí eu não me dava conta disso, mas hoje venho pedir-lhe para ser mais complacente com as monjas, aja com mais amor, com mais benevolência para com elas!

- Meu filho, você é tão jovem! Porque está falando em francês provençal? Meu filho, esta Instituição foi fundada no século XVII em 1625. Você está aturdido, vou providenciar levá-lo de volta. Onde se hospeda? Vá na companhia da irmã mestra e outra religiosa...

- Não antes que eu possa visitar a cela onde faleci.

- Como você sabe que nosso fundador morreu aqui?

- Irmã, eu sou ele! Eu vivia em orações contínuas, tanto que onde eu me ajoelhava, o piso de pedra-pome, ficou um pouco mais fundo que o restante do assoalho...A minha cela possuía uma gravura da Madona, que certo dia, após muitas preces, inadvertidamente, queimei um pedaço com uma vela acessa. 
         
- Como o senhor pode saber disso? Essas referências verídicas não constam em nenhuma de nossas publicações! 
          
-Irmã eu sou ele! A Irmã diz que não posso visitar minha cela porque teria que passar pelo pátio interno, onde ficam as clausuras proibidas ao sexo masculino... Mas, se formos pelo altar-mor, atrás dele, há uma porta, que dá para uns degraus, que vão terminar num corredor, onde sem passar pela clausura, sem passar pelo átrio principal, chegaremos à minha cela, irmã! Vamos!

- Já que insiste tanto e para acabarmos logo com isso, venha e mostre-nos o caminho que diz conhecer! E Divaldo foi à frente, mostrando o caminho, que reconhecia, com a Abadessa logo atrás dele, depois a irmã-mestra seguida pela monja-porteira. Como nos velhos tempos... O fundador à frente de todas...

Depois do desejo do médium ter sido concretizado e, Divaldo ter observado na cela a surrada vestimenta do sacerdote, ter visto o chão realmente amolgado perto do genuflexório, e de não ter visto mais a gravura da Madona que lá não estava mais, todos muito emocionados, retornaram pelo mesmo caminho... 

A Abadessa pediu para que as outras duas se retirarem e lhe pergunta o que seria aquele fenômeno. Divaldo fala-lhe abertamente da reencarnação, da lei de causa e efeito e, promete mandar-lhe o EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO e O LIVRO DOS ESPÍRITOS em francês, logo que retornasse à Paris.

Já era hora do almoço e Divaldo, convidado, almoça na Instituição. Continuam a conversar o médium e a Abadessa. Ela, muito emocionada, expressa amargura por saber disso tudo “tão tarde”, ao que Divaldo lhe diz que não, que ela estava na plenitude das suas forças e que poderia com o novo conhecimento, usar do Amor Incondicional do Cristo para com as moças ali recolhidas. Convidado a lanchar, pois já eram 16 horas, ele declina do convite, mas aceita voltar com as referidas monjas para Paris onde por certo o casal amigo deveria estar preocupado com tão prolongada ausência. 

No dia seguinte, refeito e feliz, ele próprio vai a uma livraria para comprar os dois livros de Kardec, que o seu anfitrião, gentilmente, entrega no Monastério.

Passam a se corresponder ele e a Abadessa Beatriz que dois anos depois é transferida para a Bélgica, por obrigações administrativas; na década de 80 Divaldo a visita, no referido país, nonagenária, lúcida, muito feliz com o reencontro, mostrando-lhe o EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, que tanto lia e relia, e aí o médium lhe conta da sua vida atual, das conferências, da Mansão do Caminho e demais atividades que lhe dizem respeito.”

sábado, 27 de janeiro de 2018

"Centro espírita" de Salvador possui a mesma insegurança da Boate Kiss


Há cinco anos, uma explosão foi causada por rojões atirados por um grupo "sertanejo" na Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. A estrutura da casa, fechada, sem saídas de emergência e sem qualquer segurança, fez com que o incêndio matasse 242 pessoas.

Mas pelo menos um "centro espírita" de Salvador apresenta as mesmas condições de insegurança aos seus frequentadores, numa área tomada de "gatos" (como são conhecidos fios clandestinos que "roubam" energia elétrica fornecida pelos serviços especializados).

Localizado no bairro do Uruguai, na Península de Itapagipe, zona suburbana de Salvador, o Grupo "Espírita" Bezerra de Menezes, GEBEM, que já foi uma unidade do Cavaleiros da Luz e depois passou a ser controlada por um grupo dissidente do "centro espírita" Paulo e Estevão, em Amaralina, é um atestado dessa insegurança e outros incômodos.

Nas sessões de sábado à noite, o lugar fica trancado e os frequentadores são proibidos de sair. É preciso apresentar um motivo muito forte para sair da sessão antes da hora, solicitando ao funcionário da casa a abertura da porta.

A sessão termina pouco antes das 22 horas, mas é suficiente para causar angústia para quem depende de ônibus. A espera é muito longa para um veículo da linha 0207 Massaranduba / Itaigara - atualmente sob responsabilidade da Plataforma Transportes - , o último do horário, e que, quando chega, roda em alta velocidade pela Rua Direta do Uruguai, paralela à Rua Seis de Janeiro, onde fica o "centro espírita".

E SE OCORRER UM INCÊNDIO?

Suponhamos a seguinte situação. Vazamentos de água vindos do teto no andar de cima da sede do GEBEM caem sobre a tomada de uma geladeira, provocando um curto-circuito que provoca um incêndio. Explosões na geladeira provocados por outros curtos espalham faíscas que fazem o fogo aumentar.

O fogo então aumenta, se tornando uma labareda que derrete o chão, atingindo o teto do andar inferior, onde se realiza uma doutrinária. O teto desaba, afetado pelas chamas, atingindo vários frequentadores pegos de surpresa que, sem poder reagir a tempo, morrem queimados ou soterrados.

Os palestrantes e mediadores não conseguem se salvar. São os primeiros a morrerem na tragédia. Poucas pessoas se salvam, e, mesmo assim, precisam correr pelo acesso estreito à sala principal, e, com a porta trancada, torna-se ainda mais difícil a fuga. No saldo final, a chance mais provável é de poucos sobreviventes.

As instalações são apertadas, sem saída de emergência, sem qualquer proteção. É ingenuidade dizer que os "amigos de luz" (os chamados protetores espirituais) garantem a segurança absoluta do lugar, que, em horário noturno, ainda sofre o risco de assaltos constantes que existem no lugar. Vide o caso do trágico assalto que ocorreu num "centro espírita" de Jaboatão de Guararapes, em Pernambuco.

OUTRAS QUEIXAS

Não bastasse as condições de insegurança similares àquelas que propiciaram a tragédia da Boate Kiss, outras queixas ocorrem de pessoas que fizeram tratamentos espirituais no GEBEM. De cyberbullying até morte de namorada, passando por assaltos em pleno dia, infortúnios passaram a ocorrer depois que várias pessoas fizeram tratamentos no local.

Isso se deve, vale lembrar, ao fato do "espiritismo" brasileiro ser cheio de irregularidades e marcado pela desonestidade doutrinária, já que segue o igrejismo de base jesuíta-roustanguista mas finge exercer "respeito rigoroso" aos postulados espíritas originais. Essa atitude desonesta atrai energias negativas, trazidas por espíritos inferiores identificados com essa falta de sinceridade.

FALSA MEDIUNIDADE

Um grupo de familiares apostou na ideia infeliz de financiar um livro com mensagens supostamente mediúnicas de parte das 242 vítimas fatais da tragédia da Boate Kiss. Intitulada Nossa Nova Caminhada, ela apostou num arremedo grosseiro do que recomenda o Controle Universal dos Ensinos dos Espíritos (C. U. E. E.), recorrendo a diferentes "médiuns" de lugares diferentes, três de Uberaba e um do interior de São Paulo. Um deles foi Carlos Baccelli, ex-dirigente da FEB e discípulo de Chico Xavier.

No entanto, são "médiuns" com relação entre si, mesmo sob uma mesma afinidade ideológica com o igrejismo. As mensagens são de puro mershandising religioso e apontam pretenso profetismo do "terceiro milênio", com a estranha inclinação dos supostos mortos a um panfletarismo igrejista, pretensamente messiânico e cheio de teorias sobre "mudanças nos tempos".

Uma assinatura que chamou a atenção foi uma suposta mensagem atribuída a uma jovem morta, Stéfani Posser Simeoni, que apresentou uma grave rasura, inconcebível para um espírito que estaria mandando uma mensagem serena, que era o que se divulgou na ocasião. Isso indica um trabalho fraudulento, desqualificando o trabalho e colocando os familiares que financiaram o livro em situação ridícula.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Por que as esquerdas se iludem com os "médiuns espíritas"? 'Wishful Thinking'?


A complacência das esquerdas políticas com os "médiuns" do "movimento espírita" brasileiro não têm fundamento nem motivo e geram até situações risíveis, como o Marcos Villas Boas, colunista do Jornal GGN, ameaçando ser "ex-espírita" mas se apegando, de maneira mórbida e doentia, aos "médiuns", como sempre movido pela fascinação obsessiva que muita gente dá a eles.

Os "médiuns" não esboçam caraterística alguma que justifique o rótulo de "progressistas", sustentado de maneira frágil por falaciosos discursos relacionados à moral religiosa, por arremedos de humildade e simplicidade e pelos apelos emotivos de crianças pobres sorridentes. Fora isso, os "médiuns" se revelam personalidades de extremo conservadorismo, em muitos aspectos se aproximando dos pastores neopentecostais, que os esquerdistas questionam e repudiam.

A adoração aos "médiuns espíritas" por esquerdistas revela problemas até mesmo quando se considera a liberdade de opinião e a aparente falta de relação entre religião e política que blinda esses ídolos do "movimento espírita".

No que se diz à liberdade de opinião, ela é louvável, mas existem contextos que devem ser representados. Por exemplo, na mídia de esquerda não se pode defender a venda da Petrobras ou de seu patrimônio para grupos estrangeiros nem a privatização das universidades públicas, por mais que se usem argumentos sólidos para isso. Da mesma forma que não dá para ser feminista defendendo o estupro, ainda que usando como pretexto o suposto "alívio" dos instintos agressivos dos homens.

No caso dos "médiuns espíritas", a coisa é mais complicada do que se imagina. A defesa não pode ser vista dentro de um suposto prisma "acima das ideologias". "Médiuns" defendem posturas e personagens que são antagônicos ao ideário de esquerda, defendem valores morais que entram em conflito com muitas agendas esquerdistas e ainda são blindados pela Rede Globo de Televisão, que adota os "médiuns" como contraponto aos pastores neopentecostais das concorrentes.

DEFESA DA DITADURA, APOLOGIA AO SOFRIMENTO, APOIO A POLÍTICOS DIREITISTAS

O "espiritismo" brasileiro se tornou notoriamente reacionário ao revelar o apoio, mesmo sutil, ao golpe político de 2016 e a seus personagens consequentes. Elogiou as passeatas de grupos como Movimento Brasil Livre atribuindo-lhes "inicio da regeneração" ("bandeira" dos "espíritas" relacionada ao "progresso da humanidade"), elogiou figuras como o tendencioso juiz Sérgio Moro e apoiou as reformas socialmente excludentes do governo Michel Temer.

Quanto aos personagens, houve quem, entre os "espíritas", apelasse para o famigerado refrão "vamos orar pelo novo governante para que ele prestasse atenção aos princípios cristãos", como geralmente faz quando autoridades conservadoras chegam ao poder. Mas o grosso do apoio a Michel Temer está no aumento de textos fazendo apologia às desgraças humanas, uma forma de incitar os brasileiros a aceitar o projeto político de Temer, que sinaliza para o fim de direitos sociais e trabalhistas.

Divaldo Franco homenageou o prefeito de São Paulo, João Dória Jr. no momento em que ele começava a ser execrado pela opinião pública, e permitiu que o tucano lançasse um composto alimentar de valor muito duvidoso, a "farinata", depois descartado após repercussão negativa. Apesar do lançamento oficial ter sido feito durante o Você e a Paz, de Divaldo Franco, evento e "médium" foram omitidos até pela imprensa de esquerda, sempre ávida em buscar informações mais delicadas.

Isso é uma grande gafe. Divaldo Franco e Você e a Paz apareceram, em crédito e logotipo, na camiseta de João Dória Jr., e nenhum jornalista de esquerda perguntou até que ponto o "médium" pode apoiar um político decadente, capaz de mandar reprimir com violência usuários de crack em vez de assisti-los e acordar moradores de rua com jatos d'água.

Em vez disso, a mídia esquerdista e a maioria dos internautas preferiu adotar a postura do "corno manso" que acha que a esposa "nunca iria lhe trair" saindo com os "priminhos". Tomados de wishful thinking, eles são levados a acreditar ingenuamente que Divaldo foi "usado" por João Dória Jr. no caso da farinata, algo que, observando bem, é absurdo.

Divaldo demonstra ter sido co-responsável, com Dória e o arcebispo dom Odilo Scherer, de promover a "ração humana" suspeita de ter matado, por intoxicação alimentar, vários internos de um sítio em Jarinu, no interior paulista. A "farinata" foi cancelada. Mas se a "farinata" fosse lançada no mercado e, oferecida aos alojados na Mansão do Caminho, matassem vários deles por intoxicação alimentar?

Sobre Divaldo Franco, o jornalista e estudioso espírita José Herculano Pires, em carta a um colega e amigo, fez revelações sobre o "médium" baiano que deixariam seus admiradores bastante chocados, sobretudo os setores das esquerdas complacentes ao religioso. Deve-se lembrar que Herculano era um jornalista exemplar, como tantos que rareiam na mídia hegemônica e que são mais comuns na mídia progressista:

"Do pouco que lhe revelei acima você deve notar que nada sobrou do médium que se possa aproveitar: conduta negativa como orador, com fingimento e comercialização da palavra, abrindo perigoso precedente em nosso movimento ingênuo e desprevenido; conduta mediúnica perigosa, reduzindo a psicografia a pastiche e plágio – e reduzindo a mediunidade a campo de fraudes e interferências (...); conduta condenável no terreno da caridade, transformando-a em disfarce para a sustentação das posições anteriores, meio de defesa para a sua carreira sombria no meio espírita".

Mas o apoio de Divaldo a João Dória - depois outro "médium", João de Deus, sepultou o mito de "amigo de Lula" ao manifestar interesse em ver Sérgio Moro, o algoz do petista, presidente do Brasil - teve como precedente a entrevista de Francisco Cândido Xavier ao programa Pinga Fogo, da TV Tupi de São Paulo.

No programa, Chico Xavier deu vários sinais de seu conservadorismo extremo e seu catolicismo ortodoxo. Por isso, não dá para entender o apreço dos esquerdistas a ele, confundindo sua proposta de "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho" com um projeto político do Partido dos Trabalhadores. O "médium" mineiro defendeu Collor em 1989 em detrimento de Lula e, ao morrer, em 2002, sinalizava um apoio sutil ao PSDB.

As declarações de Chico Xavier ofendendo operários, camponeses e sem-teto, reproduzindo o famoso reacionarismo histérico dos direitistas convictos, deveria ser martelado nas mentes dos esquerdistas que, no seu wishful thinking, acha que o "médium" mineiro andava de mãos dadas com o esquerdismo:

"Temos que convir (...) que os militares, em 3l de março de 1964, só deram o golpe para tomar o Poder Federal, atendendo a um apelo veemente, dramático, das famílias católicas brasileiras, tendo à frente os cardeais e os bispos. E, na verdade, com justa razão, ou melhor, com grande dose de patriotismo, porque o governo do Presidente João Goulart, de tendência francamente esquerdista, deixou instalar-se aqui no Brasil um verdadeiro caos, não só nos campos, onde as ligas camponesas (os “Sem Terra” de hoje), desrespeitando o direito sagrado da propriedade, invadiam e tomavam à força as fazendas do interior. Da mesma forma os “sem teto”, apoderavam-se das casas e edifícios desocupados, como, infelizmente, ainda se faz  hoje em dia, e ali ficavam, por tempo indeterminado. Faziam isto dirigidos e orientados pelos comunistas, que, tomando como exemplo a União Soviética e o Regime Cubano de Fidel Castro, queriam também criar aqui em nossa pátria a República do Proletariado, formada pelos trabalhadores dos campos e das cidades".

Não há como apelar para o wishful thinking e fingir que Chico foi "orientado" para dizer isso, que havia um "ponto" (espécie de fone de ouvido no qual algum apresentador ou entrevistado ouve um recado da produção de um programa em exibição na TV) dizendo o que ele deveria dizer etc.

Naquele momento, Chico estava sendo sincero no seu reacionarismo (nunca depois superado) que faz sentido em alguém nascido numa área rural da Grande BH - o então distrito de Santa Luzia, Pedro Leopoldo, hoje município - e de uma família conservadora. Para quem marcou sua trajetória defendendo a apologia ao sofrimento ("a pessoa deveria sofrer sem mostrar sofrimento, sem queixumes e orando em silêncio", resume-se o ideal de Chico Xavier), defender a ditadura faz sentido.

IMAGENS CONSTRUÍDAS PELA REDE GLOBO

Outro ponto que chama atenção é que o endeusamento dos "médiuns espíritas" segue uma narrativa oficial de "bondade", "humildade" e "amor ao próximo" que complementam uma imagem falsamente relacionada ao legado de Allan Kardec, imagem difundida oficialmente mas que é claramente desmentida pela comparação entre os livros do professor lionês e as obras dos "médiuns", cheias de conceitos anti-doutrinários e calcados no Catolicismo de heranças roustanguista e jesuíta-medieval.

As imagens tão glorificadas de suposto humanismo atribuída aos "médiuns", sobretudo Chico e Divaldo, foi uma narrativa adocicada montada pela Rede Globo de Televisão para concorrer com os pastores das seitas evangélicas consideradas "neopentecostais" (como a Igreja Universal do Reino de Deus e a Igreja Internacional da Graça de Deus), evitando sua ascensão.

A Globo criou essa narrativa de forma a fazer com que os "médiuns" tenham uma aceitação "ecumênica" e "sem o propósito da religião", uma maneira de atrair seguidores para o "espiritismo", de modo a enfraquecer a adesão aos neopentecostais. Até hoje a Globo blinda os "médiuns espíritas" e já produziu ou patrocinou filmes dramatúrgicos ou documentários sobre Chico Xavier.

Essa imagem de "caridade" é conservadora e feita por apelos excessivamente emocionais. Ela é inspirada no que o jornalista, católico e de direita, Malcolm Muggeridge, fez para lançar o mito de Madre Teresa de Calcutá (na verdade uma desumana que deixou seus alojados em condições degradantes), "santa" católica que é muito comparada a Chico Xavier e é adotada com muito gosto pelos "espíritas".

Trata-se de uma "caridade" que, embora classificada como "assistência social", apresenta caraterísticas de Assistencialismo (pouca ajuda e mais festejo, garantindo a publicidade e a promoção pessoal dos "médiuns"). A "caridade" de Chico Xavier e Divaldo Franco, tão exaltada por muitos, na verdade é algo bem mais fajuto do que se divulga, e não difere muito dos "projetos sociais" que Luciano Huck (ele mesmo admirador de Chico Xavier) realiza no Caldeirão do Huck.

Portanto, há muitas e muitas provas que desmerecem o apreço dos esquerdistas aos "médiuns espíritas", figuras que se revelam tão conservadoras e retrógradas que até mesmo o wishful thinking se torna um meio frágil de sustentação, porque a imagem idealizada dos "médiuns" sempre visando qualidades agradáveis se choca com a realidade que mostra que eles têm pontos sombrios, aliás, gravemente sombrios. Quanta gente cairá da cama depois de tanta ilusão...

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Colunista do Jornal GGN faz texto ingênuo "rompendo" com a FEB e exaltando "médiuns" deturpadores


As esquerdas são em muitos momentos coerentes, bem intencionadas e buscam promover a honestidade e a ética em setores como o jurídico, o legislativo e o jornalístico. Mas pecam quando embarcam em fenômenos, como o "funk" e o "espiritismo", que, por mais que se projetem pela imagem publicitária de pobres sorridentes, são ligados a forças elitistas nem de longe progressistas.

Um artigo ingênuo, deslumbrado e equivocado de Marcos Villas-Boas, supõe um "rompimento" com o "movimento espírita", em argumentos bastante risíveis e constrangedores. Afinal, o articulista, de maneira bastante equivocada, manifestou "encanto" pela fictícia cidade de Nosso Lar - um mundo imaginário que vai contra as recomendações da Ciência Espírita e foi concebido por paixões materialistas - e exalta os "médiuns" deturpadores.

Marcos Villas Boas tenta parecer profundo conhecedor da Ciência Espírita, mas é um confuso misturador de alhos com bugalhos. Vê conhecimentos de Psicologia onde não há, como na confusa obra de Divaldo Franco sob o nome de Joanna de Angelis, que Marcos erroneamente vê como "brilhante".

O articulista ainda por cima tenta colocar no mesmo nível Allan Kardec e Francisco Cândido Xavier, cujos conteúdos se revelam bastante antagônicos em muitos aspectos e, em outros, apenas guardam "afinidades" tendenciosas e movidas pelas conveniências de interesses.

Esquece Marcos Villas Boas que Chico Xavier e Divaldo Franco foram crias da FEB e o mito do "bondoso" Chico foi inicialmente desenvolvido pelo poderoso presidente da FEB, Antônio Wantuil de Freitas, que atuou durante anos como um tutor e "empresário" do "médium" mineiro. Ah, se Marcos Villas Boas soubesse os aspectos sombrios dos "médiuns" que ele tanto ama, os motivos para ele se tornar "ex-espírita" seriam bem outros, e mais consistentes.

Além disso, Marcos escreve para a mídia de esquerda, ignorando que Chico Xavier foi um direitista dos mais ranzinzas, defensor da ditadura militar e sonhador de um político nos moldes que hoje se tem em Aécio Neves. Divaldo Franco apoiou a indigesta "farinata" do amigo João Dória Jr.. E a Rede Globo, ícone da mídia reacionária combatida pelo portal Jornal GGN, blinda os dois "médiuns" com gosto, não por mera coincidência.

Reconhecemos que Marcos Villas Boas admira os "médiuns" deturpadores e traidores do Espiritismo pela boa-fé, mas ela é movida pelos apelos emocionais e pela narrativa "humanista" e "humanitária" construída pela Rede Globo para promover os "médiuns". Se ele realmente prestar atenção nas coisas e conhecer mais a fundo os bastidores do Espiritismo, Marcos se arrependerá não só de admirar a FEB mas de dar qualquer consideração a Chico e Divaldo.

Vamos ao texto, que deve ser lido sem paixões religiosas, ainda que estas sejam disfarçadas por alegações "racionais":

===========

Apelo de um (ex) espírita à Federação Espírita Brasileira, por Marcos Villas Boas

Por Marcos Villas Boas - Jornal GGN, 22 de janeiro de 2018

Apelo de um (ex-)espírita para que a Federação Espírita Brasileira mude

Por que deixei de seguir o movimento espírita para seguir Kardec e o espiritualismo?

Este blog foi iniciado em maio de 2017 com o nome “Ciência Espírita” e passou a se chamar “Ciência e Filosofia Espiritualista” alguns dias atrás. Aproveitando para explicar as razões aos leitores, gostaria de contar um pouco da trajetória espiritual que me fez deixar de seguir o movimento espírita para ficar com Allan Kardec e me abrir ao espiritualismo.

Há 2 anos comecei as leituras espíritas, como muitos fazem, pelo livro Nosso Lar, do espírito André Luiz, psicografado por Chico Xavier, e fiquei encantado por aquela e outras literaturas fantásticas devido aos detalhes que nos traziam acerca do plano astral e de como nós, encarnados, somos afetados pelos desencarnados.

Daí advieram várias consequências muito boas e outras muito ruins, as quais merecem uma análise cuidadosada Federação Espírita Brasileira (FEB) e do movimento espírita de um modo geral, pois, segundo constatei, se repetem frequentemente.

O espiritismo me fez descobrir textos magníficos produzidos pelo grande estudioso Kardec, que buscava compreender o mundo dos desencarnados e suas relações com os encarnados numa perspectiva eminentemente científico-filosófica, e não religiosa no sentido tradicional, como ele fez questão de deixar muito claro na Revista Espírita e no livro, pouco lido, “O espiritismo em sua expressão mais simples”.

Kardec estudava de tudo: os gregos antigos, as diferentes religiões da época, ia atrás de todo tipo de manifestação mediúnica etc. Se vivo hoje, é indubitável que ele estaria frequentando e buscando compreender todos os fenômenos espirituais, assim como colhendo conhecimento dos espíritos, em todas religiões e filosofias espiritualistas que surgiram depois, como a umbanda e a teosofia. Kardec não era conservador, não tinha amarras. Para ele, interessava buscar mais saber.

O espiritismo me deu conhecimentos interessantes sobre energia, vibração, a importância da oração e vários outros assuntos. Com isso, minha mediunidade foi ganhando mais corpo e, com o aumento da sensibilidade, vêm consequências agradáveis e desagradáveis, imperando as primeiras ou as segundas de acordo com o nível vibratório que cada um consegue manter.

Se a pessoa tem um bom autoconhecimento, se fez análise ou autoanálise, se estudou sua psique, ela tem boas chances de manter um alto padrão vibratório. Do contrário, não há religião que, por si só, deixe a pessoa no seu melhor e em paz consigo. Aliás, muitas vezes, o tom moralista e limitador das religiões causa exatamente o efeito oposto.

Um dos problemas é que o espiritismo de Kardec, apesar de trazer um conhecimento muito bom para entendermos a vida de forma mais ampla, ajudando a avançar em diversas questões ocultas fundamentais da vida humana, tem pelo menos 150 anos. Como o próprio codificador do espiritismo dizia, seria preciso que aquele conhecimento acompanhasse os avanços científico-filosóficos, o que, de um modo geral, não foi feito. A Psicologia, por exemplo,mal existia quando Kardec desencarnou em 1869. Freud tinha 13 anos e Jung nasceria 6 anos depois.

Inúmeros aspectos da obra de Kardec, apesar de fazerem sentido racionalmente, começaram a deixar de manter coerência ou se mostraram superficiais com o aumento de complexidade do conhecimento humano, o que era evidente que aconteceria.

A escala espírita, por exemplo, que estabelece graus de um modo bastante linear e superficial, colocando uns espíritos como superiores aos outros, é veementemente criticada por diversos desencarnados sábios, como se vê no diálogo abaixo:

Muito do que está hoje em livros psicografados e diálogos gravados com espíritos sábios atualiza de forma estrondosa o que estava em Kardec ou em Chico Xavier, não sendo isso nenhum demérito para eles. O conhecimento é assim e sempre será. Tudo está em movimento e progride, já dizia uma das leis herméticas quase 5.000 anos atrás. É curioso como não se fala, por exemplo, em hermetismo no meio espírita.

O espiritismo veio, sobretudo, como uma reinterpretação espiritualista do cristianismo, para redirecionar, no mundo ocidental (frise-se!), especialmente a Igreja Católica e a Igreja Protestante, que disputavam ferrenhamente o domínio religioso nos países do Ocidente.

O espiritismo era e continua sendo praticamente desconhecido em todo o lado oriental, e eles são muito mais avançados em termos de espiritualidade e interessados no tema há bem mais tempo do que os ocidentaisem geral.

Textos da filosofia espiritualista oriental datam de muito antes de Cristo, como aqueles referentes aos ensinamentos de Hermes Trimegisto,Lao-Tsé, Confúcio e Siddartha Gautama (Buda). O conhecimento sobre os chakras, por exemplo, existe lá, com riqueza de detalhes, há muito tempo. Os espíritas, contudo, de um modo geral, desconhecem essa literatura, assim como eu a desconhecia em grande parte até mais ou menos 1 ano.

Lê-se muito mais o Evangelho segundo o Espiritismo, por conta da prática do evangelho nos centros espíritas e nos lares, e lê-se alguns livros soltos de Chico Xavier. É a tradição religiosa imperando, até porque o evangelho é a reinterpretação dos sábios desencarnados acerca de trechos da Bíblia.

Participei também de diversos grupos de whatsapp e em Facebook com espíritas, nos quais pude perceber, em curto espaço de tempo e com clareza, como muitos são fechados, ao contrário do que pensam e propagam, e tão ou mais conservadores do que outros religiosos.

Quando falta o autoconhecimento e a consciência é pouco aberta, é natural que se acredite fazer algo que não se faz, sendo o discurso bem distinto da prática, que nega os princípios das própria doutrina tão ferrenhamente defendida.

Ao afirmar algumas vezes que seria importante para os espíritas estudarem a teosofia, nas obras brilhantes de Helena Blavatsky e Annie Besant, autorasestudiosas que se debruçaram profundamente sobre as religiões e sobre o espiritualismo universalista, foi-me dito por espíritas que não poderíamos fazer isso se não lêssemos toda a obra de Kardec com cuidado primeiro.

Dizer algo assim é como falar que não devemos estudar Jung, porque primeiro precisamos conhecer tudo de Freud com cuidado,indicando um fanatismo inconsciente e um pensamento que tende a ocasionar uma limitação de conhecimento assustadora.

Assim como Jung atualizou e corrigiu Freud, o conhecimento teosófico, umbandista e outros atualizam e corrigem Kardec em diversos pontos, e isso não faz Kardec nem o espiritismo menores de forma alguma, a não ser para os guiados puramente pelo ego, que acham sua religião melhor do que as demais e impassível de equívocos.

A imensa maioria dos espíritas acredita que o espiritismo é o “Consolador Prometido” que veio para unificar todas as religiões, e que não demora para isso acontecer. Já acreditei nisso e sinto-me arrependido hoje, mas não me culpo, pois a culpa é um sentimento denso e aprender faz parte do nosso processo. Todos aprenderemos, mas cada um caminha em seu tempo, de modo que o respeito por nós e pelos demais é essencial.

O mestre ascensionado Serapis Bey lembra bem, no final do vídeo abaixo, que o espiritismo é um conhecimento importante e que as obras de Kardec servirão como ricas fontes de estudo por um bom tempo, mas é só isso. Os livros espíritas são mais uma fonte, muito relevante, mas, ainda assim, uma dentre tantas outras:

Os próprios espíritos idolatrados por muitos espíritas tiveram diversas outras encarnações nas quais atuaram em outras religiões ou filosofias. Há certo consenso, e isso é dito por diferentes espíritos sábios, que São Francisco de Assis foi João, o Evangelista, importante codificador da Bíblia, e veio a ser depois o mestre da grande fraternidade brancaKuthumi, atual “governante do planeta”, que passou sábios ensinamentos em vídeo recentemente publicado no programa Diálogo com os Espíritos:

A FEB e o movimento espírita de um modo geral poderiam se abrir para os outros conhecimentos, em lugar de permanecerem limitados e repletos de ilusões. Ao pedir a uma amiga espírita recentemente para que me ajudasse a dar palestras em centros espíritas, ela disse que não poderia me ajudar, pois não concorda com minha postura “multifacetada” e acha que só se deveria falar de espiritismo em centros espíritas. A que ponto chegamos? Kardec concordaria com isso?

O pensamento espiritualista mais avançado se baseia no conhecimento, existente há muitos séculos, desde bem antes do espiritismo, sobre autoconhecimento, automelhoramento, despertar da consciência e transmutação de energias, emoções e sentimentos, conhecimento este utilizado por Jung para construir a sua psicanálise. Em tempos de transição planetária, é preciso falar de alquimia, Saint Germain, ego, self (Eu superior), ilusões de Maya, agregados de Buda e vários outros temas pouco lembrados pelos espíritas.

A brilhante série psicológica de Joanna de Angelis recorre à ciência e à filosofia mais atuais, remetendo em diversos momentos a conhecimentos orientais, porém ela é pouco conhecida entre os espíritas e tida por uma leitura difícil. Claro que é. Não obtendo o conhecimento prévio necessário para entendê-la, parece incompreensível.

Os livros dessa série de Joanna, psicografados por Divaldo Franco, desenvolvem a Psicologia Transpessoal e são um marco em termos de autoconhecimento e despertar da consciência, dois temas muito mais comuns e profundos nas filosofias espiritualistas orientais do que no espiritismo, que tem uma ideia de reforma íntima ainda pouco aprofundada.

Como os religiosos tradicionais, muitos espíritas cansam de falar em amor, humildade, caridade, tolerância, paciência etc., mas não compreendem bem esses sentimentos e sua prática, nem os efetivam. Hoje percebo como compreendia superficialmente esses sentimentos e com uma visão moralista quando estava muito preso às obras espíritas.

Outro ponto é que, além de os espíritas em geral pregarem essas máximas de uma forma genérica e superficial, não há uma busca das casas por conhecerem detalhadamente cada espírito encarnado e desencarnado que ali frequenta, pois pessoas com diferentes características não podem ser tratadas de modo igual.

Os tratamentos espíritas não funcionam muitas vezes por conta disso. O atendimento fraterno nos centros invariavelmente manda a pessoa fazerdesobsessões, tomar passes, beber água fluidificada, fazer a reforma íntima, o evangelho do lar, ler Kardec e Chico Xavier.

Tudo isso é muito bom, mas quais as energias que regem aquela pessoa? Quais estarão imperando em cada momento? Como parece se expressar a sua essência, ou self, ou Eu Superior? Como seu ego se apresenta agora e quanto está distanciado do self? Tudo isso é, em regra, deixado de lado, em detrimento, muitas vezes, de pregações de cunho religioso mais tradicional: “meu irmão, reze para Deus, nosso pai, que o amor de Jesus Cristo tudo resolve”.

Mapa astral, numerologia, uso de oráculos, consultas com espíritos da luz; tudo isso, quando feito em locais sérios, em busca de autoconhecimento, automelhoramento e ajuda ao próximo, ao invés de busca por satisfazer curiosidades sobre o passado e o futuro, pode ajudar imensamente as pessoas a encontrarem seu melhor, os caminhos que tinham previsto seguir antes de encanarem, tornando-as, então, finalmente plenas, pondo fim às ansiedades, angústias, medos e depressões.

Quando estava muito focado no espiritismo e, sobretudo, quando não tinha aprofundado em Kardec, não percebia nada disso. Ficava envolto por noções religiosas, que remontam mais ao catolicismo tradicional do que ao espiritualismo.

Via pessoas palestrando em centros espíritas e falando mal da Umbanda e dos evangélicos, apesar de elas mesmas se dizerem abertas a tudo e amorosas. Achava tudo aquilo estranho, mas não tinha base de conhecimento teórico, nem experiencial para questionar.

Somente depois de frequentar outros locais, ainda que inicialmente repleto de moralismos incutidos pelo movimento espírita, é que pude começar a me desfazer de algumas ilusões e limitações que prendiam meu ego e me faziam viver muito pior do que poderia. A umbanda me ampliou imensamente a consciência!

Continuo me considerandoum kardecista, enquanto estudioso do espiritismo, sobretudo de Kardec, mas, na mesma linha do que disse o médium Roberto Barbosa em estudo realizado com ele e com o Dr. Fritz nele incorporado, não posso seguir o movimento espírita com suas restrições a todas as técnicas de cura que surgiram nas últimas décadas, mas que são rechaçadas por não estarem na obra de Kardec. Segue link para o vídeo mencionado:

Assim como espírita, considero-me teosofista, budista, umbandista,yogi e adepto de todas as demais linhas espiritualistas que possam me ajudar e ajudar o próximo, pois não preciso de algo que me limite.

Somos todos obras e partes de Deus. Os nossos limites são colocados por nós mesmos. Sobretudo quando pautados no amor incondicional, que é pura abertura e conexão com tudo e todos, não faz sentido se fechar numa doutrina. Daí vem o apelo à FEB e ao movimento espírita de um modo geral.

É preciso tomar cuidado com aventureiros, com místicos sem embasamento, com aqueles que têm fins meramente individualistas e deve-se, sim, ter uma institucionalização do movimento; mas, ele não pode se tornar tão engessado que prejudique os seus objetivos maiores: autoconhecimento, automelhoramento e ajuda ao próximo que lhe dê plenitude e autonomia, não o deixando dependente de religião, nem de centros, nem de ninguém.

Controles demais, regras demais, poder demais na mão de alguns poucos, fechamento excessivo, repetição dos palestrantes e dos temas, falta de transreligiosidade, busca por adeptos, tentativa de converter pessoas; tudo isso tem dificultado a própria difusão e efetividade prática do espiritismo nas consciências das pessoas. Quando o espiritismo se abrir conforme Kardec propôs, crescerá muito mais.

Evidentemente, diversos espíritas, como o próprio Roberto Barbosa acima citado, são exceções, ainda que minoria, e este texto não é uma crítica ou um julgamento dos demais, mas uma amorosa proposta de reflexão. Muitos desses que são minoriativeram que manter suas casas, por todo o Brasil, fora da FEB, pois esta não tolera em seus quadros centros com tratamentos reconhecidamente exitosos como reiki e banhos de ervas, por estarem“fora dos padrões doutrinários”.

Perguntem, dentro de centros espíritas, a quaisquer espíritos de maior sabedoria se o reiki, os banhos de ervas, os cristais, a cromoterapia e outras terapias espiritualistas não ajudam na cura. Dificilmente haverá um que será contrário ao seu emprego nos tratamentos dos necessitados dentro dos próprios centros.

Como já disse neste blog, no Grupo Espírita Francisco de Assis (GEFA), localizado em Groaíras/CE, onde tive a honra de servir por curto espaço de tempo, trabalham espíritos de freis e padres que ficaram renomados na história, pretos velhos, caboclos, exus, espíritas, extra terrestres etc. São usadas práticas espíritas, como o evangelho e a água fluidificada, mas também cirurgias espirituais, banhos de ervas, cromoterapia e técnicas especiais de desobsessão, havendo uma grande e rara efetividade no tratamento de casos muito complexos.

Uma casa como essa, com tanto a compartilhar em termos de cura, não pode fazer parte da FEB, o que a isola de todas as demais e dificulta a difusão das técnicas que podem até salvar vidas.

Outra estranheza é que há pouca comunicação com desencarnados nos centros espíritas em geral para efeitos de estudos científico-filosóficos, muito menos para estudos que avancem na doutrina espírita. As comunicações, em regra, se resumem às mesas de desobsessão e às mensagens psicografadas.

Toda a codificação espírita foi elaborada com base na oralidade, em estudos de perguntas e respostas junto com os desencarnados, porém hoje se entende isso muitas vezes como algo errado no movimento espírita.

O programa Diálogo com os Espíritos, produzido desde 2012 pelo dedicado Jefferson Viscardi, é um marco na história do espiritualismo. Ele conversa com diferentes espíritos sábios, por meio de dezenas de médiuns que, em geral, não se conhecem entre si e localizados em distintas partes do Brasil e de outros países. Nunca houve um trabalho tão próximo daquele feito por Kardec na humanidade. Não ficaria admirado se o espírito Kardec fosse mentor do trabalho.

Recentemente, após 700 diálogos já publicados, estão sendo postados estudos com alguns dos mestres ascensionados, como Hilárion, Ananda, SerapisBey, El Morya Khan e Kuthumi. Não faz sentido esses diálogos não serem detidamente estudados e debatidos pelo movimento espírita.

Por que tantos espíritos dedicariam tempo gravando para esse programa? A sabedoria das mensagens, de um modo geral, é inquestionável, de modo que, independentemente do nome do espírito, não dá para negar o nível de elevação dos que participam do programa. 

O espiritismo traz um conhecimento belíssimo e de grande valia para a humanidade. É preciso, numa atitude de amor e humildade, colocá-lo lado a lado com os demais, buscando uma maior inter-relação para efeito de aprendizado de todos, espíritas e não espíritas. Nesse sentido, a FEB é o órgão mais indicado para iniciar as mudanças que poderiam ser feitas.

Manter a segregação entre o espiritismo e as demais religiões e filosofias espiritualistas parece cometer erros muito semelhantes aos do passado religiosos da humanidade, mas pensando que se está fazendo muito diferente.

Torçamos todos para que possa haver uma maior integração entre os espiritualistas e para que, assim, a palavra dos espíritos sábios possa ser levada com mais rapidez a um maior número de pessoas, fazendo com que seus ensinamentos despertem mais consciências de modo a realizar a transmutação de vibrações de que o planeta carece neste processo de transição. 

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Triplex do Guarujá, psicografias 'fake' e a seletividade da Justiça


O julgamento do ex-presidente Lula, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), por causa de um recurso referente à sentença judicial do juiz paranaense Sérgio Moro, é uma amostra da seletividade da Justiça brasileira, no evento que tem maiores chances de condenar um suposto réu sem haver provas de um suposto crime.

O "crime" em questão é a concessão de um apartamento no edifício Solaris, em Guarujá, no litoral paulista, por parte da empreiteira baiana OAS, ao ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. O episódio é uma estória mal contada e envolve um apartamento de classe média. Não há provas de que Lula é ou foi proprietário do imóvel, mas a grande mídia insiste que ele é dono do apartamento, custe o que custar, pouco importando a realidade dos fatos.

Recentemente, um episódio confirmou que o triplex não é de Lula, mas da OAS. A juíza Luciana Torres de Oliveira, da 2a. Vara de Execução de Títulos Extrajudiciais do Distrito Federal, determinou a penhora de alguns imóveis de propriedade da empreiteira, entre eles o referido imóvel. Com isso, Lula passa a ser julgado acusado de... coisa nenhuma.

A seletividade da Justiça mostra o quanto há dois pesos e duas medidas. Se, entre suspeitos de um mesmo crime, um é rico e outro pobre, o primeiro tende a receber uma pena simbólica e quase fictícia de um período de prisão em regime semi-aberto ou aberto, enquanto o segundo tende a ficar preso em regime fechado.

Crimes dolosos cometidos por ricos não rendem duras punições. As sentenças são tão brandas que mais parecem absolvições. Já crimes de menor gravidade cometidos por pobres costumam gerar sentenças extremamente duras e até aqueles que roubaram apenas para ter um dinheiro para comprar comida passam a viver o resto da vida no pesadelo da prisão.

A Justiça é seletiva porque adota punições leves e até mesmo absolvições quando o réu é ligado ao status quo. E quem imagina que o status quo é ligado apenas aos atributos materiais, está enganado. Na religião, sobretudo a "espírita", mais blindada que políticos do PSDB, seus ídolos, em que pese toda a postura de "humildade" como arremedos pretensos e fajutos de Jesus de Nazaré, se equiparam aos aristocratas, até pela extravagante "ligação direta com Deus".

A IMPUNIDADE QUE FEZ CRESCER CHICO XAVIER

Diante da bagunça que hoje se reduziu o que muitos conhecem como Espiritismo no Brasil, com gente criando "psicografias" da própria mente e botando o crédito no morto de sua escolha, vemos que o caso de Francisco Cândido Xavier e sua impunidade - sim, impunidade e não justiça! - revela a que ponto pode vir a seletividade da Justiça, que diante das conveniências pode até mesmo exercer truculências similares aos do DOI-CODI, em casos que não envolvem privilegiados sociais.

Numa época em que o estelionato - sim, estelionato! - é usado nos processos trabalhistas, como punição para o trabalhador que perde uma ação judicial contra o patrão por descumprimento de obrigações profissionais (o fato do trabalhador ter que pagar uma multa para "custear advogados" numa quantia inacessível é, sim, estelionato), por outro lado a coisa se afrouxa quando um oportunista cria uma "psicografia" fake e se "protege" em um projeto "assistencial".

Basta alguém ter um mínimo de prestígio social considerável, alojar alguns pobres e doentes numa casa e ter alguma carreira com oratórias de auto-ajuda "espiritualista" para poder fazer textos fake, pondo o crédito no morto que ele quiser, que a Justiça não mexe. As obras podem ter irregularidades aberrantes, desde que, no entanto, a imitação pareça verossímil, mas o risco de processo judicial, lamentavelmente, é mínimo, e, se há, o "filantropo" quase sempre leva a melhor.

Chico Xavier levou a melhor por conta de uma aparente ignorância judicial. Em 1944, os herdeiros do escritor maranhense Humberto de Campos, Dona Catarina e os filhos Henrique e Humberto Filho, processaram o "médium" e a FEB. A petição foi bem intencionada, mas o enunciado era vago: pedir para a Justiça analisar as "psicografias" visando conferir duas hipóteses.

A primeira delas é que, caso as "psicografias" fossem consideradas autênticas, os herdeiros do autor receberiam uma parcela financeira dos direitos autorais. Se elas fossem consideradas fraudulentas, Chico e a FEB teriam que indenizar os herdeiros com multa.

Os juízes, meio com aquela atitude de Sérgio Moro com o PSDB, "não entenderam" a ação judicial e definiram o caso como "improcedente". Espertos, Chico Xavier e seu tutor e presidente da FEB na época, Antônio Wantuil de Freitas, redigiram uma carta atribuída a Humberto de Campos - na verdade a obra sob o home de Humberto ou Irmão X foi escrita pelos dois até os anos 1960, quando Chico se serviu de parceiros da equipe editorial - com mensagens um tanto estranhas.

O "Humberto de Campos" fake pedia, pasmem, para que os brasileiros deixassem para lá questões de identidade da obra, em uma atitude de omissão muito estranha para um autor conceituado. A carta tem vários trechos nos quais se identifica o estilo pessoal de Chico Xavier, lembrando bem os depoimentos que o próprio dava e que hoje são "memes" nas redes sociais.

A ação judicial resultou num empate, mas foi um desses empates que trouxe vantagem a um dos envolvidos. Chico Xavier acabou recebendo o sinal verde e o "médium" deturpador passou a crescer como ídolo religioso, lançando mão dos mais diversos apelos emotivos ou sensacionalistas para atrair para si o apoio da opinião pública, de forma tão habilidosa que, mesmo sendo o "médium" uma figura de direita, defendendo abertamente o golpe e a ditadura militar, passou a ser visto com complacente apoio de setores das esquerdas.

Grande engano. Chico Xavier nunca apoiou Lula e pode até não sentir ódio dele, mas, apenas, um desprezo. Em 1989, o "médium" apoiou Fernando Collor para presidente (por sinal, o hoje senador alagoano quer novamente concorrer ao cargo), e, em 2002, antes de morrer, sinalizava apoio ao PSDB. Se vivo fosse, Chico teria apoiado Aécio Neves, com o qual se identificava, e hoje estaria sinalizando apoio a outro espírito afim, Luciano Huck.

Infelizmente, porém, setores das esquerdas insistem nesse deslumbramento com o "espiritismo" brasileiro, ignorando que o movimento religioso apoiou o golpe político de 2016 e não sinaliza apoio a novos políticos progressistas, mas antes políticos neoliberais que apenas mantivessem em boa conta o Assistencialismo religioso. E Luciano Huck dá uma boa aula prática de "caridade espírita" através do seu programa Caldeirão do Huck. Loucura, loucura.

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

"Funk" e "espiritismo" cooptaram esquerdas para evitar que sejam investigados


As forças progressistas brasileiras, consideradas de "esquerda", precisam rever seus valores. Suas agendas, no âmbito político, econômico e jurídico, são exemplares, com temas que profundamente analisam os problemas sociais existentes dentro de cada ramo, investindo, de maneira audaciosa e brilhante, em abordagens que a chamada mídia dominante é incapaz de assumir.

Todavia, fora desses âmbitos, as esquerdas falham. Em muitos casos, como no âmbito da cultura e da religião, seguem os mesmos pontos de vista da mídia dominante. No esporte, vivem relação de amor e ódio com astros do futebol brasileiro que, em maioria, apoiam políticos conservadores. Mas é no âmbito da cultura e religião que ocorrem os problemas mais graves.

"Funk" e "espiritismo" podem parecer duas esferas sociais opostas, porque o primeiro enfatiza a liberdade sexual e o culto ao corpo e o segundo, em tese, enfatiza a fé religiosa e os valores morais do espírito. Mas os dois fenômenos se unem quando o assunto é "humildade", usando sempre dos mesmos apelos emotivos, guardadas as diferenças de contexto.

Ambos são conservadores. O "funk" defende uma limitada emancipação social das classes populares, dentro das regras do "livre mercado" e evoca valores ligados ao machismo e à imagem glamourizada da pobreza e da ignorância populares, transformando o povo pobre numa espécie de caricatura de si mesmo.

O "espiritismo", sabemos, por mais que evoque tendenciosamente o nome e o legado de Allan Kardec, se reduziu hoje a um "outro catolicismo", mais voltado às crenças e valores medievais do Catolicismo jesuíta que dominou o Brasil durante o período colonial. Com isso, o "espiritismo" brasileiro defende uma agenda conservadora que vai do repúdio generalizado ao aborto à defesa da Teologia do Sofrimento, que faz apologia da desgraça humana.

No entanto, tanto funkeiros quanto "espíritas" cooptaram esquerdistas usando como gancho publicitário a imagem de "pobres sorridentes". Como se isso fosse, por si só, uma demonstração de apoio às classes populares. Tanto uns quanto outros adotam um discurso vitimista, um apelo falsamente assistencial e um discurso ufanista que dá a falsa impressão de positividade e progressismo.

E por que as esquerdas aderiram facilmente a esses dois cantos de sereias, que podem fazer as forças progressistas sucumbirem a uma degradação cultural por parte do "funk" e a um obscurantismo religioso por parte dos "espíritas". E por que o fato dos dois fenômenos receberem alta blindagem das Organizações Globo, símbolo da mídia dominante e conservadora, não sensibiliza os esquerdistas a evitar essa adesão?

TIM LOPES E "NOVA ERA"

O que vemos é que o "funk" e o "espiritismo" passaram a cooptar os esquerdistas visando um objetivo: evitar que eles investigassem as irregularidades por trás de cada fenômeno, que envolvem processos de arrivismo e jogos de interesses bastante estratégicos.

No "funk", o precedente teria sido o misterioso caso do jornalista Tim Lopes, sequestrado e morto em 2002 por um grupo de traficantes. Foi uma época em que a intelectualidade progressista contestava o "funk", Lopes, que, apesar de atuar na Rede Globo, fazia um jornalismo de qualidade independente, investigava casos de exploração sexual de menores em "bailes funk".

Em seguida, o "funk" passou a criar uma narrativa "positiva", se utilizando do jargão "periferia" difundido pelos livros do então presidente, em fim de mandato, Fernando Henrique Cardoso. Segundo especialistas, o "funk" personifica as relações de dependência entre Brasil e países ricos defendidas por FHC pela Teoria da Dependência.

O discurso ganhou um verniz pretensamente progressista e os funkeiros criaram um plano engenhoso. Primeiro aproveitariam a aliança que faziam e continuam fazendo com as Organizações Globo para se projetarem em tudo quanto era atração e veículo ligado à corporação da família Marinho, para depois "vender o produto" para as esquerdas, através da atuação "independente" de intelectuais vindos de veículos da imprensa conservadora ou de meios acadêmicos associados.

A cooptação das esquerdas - cujo ponto máximo foi o apoio, tão tendencioso quanto hipócrita, do DJ Rômulo Costa à presidenta Dilma Rousseff, num showmício em Copacabana, Rio de Janeiro, contra o impeachment, em 17 de abril de 2016 - era um artifício para calar a boca das forças esquerdistas e evitar que fossem investigados aspectos sombrios nos bastidores do "funk".

Mesmo as alianças que os empresários, intérpretes e DJs de "funk" exercem com os executivos da mídia dominante passam pela vista grossa dos esquerdistas, que nunca fizeram uma reportagem investigativa sobre o lado sombrio do "funk", se limitando, quando muito, a fazer coberturas apologistas e meramente descritivas dos eventos de entretenimento como os "bailes funk", dentro da imagem glamourizada da pobreza e de estereótipos associados à população pobre.

No "espiritismo", a coisa é bem mais complexa. Há o pretexto da "liberdade religiosa", confundida com a permissividade para que os "espíritas" façam o que querem e se promovam até com as memórias dos mortos, com supostas psicografias e pregações anti-doutrinárias que deixariam Allan Kardec bastante aflito e indignado.

Diante de apelos emocionais diversos, se desencoraja a investigação jornalística ou acadêmica porque "não se investiga trabalho do bem". Pouco importa se a "caridade espírita" é um terreno fértil para o superfaturamento, que "médiuns espíritas" fazem turismo tanto desviando o dinheiro da filantropia quanto recebendo dinheiro sujo de empresários. Nada é investigado e a menor suspeita é neutralizada por relatos "mansos" pedindo para "não ofender as pessoas de bem".

As esquerdas mordem a isca do "espiritismo" através de seu papo sobre "nova era" que contém um ponto adicional: a falácia que cria um discurso "progressista" para a ideia de Brasil como "coração do mundo" e "pátria do Evangelho". Era um meio de dizer que o mundo "entrará na Nova Era" se atribuir ao Brasil a conduta de "princípios humanitários (sic) da fraternidade cristã" ("fraternidade cristã" é eufemismo para supremacia religiosa).

A falácia de que isso trará um progresso para os brasileiros esconde o lado sombrio dessa condição, pois exemplos diversos mostraram os malefícios de nações que se impuseram como centros planetários e supremacias religiosas, como o Catolicismo na Idade Média.

Com isso, leva-se gato por lebre. Os esquerdistas não irão investigar um movimento religioso que "põe o Brasil para cima". Seguem o risco de defenderem figuras bastante conservadoras como Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco, sem que esboçasse um único questionamento sobre estas personalidades bastante retrógradas (e blindadas pela Rede Globo, como o "funk" e os políticos do PSDB).

Pior: mesmo quando Chico Xavier aparece num vídeo antigo defendendo a ditadura militar com muita convicção (a famosa entrevista no programa Pinga Fogo, da TV Tupi de São Paulo, em 1971), ou Divaldo Franco homenageando o reconhecidamente decadente prefeito de São Paulo, João Dória Jr., os esquerdistas reagem em silêncio ou, quando muito, com "perplexidade", como se estivessem sem capacidade de compreender esses aspectos sombrios.

O "espiritismo" sinalizou o apoio ao golpe de 2016 de maneira explícita e hoje segue apoiando o governo Michel Temer. Já definiu como "início de regeneração" as passeatas do "Fora Dilma" de 2016, a ponto de atribuir "despertar humanitário" a grupos retrógrados como Movimento Brasil Livre e Vem Pra Rua.

Apesar disso, não há o mesmo empenho das esquerdas em contestar os "espíritas" - que cometem um agravante que é de produzir supostas psicografias à revelia dos ensinamentos espíritas originais - da mesma forma que é feita contra os neopentecostais. Estes também pecam por terem uma agenda social retrógrada e ultraconservadora, mas pelo menos não cometem a desonestidade doutrinária que arranha a trajetória do "espiritismo" no Brasil.

COMO ROMPER COM ISSO?

As esquerdas têm um compromisso histórico com as classes populares e enfrentará um momento delicado amanhã, quando o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva será julgado em Porto Alegre, por desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), devido a um motivo que já foi desqualificado: a acusação de propriedade de um triplex no Guarujá, que uma juíza de Brasília já penhorou para pagar as dívidas da OAS, revelando ser esta a verdadeira dona do imóvel.

As esquerdas não podem ficar complacentes com fenômenos duvidosos, só por causa de pequenos pretextos, sobretudo as imagens de pobres sorridentes. Deveria investigar o "movimento espírita" e o "funk" sem condescendência, porque ambos os fenômenos apresentam erros sérios que em muitos casos ameaçam o país, como a usurpação dos mortos em falsas psicografias, o reacionarismo de Chico Xavier e a coisificação da mulher através do "funk" e a depreciação da imagem da mulher solteira, através do exemplo estereotipado de Valesca Popozuda.

Há muitos pontos sombrios envolvendo "espíritas" ou funkeiros. Divaldo Franco oferecendo o Você e a Paz para homenagear João Dória Jr. e permitir o lançamento da deplorável "farinata" é um caso que não deve ser subestimado. Deveria-se, por exemplo, investigar quem paga as viagens de Divaldo no exterior, ou se não há um caso de exploração indevida dos pobres alojados na Mansão do Caminho.

No caso do "funk", há a falta de coragem em investigar a forma que o empresário da Furacão 2000, Rômulo Costa, "apoiou" Lula e Dilma ao fazer o evento de Copacabana. Dois pontos sombrios pesam: um deles é que o barulho do "funk" abafou a essência do protesto contra o impeachment. Rômulo estaria, na verdade, a serviço de anti-petistas para abafar o protesto e distrair a população, criando um clima favorável para a votação contra a presidenta, na noite de 17 de abril de 2016.

Outra é que Rômulo é ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, que queria Dilma Rousseff fora do poder, e teria relações com o PMDB carioca, o que sugere que o "ódio" de Rômulo contra o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, é "mimimi" ou "caô" ("caô" é uma gíria suburbana carioca que quer dizer "mentira descarada").

São muitas pautas que exigem dos esquerdistas coragem para investigar. Se não investigarem, os esquerdistas perderão o caminho por causa da complacência e, com isso, poderão perder também suas conquistas, sem poder enfrentar de forma crítica fenômenos de entretenimento, cultura, religião e esportes que estão ligados ao poder hegemônico da mídia, do mercado e da sociedade elitista e conservadora. Nem sempre imagens de pobres sorrindo significa a verdadeira emancipação do povo.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Texto traz ideia equivocada de "mediunidade" e exalta deturpadores do Espiritismo

YVONNE PEREIRA, CHICO XAVIER E DIVALDO FRANCO - ADEPTOS NÃO DE KARDEC, MAS DE JEAN-BAPTISTE ROUSTAING.

A mídia progressista, infelizmente, reproduz os mesmos paradigmas religiosos da mídia reacionária, e contribuem para o mau ensino da Doutrina Espírita, exaltando os deturpadores às custas de um engodo teórico que mistura a Ciência Espírita original com conceitos igrejistas deturpados.

O que se vende como "kardecismo autêntico" acaba sendo um engodo em que se mistura igrejismo, cientificismo e esoterismo, se exaltam deturpadores sob a desculpa da "caridade" e se leva gato por lebre o tempo inteiro, sem questionamento algum.

O pior é que as esquerdas exaltam deturpadores do nível de Chico Xavier e Divaldo Franco, que são blindados pela Rede Globo de Televisão e servem a interesses das classes conservadoras, pois os dois já expressaram seu direitismo, em muitas ocasiões, não cabendo a mídia progressista ficar exaltando essas figuras bastante duvidosas.

O texto também cita a "médium" Yvonne Pereira, que, sabe-se, também foi roustanguista como os dois "médiuns", sendo portanto figuras que destoam do legado espírita original e que apenas reduzem a herança de Kardec num arremedo para justificar conceitos igrejistas aqui e ali.

Para terminar nossa análise e irmos ao texto abaixo, vale lembrar que o conceito de "mediunidade" é muito distorcido no Brasil. Médium, na verdade, não é aquele que "recebe mortos", mas aquele que transmite a mensagem dos mortos para o mundo dos vivos.

Essa distorção faz com que a figura do "médium", da forma que é feita no Brasil, perca o caráter intermediário original para se servir a interesses do "movimento espírita". Difunde-se, de maneira equivocada, a ideia pela metade, se limitando a dizer que "médium" é aquele que "fala com os mortos", independente de transmitir mensagem para os vivos. Esquece-se que quem só "recebe os mortos" é tão somente paranormal, só vira "médium" quando transmite esse contato a um vivo.

Os "médiuns" aqui se servem do culto à personalidade e se tornam o centro das atenções, se tornando os "sacerdotes" do "movimento espírita". É triste que até as esquerdas estão desinformadas de tanta deturpação que atinge como um punhal pelas costas a memória do pedagogo lionês.

Não custa avisar às pessoas para ler todo texto favorável a um "médium espírita" com muito cuidado, para que assim se evite a adoração deles através de argumentos confusos, falaciosos ou ingênuos, caindo na tentação das paixões religiosas, mesmo travestidas de "lógica científica". Cabe aqui ler o livro de maneira crítica, sem margem alguma de complacência aos "médiuns" deturpadores.

==========

Todos os humanos são médiuns e interagem com os Espíritos (Ciência e Filosofia Espiritualista)

Por Marcos Villas-Bôas - Jornal GGN

O Livro dos Médiuns, publicado por Allan Kardec, é considerado a grande obra sobre mediunidade, porém, após ele, muitas outras vieram, até porque médiuns espetaculares encarnaram e puderam ser estudados, sobretudo no Brasil, como Yvonne do Amaral Pereira (1900-1984), Francisco Cândido Xavier (1910-2002) e Divaldo Pereira Franco (1927-).

Percebe-se pelas datas acima que a mediunidade não é doença e que é possível viver por muitíssimos anos passando por fenômenos surpreendentes, mas isso desde que sejam compreendidos e que o indivíduo saiba tomar os cuidados devidos para que a sua faculdade não lhe ocasione perturbações ou, o que é pior, doenças de ordem física ou mental.  

Neste blog, insistimos muito na explicação científica sobre a existência dos Espíritos devido à capacidade que tem essa teoria de mudar a vida das pessoas para melhor. Dado que todos são médiuns, ninguém deixa de interagir com os Espíritos diariamente, o que afeta suas vidas de forma positiva ou negativa. Entendendo muito bem como se dá essa interação, é possível agregar mais experiências positivas do que negativas.

Todos são médiuns, pois o ser humano tem uma faculdade ínsita a ele de receber vibrações, pensamentos e até outras influências de seres desencarnados. A glândula pineal, sobre a qual voltaremos a tratar em outros textos, que é muito pouco estudada pela Medicina, teria papel essencial na emanação dessa faculdade.

No item 159 do Livro dos Médiuns, está dito que são raras as exceções de pessoas que não têm esse “canal” aberto para o mundo espiritual ao menos em estado rudimentar:

“159. Toda pessoa que sente a influência dos Espíritos, em qualquer grau de intensidade, é médium. Essa faculdade é inerente ao homem. Por isso mesmo não constitui privilégio e são raras as pessoas que não a possuem pelo menos em estado rudimentar. Pode-se dizer, pois, que todos são mais ou menos médiuns. Usualmente, porém, essa qualificação se aplica somente aos que possuem uma faculdade mediúnica bem caracterizada, que se traduz por efeitos patentes de certa intensidade, o que depende de uma organização mais ou menos sensitiva”.

Normalmente, o que se entende por médium no dia a dia é aquele chamado no meio espírita de “médium ostensivo”, alguém com faculdades muito evidentes, que lhe permitem ver ou ouvir os Espíritos, ou ainda que permitam aos Espíritos escrever (psicografia) ou falar (psicofonia) por meio dele.

A mediunidade está, contudo, muito mais no dia a dia humano do que se pensa. Muitos há que podem enxergar campos magnéticos em torno das pessoas, vendo uma tênue linha de energia em volta do corpo (ex. a aura). Outros podem sentir, durante uma meditação ou outra atividade relaxante, formigamentos na pele, pressões na cabeça ou outras reações físicas decorrentes da conexão com Espíritos.

Muitos há que chegam em determinado local e sentem uma vibração ruim nele, descobrindo depois que algo negativo acontecia ali. Muitos há que sentem uma vibração ruim em certas pessoas e depois descobrem que ela estava passando por problemas ou que carrega muitos pensamentos negativos.

Acima de tudo, a mediunidade que a maioria tem é uma sensibilidade em relação às vibrações de outros Espíritos encarnados e desencarnados, que permite receber deles influências e ser até mesmo dirigido. Na pergunta 459 do Livro dos Espíritos, que Kardec faz a um Espírito, ele responde assim:

“459. Influem os Espíritos em nosso pensamentos e em nossos atos?

- Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem”.

Até pelo fato de se saber que todos têm um guia espiritual, é preciso que se tenha a mediunidade para haver influência por parte desse guia na vida do indivíduo. Muitas vezes, é ele quem nos dirige. Outras vezes são Espíritos menos evoluídos, que buscam satisfazer seus desejos, como vingança, diversão, vícios em álcool, fumo ou outras drogas etc.

A compreensão da mediunidade é fundamental para que os indivíduos possam se conectar cada vez mais com Espíritos, encarnados ou desencarnados, que sejam evoluídos, pois um dos fatores elementares da mediunidade é abrir o ser para um magnetismo em relação aos demais seres. Todos nós, encarnados ou desencarnados, nos atraímos ou repelimos por sintonia das vibrações.

Há diversos tipos de mediunidade, muitos deles catalogados em O Livro dos Médiuns, que é resultado de anos de observações realizadas por Kardec em reuniões mediúnicas, contando com esclarecimentos de Espíritos superiores, os quais assinam muitas das comunicações transcritas na obra.

Não iremos mais adentrar em questões sobre a existência ou não de Espíritos ou de mediunidade, pois cabe a cada um pesquisar e tirar suas próprias conclusões. Focaremos na proposta principal deste blog que é, por uma visão científica, estudar a espiritualidade de modo a ajudar as pessoas a interagirem melhor com ela, realizando progressos em suas vidas.

Para quem tiver curiosidade sobre o tema, a literatura sobre ele é vastíssima. Ver, por exemplo, a obra Recordações da Mediunidade, de Yvonne Pereira, cujo trecho interessante destacamos abaixo:

“Aos 4 anos eu já me comunicava com Espíritos desencarnados, pela visão e pela audição: via-os e falava com eles. Eu os supunha seres humanos, uma vez que os percebia com essa aparência e me pareciam todos muito concretos, trajados como quaisquer homens e mulheres. Ao meu entender de então, eram pessoas da família, e por isso, talvez, jamais me surpreendi com a presença deles. Uma dessas personagens era-me particularmente afeiçoada: eu a reconhecia como pai e proclamava como tal a todos os de casa, com naturalidade, julgando-a realmente meu pai e amando-a profundamente. Mais tarde, esse Espírito tornou-se meu assistente ostensivo, auxiliando-me poderosamente a vitória nas provações e tornando-se orientador dos trabalhos por mim realizados como espírita e médium. Tratava-se do Espírito Charles, já conhecido do leitor por meio de duas obras por ele ditadas à minha psicografia: Amor e ódio e Nas voragens do pecado” (p. 30).

A resposta comum dos que não compreendem o assunto é pensar que uma afirmação como essa acima é obra da imaginação ou de peças que a consciência prega nas pessoas, porém essa conclusão é de logo afastada pelo caráter inteligente das comunicações obtidas desses seres invisíveis, que transmitem ideias importantes, das quais muitas vezes ninguém mais tinha conhecimento, a não ser aquele indivíduo encarnado a quem o Espírito se refere como sendo a mesma pessoa.

Os Espíritos, frequentemente, sabem de fatos de que apenas nós mesmos temos conhecimento, ou dos quais nem nós mesmos nos lembrávamos, sendo que eles nos rememoram para poder nos ajudar, nos ensinar algo.

Muitos casos atribuídos, portanto, hoje à esquizofrenia, a alguma espécie de loucura ou demência pela Medicina são, na verdade, espirituais e precisam ser tratados como tal. O desconhecimento do mundo invisível tem levado muitos à depressão e até ao suicídio, cujos números são hoje alarmantes, denotando que a sociedade está doente e que há uma falha grave na Medicina atual.

Como para muitos é, de fato, difícil de crer nos Espíritos e na sua influência sem uma prova mais material, não custa, então, ao menos levar aqueles que sofrem de algum mal desse tipo até um local onde se trabalhe com a espiritualidade e que possa prestar algum tipo de ajuda, mantendo o tratamento médico, nem que seja para causar um efeito placebo, que a própria Medicina reconhece. Se não houver qualquer efeito no tratamento espiritual, basta esquecê-lo e continuar o tratamento médico normalmente.

Nunca se deve deixar o tratamento indicado pelo médico, mas agregar outros é aconselhável, dado que a Medicina, como toda ciência, vem progredindo vagarosamente. Desde muitos séculos antes de Cristo, os médicos sangravam os indivíduos pressupondo que eles se curariam de suas doenças, colocando o mal para fora por meio do sangue. Essa era a forma de tratamento mais avançada para tratar muitas doenças, segundo a ciência, até o século XIX, ou seja, há menos de 200 anos.

Hoje, com a evolução da Medicina enquanto ciência, descobriu-se que a sangria terminava causando a morte de muitas pessoas que poderiam ser curadas, tendo se restringido o tratamento a casos muito específicos em que é preciso descoagular o sangue de uma região ou reduzir nele a quantidade de ferro.   

Deste modo, como em qualquer outra ciência, e isso será cada vez mais rápido, dentro do período de um século muito do que se tinha por verdade irrefutável passa a ser considerado uma enorme bobagem. O mesmo acontecerá brevemente com o materialismo, pois o processo já está em marcha.

Yvonne do Amaral Pereira é uma das provas de que a mediunidade é um conjunto de faculdades que, quando bem desenvolvidas, podem gerar efeitos que a maioria dos humanos caracterizaria como miraculoso. Sua vida foi repleta de provas, assim como a de muitas outras pessoas que passam por situações parecidas, mas não descobrem que são médiuns, muitas vindo a se suicidar pela sucessão de perturbações que acaba enfrentando.

A vida de Dona Yvonne, como é também conhecida, foi, por exemplo, marcada por experiências de morte aparente, que quase lhe levaram a ser enterrada viva quando tinha apenas um mês de vida, e se repetiram mais tarde:

“Certa noite, inesperadamente, verificou-se o fenômeno de transporte em corpo astral, com a característica de morte aparente. Felizmente para todos os de casa, a ocorrência fora em hora adiantada da noite, como sucede nos dias presentes, e apenas percebido pela velha ama que dormia conosco e que fora testemunha do primeiro fenômeno, no primeiro mês do meu nascimento. Pôs-se ela então a debulhar o seu rosário, temerosa de acordar os de casa, o que não a impediu de me supor atacada de um ataque de vermes e por dando-me vinagre a cheirar; mas como o alvitre se verificara infrutífero para resolver a situação, preferiu as próprias orações, o que, certamente, equivaleu a excelente ajuda para a garantia do transe. Somente no dia seguinte, portanto, o fato foi conhecido por todos, por mim inclusive, que me lembrava do acontecimento como se tratasse de um sonho muito lúcido e inteligente” (p. 35).

Um dos maiores especialistas em doenças decorrentes da não educação da mediunidade ou da compreensão dos aspectos espirituais da consciência humana é Adolfo Bezerra de Menezes (1831-1900), que foi médico, político, espírita, dentre outras atividades. Sua vida está retratada no filme “Bezerra de Menezes – O Diário de um Espírito”, que pode ser encontrado aqui: https://www.youtube.com/watch?v=JD52pssheVA.

Vários médiuns escreveram muitos textos atribuídos ao Espírito Bezerra de Menezes, inclusive Dona Yvonne. Sobre os efeitos danosos da mediunidade e da não compreensão da influência da espiritualidade sobre a consciência humana, ela diz o seguinte, com base no Dr. Bezerra:

“O Espírito Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, a quem tanto amamos, observou, em recentes instruções a nós concedidas, que nos manicômios terrestres existem muitos casos de suposta loucura que mais não são que estados agudos de excitação da subconsciência recordando existências passadas tumultuosas, ou criminosas, ocasionando o remorso no presente, o mesmo acontecendo com a obsessão, que bem poderá ser o tumulto de recordações do passado enegrecido pelos erros cometidos, recordações indevidamente levantadas pela pressão da vítima de ontem transformada em algoz do presente. Muitos chamados loucos, e também certo número de obsidiados, costumam asseverar que foram esta ou aquela personalidade já vivida e fizeram isto ou aquilo, narrando, por vezes, atos deploráveis” (p. 39).

É amplamente sabido que a Medicina ainda não explica uma porção de casos de loucura e usa, inclusive, tratamentos agressivos, que não obtêm resultado em muitas das situações. Não havendo uma compreensão dos aspectos espirituais dessas doenças, não se avançará.

“Não obstante, existem também homens que recordam suas vidas passadas sem padecerem aqueles desequilíbrios, conservando-se normais. Os médiuns positivos, ou seja, que possuam grandes forças intermediárias (eletromagnetismo, vitalidade, intensidade vibratória, sensibilidade superior, vigor mental em diapasão harmônico com as forças físico-cerebrais), serão mais aptos do que o normal das criaturas ao fenômeno de reminiscências do passado, por predisposições particulares, portanto. Assim sendo, e diante do vasto noticiário que produzimos acerca do empolgante acontecimento, temos o direito de deduzir que o fato de recordar o próprio passado reencarnatório é uma faculdade que bem poderá ser mediúnica, que, se bem desenvolvida e equilibrada, não alterará o curso da vida do seu possuidor, mas, se ainda em elaboração e prejudicada por circunstâncias menos boas, causará lamentáveis distúrbios, tal a mediunidade comum, já que o ser médium não implica a obrigatoriedade de ser espírita” (p. 40).

Nota-se, desses trechos da obra de Dona Yvonne, a seriedade dos fenômenos mediúnicos e dos demais aspectos espirituais sobre a mente humana. A ciência precisa se dedicar a eles, buscando os métodos de tratamento mais eficazes para evitar o sofrimento de milhares de pessoas em todo o mundo.

Veremos em textos seguintes mais experiências de Dona Yvonne e de outros médiuns sobre as repercussões da espiritualidade, especialmente da mediunidade, na vida humana encarnada.