quinta-feira, 25 de maio de 2017
O terrível impasse dos "espíritas"
Desesperados, os "espíritas" não conseguem admitir sua crise e ainda esperam a retratação de seus contestadores e em mais uma promessa de recuperar as bases kardecianas tendo os "médiuns" deturpadores em boa conta.
O "espiritismo" brasileiro anda em círculos e ainda tem a blindagem da grande mídia. Goza de uma imunidade tão grande que até as irregularidades das obras ditas "mediúnicas" se deixam passar. Basta fingir acreditar que a pessoa, quando morre, perde sua individualidade e doa seu talento para a caridade, passando a produzir algo "qualquer nota" em nome da "caridade".
Com irregularidades na atividade mediúnica e pregações de um moralismo conservador, além da chamada "vaticanização" de seus postulados, o "espiritismo" brasileiro vive a sua mais aguda crise, a mais extrema que pode sofrer um movimento religioso, pior do que a da Igreja Renascer em Cristo, o movimento neopentecostal que sofreu a pior decadência.
O "espiritismo" tenta abafar escândalos o máximo possível. Por sorte, conta com o apoio da grande mídia, sobretudo Rede Globo de Televisão e o Grupo Abril (principalmente Veja e Superinteressante, mas eventualmente também a Caras), dos meios jurídicos e acadêmicos e o consentimento oficial da sociedade, que vê nos seus ídolos pessoas consideradas "de elevado nível espiritual e moral".
Isso é um mito, se prestarmos atenção o quanto os "médiuns" são beneficiados pelo culto à personalidade que lhes tira qualquer função intermediária que deveria ser o princípio de sua atividade. E eles praticamente tornaram incomunicável o mundo dos mortos em relação aos vivos, porque a quase totalidade de mensagens "espirituais" é fake, consequência do hábito dos brasileiros médios de não terem concentração para determinadas atividades.
O apelo igrejeiro, com ideias herdadas de Os Quatro Evangelhos de Jean-Baptiste Roustaing, também é um sério problema. De que adianta os "espíritas" alegarem sentirem horror ou pesar à figura de J. B. Roustaing, se seguem suas ideias, devidamente adaptadas "com tempero brasileiro" pelos "médiuns" Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco.
Querer que Chico Xavier e Divaldo Franco figurem em boa conta num esforço de recuperação das bases originais espíritas é uma utopia que, aplicada, não faz o menor sentido. A sorte é que as pessoas que seguem o "espiritismo" são muito desinformadas e só vão aos "centros espíritas" para ouvir palavras açucaradas em palestras igrejeiras, daí não entenderem as graves contradições que ocorrem no conteúdo das ideias trazidas pela doutrina brasileira.
Que "respeito rigoroso aos ensinamentos de Allan Kardec" se espera quando palestrantes, num artigo, falam da propriedade dos alertas do espírito de Erasto, e, no outro, atribuem suposta sabedoria ao igrejismo medieval de Emmanuel? Que "fidelidade absoluta a Kardec" se espera quando "médiuns" num momento falam em Ciência Espírita, e noutro defendem a "veracidade" de fantasias místicas e materialistas como "colônias espirituais" e "crianças-índigo"?
Apelar para a "fraternidade" e mostrar ações "filantrópicas" está sendo apenas a "solução" improvisada para a erosão doutrinária vivida pelos "espíritas". Reduzidos a um mero receituário moral e a clichês igrejeiros mais genéricos - como evocar os "ensinamentos de Jesus", com seus clichês católicos de "pacifismo" e "amor" - , o "espiritismo" nem por isso consegue se manter em situação favorável, apesar de toda blindagem.
A "solução" que gerou a "fase dúbia" - que é a promessa de "aprender melhor Kardec" - foi em vão, porque a "boa teoria" dos ensinamentos kardecianos acabou coexistindo, de maneira viciada, com práticas e ideias igrejeiras, transformando o "espiritismo" num engodo muito pior do que quando se assumia o apreço a Roustaing.
Isso significa que o "espiritismo" se encontra num sério impasse, diante da preocupação de ter que escolher entre abandonar a idolatria aos "médiuns" e abraçar de vez os postulados kardecianos, ou abrir mão de Kardec para salvar o igrejismo extremado dos "médiuns". Trocar Kardec por Roustaing pode ser uma medida nada confortável, porém muito mais sincera.
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