sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Dia "feliz" para o Brasil deu origem à atual crise no país


Não era sequer para a Seleção Brasileira de Futebol participar da Copa da Coreia do Sul e Japão de 2002. A seleção, sem entrosamento e com jogadas medíocres e fracas, não parecia preparada para vencer, em 2001, as Eliminatórias para a Copa.

Já não estava sequer preparada para o "penta", conquistado no evento da Federação Internacional de Futebol Association, mas tudo foi feito para a "vitória" que foi fácil demais, apesar de todo o oba-oba da grande mídia esportiva, ou mesmo da geral, sobre a "merecida conquista" dos jogadores brasileiros.

O "dia mais feliz para o Brasil", que representou ainda o óbito "discreto" do "iluminado" Chico Xavier, tornou-se alvo de investigação de jornalistas sérios, que descobriram que o "penta" não passou de uma farsa para aumentar os poderes de Ricardo Teixeira, então presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), no conselho da FIFA.

O dia só foi feliz, mesmo, para Ricardo, João Havelange, José Maria Marín e outros espertalhões que usam o futebol como forma de alimentar suas fortunas pessoais, lançando mão até mesmo de empresas fantasmas e alianças espúrias. Até mesmo os "admiráveis" amistosos de futebol são apenas formas de superfaturamento às custas de partidas sem qualquer propósito competitivo.

Não é preciso dizer, passados 13 anos, que a "conquista" foi o "ponto zero" da atual crise que atinge o país, em que cortes de gasto violentos são feitos pelo Governo Federal e o desemprego, mais uma vez, se agrava enquanto retrocessos atingem todos os Estados, embora, de maneira surpreendente, no hoje decadente Sul e Sudeste.

E como é que se deu essa crise? Simples. Com um Brasil sem uma qualidade de vida plena, sem resolver as suas desigualdades sociais, foi preparar espetáculos como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 motivados pelo "penta" que criou um otimismo surreal e fantasioso de uma prosperidade que não existe.

Afinal, se o governo Lula, nos seus primeiros anos, sinalizava para conquistas sociais, a verdade é que era apenas o começo de uma longa caminhada e não o fim da mesma. Mesmo medidas como as cotas raciais nas Universidades e o Bolsa-Família, válidos apenas para minimizar crises extremas, eram apenas paliativos que não são a conquista plena de qualidade de vida.

Era apenas o começo de um longo percurso e ele foi atropelado por eventos internacionais de ponta, sem que o país tivesse condições para tanto. Pior: além de criar uma onda de eventos caríssimos de grande porte, como eventos esportivos e musicais, o Brasil sofreu diversos retrocessos por conta da farra político-empresarial trazida pelo "orgulho do penta".

Projetos de mobilidade urbana que nada têm a ver com mobilidade foram impostos no Rio de Janeiro e daí espalhados pelo resto do país, com medidas antipopulares que causam confusão, transtornos e que só servem para enganar o turista com um sistema de ônibus mais marcado pelo sensacionalismo do que pela funcionalidade.

Até a cultura é sabotada com fenômenos cada vez mais postiços de "cultura popular" e cada vez mais voltados à imitação do que aconteceu nos EUA anos atrás. A MPB é reduzida a um festival interminável de homenagens que se tornam cansativas. O rock transforma-se em caricatura através de "rádios rock" postiças (a paulista 89 FM e a carioca Rádio Cidade). E o cinema e teatro brasileiros cada vez mais voltados ao mais baixo besteirol ou às franquias americanizadas.

Tudo acaba se voltando para o consumismo e para um urbanismo de aparências. A cidadania só se limita a aspectos genéricos e pontuais. A demagogia política torna-se mais intensa e ambiciosa. A tecnocracia e a comunidade acadêmica, cada vez mais alheios à sociedade, impõem modelos e abordagens diversos.

Com a Copa de 2014 transformada em fiasco, não só pelo desempenho da seleção brasileira de futebol, mas pelo prejuízo causado com tantas obras sem muita necessidade. o prejuízo financeiro veio a ponto do governo Dilma Rousseff ser alvo de movimentos ou mesmo petições por impeachment, diante de tamanha indignação de parte da sociedade.

Tudo isso contrariam as "seguras profecias" de Chico Xavier e tiveram origem justamente no dia "feliz" do "penta". Isso porque a mediocridade do futebol, tornando-se vitoriosa, se ampliou para uma mediocridade em outros aspectos que acabou causando o colapso generalizado que atinge nosso país e que obriga todos nós a conter gastos e, principalmente, nossos anseios. O "penta" fez mal.

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