sábado, 16 de abril de 2016

O "espiritismo" e sua mania de triunfalismo


Como que achasse que pode afastar uma tempestade com um ventilador, o "movimento espírita" ainda acredita que se tornará vitorioso com suas contradições e com sua zona de conforto garantida pela tendência "dúbia", que é bajular Allan Kardec e praticar o igrejismo.

A doutrina brasileira está em séria crise, porque não resolveu suas contradições com a escolha da tendência religiosa, herdada de Jean-Baptiste Roustaing, e a pretensão de agradar os científicos com a bajulação a Allan Kardec e todos os aparatos "intelectualizados" dos "espíritas" das últimas décadas.

Mais uma vez os "espíritas" se acreditam na certeza de que passarão por cima de qualquer contestação, porque só eles é que se julgam detentores da lógica e do bom senso, ou, quando não se colocam nessa exclusividade, se acham os "melhores" nessa qualidade.

O escândalo de Francisco Cândido Xavier causado pelas apropriações de nomes de várias personalidades literárias falecidas, seja Humberto de Campos, sejam os autores alegados em Parnaso de Além-Túmulo, inspiram a atual ilusão, já que o desfecho favorável ao "médium" permitiu o crescimento dessa doutrina marcada de contradições e equívocos diversos.

O que poucos sabem é que Chico Xavier NUNCA foi legitimado por literato algum. Ninguém disse que suas "psicografias" literárias eram autênticas. O que a FEB usou como "confirmação" eram declarações hesitantes e abstenções vindas de nomes como Agripino Grieco, Monteiro Lobato, Apparicio Torelly (Barão de Itararé) e Raimundo Magalhães Júnior.

Por outro lado, críticos como Osório Borba, Malba Tahan, João Dornas Filho e Attila Paes Barreto comprovam, com argumentos consistentes, as irregularidades literárias das supostas psicografias, de qualidade inferior a das obras deixadas em vida.

Os herdeiros de Humberto de Campos também reagiram, processando Chico Xavier e a FEB exigindo que se especialistas analisassem as "psicografias" atribuídas ao escritor para ver se eram autênticas ou não. Se autênticas, os direitos autorais seriam repassados para os herdeiros. Se falsas, Chico e a FEB teriam que indenizar a família pelo uso impróprio do nome.

A Justiça, naqueles padrões jurídicos de 1944 - se hoje temos um Sérgio Moro ainda "virgem" da complexidade legislativa de hoje, imagine há sete décadas - , achou a ação improcedente e o processo deu num empate. Nem Chico Xavier e a FEB, nem os herdeiros de Humberto de Campos tiveram a causa ganha.

Mas o "zero a zero" rendeu pontos a Chico Xavier, e fez seu mito crescer monstruosamente. E esse mito cresceu sem controle, já que vieram outros escândalos, como as denúncias do sobrinho Amauri Xavier Pena, o caso Otília Diogo e a crise do roustanguismo e o "médium" mineiro aparentemente passou incólume a tudo isso.

O exemplo de Chico Xavier, depois realimentado por uma campanha de propaganda da Rede Globo, semelhante ao que a BBC, via Malcolm Muggeridge, fez com Madre Teresa de Calcutá, inspirou no "movimento espírita" esse sentimento de triunfalismo, como se visse nas críticas severas uma forma análoga a de uma tempestade devastadora que tende a passar após sua ocorrência.

Isso é até engraçado, porque os tão espiritualizados "espíritas" usam um fenômeno material para se julgarem incólumes a toda crise, achando que as críticas e questionamentos a irregularidades cometidas pelo "movimento espírita" podem surgir e crescer, mas desaparecer como uma tempestade de véspera que é sucedida por um céu limpo e sem nuvens.

O Brasil, um país novo e só agora enfrentando questões que o "velho mundo" já havia enfrentado décadas e até séculos atrás, ainda não consegue perceber a lógica das coisas. Se perde no deslumbramento religioso que parece ter respostas para tudo, mas não tem.

E os "espíritas" esperando as críticas passarem como a trovoada do fim do dia, amanhecendo com o mundo todo concordando com eles. Mas isso é uma grande ilusão, já que as críticas vieram para ficar, resgatando informações de antigas crises, que se acumularam na atual crise, acrescidas de novas informações, o que deixa o "movimento espírita" numa situação insustentável.

Isso é um efeito de suas escolhas. A sua preferência pela postura igrejeira, seu Catolicismo por vezes convicto e informal, por outras enrustido, a recente opção "dúbia" de fingir fidelidade absoluta e respeito rigoroso à obra de Allan Kardec, tudo isso fez os "espíritas" criarem seus próprios impasses. Eles foram vítimas de sua própria "lei de causa e efeito".

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