terça-feira, 2 de junho de 2015
Chico Xavier e Divaldo Franco: Personal Ouija?
As questões trazidas pelo fenômeno "Charlie, Charlie", ou "Desafio Charlie" ("Charlie Challenge") fazem discutir a irregular conduta do "movimento espírita", que, do contrário que dizem palestrantes como Orson Peter Carrara, não partem apenas de "espíritas" pouco "instruídos", mas da mais festiva e renomada cúpula, inclusive seus "maiores médiuns".
Investigações bastante cautelosas apontam, sem qualquer demonstração de ódio ou oposição cega, que Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco estão por trás de muitas das piores irregularidades cometidas pelo meio "espírita", inclusive um incidente que quase pôs a amizade dos dois a perder.
O Brasil é um país confuso e faz apologia dos graves erros sob a desculpa de que todo mundo cometeu algum erro na vida. É verdade. Mas uma coisa é admitir erros e ter autocrítica, outra é criar uma vaidade em torno disso. E somos obrigados a admitir que os "espíritas" estão na segunda opção.
Julgando "fidelidade absoluta" a Allan Kardec, os "espíritas" o traem o tempo todo. Ignoram seu pensamento com tanta intensidade quanto bajulam o nome do pedagogo francês, e põem na voz dele coisas que ele nunca diria.
É até hipócrita ver uma parcela de chiquistas reclamando que muita ninharia "se bota" na conta de Chico Xavier, dizendo que ele "nunca foi capaz" disso e daquilo. Mas não se preocupam com tal problema, se ele envolvesse, em vez do anti-médium mineiro, o próprio Kardec.
Até a ridícula palhaçada das "crianças-índigo" eles botam na conta de Allan Kardec, que nunca preveria uma aberração dessas. Os "espíritas" choram tanto quando se atribuem a Chico Xavier certos absurdos de pensamento, achando que seu ídolo seria incapaz disso, mas não se cuidam se os militares dos EUA têm ideia do que seria a "profecia da Data-Limite".
Muita hipocrisia. E se as críticas ao "movimento espírita" aumentam assustadoramente, é por conta dos 131 anos de gravíssimos erros, para os quais nenhuma desculpa tipo "Quem nunca errou?" consegue solucionar.
A essas alturas, até mesmo os primeiros contestadores dos erros "espíritas" se assustam com o desdobramento dos questionamentos, já que eles passam a envolver a realidade, um tipo de Brasil que se permitiu, sob ação direta ou indireta dos "espíritas", que se resultasse, tomado de injustiças trazidas por uma perspectiva "pragmática" da sociedade.
Define-se como "pragmático" um conjunto de valores nos quais a qualidade de vida é subestimada e o atendimento às necessidades das pessoas têm que ser superficial enquanto o poder de autoridades, celebridades, empresários e tecnocratas têm que ser pleno, em nome de uma "causa maior" que justifique a mediocrização dos modos de vida das pessoas comuns. Detalharemos isso em breve.
Esses primeiros questionamentos, aparentemente, se satisfaziam apenas em contestar a falta de leitura das ideias de Allan Kardec honestamente traduzidas (como no caso de José Herculano Pires, o melhor tradutor disponível hoje), mas não se estendiam, por exemplo, ao âmbito da mediunidade, já que vários deles ainda admitiam que Chico Xavier e Divaldo Franco eram "honestos" no ramo.
Mas análises diversas de suas atividades mediúnicas, todavia, mostram que não é bem assim que acontece e que mesmo a boa leitura das traduções feitas por Herculano Pires são insuficientes para defender um Espiritismo mais verdadeiro, se há complacência com as fraudes cometidas pelos dois anti-médiuns.
O espetáculo sensacionalista que Chico e Divaldo fizeram com suas mensagens "espirituais", sem qualquer observação séria, honesta e sincera da Ciência Espírita (área do qual os dois demonstraram total incompetência), rebaixou toda a prática de fenômenos espíritas estudada por Kardec ao entretenimento fútil das mesas girantes, tábuas Ouija, "Desafios Charlie" etc etc.
Uma das fraudes conhecidas e praticadas, com gosto, por Chico e Divaldo, é a produção de mensagens apócrifas, padronizadas, com os mesmos estilos pessoais dos supostos médiuns, mas que são nominalmente atribuídas a diferentes espíritos de personalidades falecidas, famosas ou não.
Fora as mensagens ditadas por seus "mentores", Emmanuel e Joana de Angelis, que dão indício de condizer com suas personalidades autoritárias e marcadas pelo moralismo religioso do Catolicismo medieval, as "mediunidades" dos dois anti-médiuns eram quase sempre fraudulentas.
Nota-se o mesmo estilo de mensagens nas "psicografias" de cada um, o mesmo apelo religioso, a mesma linguagem, e isso se observa também nas "psicofonias" de Divaldo Franco, que revelam serem apenas falsetes, vindos de alguém que soa como um concorrente menos talentoso do famoso dublador e comediante Orlando Drummond (o "Seu Peru" da Escolinha do Professor Raimundo e célebre pelas vozes de Popeye e Scooby-Doo).
A pretensão dos dois anti-médiuns de serem dublês de sábios, supostos consultores emocionais, é que tira o valor da palavra "médium", que se refere a uma atividade intermediária. Há muito os dois "médiuns" deixaram de ser intermediários na comunicação entre vivos e mortos para serem os centros das atenções e os astros principais dos espetáculos "espíritas".
Dessa feita, até para procurar mensagens de entes falecidos os dois viraram "grifes". Para piorar, sua "mediunidade" irregular nem sempre evoca, de verdade, o espírito falecido, que se reduz a um nome evocado tendenciosamente para um texto que soa mais uma propaganda religiosa por trás da falsa informação sobre seu paradeiro espiritual.
Essas irregularidades fazem com que Chico Xavier e Divaldo Franco se tornem "personal Ouija", em alusão à famosa "tábua Ouija", na qual se perguntava sobre supostos espíritos. Como o famoso tabuleiro, Chico e Divaldo eram consultados como "instrumentos" para se obter respostas do além, com a mesma avidez e ansiedade dos curiosos.
E isso é grave. E o mais grave ainda é a alta reputação que Chico Xavier e Divaldo Franco alcançaram com suas atividades irregulares, a ponto de ser atribuída a eles uma "superioridade espiritual" que nunca existiu. Sobretudo Chico Xavier, para o qual são associadas qualidades que ele nunca foi capaz de ter, como de cientista, profeta, psicólogo, analista político e filósofo.
O Brasil de valores confusos, em que a maioria das pessoas não têm consciência de seus desejos e de seus limites, e que aceitam levar como "coerente" coisas que, no fundo, não têm pé nem cabeça, é um terreno fértil para a produção de mitos como os de Chico e Divaldo, os "personal Ouija" que mascaram a necromancia com o verniz da filantropia e da moralidade.
Daí que isso se torna muito mais perigoso do que a já altamente perigosa brincadeira do "Desafio Charlie". Pois o que vemos são o "Desafio Chico" e o "Desafio Divaldo" permitindo e favorecendo as ações de espíritos perversos, que se divertem muito mais com essas brincadeiras por causa do simulacro de "bondade plena" e "seriedade" que as envolvem.
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