quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

"Profecia" da "data-limite" NUNCA irá se cumprir. Nem se a Terra melhorar


A chamada "profecia da Data-Limite" de Francisco Cândido Xavier já pode ser considerada um grande fiasco, mesmo há pouco mais de um ano de seu prazo, atribuído a 20 de julho de 2019, ano do cinquentenário da viagem de astronautas estadunidenses à Lula.

Foi a partir de um sonho de Chico Xavier, sobre uma suposta reunião de autoridades do Sistema Solar - algumas fontes atribuem ao universo inteiro - , Jesus Cristo, Emmanuel e o próprio Chico, que se deu o suposto aviso de que haveria uma moratória para evitar a Terceira Guerra Mundial.

Seria dado um prazo de 50 anos para a humanidade desenvolver os "princípios cristãos" pois, caso contrário, o mundo passaria por uma onda de desastres humanos e naturais, que dizimariam o Hemisfério Norte e poupariam o Hemisfério Sul, provocando uma migração em massa para a zona meridional, que teria no Brasil sua maior potência político-religiosa. O sonho só foi revelado em 1986, por Geraldo Lemos Neto e Marlene Nobre, com base em conversas com Chico Xavier.

A "profecia" aponta uma série de erros geológicos e sociológicos. Ela anuncia terremotos e erupções vulcânicas que eliminariam o Japão, o México e os Estados do Havaí e da Califórnia, nos EUA, mas poupariam o Chile que, integrando com os demais citados o grupo geológico do Círculo de Fogo do Pacífico, naturalmente desapareceria junto com os países do Norte com áreas vulcânicas e atividade sísmica intensa.

No âmbito sociológico, Chico Xavier teria previsto, num erro grotesco e desnecessário, que os povos eslavos migrariam para o Nordeste brasileiro. Ele se esqueceu que já houve colonização de eslavos no Brasil, e ela se deu no Sul do país, a maior parte no Paraná. Xavier também cometeu a gafe de dizer que os estadunidenses migrariam para a Amazônia para fins de residência, pois é evidente que, sociologicamente, eles migrariam para o Sudeste, sobretudo o eixo Rio-São Paulo.

DIVALDO FRANCO E EURÍPEDES HIGINO - O primeiro apoia a "profecia", o segundo não.

A "profecia" não é unanimemente aceita pelos seguidores de Chico Xavier. Ela é corroborada por uma parcela de "espíritas" como o escritor e produtor Juliano Pozati, que criou um livro e documentário com base no livro de Geraldo e Marlene, Não Será em 2012, e o próprio Divaldo Franco é defensor de crendices como esta, de forte apelo místico, e nela inseriu suas fantasias pessoais em torno do modismo estadunidense das "crianças-índigo".

O "médium" baiano radicado em Brasília, Ariston Teles, chegou a enviar uma mensagem supostamente psicofônica, atribuída ao próprio Chico, negando tal "profecia". Quem contesta esta tese alega que ela é fatalista e Chico seria "incapaz de prever conflitos bélicos". O "filho adotivo" de Chico, Eurípedes Higino, também tem dúvidas sobre essa tese. Se bem que essa "profecia" é plausível porque Chico a divulgou em outras oportunidades.

Uma foi através do livro que teria sido ditado por Emmanuel, A Caminho da Luz, de 1938, que já "previa" a reunião de 1969 para "discutir os rumos futuros da humanidade". Outra foi a própria entrevista no Pinga Fogo, na TV Tupi de São Paulo, em que Chico Xavier também falava de predições semelhantes.

Devemos também nos lembrar que o próprio livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, escrito por Chico Xavier e Antônio Wantuil de Freitas - apesar do crédito tendencioso do nome de Humberto de Campos - é uma parte dessa aparente "profecia", aliás a sua meta final. Ela vem de um devaneio típico de caipira mineiro, sonhando em ver o Brasil comandando o mundo, nem que seja com a ajuda de extra-terrestres.

DESACORDO COM A DOUTRINA ESPÍRITA

Tais "profecias" estão em completo desacordo com a Doutrina Espírita. Allan Kardec definiu como "indício de mistificação" a presunção de determinar datas futuras para fatos decisivos. O pedagogo francês reprovava essa prática, por estar contra a lógica e o bom senso.

A suposta profecia de Chico Xavier, além de dividir seus seguidores - algo que contraria a promessa de "unificação" do "movimento espírita", mostrando o quanto a deturpação do Espiritismo nada tem da verdadeira fraternidade que alega defender - , cria um clima de ansiedade, beatitude e fanatismo religioso, muito mal disfarçado de "conhecimento científico-filosófico", por causa de um engodo que mistura Filosofia, Psicologia e Geologia com Religião, Astronomia, Horóscopo e Ocultismo.

O "espiritismo" brasileiro tenta defender a união em torno dos deturpadores. Faz um discurso defendendo a "fraternidade", a "conciliação", a "reconciliação" e a "misericórdia", mas sempre em torno dos deturpadores, sempre como uma forma de consentir que uma parcela de supostos espíritas façam o que queiram com a Doutrina Espírita, mesmo que seja para inserir devaneios esotéricos, como se vê nesse profetismo barato da "data-limite".

CHICO XAVIER E DIVALDO FRANCO NUNCA ESTARÃO COM A RAZÃO

O que na verdade acontecerá é algo que sempre aconteceu, grandes conflitos de interesses que podem puxar a humanidade para o progresso ou retrocesso. Nada mais. Não haverá grandes e rápidas transformações, porque a ação dos que sempre "puxarão o tapete" sempre acontecerá, a não ser que a chamada "maioria silenciosa" passe a repudiar tais ações.

Mesmo que a Terra possa realizar algum progresso humanitário significativo, mesmo assim não será desculpa para dar razão a Chico Xavier e, por associação, a Divaldo Franco. Nem em (novos) sonhos. Isso por duas grandes razões.

Primeiro, o progresso da humanidade irá ocorrer de maneira bastante diferente da que os dois "médiuns" tanto sonharam. Sobretudo se percebermos que o crescimento do "espiritismo" brasileiro, na sua forma igrejeira, não se realizará, nesse momento de crise extrema. E o Brasil não será o "coração do mundo" nem "pátria do Evangelho", e isso, por incrível que pareça, é bom.

É verdade que o Brasil anda decaindo como nação, com a retomada ultraconservadora que ocorreu há dois anos e tenta se consolidar eleitoralmente esse ano. Um exemplo é a ampla aceitação do patético Jair Bolsonaro, sobretudo entre os cariocas (transformados em vergonha nacional com os vícios contraídos nos últimos 25 anos: cyberbullying só para humilhar quem discorda de um ponto de vista, voto em políticos reacionários, conformação com medidas paliativas, submissão a tecnocratas, consumismo exagerado e apego à mesmice cultural).

Perde-se as riquezas nacionais, vendidas a preço de banana para os empresários estrangeiros (insensíveis com as necessidades do povo brasileiro). São alteradas leis trabalhistas que degradam o mercado de trabalho e o cotidiano profissional dos brasileiros. O golpismo político de 2016, defendido pelo "movimento espírita", tende a transformar o Brasil num sub-país submisso aos EUA, como hoje é Porto Rico, com o agravante de ser o terceiro maior país do continente americano.

Com isso, embora o Brasil se mantenha numa posição subalterna na comunidade das nações, perdendo a antiga boa projeção mundial, tendo se tornado a vergonha planetária depois do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, pelo menos o risco da supremacia político-religiosa do projeto "Brasil Coração do Mundo, Pátria do Evangelho" foi por água abaixo.

Ainda bem. Embora esse projeto seja anunciado como se fosse uma coisa maravilhosa, é o mesmo conto da nação que vai mandar no mundo. Um outro imperialismo, uma outra tirania, que não é por ser o nosso país que iremos defender, sob a desculpa de que somente os imperialismos dos outros é que são cruéis.

O projeto "Brasil Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", comparado ao império capitalista dos EUA e ao império nazista de Adolf Hitler, remete ao plano, inspirado em Os Quatro Evangelhos de J. B. Roustaing (que previa a restauração do Catolicismo medieval sob o nome de "espiritismo" e a escolha de um país predestinado para realizar a tarefa) e na herança jesuíta do "movimento espírita", que restauraria o Império Romano e o Catolicismo da Idade Média em solo brasileiro.

O enunciado não prevê, evidentemente, atrocidades, mas a forma com que, no futuro, o dominante "movimento espírita", nessa hipótese, lidará com o "outro" que não seguir os desígnios "cristãos" da religião hegemônica, será cruel. É o que ocorreu com os hereges da Idade Média, vítimas de vários tipos de assassinatos.

O "movimento espírita" poderá alegar motivações "justiceiras" com base nas teses de "resgates coletivos", "dívidas morais" ou "reajustes espirituais". Quem garante que não haverá novos Torquemadas na "pátria do Evangelho", se observarmos que uma boa parcela dos brasileiros quer ver o truculento Bolsonaro governando o país?

O fiasco desse projeto, portanto, é um grande alívio. Nenhuma patriotada brasileira, supostamente favorável ao nosso país, pode se colocar acima do mundo. Por esses e outros aspectos, a suposta "profecia" da "data-limite segundo Chico Xavier" NUNCA irá se cumprir, nem se a Terra melhorar.

A melhoria da Terra ocorrerá da forma que as circunstâncias se derem, e elas não "obedecerão as ordens" de uma dupla de igrejeiros que se afirmaram como "médiuns espíritas", porque eles não são os possuidores da verdade, e, portanto, não serão eles os senhores do futuro. E, se alguém tentar dar razão a Chico e/ou Divaldo, daqui a pouco vamos dar razão até ao mané do botequim da esquina, e aí vai virar bagunça. O futuro da humanidade não tem donos.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

A "caridade" espetacularizada do "espiritismo" que prega a aceitação do sofrimento humano


O "espiritismo" brasileiro, de caráter igrejeiro e moralista, paga por suas próprias más escolhas. Tenta abafar e sonegar as próprias consequências de seus atos, como a decadência vertiginosa que sofre, só aparentemente amenizada pela grande blindagem que os "médiuns espíritas" recebem da sociedade, superando a tão manjada blindagem aos tucanos (políticos do PSDB).

Essa blindagem, no entanto, não está resolvendo a crise que atinge o "movimento espírita" nos últimos anos, pois muitos incidentes estão revelando irregularidades graves que a carteirada religiosa dos "médiuns espíritas" não consegue dissimular.

Mesmo incidentes cometidos por "espíritas comuns", como o processo judicial movido contra o "médium" de menor expressão Woyne Figner Sacchetin e outro processo contra uma pediatra de Rondonópolis, que acusou uma paciente de oito anos, vítima de estupro pelo próprio tio, de ter sido uma cortesã em outra vida, também são um aviso para os "médiuns" mais renomados, acusados de juízos de valor perversos.

Mesmo Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco, aparentemente considerados "unanimidades" até fora do "movimento espírita" e admirados até por uma parcela de pessoas que se dizem "ateias", também fizeram juízos de valor da mais extrema (sim, isso mesmo) gravidade, contra pessoas humildes e feita ao arrepio de qualquer ensinamento do Espiritismo.

Chico Xavier acusou as vítimas do incêndio do Gran Circo Norte-Americano em Niterói, ocorrido às vésperas do natal de 1961, de terem sido romanos sanguinários da Gália do século II. O fato de Chico ter atribuído a acusação a Humberto de Campos (Irmão X), através do livro Cartas & Crônicas, de 1966, só piora as coisas para o anti-médium mineiro.

Divaldo Franco acusou os refugiados do Oriente Médio, que enfrentavam tragédias na fuga de países em confrontos bélicos, de terem sido "colonizadores sanguinários" que exterminaram civilizações antigas da América Latina. O juízo de valor foi dito em tom de mansuetude, o que torna ainda mais grave o dedo acusador do anti-médium baiano.

Abafar esses pontos sombrios, além de outros pontos ainda mais reacionários - a homofobia de Chico e Divaldo, a defesa do primeiro à ditadura militar e a do segundo, à Operação Lava Jato (que levou ao golpismo político de 2016, apoiado pelo "movimento espírita") - através de alegações à "caridade" e ao "amor ao próximo" não fazem sentido, porque nem essa "caridade" trouxe resultados satisfatórios para os brasileiros.

Não adianta atribuir o fracasso da "caridade espírita" ao suposto desprezo aos "ensinamentos" de Chico e Divaldo ou à suposta falta de recursos para as instituições "espíritas". No primeiro caso, isso não procede porque Chico e Divaldo são até supervalorizados acima dos limites imagináveis, e, no segundo, eles são tão festejados que as elites se dispõem a lhes oferecer prêmios e homenagens - póstumos, no caso de Chico - que poderiam também resultar em boas verbas privadas.

As instituições "espíritas" recebem recursos suficientes para, em tese, promover alguma revolução social. Não há como desmentir, esse é o compromisso que o "movimento espírita", pela grandeza em que se julga situar, com base no prestígio em dimensões faraônicas dos "médiuns", assumiu mas sempre arruma desculpas quando não conseguem cumprir as tarefas prometidas.

A chamada "caridade espírita", na verdade, se nivelou à mesma filantropia espetacularizada dos programas de televisão, uma "caridade de fachada" que hoje se observa em programas como o Caldeirão do Huck, de Luciano Huck, admirador confesso de Chico Xavier a ponto de ter feito uma edição do quadro Lata Velha na cidade natal do "médium", Pedro Leopoldo.

A "caridade espírita" fracassou porque o Brasil não atingiu o tão prometido nível de desenvolvimento. Às vésperas da tal "data-limite" de Chico Xavier, simplesmente não vimos sequer uma luz distante no fim do túnel, e o Brasil sofre uma piora muito grande no aspecto social, econômico e político. Nem a "prevista" ascensão da Petrobras se deu: hoje a empresa se encolhe aos poucos com as vendas de seu espólio e de suas reservas minerais diversas.

Além disso, ao considerar que o "espiritismo" brasileiro defende a Teologia do Sofrimento, nota-se os limites dessa "caridade". A defesa de Chico Xavier, em sua linha de pensamento, mesmo em mensagens que levam o nome de terceiros (como Auta de Souza, Humberto de Campos, Casimiro de Abreu e muitos outros), mas que refletem a opinião pessoal do "médium", refletem essa inclinação à Teologia do Sofrimento, mais influente no "movimento espírita" do que a obra de Allan Kardec.

Chico Xavier era bem claro: "aceite o sofrimento calado, sem mostrar o sofrimento para outrem, sem fazer queixumes". A desculpa era que "tudo passaria", embora não se sabe quanto. Seus seguidores chegavam mesmo a investir em teorias ainda mais aberrantes: "combater o inimigo que está em você mesmo", "amar o sofrimento como se fosse uma mulher querida" ou "abrir mão até do necessário visando as bênçãos futuras".

Isso vai contra muitos princípios da evolução espiritual e sugere moralismo materialista. Afinal, a ideia de aceitar o sofrimento é materialista: impede a pessoa de intervir nos arbítrios da matéria, pois o sofrimento extremo sempre está relacionado com algum infortúnio imposto pela vida material. O espírito se torna impotente em intervir em tais ocasiões e perde a encarnação inteira sem poder se evoluir espiritualmente.

O sofrimento extremo acaba sufocando a alma e criando pessoas rancorosas, deprimidas e até mesmo traiçoeiras, gananciosas e perniciosas. A ideia de "combater o inimigo em si mesmo" cria uma contradição no moralismo "espírita" porque, apesar do "espiritismo" brasileiro condenar o suicídio, acaba incitando ao suicídio por causa da ideia de supor que o sofredor é "seu próprio inimigo", o que pode ser interpretado como um estímulo ao ato suicida que essa religião diz reprovar.

Além do mais, há muitas dúvidas sobre as tais "bênçãos futuras", vide o moralismo igrejista do "espiritismo". A reencarnação é uma hipótese plausível e provável e pode ser considerada à luz da lógica, mas cada encarnação é única e é praticamente impossível que os projetos de vida perdidos em uma encarnação possam ser integralmente realizados na encarnação seguinte, sob as mesmas condições. Só mesmo muita sorte para realizar tais proezas, e ainda assim com diferenças.

O "espiritismo" brasileiro revela muitos aspectos sombrios que estão sendo levados à tona na opinião pública. Não são invenções de pessoas difamadoras nem caluniadoras. São relatos trazidos pela análise lógica e pelo bom senso. Se o "movimento espírita" quer acusar alguém pela profusão de tantas denúncias, melhor seria acusar Allan Kardec e espíritos mensageiros como Erasto, ou acusar até mesmo Jesus de Nazaré.

Se observarmos bem, Kardec, Erasto e Jesus é que forneceram argumentos que hoje são usados para criticar as irregularidades do "movimento espírita". É até um absurdo que palestrantes "espíritas" venham exaltar qualquer um dos três, porque esses palestrantes são justamente os alvos das duras críticas que os três fizeram em seus respectivos tempos e condições (Erasto, discípulo de Paulo de Tarso, no entanto divulgou suas críticas como espírito, no tempo de Kardec).

Com isso, o "espiritismo" brasileiro, que se fundamentou na deturpação dos postulados espíritas originais, rebaixando o legado kardeciano a um igrejismo católico-medieval, mostra seus inúmeros erros e contradições dos mais extremos, que revelam o preço pago pelas más escolhas, cujos efeitos drásticos estão surgindo e até crescendo. Não há como usar a "caridade" para abafar esse quadro. É como tapar o sol com a peneira.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Aspectos sombrios da prática de caridade


Comprovadamente, o Brasil é um país bastante conservador. No caso da bondade humana, os brasileiros entendem a prática pelo prisma paternalista e paliativo, que não ameace os privilégios exorbitantes das elites e mais pareça um espetáculo do que uma ação social. Infelizmente, muitas pessoas raciocinam a realidade como se fosse enredo de novela de TV.

No caso da "caridade espírita", ela é usada como uma "barricada" para evitar o aprofundamento das críticas aos "médiuns espíritas" que, entre outras acusações, estão a traição doutrinária ao legado de Allan Kardec, as fraudes nas mensagens supostamente mediúnicas e a defesa de ideias moralistas e visões sócio-políticas extremamente conservadoras.

É como se o "movimento espírita" tivesse a sua versão do "Rouba Mas Faz": a "carteirada filantrópica" que faz com que se permita a deturpação do Espiritismo porque seus maiores divulgadores, os "médiuns espíritas", "praticam caridade".

Mas essa "caridade", além de não trazer resultados sociais profundos e definitivos - a alegação de que as instituições "espíritas" obtém poucos recursos financeiros é insuficiente e até questionável para tal desculpa, ante a grandeza ou mesmo a grandiloquência que os "espíritas" se colocam na sociedade, garantindo blindagem e apoio das elites - , pode também apresentar pontos sombrios.

Não estamos dizendo que os pontos sombrios a serem enumerados aconteçam todos nas instituições "espíritas". Mas eles são passíveis de acontecer. Um possível relato de maus tratos se atribui ao falecido sobrinho de Francisco Cândido Xavier, Amauri Xavier Pena, que teria sofrido agressões por funcionários de um sanatório onde foi internado supostamente por alcoolismo. Amauri sofreu campanha de desmoralização depois de denunciar as fraudes psicográficas do tio, em 1958.

O que vamos enumerar aqui não são fatos que necessariamente estejam acontecendo nas instituições "espíritas", mas fatos negativos que podem ocorrer sob o manto da caridade em geral, em qualquer instituição, o que significa que ninguém pode usar a "caridade" para inocentar ou relativizar os erros dos "médiuns espíritas", porque tal prática não é garantia segura de uma atuação transparente, transformadora e correta. Vamos aos aspectos sombrios:

1) CONDUTA AUTORITÁRIA DE FUNCIONÁRIOS - De professores, monitores e outros serviçais, pode-se haver maus tratos aos mais necessitados, principalmente quando os funcionários se irritam com a aparente indolência dos doentes, que, por sua fragilidade física, não podem responder prontamente às solicitações alheias. Em muitos casos, a instituição pode atuar com disciplina militar e adotar um método enérgico de convivência social e impor a submissão humana.

2) TRATAMENTO DESUMANO EM RELAÇÃO A SAÚDE - Madre Teresa de Calcutá, suposto símbolo de "caridade humana", foi acusada de maltratar seus assistidos nas casas mantidas pelas Missionárias da Caridade. Doentes graves eram expostos ao contágio uns aos outros, pobres e enfermos eram mal alimentados, os remédios se limitavam a aspirina e paracetamol e as seringas eram reutilizadas depois de lavadas com água de bica, relativamente suja. Isso é apenas um exemplo extremo do que pode ocorrer, mas mesmo uma dieta alimentar medíocre oferecida numa instituição já é um mau trato sob o ponto de vista nutricional, por exemplo.

3) SUPERFATURAMENTO - Instituições "filantrópicas", dentro desse modelo de caridade paliativa, não é feito só pelos "espíritas", mas também por outros setores, não só religiosos. Mesmo as grandes corporações também têm suas instituições de "caridade". Em muitos casos, a ideia é criar "projetos filantrópicos" visando o abatimento do imposto de renda e o investimento de dinheiro público, não raro superfaturado, ou seja, com valor acima do realmente necessário.

Há também eventuais casos de "lavagem de dinheiro" da corrupção em instituições tidas como "filantrópicas", mesmo aquelas que não estão ligadas a esquemas de propinas e outros crimes do gênero. A "grana suja" nem por isso se torna limpa e lícita mediante tais investimentos e o consentimento das instituições com esse "benefício" acaba comprometendo, mesmo de forma indireta, sua reputação.

4) DESVIO DE DINHEIRO - As instituições de "caridade" também podem representar desvio de verbas públicas, motivada pelo superfaturamento. Em casos assim, uma parcela ínfima é investida realmente em cada instituição, enquanto uma grande parcela restante é desviada para os interesses pessoais dos seus responsáveis.

Neste caso, pesa sobre a Mansão do Caminho, em Salvador, a suspeita de tantas excursões pelo mundo que Divaldo Franco fazia, com que dinheiro e que patrocínio. Divaldo se pavoneava pelo resto do mundo em troca de prêmios pomposos obtidos em palestras para ricos e poderosos. E isso não reflete em melhoria profunda na instituição, que mantém uma rotina mediana, enquanto seu idealizador se esbalda na sua promoção pessoal por aí afora.

Um dado grave disso tudo é que os internos da Mansão do Caminho mal podem sair de vez em quando para conhecer os pontos turísticos de Salvador, ficando quase o tempo todo dentro daquele terreno em Pau da Lima. Mas Divaldo Franco, o "pavão dourado" do "movimento espírita", já visitou os maiores pontos turísticos do resto do planeta, esbanjando completo estrelismo.

5) INCITAÇÃO SUTIL À RELIGIÃO OU À IDEOLOGIA DA "CASA" - Em muitos casos, as instituições de "caridade", mantidas por empresas ou por entidades religiosas, estabelecem um preço muito caro para a aparente gratuidade de seus serviços aos mais necessitados. Esse preço não é financeiro, mas simbólico: a "recomendação" de seguir uma ideologia em geral ou crença religiosa do lugar.

Em tese, ninguém é obrigado a seguir, mas a manipulação é bastante sutil, sobretudo pela influência que o culto à personalidade do "dono da casa" - o idealizador, fundador ou administrador - possui no lugar. A incitação é muito habilidosa e quase imperceptível, e se criam argumentos "lógicos" para forçar a pessoa que "não está obrigada" a ter aquela religião ou ideologia a se tornar adepto da mesma.

Nas "casas espíritas", exemplos não faltam. Na Casa da Prece, em Uberaba, a "não-obrigatoriedade" em acreditar em "cidades espirituais" como Nosso Lar, criação de Chico Xavier, e na Mansão do Caminho, no que se refere às "crianças-índigo", são exemplos de como se pode influenciar as pessoas, "não lhes obrigando" a seguir tais crenças, mas induzindo-as a isso através de mecanismos sutis de convencimento e persuasão.

CONCLUSÃO

Temos que questionar a "caridade". Será que o modelo de "caridade" que se defende é bom? Será que a aparente filantropia funciona? Ela não serve para propaganda de certos oportunistas? O dinheiro não é desviado ou superfaturado?

Em vez de ficar blindando os "médiuns espíritas" por causa da "caridade" ou da "verdadeira bondade", deve-se questionar tudo, até porque essa "caridade" não é muito diferente daquela filantropia espetacularizada, mas de resultados inexpressivos, que acontece, por exemplo, no Caldeirão do Huck.

Temos que questionar tudo e não usar a "caridade" como gancho para a idolatria e o fanatismo, e para prevenir que os oportunistas de hoje possam vender a imagem, amanhã, de pretensos santos. Esquecemos que Chico Xavier e Divaldo Franco foram dois oportunistas a serviço da deturpação do Espiritismo. O risco é de, daqui a quatro décadas, só nos lembrarmos de Luciano Huck como o "santo" que só pensou no "amor ao próximo".Convém evitar tais idolatrias, para evitar desilusões.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Ideologia de gênero é mais espiritualista que homofobia "espírita"


OS CASAIS LGBT PAULO GUSTAVO E THALES BRETAS, DANIELA MERCURY E MALU VERÇOSA E FERNANDA GENTIL E PRISCILA MONTANDON.

Extremamente infeliz o comentário de Divaldo Franco, que manifestou sua homofobia radical durante um "congresso espírita" de Goiania, numa entrevista coletiva ao lado do juiz Haroldo Dutra Dias. Divaldo chamou a ideologia de gênero de "imoralidade ímpar" e falou num tom de reacionarismo ranzinza que derrubou a figura melíflua e sempre sorridente que aparecia nas fotos.

No entanto, a postura de Divaldo Franco condiz à corrente hegemônica no "movimento espírita", a dos "místicos", que cada vez mais levaram o Espiritismo para o abismo do igrejismo, ainda que à custa de bajulações tendenciosas à figura do precursor Allan Kardec, muito bajulado e pouco estudado.

Seja Francisco Cândido Xavier, Divaldo Pereira Franco, João Teixeira de Farias - o João de Deus - e outros "médiuns" ou palestrantes (estes sob o ofício de juristas, advogados, funcionários públicos etc) que expressam algum igrejismo de raiz roustanguista, ter posturas reacionárias como a homofobia, o elogio às manifestações do "Fora Dilma" e a exaltação a figuras reacionárias como o juiz Sérgio Moro, não podem ser vistos como aspectos pontuais entre os "espíritas místicos".

Lembremos de Chico Xavier, para prevenir do risco de um Fla X Flu "espírita" admitir que Divaldo é reacionário, mas sugerir que "Chico não pensaria assim, ele pelo menos era progressista". Engano. Chico Xavier também foi muito reacionário, defendeu a ditadura militar na sua pior fase e ele mesmo manifestou sua homofobia, definindo o homossexualismo como "confusão mental das pessoas encarnadas".

MATERIALISMO

O que poucos percebem é que as justificativas que os "espíritas" como Divaldo e o periódico "Correio Espírita" se utilizam para condenar a ideologia de gênero - como se chama a ideologia que abraça a causa LGBT, embora também seja simpatizante de causas feministas, por exemplo - é comprovadamente materialista.

O "Correio Espírita" descreve o homossexualismo como uma "desistência" de espíritos encarnados cumprirem uma missão carnal através de uma opção sexual, desafiando a condição biológica original. Já Divaldo Franco descreve a ideologia de gênero como "alucinação", aludindo a crianças que não sabem discernir e veem os órgãos genitais como "desconhecidos".

Só que essas abordagens são puramente materialistas. Elas levam mais em conta o aspecto físico, se esquecendo que, em muitos casos, relações homossexuais podem ter mais amor do que muitas relações heterossexuais que mais parecem operações bélicas ou acordos mercantis celebrados nos altares das igrejas, muitos casos movidas por interesses mesquinhos e até desumanos.

A ideologia de gênero, portanto, permite relações espiritualizadas. Casos como o do ator Paulo Gustavo - que convence no papel feminino de Dona Hermínia na sua criação Minha Mãe é uma Peça - , casado com o dermatologista Thales Bretas, a cantora baiana Daniela Mercury e sua esposa jornalista Malu Verçosa e as namoradas e jornalistas esportivas Fernanda Gentil e Priscila Montandon.

Daniela e Fernanda tiveram experiência com relacionamentos com maridos. As relações terminaram amigavelmente e cada uma resolveu assumir relação com outra mulher. Nota-se nos dois casos, assim como no de Paulo Gustavo com seu marido, que as relações são marcadas pelo respeito humano e pelo amor, sendo portanto uma sintonia espiritual mais ativa do que, por exemplo, a do presidente Michel Temer com sua jovem esposa Marcela, claramente um "casamento por conveniência".

As relações homossexuais são muitas vezes movidas pela liberdade de escolha do que casamentos heterossexuais movidos pelo jogo de interesses ou por aspectos pontuais, porque nestes a escolha é de natureza material, e não espiritual, constituindo no convívio conjugal de pessoas que não se amam, visando alguma vantagem financeira, social ou mesmo superestimando pequenos fetiches sexuais.

E quantos casais homossexuais se formam porque as relações heterossexuais ou foram fracassadas ou simplesmente não aconteceram. Nos EUA, a atriz de Top Gun, Kelly McGillis, que havia sido vítima de estupro e passou por dois casamentos fracassados com homens, encontrou a felicidade quando se casou com uma garçonete que conheceu quando esta trabalhava no restaurante administrado pela outra. A causa LGBT tende a ter mais humanismo do que tudo que se diz de Divaldo Franco.

A hipocrisia do "espiritismo" brasileiro então se revela quando eles, ao condenarem o aborto, achassem mais preferível que a estuprada se casasse com o estuprador, visando os princípios da "Lei de Causa e Efeito". Que espiritualismo teremos que esperar numa religião que prefere que estuprador e estuprada se casem, vivendo o resto da vida em conflitos, do que pessoas do mesmo sexo que se apaixonam e se sentem muito bem formando um casal?

Com isso, os "espíritas" dessa linha igrejeira de Chico Xavier, Divaldo Franco e afins comprovaram seu reacionarismo de caráter puramente materialista, na qual se preocupam mais com a formação corporal das pessoas do que com as opções espirituais. Com isso, a preocupação com a evolução do espírito está em segundo plano, na medida em que o espírito terá que viver e encarnação como um castigo, aceitando as imposições da matéria, sem poder intervi-la para viver melhor.

sábado, 24 de fevereiro de 2018

Confusão de ideias marca trajetória do "espiritismo" brasileiro


"Que importa a coerência, tudo é Amor!!!!!!", diz um deslumbrado e idiotizado seguidor do "espiritismo" brasileiro, fascinado (obsessivamente, vale lembrar) pelos "médiuns espíritas" e seduzido pelo aparato da caridade e da beleza.

Tudo parece lindo, mas é de uma leviandade e de uma aberração muito grande. O Amor não pode estar a serviço da incoerência, da mistificação, nem estar acima da honestidade e da ética. O Amor nunca pode ser usado para justificar mensagens fake falsamente mediúnicas, igrejismo conservador ou qualquer outra irregularidade.

O "espiritismo" brasileiro - cujas aspas os distinguem do Espiritismo original de Allan Kardec, quase nunca devidamente praticado no Brasil, reduzido a alvo de bajulação barata dos deturpadores - se desenvolveu às custas de muita deturpação, de muita dissimulação e muitas fraudes.

O que vemos é que o "espiritismo" brasileiro reflete o múltiplo pretensiosismo, sendo a religião que mais reflete a desonestidade e o pretensiosismo humanos. É um sub-Catolicismo sem os ritos aparentes da pompa e a indumentária extravagante dos padres e sacerdotes. Mas seu conteúdo é medieval, apenas "negociado" com práticas e procedimentos trazidos por seitas hereges ligadas à feitiçaria ou ao ocultismo.

Isso contaminou severamente o legado de Allan Kardec no Brasil. Não foi por falta de aviso. Seja na Revista Espírita, seja nos vários livros, o Codificador e seus mensageiros espirituais apresentaram caraterísticas nocivas que, mais tarde, se encaixaram surpreendentemente em figuras como Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco, oficialmente associados a pretensas ideias de "amor" e "caridade".

Textos rebuscados, aparato de "amor e caridade", ideias truncadas, narrativas prolixas, linguagem empolada, conceitos mistificadores, alegação de ideias aparentemente sublimes, todas essas armadilhas alertadas pela literatura espírita original foram difundidas ainda no século XIX, décadas antes dos nascimentos de Chico Xavier (1910) e Divaldo Franco (1927).

Infelizmente, porém, um forte lobby envolvendo a grande mídia, o meio jurídico, a imprensa, os meios religiosos de diversas correntes, e mesmo uma parcela dos movimentos sociais resolveu se articular, ainda no auge da ditadura militar, para fazer crescer uma religião com caraterísticas semelhantes às do Catolicismo mas contava com uma roupagem de "ecumenismo" e "despretensão".

O "espiritismo" brasileiro, dessa forma, tornou-se a "frente ampla" para concorrer com as seitas evangélicas do tipo "neopentecostal", como a Igreja Universal do Reino de Deus e a Igreja Internacional da Graça de Deus, com forte apelo midiático.

Vendo a ascensão dos pastores eletrônicos como R. R. Soares e Edir Macedo - este mais tarde realizando a façanha de adquirir todo o espólio da Record - , a Rede Globo passou a blindar os "médiuns espíritas" Chico Xavier e similares para transformá-los em "sacerdotes modernos", à paisana e sem os ritos tradicionalmente católicos.

Além disso, lançou toda sorte de ideias difusas e confusas, para atrair todo tipo de seguidor e criar nas pessoas um wishful thinking que tem na fé a sua forma religiosa. Idealizou-se os "médiuns" e o próprio "espiritismo" igrejista como se fosse possível praticar igrejismo e se dizer "lógico e científico" ou trair os ensinamentos espíritas originais e alegar "fidelidade absoluta" a Kardec.

De repente, tudo virou uma gororoba. Supostos profetismos de Chico Xavier que quase provocam desentendimentos entre os seguidores do "médium". Ideias sem pé nem cabeça que se vendem, aqui e ali, como "lógica e bom senso". Psicografias fake se multiplicavam, alimentadas pela "leitura fria" e pelas fontes bibliográficas ou jornalísticas. Muito sensacionalismo religioso. Verdadeiras orgias da fé em reuniões "mediúnicas". Manifestações de pieguice nas mensagens "espíritas" em geral.

Tudo virou um vale-tudo religioso, da pior espécie. O "espiritismo" brasileiro virou uma bagunça. "Médiuns" aparecem usando nomes de mortos da moda e saindo impunes com isso. Eventualmente até estrangeiros eram usados para "eleger o Brasil como pátria maior do futuro na Terra".

Recentemente, um oportunista chamado Adriano Correia Lima, que divulga "psicografias" no reduto das fake news que são as redes sociais, usou até Hannah Arendt para essa patriotada - que remete à "pátria do Evangelho" sonhada por Chico Xavier - e, da mesma forma, divulgou um Erich Fromm e um Alfred Schutz que "escrevem" como se fossem clones do youtuber Whindersson Nunes.

Tudo virou uma permissividade, dentro de um aparato em que a "caridade" é tida como "assistência social" mas não passa de mero Assistencialismo como nos quadros "filantrópicos" do Caldeirão do Huck, cujo apresentador, Luciano Huck, é adorado pelos "espíritas" e ele mesmo é admirador de Chico Xavier. Diferente da Assistência Social, o Assistencialismo não "cura" a pobreza e traz resultados pífios da caridade, considerada paliativa, servindo mais para propaganda pessoal do "benfeitor".

A "caridade" era usada como escudo para a deturpação dos "médiuns". Falácias de pura arrogância e de notável carteirada religiosa como "você fala mal da deturpação dos médiuns, mas eles fazem caridade (sic), e você, faz alguma caridade?", são ditas, até com certa agressividade, garantindo assim que os deturpadores do Espiritismo façam o que querem, porque "fazem caridade".

Só que, de acordo com a lógica e o bom senso, mais desgraçado é aquele que age assim. Mais desgraçado é quem usa a caridade para camuflar e blindar práticas desonestas. Na política, existe um crime eleitoral que se refere à prática eleitoreira de doações de alimentos e bens, visando dar maior vantagem nos votos do "benfeitor" do momento.

Nem mesmo a caridade deve servir de pretexto para proteger os deturpadores do Espiritismo. Até porque essa caridade nunca trouxe grandes resultados. Se tivesse, o Brasil teria atingido, há muito e muito tempo, padrões mais elevados de desenvolvimento humano. Infelizmente, o que ocorreu é o contrário, com o país em plena crise. E se adora e aprecia demais os "médiuns espíritas", que recebem até atenção mais do que merecida e são supervalorizados até o limite.

Pela confusão doutrinária, pelas contradições, pela dissimulação, pela desonestidade de posições e práticas, pelo igrejismo praticado até pelos que dizem abominar a "vaticanização", o "espiritismo" brasileiro atrai energias tão maléficas que áreas onde se situam "casas espíritas" são onde mais se intensificam ações criminosas das mais diversas, em muitos casos se tornando lugares mais perigosos do que antes dessas instituições ali se instalarem.

A coisa é tão grave que muitas pessoas contraem azar quando passam a apreciar o "espiritismo", virando vítimas de assaltos, de tragédias, de ataques de cyberbullying, de assédio de pessoas traiçoeiras e de perda de objetos importantes etc. A desonestidade doutrinária transforma o "espiritismo" brasileiro num sombrio engodo vibratório, e essa constatação está longe de ser uma invencionice de supostos caluniadores ou invejosos.

Afinal, a simples posição do "espiritismo" brasileiro praticar um igrejismo roustanguista que se recusa a assumir já abre um enorme portão para espíritos levianos, brincalhões e até traiçoeiros, que acabam tomando as rédeas do que é conhecido como "espiritismo" no Brasil. Juntando isso a conceitos moralistas ultraconservadores e a apreciação de teorias medievais como a Teologia do Sofrimento (defendida abertamente por Chico Xavier), isso piora ainda mais as coisas.

Hoje o "espiritismo" brasileiro vive sua mais aguda crise e, recentemente, há a repercussão chocante do próprio Divaldo Franco, considerado "o mais importante espírita vivo" pelos adeptos da Deturpação, que deu opiniões bastante reacionárias num "congresso espírita" de Goiânia, condenando o aborto radicalmente, repudiando a ideologia de gênero, reprovando o marxismo e exaltando o duvidoso juiz Sérgio Moro.

Só isso põe por terra a suposta imagem progressista que a deturpação igrejeira do Espiritismo recebia de graça, praticamente pelo apelo publicitário das imagens de crianças pobres. A confusão doutrinária do "espiritismo" brasileiro - que, extremamente religioso, ainda teve a hipocrisia de se dizer "não necessariamente uma religião, mas um movimento filosófico (?!)" - ainda teve o descaramento de que, mesmo ultraconservador, conseguir arrancar a simpatia das esquerdas.

Hoje vemos que o "espiritismo" brasileiro foi o fenômeno que mais longe foi no acúmulo de dissimulações, desonestidades, hipocrisias, desculpas e tudo o que for de falseamento e arrivismo humano. Em muitos casos, tornou-se pior que as seitas "neopentecostais", porque estas podem até ser radicalmente retrógradas e reacionárias, mas pelo menos não praticam desonestidade doutrinária nem dissimulam seus valores obscurantistas.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Espíritas de esquerda reagem à posturas reacionárias de Divaldo Franco


A máscara caiu para aqueles que achavam que os "médiuns espíritas" eram progressistas. A exemplo do que Francisco Cândido Xavier fez no programa Pinga-Fogo na TV Tupi, em 1971, e numa declaração recente de João Teixeira de Faria, o João de Deus, em favor do juiz Sérgio Moro, Divaldo Franco demonstra, nessa entrevista num "congresso espírita" em Goiás (reduto de João de Deus), posturas firmemente homofóbicas.

Divaldo, alem disso, elogia o juiz Sérgio Moro e em várias ocasiões é aplaudido pelas suas posições reacionárias, nas quais a alegação de desejar uma sociedade "mais justa" é típica das forças ultraconservadoras, e qualquer membro do Movimento Brasil Livre ou mesmo um fã de Jair Bolsonaro é capaz de tal tirada.

Divaldo, que em sua palestra usa e abusa do prestígio de Allan Kardec, também adota posturas reacionárias próprias da deturpação do Espiritismo no Brasil, como o aborto. Fala que "matar é crime", mas sabemos que, no caso dos homicídios de jovens adultos, os próprios "espíritas" ficam condescendentes, em muitos casos criminalizando a vítima e atenuando a culpa do criminoso, supondo que ele tenha cometido o crime movido pela "lei de Causa e Efeito".

Os espíritas autênticos assinaram esse manifesto abaixo, publicado no Jornal GGN, que, felizmente, começa também a publicar contrapontos aos textos complacentes. Considerar que Chico Xavier e Divaldo Franco sempre foram figuras ultraconservadoras e até reacionárias, e nunca representaram de forma alguma o Espiritismo autêntico, é um dever que nenhuma relativização em favor deles pode evitar.

Chico e Divaldo comprovadamente são deturpadores do Espiritismo, com obras dotadas de desvios doutrinárias muitíssimo graves. Não há como recuperar as bases doutrinárias, mesmo que se aproveitem apenas uma parte dos memes de suas frases adocicadas, porque elas nem de longe têm essa serventia sequer. Vamos agora ao texto abaixo.

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Espíritas progressistas respondem à entrevista coletiva de Divaldo Franco e Haroldo Dutra

Extraído do Espiritismo com Kardec

Espíritas progressistas respondem à entrevista coletiva de Divaldo Franco e Haroldo Dutra no congresso de Goiás

Nota de resposta à entrevista coletiva de Divaldo Franco e Haroldo Dutra no congresso de Goiás

Espíritas que somos, os abaixo-assinados, tornamos pública a nossa desaprovação a diversas opiniões que foram expostas no vídeo que circulou essa semana nas redes sociais, e que depois foi retirado do Youtube.

Declaramos que elas não nos representam e não representam o espiritismo, pois são apenas opiniões pessoais de seus autores, e que, em nosso entender, carecem de fundamento teórico e científico.

Aliás, médiuns e oradores não têm autoridade para falar em nome do espiritismo.
Ninguém tem essa autoridade, nem mesmo instituições federativas.

O espiritismo é uma ideia livre, cuja maior referência é Kardec.

Mas cujos livros também não podem ser citados como bíblia.

Para manifestarmos ideias e posições do ponto de vista espírita, segundo a própria metodologia proposta por Kardec, temos de dialogar com a ciência de nosso tempo, usar argumentos racionais e adotar de preferência posturas que estejam de acordo com os princípios básicos da ética espírita, que são os da liberdade de consciência, amor ao próximo, fraternidade, entre outros.

O movimento espírita brasileiro está longe da unanimidade em todos os temas, sobretudo os que se referem a questões contemporâneas e, por isso, é importante delimitar as posições, para deixarmos claro que declarações como as que foram feitas neste vídeo não representam o espiritismo.

Dessa forma, rebatemos alguns pontos da referida entrevista:
Divaldo referiu-se à República de Curitiba e a seu suposto “presidente”, Sérgio Moro. Não existe uma República de Curitiba, pois segundo nossa Constituição só há uma República a ser reconhecida em nosso território, e é a República Federativa do Brasil.
E a referência a um juiz federal de primeiro grau como o Presidente desta acintosa República é um grave desrespeito ao Estado, à nação brasileira, atribuindo a tal república poderes inexistentes em nossa Constituição.
Além dessa nociva postura marcadamente messiânica e de culto à personalidade, pode dar a entender que o restante do povo brasileiro não presta e que não há pessoas boas espalhadas pelo Brasil dando o melhor de si.
Divaldo chama esse mesmo juiz de “venerando” – o que é altamente questionável, dadas as críticas de grandes juristas nacionais e internacionais à parcialidade desse juiz e a seus atos de ilegalidade, que feriram a Constituição, e às notícias que correm na mídia de seu conluio com determinados segmentos e partidos.
Divaldo assume uma postura claramente partidária, contrária ao PT – o que é de seu pleno direito, mas nunca em nome do espiritismo – fazendo, porém, uma crítica rasa, com uma miscelânea conceitual, chamando o governo desse partido de marxista e assumindo um discurso próprio da polarização extremista, manipulada e sem consistência que invade nossas redes sociais e nossa vida política, contribuindo para os momentos de incertezas e de medos em que vivemos.
Há uma fala extremamente problemática que se refere à chamada “ideologia de gênero”. Não existe “ideologia de gênero” – este é um termo criado por setores fundamentalistas da Igreja Católica e depois adotado pelas Igrejas Evangélicas. Existe sim uma área de pesquisa no mundo que se chama “Estudos de Gênero” – que teve influência de Michel Foucault, Simone de Beauvoir e Judith Buttler. Os “Estudos de Gênero” se dedicam a procurar entender como se constitui a feminilidade e a masculinidade do ponto de vista social, se debruçam sobre questões de orientação sexual, hétero, homo, transsexualidade – ou seja, todos fenômenos humanos, que estão diariamente diante de nossos olhos. Podemos concordar com algumas dessas conclusões, discordar de outras, deixar em suspenso outras tantas. Esse olhar é muito recente na história e ainda estamos apalpando questões profundas e complexas – e em nosso ponto de vista espírita, não é possível ter plena compreensão delas sem a chave da reencarnação. Uma abordagem puramente materialista jamais vai dar conta do pleno entendimento do psiquismo humano. Mas estamos muito longe de ter gente reencarnacionista competente, fazendo pesquisa séria, para dialogar com pesquisadores com abordagens meramente sociológicas ou psicológicas. Então, nós espíritas, não temos ainda melhores respostas que os outros e não podemos, por cautela, seguir a cartilha dos setores conservadores mais radicais de generalizar esses estudos sob o termo, usado aqui pejorativamente, de ideologia, para desqualificá-los como “imoralidade ímpar”. Parece-nos que uma dose de humildade científica, prudência filosófica e bom-senso faria bem a todos nesse ponto, especialmente quando o domínio sobre os corpos e a sexualidade sempre foi um ponto central para as religiões ocidentais.
Divaldo revela também completo desconhecimento dessa área de estudos de gênero, alinhando-a ao marxismo e ao comunismo. As grandes lideranças desses estudos estão nos Estados Unidos e na Europa. Aliás, os estudiosos desse tema encontram-se em diversas correntes de pensamento, desde marxistas até pós-modernos de diferentes matizes e até liberais. Ao fazer isso, mais uma vez, mostra a adesão a um discurso pronto, midiático, que ressoa nos setores evangélicos e católicos mais radicais, que primam por taxar qualquer ideia ou debate que lhes desagrade com o termo “comunista” – um grande espantalho generalizante, simplista e esvaziado de sentido, mas que tem sido eficaz, ao longo dos tempos, para dar forma a medos sociais e, assim, orientar o ódio e o ressentimento das pessoas contra certos alvos.
Por fim, deixamos aqui as seguintes afirmações:
Nenhum médium ou orador pode falar em nome de todos os espíritas ou em nome do espiritismo. Isso é, por si só, desonestidade intelectual;
Quando um espírita, sobretudo se tem influência sobre a comunidade, manifesta uma ideia ou uma opinião, tem por dever se informar sobre os temas de que está falando, usar referências confiáveis e estar em consonância com a lógica, com a ciência e com o bom senso.
Deve também, preferencialmente, defender os direitos dos mais fragilizados socialmente, no caso, as mulheres, as crianças, os membros da comunidade LGBT+, que são objeto dessas discussões dos estudos de gênero, justamente por estarem vulneráveis a todo tipo de violência e desrespeito em nossa sociedade, além dos negros e negras, as juventudes periféricas e as pessoas com deficiência.
Não deve alimentar discursos de ódio partidário e nem medidas punitivas contra quem quer que seja: nossa bandeira é a da educação, da fraternidade entre todos e da paz, comprometidos com a democracia, a justiça social e a regeneração da sociedade.
Abaixo Assinaram:
Adriana Jaeger Santos, RS

Agnes Vitória Cabral Rezende, MT

Alana de Andrade Santana, BA

Alessandro Augusto Arruda Basso, SP

Alessandro Cesar Bigheto, SP

Alexandre Mota, SP

Alexandro Chazan, SP

Álvaro Aleixo Martins Capute, MG

Carlos Augusto Pegurski, PR

Carlos Sérgio da Silva, SP

Claudia Gelernter, SP

Claudia Mota, SP

Cynthia Maria Fiorini Santos, SP

Dalva de Souza Franco, SP

Dalva Radeschi, SP

Dennylson de Lima Sepulvida, SP

Dora Incontri, SP

Douglas Neman, SP

Eduardo Alves de Oliveira, SP

Eduardo Lima, CE

Erica de Oliveira, SP

Felipe Gonçalves, SP

Felipe Sellin, ES

Fernando Fernandes, SP

Franklin Felix, SP

Gilmar da Cunha Trivelatto, SP

Glauco Ribeiro de Souza, SP

Hélio Ribeiro, MG

Izaias Lobo Lannes, MG

João Carlos de Freitas, SP

Jandyra Abranches, ES

Juçara Silva Volpato, ES

Leandro Piazzon Correa, SP

Litza Amorim, SP

Lorisani Marisa de Leão de Souza, RS

Luciano Sérgio Ventin Bomfim, BA

Luis Gustavo Carvalho Ruivo Andrade, SP

Luis Márcio Arnaut, SP

Luziete Maria da Silva del Poggetto, SP

Marcel Pordeus, CE

Marcelo Henrique Pereira, SC

Marcos Wilian Silva MT

Maristela Viana França de Andrade de Aragarças GO

Maristela Viana França de Andrade, GO

Maurício Zanolini, SP

Murilo Negreiros, SP

Patrícia Imperato Malite, SP

Pedro Camilo, BA

Raphael Faé, ES

Roberto Colombo, SP

Samantha Lodi, SP

Sebastião do Aragão, SC

Sérgio Aleixo, RJ

Silvia Bueno, SP

Sinuê Neckel Miguel, RS

Suzana Leão, RS

Tatiane Braz Comitre Basso, SP

Thiago Rosa, SP

Tiago Fernandes, PR

Vinicius Lara, MG

Willan Silva, ES

Yuri David Esteves, SP

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Depois de expressar homofobia e exaltar juiz Sérgio Moro, Divaldo Franco acumula mais prêmios

DEPOIS DO "PAPELÃO" REACIONÁRIO, DIVALDO FRANCO RECEBE MAIS PRÊMIO PARA ACUMULAR SEUS TESOUROS NA TERRA.

A sociedade é complacente aos "médiuns espíritas", sobretudo pela sua pretensa caridade, de baixíssimos efeitos sociais e pela alta promoção pessoal dos "filantropos". No caso de Divaldo Franco, por exemplo, não falta recursos: a medíocre caridade da Mansão do Caminho e do bairro de Pau da Lima, em Salvador, não condiz ao turismo que ele tanto fez pelo planeta, palestrando para ricos e poderosos e recebendo prêmios pomposos que não refletem na filantropia, mas na promoção pessoal dele.

Pois mais um prêmio está à espera dele, que é mais um título de Honoris Causa pela Universidade Federal do Piaui, a ser concedido amanhã à tarde, quase neste mesmo "bat-horário". O irônico é que é a mesma UFPI que havia condecorado, no ano passado, o ex-presidente Lula, que, mesmo de forma não nominal, teve seu governo reprovado pelo "médium", que por outro lado exaltou o algoz do petista, o juiz Sérgio Moro.

Embora a UFPI não tenha compromissos ideológicos, ela age de maneira equivocada ao dar um título a um suposto humanista que havia oferecido o Você e a Paz para homenagear o decadente político João Dória Jr. e permitir o lançamento de uma "farinata", que nutricionistas e ativistas sociais definiram como "ofensa à dignidade humana". Um "humanista" apoiando um composto alimentar desumano e suspeito de ter envenenado internos numa instituição em Jarinu, no interior paulista!

Vamos reproduzir, primeiro, a nota publicada na página da UFPI sobre a premiação programada ao anti-médium baiano, e, em seguida, publicar todo o depoimento de Divaldo no 3º Congresso Espírita (sic) de Goiânia, no qual, participando de uma entrevista coletiva ao lado do juiz Haroldo Dutra Dias, esculhambou a ideologia de gênero, o marxismo e os governos do PT, mas exaltou o midiático e duvidoso juiz Sérgio Moro por "desnudar a hipocrisia" neste país.

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UFPI concede nesta sexta título Doutor Honoris Causa a Divaldo Pereira Franco

Da página da Universidade Federal do Piauí

A Universidade Federal do Piauí (UFPI), por meio do Conselho Universitário (CONSUN), segundo a Resolução Nº 023/17, realizará a entrega do título de Doutor “Honoris Causa” ao humanista, educador, comunicador, espiritualista e espírita baiano Divaldo Pereira Franco, em solenidade no Cine Teatro da Universidade, às 17h00min, do dia 23 de fevereiro .

A indicação de Divaldo Franco ao título foi feita pela Prof. Kátia Marabuco e aprovada pelo CONSUN no dia 30 de maio de 2017. A concessão do título se deu como prova inconteste do reconhecimento da Universidade Federal do Piauí à contribuição nacional e internacional de Divaldo Franco em favor da paz, da causa social, da educação e do bem comum.

Biografia

Divaldo Pereira Franco é filantropo, educador, comunicador, espírita baiano e um dos maiores médiuns e oradores espíritas da atualidade. Boa parte de sua vida e trabalho foi dedicada à causa social, com a prestação de atendimento a crianças de baixa renda. Com mais de duzentos livros escritos e dez milhões de exemplares vendidos, Divaldo Franco já visitou diversos países dos cinco continentes e foi no Piauí, durante um evento das Juventudes Espíritas, que portas se abriram para que Divaldo viajasse para o exterior.

Em solo piauiense, Divaldo Franco já proferiu dezenas de palestras, a maioria ocorreu na cidade de Teresina. Também concedeu entrevistas a emissoras de rádio e TV, acumulando cerca de quatro horas no ar. No Canadá, o médium já recebeu o título Doutor “Honoris Causa” e na Suíça ele foi nomeado Embaixador da Paz. Agora, em Teresina, ele recebe o título Doutor “Honoris Causa” pela Universidade Federal do Piauí (UFPI).

Agenda em Teresina

Divaldo Pereira Franco participa também em Teresina de uma grande festa em sua homenagem no Teresina Hall. Será no sábado, dia 24, às 19 horas, evento realizado pela Federação Espírita do Piauí (FEPI). A entrada é kg de alimento não perecível. Cerca de 4 mil pessoas são aguardadas para o evento.


Mais informações sobre o agraciado estão disponíveis no site:  www.divaldofranco.com.br.

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DEPOIMENTO DE DIVALDO PEREIRA FRANCO SOBRE IDEOLOGIA DE GÊNERO E SÉRGIO MORO

Congresso Espírita (sic) de Goiás, 13 de fevereiro de 2018, em Goiânia

Fernando, 18 - O que dizer sobre a ideologia de gênero?


DIVALDO - Eu diria em frase muito breve, que é um momento de alucinação psicológica da sociedade. (Aplausos) Em uma entrevista que recomendamos, Iraci Campos, do Centro Espírita (sic) Joana de Ângelis, na Barra da Tijuca, entrevistou um nosso aluno a esse respeito, e as respostas como as perguntas, muito bem elaboradas, propiciaram a Haroldo (Dutra Dias) a abordar a questão no ponto de vista legal, moral, espírita e social. Vale a pena, portanto, procurar na Internet, esse encontro de Iraci Campos com Haroldo Dutra. Haroldo disse em síntese, eu peço licença a ele, que se trata de um momento muito grave da cultura social da Terra, e que é naturalmente algo que deveremos examinar em profundidade, mesmo porque nós vamos olhar a criança, graças à sua anatomia, como sendo o tipo ideal. E a criança, nesse período, não tem discernimento sobre o sexo. A tese é profundamente comunista. E ela foi lançada por Marx sob outras condições, que a melhor maneira de submeter um povo não é escravizá-lo economicamente, era escravizá-lo moralmente. Como nós vemos, através de vários recursos que vêm sido aplicado no Brasil nos últimos nove anos, dez, em que o poder central tem feito todo o esforço para tornar-se o padrão de uma sociedade em plena miséria, econômica e moral, porque os exemplos de algumas dessas personalidades são tão aviltante e tão agressivo (sic) que se constítuíram legais, e, porém, nunca morais. Todas essas manifestações que estamos vendo graças à República de Curitiba, cujo presidente é o dr. Moro (aplausos), e deve ser o desnudar da hipocrisia e da criminalidade. Aliás, o Evangelho recomenda que não deveremos provocar escândalo, e o nosso venerando juiz não provocou escândalo, atendeu a uma denúncia muito singela e no entanto levantou o véu que ocultava crimes hediondos, profundos, desvio de dinheiro que poderia acabar no Brasil com a tuberculose, com as enfermidades que vêm atacando recentemente, poderia educar toda a população e dar-lhe o que nossa Constituição exige, trabalho, repouso, dignidade, cidadania. Mas determinados comportamentos de alguns do passado muito próximo estabeleceram o marxismo disfarçado e a corrupção sob qualquer aspecto como princípio ético. A teoria de gênero é para criar, na criança, no futuro cidadão, a ausência de qualquer princípio moral. Uma criança não sabe discernir, somente tem curiosidade. No mesmo banheiro, um menino e uma menina irão olhar-se biologicamente, sorrir e perguntar o de que se tratava aquele aparelho genésico, que é desconhecido. Então nós defendemos repudiar de imediato e apelar para aqueles em quem nós votamos e somos responsáveis e gritar para eles que somos contra, totalmente contra, essa imoralidade ímpar. (aplausos) Vão me perdoar uma blasfêmia, agora, para adultos. Os espíritas somos muito omissos. No nome falso e na capa da humildade, achamos que tudo está bem, mas nem tudo está bem. É necessário que nós tenhamos vós. O apóstolo Paulo jamais silenciou ante o crime e a imoralidade, e Jesus, muito menos. Ele deu a César o que era de César, mas não deixou de dar a Deus o que é de Deus. Muitas aberrações nós silenciamos. Afinal, disfarçadamente, vivemos numa república democrática, e os nossos representantes lá chegaram pelo nosso voto. Já está na hora de acabar de votar por uma alpercata japonesa, já está na hora de deixar de votar por causa do emprego que vai dar ao nosso filho, pensarmos na comunidade, numa comunidade justa não faltará emprego para todos, uma sociedade justa, de homens de bem, de mulheres dignas, naturalmente estabelecerá as leis de justiça e de equidade, então nós evitaremos essas aberrações, o aborto provocado, esse crime hediondo, que está sendo tentado tornar-se legal, por mais que seja legal, nunca será moral. Nós somos contra quem aborta por essa ou aquela razão, falamos, em tese, matar é crime, seja qual for a aparente justificativa. E agora, com a tese de gênero, estamos indiferentes e, de momento para outro pela madrugada, os nossos dignos representantes adotam. Falávamos ontem a respeito de cartilhas do Ministério da Educação, depravadas, para corromper as crianças, e que as escolas estão demovendo ao Ministério. Que Ministério da Educação é esse, que estabelece fatos (aplausos) de uma indignidade muito grande. Os pais devem vigiar os livros dos seus filhos, e naturalmente recusarem. Nós temos o direito de recusar. Nós temos o dever de recusar. Vítor Hugo hoje, já nos falava há mais de 150 anos, "o grande pecado é a omissão". E Kardec nos falou que não era nobre apenas o fazer o mal, porque não fazer o bem é um crime muito grande. Então precisamos ser mais audaciosos, espíritas, definidos, termos opinião. A Doutrina nos ensina e, para os jovens, eu direi que há uma ética: liberdade. O sexo é livre. Livre-se (?). Mas ele não tem a liberdade de indignificar a sociedade. Poderemos, sim, exercer o sexo, é uma função do corpo e também da alma, mas com respeito e com a presença do amor. Portanto, à teoria de gênero, 'jamais'.