quinta-feira, 20 de julho de 2017

Um deturpador do Espiritismo não pode ser Patrimônio da Humanidade


Um artigo de um portal "espírita" veio com a seguinte "viagem": define o "médium" Francisco Cândido Xavier como um "patrimônio mundial da humanidade", às custas dos mesmos devaneios igrejistas e idólatras de sempre.

O texto, que chega a ser piegas de tão emocionalmente apelativo, evoca aquele mesmo mito de "filantropia" e "humildade" atribuído a Chico Xavier e que é uma imagem "glorificada", porém bastante confusa e cheia de contradições.

Aliás, o mito de Chico Xavier é movido por esse discurso de contradição, de contraste. O "ignorante" que "virou sábio", o "grandioso" que se manifestava pela "pequenez de sua alma", o "fraco" que "tornou-se forte e resistente a tudo" e tantas visões e ideias delirantes, sentimentaloides, tão piegas que chegam a soar cafonas.

Comparações com outros "iluminados" como Divaldo Franco e Madre Teresa de Calcutá - católica "adotada" pelos "espíritas" - também são tendenciosas e delirantes. Sempre aquela ideia igrejeira e um tanto adulatória de "caridade" e "evolução humana", baseado em clichês da adoração católica que remetem ao baba-ovo dos súditos medievais ao Clero que exercia seu poder ferrenho naqueles tempos.

Para piorar as coisas, sabemos que tanto Chico Xavier, Divaldo Franco e Madre Teresa, na verdade, escondem aspectos bastante sombrios que derrubam por definitivo tais mitos. Chico e Divaldo marcaram suas trajetórias como deturpadores graves do Espiritismo e Madre Teresa foi acusada de uma espécie de "holocausto do bem", alojando doentes e pobres em condições sub-humanas.

Além disso, a frequente acusação de obras fake nas atividades mediúnicas não envolve apenas "médiuns" tidos como "pouco conceituados" - o jogo de interesses no "movimento espírita" jogam a culpa apenas em "peixes pequenos" dos mais obscuros "centros espíritas", tão obscuros que são até inexistentes, porque nenhum "centro" quer assumir a culpa dos erros - , como se só a "Maricota da Alfaiataria" ou o "Zé dos Pneus" fizessem mediunidade fake.

As obras fake envolvem até mesmo os "conceituadíssimos" Chico e Divaldo, nos quais irregularidades de extremo grau de gravidade são observadas. O caso Humberto de Campos foi ilustrativo, com a "obra espiritual" não condizendo com o estilo original do autor maranhense.

Mas como a Justiça brasileira é seletiva, os "ancestrais" de Sérgio Moro inocentaram Chico Xavier, apesar do aberrante contraste entre o Humberto original e o "espiritual", fáceis de serem detectados por uma simples leitura de livros.

Não há como apelar, neste caso, para "mistérios" como a comunicação dos espíritos e a natureza da produção mediúnica, porque neste caso a disparidade de estilos, em que pesem semelhanças pontuais, é suficiente para observarmos a fraude na obra supostamente mediúnica.

Chico Xavier fez coisas muito negativas que eliminam qualquer mérito de adoração à sua pessoa. Produziu obras fake sob a colaboração de terceiros, mas sem excluir sua responsabilidade pessoal nas fraudes. A conclusão, mediante análises profundas nos casos e suas polêmicas, é que Chico Xavier realmente fez os pastiches literários, mas não sozinho, tendo a colaboração de Wantuil de Freitas, presidente da FEB e de uma equipe de redatores e consultores literários a serviço da FEB.

Além de deturpador do Espiritismo e criador de pastiches literários, Chico se apropriava de tragédias familiares, mediante a "caridade" de produzir "cartas mediúnicas". Além de serem obras fake, elas superexpuseram e prolongavam as tragédias familiares das perdas dos entes queridos, mesmo com a suposta manifestação dos mortos em cartas "psicografadas". Isso porque, embora o luto pareça "superado", as mortes dos entes passavam mais tempo virando assunto corrente em conversas.

Isso alimentava o sensacionalismo e comprometia a privacidade das famílias envolvidas. Além disso, há indícios de que Chico Xavier sentia um fetiche pelos mortos prematuros, e há uma maldição em torno de vários devotos ou simpatizantes do "médium" cujos filhos tiveram morte precoce: Augusto César Vannucci, Ana Rosa, Nair Bello e, mais recentemente, o desenhista Maurício de Souza.

Não há como apostar no tal "artigo espírita" que define, na cara dura, Chico Xavier como "Patrimônio Mundial da Humanidade". Isso é mais ou menos como dar um prêmio Nobel da Paz ao presidente Michel Temer. Que o articulista goste de Chico Xavier, é o seu direito, mas ele não pode sair por aí dando um título dessa envergadura de forma tão irresponsável.

Até porque, sendo Chico Xavier um deturpador gravíssimo da Doutrina Espírita - não é um ato acidental por suposta "falta de tempo", até pelo resultado farto de mais de 400 livros de uma carreira de 70 anos, grande demais para definir a deturpação como um "erro sem propósito" - , o artigo deslumbrado do blogueiro "espírita", na verdade, é uma avacalhação ao legado do pedagogo Allan Kardec. Um achincalhe (ou não seria aCHICAlhe?).

É até risível que o próprio blogueiro "espírita" já tenha falado mal da "vaticanização do Espiritismo", uma postura hipócrita, já que percebemos que muitos do que criticam essa "vaticanização" são os seus próprios praticantes, na tentativa de estabelecerem um falso vínculo com o Espiritismo autêntico e tentar impressionar a opinião pública.

Pois se o Espiritismo sucumbiu à "vaticanização", Chico Xavier é o maior culpado disso, ele tendo sido um católico ortodoxo em crenças, adorador de imagens, rezador de terços e devotos de sua corrente mais medieval, a Teologia do Sofrimento, algo nunca assumido no discurso mas claramente exposto em ideias e frases do "médium".

Além disso, Chico fez o Espiritismo sucumbir às armadilhas que haviam sido avisadas, infelizmente em vão, pelo espírito de Erasto, em mensagens publicadas na obra kardeciana. Vieram não só os falsos cristos e falsos profetas, mas o falso Kardec, o falso Erasto e outros a temperar a vaidade dos traidores da Doutrina Espírita, que são os primeiros a alegar "fidelidade absoluta" e "rigoroso respeito" à obra de Allan Kardec que não medem escrúpulos em trair de maneira voraz.

O próprio Chico Xavier se fez de falso cristo e falso profeta. Um falso profeta que se julgava "dono" do futuro da humanidade, a arriscar predições de ordem científica e geopolítica com graves erros de abordagem, como supor que eslavos pudessem viver no calor do Nordeste brasileiro ou o Chile fosse poupado dos mesmos fenômenos sísmicos e vulcânicos que pudessem eliminar do mapa o Japão e o Estado da Califórnia, nos EUA, partes do mesmo Círculo de Fogo do Pacífico do país sulamericano.

Mas também Chico era o falso cristo, sempre caprichando no seu coitadismo de mineiro que "comia quieto". Reagia com o vitimismo dos espertalhões que se faziam de vítimas, deixando a fúria para seus seguidores que, tomados de fanatismo violento, derrubavam a ilusão de que os seguidores do "médium" eram pessoas dotadas de "energias elevadas e positivas".

Há relatos de chiquistas que ameaçaram até de morte os contestadores dos supostos méritos de Chico Xavier. O falecido analista espírita (autêntico), Jorge Murta, havia recebido comentários bastante agressivos dos devotos do "médium". Os repórteres de O Cruzeiro que desmascararam Otília Diogo - parceira de Chico Xavier numa farsa de materialização da suposta Irmã Josefa - também receberam muitas ameaças, carregadas de fúria e de "inimaginável" rancor.

Chico também faltou com a palavra. Ele sempre dizia para ninguém "julgar quem quer que fosse". Ele julgou os humildes (sim, HUMILDES) frequentadores do Gran Circo Norte-Americano, que sofreu um incêndio criminoso de consequências muito trágicas, em sua temporada em Niterói, no final de 1961, de terem sido romanos sanguinários que viveram na Gália, no século II.

Tentando se livrar da culpa, Chico cometeu um agravante: atribuiu a acusação a Humberto de Campos, falecido há mais de 30 anos na ocasião do juízo de valor (dado em 1966), e muito mal disfarçado pelo pseudônimo de Irmão X. Essa leviandade, de alto teor imoral e ofensivo à memória de Humberto, se deu depois de Chico ter seduzido o homônimo filho dele com técnicas de love bombing (tipo mais perigoso de Ad Passiones, "apelo à emoção") e Assistencialismo, em 1957.

Com o mesmo julgamento de valor, mas envolvendo as vítimas do acidente com um avião da TAM, há dez anos, no Aeroporto de Congonhas em São Paulo, rendeu um processo judicial por danos morais. Como Chico Xavier, o "médium" Woyne Figner Sacchetin, de São José do Rio Preto, atribuiu a culpa ao pioneiro da aviação Alberto Santos Dumont.

Não há como relativizar isso e "admitir" que Chico Xavier "errou, mas merece todo o mérito de superioridade". É uma malandragem típica daquele aluno trapaceiro, desordeiro e de péssimo aprendizado que, por ser apenas um bom amigo de seus coleguinhas, recebe um "10" quando seu conceito nem merecia uma nota "2".

Além do mais, Chico Xavier pode ter seus adeptos e seguidores, mas eles não podem sair por aí se dizendo "espíritas autênticos", supor "fidelidade absoluta" a Kardec ou dizer que o "médium" de Pedro Leopoldo e Uberaba é Patrimônio Mundial da Humanidade. Isso é forçar a barra demais colocando Xavier acima do próprio Kardec, este sim um espírita mundialmente reconhecido.

Que os adeptos de Chico Xavier se contentem em vê-lo como apenas uma saudosa (para eles) celebridade de Uberaba, e como um católico informal de ideias medievais. Que os chiquistas parem de forçar tanto a barra, porque é inútil transformar o deturpador num "deus".

É constrangedor que o articulista houvesse escrito comentários contra a "vaticanização do Espiritismo" e até reprovado a ação de alguns chiquistas em transformar Chico Xavier em "deus". Ele deveria ver a trave no seu olho, antes de ver o argueiro de outrem. Em seu "artigo espírita", ao julgar Chico Xavier um "patrimônio mundial da humanidade", o blogueiro "espírita" fez um texto bastante "vaticanizado" que de certa forma "endeusou" o maior deturpador da história do Espiritismo.

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