domingo, 6 de dezembro de 2015
Dogmas "espíritas" são contos-de-fadas de gente adulta
O "espiritismo" é uma espécie de mundo da fantasia de gente adulta. À primeira vista, tal ideia parece não ser má, se supormos a fantasia como um recurso de desenvolver a imaginação e a criatividade. No entanto, o "mundo da fantasia espírita" quer se impor como realidade concreta, e aí é que está o problema.
Religião mais voltada para um público mais idoso, o "espiritismo" repete, embora à sua maneira, o Catolicismo medieval, no que se diz à exploração de fantasias descritas através de dogmas e interpretações sobre certos fatos ou crenças.
Evidentemente, o "espiritismo" tinha que abrir mão de muita coisa do Catolicismo medieval, sobretudo a pompa e o luxo. sendo mais um neo-catolicismo à paisana, sem batinas folheadas a ouro, sem igrejas caríssimas de complexo perfil arquitetônico.
Os "espíritas" não vão acreditar em mar se partindo ao meio, na hipótese de que o dilúvio que envolveu a arca de Noé ocorreu no mundo inteiro (o dilúvio era regional) ou que Maria concebeu Jesus sem o ato sexual com o marido José, mas através do raio de luz dado por um pombo que personificava o "espírito santo".
Se bem que, no caso de Maria, o mito de sua "virgindade" ainda era corroborado por Jean-Baptiste Roustaing, em Os Quatro Evangelhos, como explicação para definir Jesus de Nazaré de acordo com a visual surreal do Catolicismo. A partir daí, veio o mito do "Jesus fluídico", que acredita que o ativista judeu não teria sido encarnado, mas havia sido um espectro materializado que esteve entre nós.
Em contrapartida, fatores como o "julgamento" de Pôncio Pilatos, equivocadamente creditado como um fato verídico a ponto de ser considerado um dos pontos altos das encenações da "Paixão de Cristo", mas nunca registrado em dados históricos, são no entanto legitimados pela visão "espírita", através dos livros de Francisco Cândido Xavier.
O próprio personagem imaginário de André Luiz é tido como "verídico". A concepção do seu personagem, além de incluir uma risível aposta de quem ele teria sido na última encarnação - médicos como Osvaldo Cruz e Carlos Chagas foram incluídos nesta cilada - , envolveu desde cópias de George Vale Owen até sugestões de Waldo Vieira, então um pré-adolescente.
Com André Luiz, então, a fantasia corre solta. A partir de Nosso Lar, um mundo de ficção se abre e o "movimento espírita" diz que é a realidade verídica do mundo espiritual. No entanto, vemos que nele há narrativas típicas de obras de ficção científica, com algumas passagens lembrando obras de terror.
Há muitos aspectos surreais, com um mundo espiritual que, cientificamente, ainda é desconhecido, mas que é descrito "veridicamente" por uma obra "espírita" como análogo à materialidade terrena. Algo bastante surreal e que corresponde a uma ideia seguramente rejeitada por Allan Kardec.
Há, por exemplo, o mito da presença de animais no mundo espiritual, surrealmente distribuídos de forma desigual: animais domésticos e adoráveis nos "planos superiores", monstros, feras e vermes nas "zonas inferiores".
Duplo equívoco. Primeiro, porque a presença de animais no mundo espiritual é rejeitada por Allan Kardec. Segundo, porque a ideia sugere discriminação, quando se selecionam animais "adoráveis" para ir para "planos superiores" e os repugnantes, para as "zonas inferiores".
A "linda história" de Chico Xavier com a cadela Boneca foi usada para que os "espíritas", adultos e que se gabam de "entender" as ciências e o âmbito do conhecimento que nem de longe têm ideia do que se tratam, acreditarem que existe, sim, animais no mundo espiritual.
A cadelinha faleceu, foi para o plano espiritual, recebeu a missão de servir novamente a Chico Xavier e aí, quando uma nova cadelinha tornou-se carinhosa com o anti-médium, este, comovido, disse que foi "a Boneca que voltou".
Muito patético. Mas esse é o clima de contos-de-fadas que seduz adultos e idosos a acreditar em bobagens que o "movimento espírita" transmite em seu conteúdo. Sobretudo nas palestras dos "centros espíritas", onde todo esse engodo doutrinário é transmitido e contagiado, sob a roupagem de "mensagens positivas" de "profunda elevação moral".
As crianças são aconselhadas a, no fim da infância, deixarem de acreditar em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, Branca de Neve, Três Porquinhos, Cinderela etc. Com o tempo, passam a admitir que tais fantasias não passam de estórias infantis, necessárias para o estágio de formação da mente e do humor das crianças.
Mas os adultos que se tornam "espíritas" continuam acreditando em André Luiz, em gatinhos, passarinhos e cachorrinhos no mundo espiritual, em vitamina de Açaí servida em Nosso Lar, só faltando acreditar que Adolfo Bezerra de Menezes teria sido reencarnação de Papai Noel. Comparando este caso com o das crianças, perguntamos a vocês: quem é mais imaturo?
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