domingo, 6 de março de 2016

"Psicografias" brasileiras mostram armadilhas alertadas por Erasto


Recentemente, foi divulgado um texto, atribuído pelo "médium" carioca Geralcino Gomes, ao espírito de Noel Rosa. Intitulado "Falando com Jesus", o texto visa apenas dar um "exemplo de caridade" em que a narrativa mostra um menino pedindo a Jesus que presente este deseja para o Natal e ele diz que é a ajuda aos pobres.

É uma mensagem aparentemente bem intencionada, mas de forma nenhuma expressa a personalidade de Noel Rosa. Nada se nota da escrita peculiar do poeta de Vila Isabel, nenhuma palavra, nenhuma linha. O fato da mensagem apresentar relatos positivos não significa que ela seja verídica ou autêntica, e o caráter de fraude se indica mesmo diante da aparente bondade das palavras apresentadas.

Tomados de comoção, muitos "espíritas" se irritam quando se revela para eles que a mensagem é fraudulenta. O Brasil, apegado a velhos sentimentalismos e velhos paradigmas em diversos aspectos, não consegue compreender novos problemas que, para o "velho mundo" são antigos e fáceis de se resolver.

O nosso país ainda mantém teimosias diversas, de caráter político, econômico e sócio-cultural, e não consegue resolver problemas e trazer novas soluções sem admitir a necessidade de romper com velhas estruturas. Constrem-se edifícios novos com andaimes velhos e apodrecidos e tudo fica por aí mesmo.

Por isso é difícil ver o quanto de errado está o "espiritismo" brasileiro, fruto mais típico dessa religiosidade viciada, obsessiva e surreal, em que a fé quer estabelecer supremacia sobre a lógica e o bom senso, dentro de um contexto geral em que se dissimulam visões retrógradas com desculpas falsamente progressistas.

As pessoas que seguem o "espiritismo" brasileiro fingem que a doutrina é equilibrada e mantém-se no caminho da coerência. A verdade é que essa coerência não existe e o que vemos não é equilíbrio, mas contradição. Dizer uma coisa e dizer outra depois não é equilíbrio. Não se torna equilibrado seguindo visões e abordagens que se chocam umas com as outras. O discurso fácil acoberta práticas confusas, e aí a coerência não encontra morada nem hospedagem.

O relato atribuído a Noel Rosa é apenas mais um de uma série muito grande de mensagens "espíritas" que mais parecem propagandas religiosas. E ninguém desconfia dessa impressão que as mensagens mostram, de que as pessoas quando vão para o mundo espiritual, viram membros de igreja.

Até parece naquelas ficções em que há um líder ao mesmo tempo esotérico e totalitário, chamado Deus, e um governante também esotérico e moralista, do qual se usa o nome do lendário ativista da Galileia. Pessoas que não vivem fora da monotemática religiosa, que parecem "zumbis do bem".

Que diferença tem 'Nosso Lar' com 'Admirável Mundo Novo'? Nada, a não ser a intenção da obra de Aldous Huxley, que é de contestar e não transmitir um "mundo maravilhoso". O "mundo" de Francisco Cândido Xavier é mais "admirável", neste sentido.

ERASTO VERIA EM CHICO XAVIER UM DOS INIMIGOS DA DOUTRINA DE KARDEC

As mensagens "mediúnicas" de Chico Xavier indicam que as advertências que o espírito de Erasto, discípulo de Paulo de Tarso, deveriam ser levadas a sério e não ser fingidamente aceitas pelos "espíritas". Erasto se dirigia aos deturpadores da Doutrina Espírita, definidos como "inimigos internos", e nesse grupo incluíam tanto Chico Xavier quanto Divaldo Franco e seus seguidores.

Não custa reproduzir o que Erasto advertiu, e que a fantasia dos deturpadores "espíritas" - que se consideram "os verdadeiros espíritas" e até usam em causa própria os alertas de Erasto - tenta acobertar ou desviar o sentido, mas que é um aviso para a sociedade brasileira tomar muito cuidado com essa "doutrina e amor e de luz":

"Os médiuns levianos, pouco sérios, chamam, pois, os Espíritos da mesma natureza. É por isso que as suas comunicações se caracterizam pela banalidade, a frivolidade, as idéias truncadas e quase sempre muito heterodoxas, falando-se espiritualmente.

Certamente eles podem dizer e dizem às vezes boas coisas, mas é precisamente nesse caso que é preciso submetê-las a um exame severo e escrupuloso. Porque, no meio das boas coisas, certos Espíritos hipócritas insinuam com habilidade e calculada perfídia fatos imaginados, asserções mentirosas, como fim de enganar os ouvintes de boa fé".

Isso está muito claro. Os espíritos levianos acabaram governando o "espiritismo" feito no Brasil, a ponto da doutrina trazer más energias e azar. Tal constatação, repetimos, não tem a ver com invejas ou intolerância religiosa, mas observada pelas contradições que o "movimento espírita" tanto lançou, assim como tantas confusões, tantos incidentes, tantos escândalos e irregularidades causadas. Só poderiam trazer más energias, mesmo.

Erasto se dirige contra aqueles que, fingindo concordarem com ele, publicam alegremente seus avisos nas publicações "espíritas", e divulgam em palestras do gênero. Mas concordar com Erasto num momento e depois exaltar Chico Xavier e Divaldo Franco é contradição, porque estes, comprovadamente, se mostraram os "inimigos internos" da Doutrina Espírita, pelas deturpações que eles fizeram de propósito.

As mensagens "espirituais", não bastassem o caráter de fraudes observadas - elas destoam da personalidade do alegado autor espiritual - , elas, mesmo quando trazem as "boas coisas" advertidas por Erasto, mostram fatos imaginados (a "cidade" de Nosso Lar, por exemplo) e asserções mentirosas (como uma série de dogmas e mitos que os "espíritas" brasileiros seguem e Allan Kardec reprovava firmemente), e por isso é recomendável maior cautela.

Em vez disso, o que acontece é um deslumbramento infantil. Pessoas que parecem hipnotizadas imediatamente reagem felizes: "Mensagem linda", "Conforto para a alma", "Exemplo de caridade e de muito amor", "Adorei essa mensagem", "Lindas lições de vida", "Puro amor", "Mensagem que conforta e reanima", "Que bom começar o dia com uma mensagem dessas". E tudo isso vindo de pessoas adultas.

Não há um desconfiômetro e é por isso que o Brasil acaba sendo soterrado pela avalanche de acomodação, mediocridade, imbecilização, já que muitas mentiras literárias deixam-se passar por causa das "mensagens de amor".

Com isso, o nosso país, já com uma cultura decadente, acaba perdendo as boas chances de se desenvolver, pela invigilância, pelo deslumbramento, pela teimosia. A chance de desenvolvimento escapa do Brasil como um sabonete escorregando pelas mãos e caindo num córrego em movimento.

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