ANITTA E LUCAS LUCCO - COMERCIALISMO MUSICAL ATÉ ÀS ÚLTIMAS CONSEQUÊNCIAS.
Depois que gerações de intelectuais, acadêmicos e jornalistas culturais tentaram fazer apologia à degradação sócio-cultural do Brasil, com argumentações confusas em prol do "mau gosto popular" e da "provocatividade", sob o pretexto de "combate ao preconceito", o patrimônio cultural do Brasil corre o risco de virar coisa de museu. Isso se puderem preservar qualquer museu.
A cultura brasileira está passando por um sério processo de decadência. Em vários aspectos. No musical, cinematográfico, teatral, midiático, jornalístico etc. O país que os "espíritas"imaginam ser futura liderança do planeta está cada vez mais retrógrado, mergulhado nas ilusões fáceis da politicagem e do dinheiro.
Na música, nomes cada vez mais comerciais, cada vez mais postiços e apelativos, desprovidos de qualquer responsabilidade artística e reduzidos ao entretenimento mais vazio, se multiplicam no mercado com grandes somas de dinheiro investidas pelos "paupérrimos" empresários do entretenimento.
No cinema, o excesso de filmes de besteirol, imitações baratas dos piores filmes produzidos nos EUA, ou os filmes que glamourizam a pobreza, apelando para a falácia de que "ser pobre é lindo" e, é claro, os filmes "espíritas" que mais parecem paródias de filmes bíblicos com arremedos de ficção científica.
No teatro, enquanto mestres como o diretor Luiz Carlos Maciel são boicotados pelo mercado - recentemente, ele divulgou que sofria de desemprego - , centenas de franquias de desenhos animados estrangeiros, sobretudo da Disney, são lançados em peças teatrais, às vezes havendo dez versões de uma mesma estória.
Na mídia, o que se observa é o declínio das atrações, através do entretenimento mais fútil e tolo, para não dizer obsceno. Na imprensa, nota-se a ascensão de comentaristas reacionários com visão fora da realidade e programas policialescos que glamourizam a barbárie humana.
Tudo isso permanece porque existe uma elite empresarial associada que lucra com isso. E também existe o consentimento de pessoas que acham tudo normal. Com a degradação sócio-cultural, as aberrações se tornam normais e quem antes contribuía para o país é que é considerado aberração.
Vide Luiz Carlos Maciel desempregado, enquanto ninguém estranha. Também, as coisas mais importantes que as pessoas veem na Internet são bebês ou animais fazendo supostas façanhas através da tecnologia digital. Maciel, com sua valiosa contribuição como intelectual e personalidade do teatro, não tem importância para os brasileiros que passaram a "ler" livros para colorir.
As pessoas aceitam tantos absurdos da vida que até a degradação moral tornou-se natural. Até mesmo as chamadas "boazudas", com seus corpos exagerados pelo silicone e pelo botox, persistem como se tivessem alguma importância, mesmo sem ter algo a dizer.
As "musas" vem desde Jéssica Lopes, ex-concorrente do Miss Bumbum - evento que serve como desculpa para siliconadas venderem a imagem de "ícones de beleza" - , até a "veterana" Solange Gomes, que tenta vender uma imagem de "sexy e desejada" que ela nem de longe chega a ter.
Tudo isso persiste de maneira desesperada, porque por trás disso há empresários que se preocupam mais com a "chuva de dinheiro" que isso pode causar. E o pior que existe a ilusão de que a baixa cultura pode virar alta cultura num passe de mágica de umas verbas da Lei Rouanet, como se fosse fácil transformar Miss Bumbum em "bonequinha de luxo" ou promover canastrões musicais do brega para o primeiro time da MPB.
Não é assim. Esquece-se que existem vocações e que os astros da mediocridade cultural em geral tiveram um péssimo aprendizado e ainda se orgulham em se ascenderem através de suas piores qualidades. Elas é que lhes trouxeram fama e prestígio, e as "melhorias" que conseguem ao longo da carreira, além de poucas e superficiais, são tendenciosas e sem qualquer espontaneidade.
Essas mudanças só servem para fazer prolongar os medíocres e canastrões que povoam o entretenimento e a cultura midiática no Brasil. E que empastelam e marginalizam o que nós tínhamos de rico em nossa cultura, sob a complacência de uma intelectualidade cada vez mais perdida em sua obsessão pela "provocatividade".
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