segunda-feira, 2 de março de 2015

Erasto previu a calamidade do "espiritismo" brasileiro


Erasto, o discípulo de São Paulo, teria se manifestado em 1862 num dos médiuns consultados por Allan Kardec, em Paris, e havia dado um alerta a respeito de quem seriam os verdadeiros inimigos da Doutrina Espírita.

Sem especificar nomes, até porque ele não quis denominar as pessoas, pois isso não importa, já que o que importa é toda uma série de atitudes, procedimentos e crenças, Erasto, em grave advertência, preveniu que os piores inimigos do Espiritismo estavam dentro da doutrina.

Kardec já havia descrito sobre charlatães e falsos profetas, enumerando desde espíritos traiçoeiros do além até mesmo supostos médiuns que cobravam dinheiro para fazer consultas ou curas, mas sem excluir aqueles que se fazem por "honestos" mas que em dado momento sempre aprontam alguma irregularidade.

Os piores inimigos do Espiritismo, que ensaiaram a deturpação da doutrina de Allan Kardec na própria França, após o falecimento do pedagogo, foram os responsáveis pelo engodo religioso que se constituiu no "movimento espírita" brasileiro.

Que piores inimigos a Doutrina Espírita pode encontrar, senão os "renomados" Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco, roustanguistas que adotam uma postura "suave" e forjam uma reputação de pseudo-sábios, para enganar as pessoas com uma retórica pretensamente fraternal e uma missão supostamente filantrópica?

Através deles e de um rol de seguidores e colaboradores, o "espiritismo" brasileiro trai o cientificismo de Allan Kardec através de um moralismo religioso de moldes medievais, expresso até mesmo em mensagens apócrifas de cartas, livros e até quadros e outros recursos de linguagem que usurpam os nomes dos mortos para dizerem as mesmas pregações.

Toda fraude, todo tipo de mistificação acontece, em que o manto da "caridade" e da "fraternidade" cobrem como um forro comprido a acobertar com sua longa roupagem as sujeiras que se faz em nome do "espiritismo".

Erasto havia prevenido tudo isso, e nada foi feito para fazer a devida prevenção. Pelo contrário: se a França não se escravizou totalmente à leviandade roustanguista, o Brasil se subjugou às suas influências, dentro de todo um rol de mentiras e fraudes engenhosamente armadas de modo que nem a Justiça e nem a Ciência possam derrotar seus lobos fantasiados nos mais tenros cordeiros do bem.

Segue o texto de Erasto, que preveniu, duas décadas antes da fundação da Federação "Espírita" Brasileira, sobre as armadilhas que, no Brasil, fizeram a Doutrina Espírita se transformar num celeiro de "bezerras de ouro", "francos-aliciadores", jesuítas falsamente "kardecizados" e "chiqueiros de mensagens dóceis e meigas":

"Os falsos profetas não existem apenas entre os encarnados, mas também, e muito mais numerosos, entre os Espíritos orgulhosos que, fingindo amor e caridade, semeiam a desunião e retardam o trabalho de emancipação da Humanidade, impingindo-lhe os seus sistemas absurdos, através dos médiuns que os servem. Esses falsos profetas, para melhor fascinar os que desejam enganar, e para dar maior importâncias às suas teorias, disfarçam-se inescrupulosamente com nomes que os homens só pronunciam com respeito.

São eles que semeiam os germes das discórdias entre os grupos que os levam isolar-se uns dos outros e a se olharem com prevenções. Bastaria isso para os desmascarar. Porque, assim agindo, eles mesmos oferecem o mais completo desmentido ao que dizem ser. Cegos, portanto, são os homens que se deixam enganar de maneira tão grosseira.

Mas há ainda muitos outros meios de os reconhecer. Os Espíritos da ordem a que eles dizem pertencer, devem ser não somente muito bons, mas também eminentemente racionais. Pois bem: passai os seus sistemas pelo crivo da razão e do bom-senso, e vereis o que restará. Então concordareis comigo em que, sempre que um Espírito indicar, como remédio para os males da Humanidade, ou como meios de realizar a sua transformação, medidas utópicas e impraticáveis, pueris e ridículas, ou quando formula um sistema contraditado pelas mais corriqueiras noções científicas, só pode ser um Espírito ignorante e mentiroso.

Lembrai-vos, ainda, de que, quando uma verdade deve ser revelada à Humanidade, ela é comunicada, por assim dizer, instantaneamente, a todos os grupos sérios que possuem médiuns sérios, e não a este ou aquele, com exclusão dos outros. Ninguém é médium perfeito, se estiver obsedado, e há obsessão evidente quando um médium só recebe comunicações de um determinado Espírito, por mais elevado que este pretenda ser. Em conseqüência, todo médium e todo grupo que se julguem privilegiados, em virtude de comunicações que só eles podem receber, e que, além disso, se sujeitam a práticas supersticiosas, encontram-se indubitavelmente sob uma obsessão bem caracterizada. Sobretudo quando o Espírito dominante se vangloria de um nome que todos, Espíritos e encarnados, devemos honrar e respeitar, não deixando que seja comprometido a todo instante.

É incontestável que, submetendo-se ao cadinho da razão e da lógica toda a observação sobre os Espíritos e todas as suas comunicações, será fácil rejeitar o absurdo e o erro. Um médium pode ser fascinado e um grupo enganado; mas, o controle severo dos outros grupos, com o auxílio do conhecimento adquirido, e a elevada autoridade moral dos dirigentes de grupos, as comunicações dos principais médiuns, marcadas pelo cunho da lógica e da autenticidade dos Espíritos mais sérios, rapidamente farão desmascarar esses ditados mentirosos e astuciosos, procedentes de uma turba de Espíritos mistificadores ou malfazejos".

ERASTO

Discípulo de São Paulo

Paris, 1862

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