MÍDIA HEGEMÔNICA USA O ROQUEIRO INGLÊS MICK JAGGER PARA DEFENDER QUE TRABALHADORES BRASILEIROS SE APOSENTEM MAIS TARDE.
Talvez a reforma da Previdência Social tenha de dar errado mesmo, quando a mídia solidária ao governo Michel Temer - aquelas corporações de Comunicação que atingem o grande público mas vivem de interesses elitistas e privados - comete uma gafe, e não qualquer gafe.
A escolha de Mick Jagger, roqueiro inglês que comanda os Rolling Stones, como capa da revista Exame, do Grupo Abril, pode gerar um sabor bem amargo para os plutocratas que defendem que os trabalhadores continuem ativos até morrer: 65 anos de idade (igualmente para homens e mulheres) e 49 de contribuição previdenciária.
Mick Jagger é considerado "pé frio" para o futebol e para medidas consideradas reacionárias. Ele é um dos remanescentes de um cenário da música internacional em que a rebeldia era mais do que um gesto, era uma forma da juventude mostrar que é capaz de pensar, lançar ideias, movimentos sociais e produzir cultura. Os Rolling Stones são contemporâneos dos Beatles e Who, entre tantos outros que criaram a "invasão britânica" que sacudiu a música jovem no mundo inteiro.
Isso é irônico quando vemos que a rebeldia do rock, no Brasil, se reduziu a uma formalidade de gestos, roupas e vocabulários de uma parcela de jovens abertamente reacionária. Desde que os espaços de divulgação da cultura rock se reduziram, a partir dos anos 90, a modelos reacionários como os da hoje extinta Rádio Cidade (RJ) e da ainda ativa 89 FM (SP), na verdade clones da Jovem Pan que tocam "sucessos do rock", ser roqueiro deixou de ser sinônimo de contestação e ativismo.
E isso acompanha setores da sociedade cada vez mais reacionários, expressando seus preconceitos sociais abertamente, pouco se importando se o povo pobre terá que ganhar menos e até os idosos terão que trabalhar até o fim da vida, e isso com a grande mídia manipulando as mentes, distorcendo os fatos e criando falácias de toda ordem para forçar o apoio do povo aos retrocessos sociais que prejudicam o próprio povo.
Afinal, é muito diferente ver senhores de 70 anos fazendo rock, praticamente seu hobby - os Rolling Stones, recentemente, lançaram um disco de blues que demoraram a fazer, tão dedicados pela qualidade de seu trabalho - e idosos brasileiros dando duro no batente, em atividades nem sempre agradáveis e muito desgastantes, e que, em vez do respaldo animado da plateia, há a reação irritada de patrões que exigem produtividade rápida.
A grande mídia já fez muita falácia para forçar o povo a aceitar a chamada PEC dos Gastos Públicos, que congelará por vinte anos as verbas destinadas a Educação, Saúde e outros setores. A ideia é forçar um sufocamento dos orçamentos públicos, forçando as instituições a recorrerem à iniciativa privada, que nem está aí para o interesse público, preferindo seus lucros em primeiro lugar.
O Brasil vive um momento bastante delicado, em que pessoas de repente perderam o medo de assumir preconceitos sociais racistas, machistas, misóginos, homofóbicos, elitistas e tantos outros. É uma situação surreal, porque não se imaginava que uma boa parcela dos brasileiros, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, fosse assumir tão abertamente seu reacionarismo.
É asusstador, por exemplo, ver que o neonazismo no Brasil conta com pelo menos 150 mil seguidores. Que internautas podem xingar negros livremente nas redes sociais. Que cyberbullies podem atrair apoio para suas campanhas de ataques e humilhação de inocentes, sobretudo criando blogues de ofensas. E isso como se não bastassem homens tirando a vida de mulheres sob o pretexto de defender a "honra masculina" e "valores como a Família e o Casamento".
É claro que esse reacionarismo não é de hoje e ele é um "vulcão ativo" desde os tempos do general Ernesto Geisel e sua "democracia ideal" segundo os pontos de vista das elites dominantes. Através do governo deste general da ditadura militar, falecido há cerca de duas décadas, a sociedade defende um modelo de "democracia controlada", na qual só se amplia o direito de expressão para uma classe média solidária aos mais ricos e poderosos, enquanto o povo pobre continua reprimido e oprimido.
A sociedade dominante parece nunca ter engolido o fim de 1974. Para ela, 1974 ainda não acabou e tentam voltar a esse ano até de maneira bem mais radical do que era na época, e isso conta com o apoio de veículos de mídia cujos donos vivem em fortunas exorbitantes.
Ver que, enquanto os cidadãos médios ficam reclamando das fortunas dos deputados, senadores e servidores públicos, mas ficam coniventes com as fortunas exorbitantes, de arrancar os cabelos de qualquer um, dos donos da Rede Globo de Televisão, é um dado ainda mais preocupante.
Os irmãos Marinho (João Roberto, José Roberto e Roberto Irineu) são donos de fortunas faraônicas, acumulando dinheiro de tudo quanto é canto: verbas públicas (inclusive Lei Rouanet e intensificadas pelas "mesadas" do presidente Michel Temer), sonegação de impostos, anunciantes e contas bancárias em paraísos fiscais (que cobram poucas taxas e trazem rendimentos amplos e rápidos). E há quem diga que os Marinho também tiram para si umas boas fatias do Criança Esperança!
Fortunas semelhantes também envolvem as famílias Frias, da Folha de São Paulo, Mesquita, de O Estado de São Paulo, e Civita, do Grupo Abril, que editam Exame e Veja. Empresários detentores de fortunas exorbitantes mas que se dizem, com muita hipocrisia, "amigos da sociedade e do cidadão comum".
Ninguém reclama disso. Os irmãos Marinho se enriquecem de maneira astronômica, controlando as mentes das pessoas - o Jornal Nacional, de tão mentiroso, parece uma obra de ficção, sendo, segundo muitos, a nova "novela das oito" da TV brasileira (a outra virou "novela das nove") - e as pessoas se resignam, mesmo quando o valor das fortunas dos três irmãos empresários ultrapassam os valores de políticos e funcionários públicos, valores grandes mas "modestos" diante das fortunas dos Marinho.
A Rede Globo também está associada à promoção direta dos ídolos do "espiritismo". Reciclou o mito de Francisco Cândido Xavier com base no que um jornalista católico da BBC fez com Madre Teresa de Calcutá. As Organizações Globo puseram fim à antiga animosidade contra Chico Xavier e não só o acolheu definitivamente, a ponto de co-produzir filmes relacionados a ele, como também se responsabilizou para sustentar os mitos "filantrópicos" de Divaldo Franco e João de Deus.
O poder midiático desenha uma sociedade preconceituosa, estereotipada, elitista, moralista etc. Canais concorrentes da Globo, como Record, SBT, Bandeirantes e Rede TV! - e, em tempos antigos, a TV Tupi - , desenhavam uma imagem deturpada e caricatural das classes populares, eliminando delas sua identidade cultural e impondo a elas valores confusos, decadentes e sensacionalistas.
O que a grande mídia hegemônica fez com o Brasil é de uma catástrofe fulminante. A grande mídia desenvolveu preconceitos sociais que hoje são vistos como "progressistas", defendendo interesses conservadores dos mais diversos tipos, mesmo quando eles apontam para supostas subversões comportamentais (como a hiperssexualização de siliconadas como Solange Gomes e Mulher Melão).
A grande mídia atua com um reacionarismo estúpido, manipulando o consciente e o inconsciente coletivo, de forma a tornar distantes os progressos sociais sonhados no começo da década de 1960. Até a rebeldia do rock e o erotismo "provocador" das mulheres é conduzido mais para sustentar valores reacionários do que para promover valores de emancipação e libertação social.
Este é um cenário que deveria ser contestado abertamente e sem complacências. Um bom ponto de partida é contestar as concentrações de renda de banqueiros, barões da grande mídia, políticos do PSDB e similares, não com a resignação hipócrita de admitir que "todos roubam", mas com uma indignação que normalmente se dirige contra o PT, devido à hipnose midiática.
Ver que os irmãos Marinho acumulam as maiores fortunas do país deveria ser algo altamente revoltante. Isso deveria render muitos protestos, a começar pelo próprio abandono do povo aos veículos das Organizações Globo, um boicote que serviria de lição para os três empresários que acham que podem enriquecer de forma abusiva às custas do trabalho do povo.
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