"CRIANÇAS-INDIGO"? - Suspeitos de arrastão em Ipanema, no Rio de Janeiro, há algumas semanas, são detidos por policiais.
Como se dará a elevação do Brasil em nação-guia da humanidade planetária? O status de "grande personalidade" e "símbolo maior de caridade" que mantém o anti-médium Francisco Cândido Xavier no seu pedestal garante que um devaneio seu, reforçado por um sonho de 1969, se torne uma "realidade concreta" apenas por uma questão de fé.
É muito complicado, porém, explicar essa suposta "profecia" de Chico Xavier à luz do raciocínio lógico. Despindo-nos dos dóceis preconceitos da fé, complacentes com teorias absurdas quando elas seguem o pretexto do "amor e da caridade", somos obrigados a admitir que é impossível que o Brasil se torne uma potência mundial, seja em 2019, seja em 2052, como sugere Divaldo Franco.
Isso porque o Brasil está numa situação bem mais problemática em relação à Europa, EUA, Oriente Médio e o restante da Ásia, áreas consideradas "condenadas" pelo "movimento espírita", inclusive a própria França da qual se originou a doutrina de Allan Kardec.
Vieram, a reboque das "profecias" de Chico Xavier, outras trazidas pelos demais figurões "espíritas". Há quem diga que muitos franceses que viveram a Revolução Francesa reencarnaram no Brasil. Divaldo Franco aposta nas gerações de jovens definidas como "crianças-índigo" que comandariam os avanços diversos prometidos para o Brasil. E por aí vai.
Não é isso que se vê na realidade. É certo que os EUA tiveram um terremoto atingindo a Califórnia e um tornado atingindo a Geórgia. Jerusalém teve um sangrento atentado recentemente. Um massacre atingiu dez jornalistas do periódico humorístico Charlie Hebdo, na França, e outras pessoas foram mortas na rua ou no supermercado onde os terroristas fizeram um sequestro antes de serem mortos pela polícia.
Tudo bem. E ainda há tempestades na China, nas Filipinas, vulcões na Itália e na Islândia, gelo derretendo no Pólo Norte, ameaças terroristas nos países desenvolvidos, etc etc etc. Mas será que o "velho mundo" está tão condenado assim e o Brasil passará para a arrancada e ser promovido a nação mais próspera do planeta?
Se o Brasil é o "Coração do Mundo", então ele sofreu um infarto. Não bastasse a preocupante imbecilização social que atinge grandes parcelas de jovens e adultos, mesmo os de nível universitário, há casos aberrantes que variam de arrastões em Ipanema a baixos desempenhos nas provas do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) deste ano, passando pela crescente troca de ofensas nas mídias sociais.
Seria preciso lançar muitos livros só para descrever as aberrações nos últimos 25 anos. Elas fazem o Brasil estar muito mais próximo das sociedades surreais descritas por Franz Kafka e Luís Buñuel, ou mesmo do "festival de besteiras" de Stanislaw Ponte Preta.
Até os grandes cientistas, supostos heróis do "movimento espírita" - logo eles, que desprezam o verdadeiro cientificismo e puseram no escanteio os argumentos lógicos de Allan Kardec - , não têm condição alguma para fazer o papel que Chico Xavier e Divaldo Franco tanto disseram na "maravilhosa evolução" da nação brasileira.
Em primeiro lugar, os cientistas brasileiros quase não recebem verbas financeiras para levarem suas pesquisas adiante. Se isso já é um problema no Primeiro Mundo, imagine no Brasil. Eles também não têm muita visibilidade na mídia e a sociedade pouco está interessada em saber sobre seus trabalhos. Se os cientistas se viraram para descobrir a cura de tal doença, tudo bem. Senão, eles que se danem.
E que cultura teremos, se até mesmo as melhores expressões culturais se acomodam em eternas homenagens, tributos que mais assustam, parecendo que a nossa melhor cultura desaparecerá em breve e ensaia seus rituais de despedida.
Em compensação, a bregalização musical, a predominância de sub-celebridades e aberrações como a multiplicação de franquias teatrais de desenhos animados estrangeiros, nivelando o quadro teatral brasileiro para um contexto pior do que quando havia o monopólio do Teatro Brasileiro de Comédia (teatro sofisticado, mas de temáticas estrangeiras), tornam-se o quadro dominante.
Há também a ação de tecnocratas que, no caso da mobilidade urbana e do transporte coletivo, tentam prevalecer no poder decisório com medidas antipopulares que complicam a vida das populações, e há a corrupção institucionalizada dos políticos e empresários que radicaliza práticas que também ocorrem nos países desenvolvidos.
Imagine então pensar a "revolução feminista" através de uma multiplicidade de mulheres siliconadas que não têm o que dizer e só ficam mostrando seus corpos exagerados num sensualismo forçado e mesquinho? Recentemente um grupo de "mulheres-frutas" se reuniu para uma sessão de fotos intitulada "arrastão das gostosas".
Diante desse quadro todo, como é que vamos pensar na evolução do Brasil? Será que esses problemas irão evaporar pura e simplesmente com o "silêncio da prece" tão "carinhosamente" recomendado por Chico Xavier? Será que, como no conto da Cinderela, o Brasil deixará de ser a "gata borralheira" do mundo e dançar na ala nobre do baile das nações?
E os arrastões nas praias? E o cyberbulling praticado por muitos jovens contra quem questiona o "estabelecido"? E o conformismo "bovino" das pessoas diante de arbitrariedades e erros diversos? Até o nosso vocabulário é trucidado porque virou moda, através da mídia, fazer deslizes linguísticos.
Os problemas não são apenas muitos. Até aí, seria compreensível. O problema dos problemas é que eles são muito graves e nem são reconhecidos como problemas e, dependendo do caso, expôr algum questionamento na Internet dá um sério risco do internauta cyberbully criar um blogue só para ofender questionadores.
O Brasil está problemático demais para sequer pensar em ser alguma nação a comandar ou a ser ao menos uma vice-líder na comunidade das nações. Sua situação causa mais vergonha que orgulho, e não é relativizando que se vai resolver as coisas.
Deixar de ver erros e aberrações como "formas inusitadas de acertos" que "não" compreendemos é um grande passo para, ao menos, identificarmos o que existe de pior no Brasil. É possível até agirmos para melhorar bastante o nosso país, mas sem a paranoia de querermos que ele seja o "Coração do Mundo".
sábado, 31 de janeiro de 2015
sexta-feira, 30 de janeiro de 2015
O que diz, em tese, a "profecia" de Chico Xavier?
Era uma vez um país sul-americano de clima considerado agradável mas ainda longe de seu desenvolvimento social e econômico e que é anunciado como futura nação mais próspera do planeta, através das bênçãos do Cruzeiro do Sul e da proteção do "anjo" Ismael.
Como num conto de fadas, o Brasil é anunciado, pelo "movimento espírita" brasileiro, o tão prometido "coração do mundo" a comandar a comunidade das nações. É um devaneio antigo que Chico Xavier difundiu desde o começo da década de 1930 e que culminou no seu referido sonho dormido após as notícias da chegada de astronautas estadunidenses à Lua, em 1969.
Nesta postagem vamos considerar que os sonhos de Chico Xavier, desses que, na verdade, qualquer pessoa sonha, como "profecias" e fingir que reconhecemos o valor dos investimentos do documentário Data-Limite Segundo Chico Xavier, que colheu verbas de patrocinadores, da Ancine e o patrocínio da FEB.
Então, o que diz a "maravilhosa profecia" de Chico Xavier, que envolverá o Brasil e o mundo a partir de 2019? Que "coisas maravilhosas" se supõe estariam destinadas à humanidade planetária a partir da ascensão do Brasil como "nação mais poderosa do planeta"?
A "profecia" diz que a chegada dos astronautas norte-americanos ao solo lunar, em 1969, trouxe o risco de uma competição espacial dos países da chamada Guerra Fria, os capitalistas EUA e a comunista União Soviética (URSS), o que poderia levar a uma Terceira Guerra Mundial.
A "reunião" que teria envolvido Jesus Cristo (o caricato Jesus do livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho), o "anjo" Ismael, Emmanuel, os demais "espíritos puros" e Chico Xavier, negociava os meios de, num prazo de cinquenta anos, evitar consequências drásticas para a humanidade planetária.
A Guerra Fria acabou, mas a polarização se mudou para um Oriente Médio "fundamentalista" e Ocidente "cristão", já que mesmo os confrontos no Oriente Médio são de certa forma herança do antigo conflito estadunidense-soviético. Israel, por exemplo, é considerado Estado "cliente" dos EUA, assim como a Jordânia. A Arábia Saudita teria sido ligada à antiga URSS.
46 anos se passaram. Estamos a quatro anos de 2019, e 2015 já começou mal, com o massacre aos redatores do humorístico francês Charlie Hebdo (equivalente ao Pasquim que já circulou por nossas bancas durante anos e surgiu no mesmo 1969 do sonho de Xavier), no momento em que faziam uma reunião de pauta.
Isso aparentemente "comprova" os desdobramentos do sonho xavieriano. Segundo esse sonho, o "velho mundo", composto pelos EUA, Europa, Ásia e o Oriente Médio, assim como a Oceania, seriam "destruídos" por catástrofes naturais ou por ações terroristas.
Com isso, haveria um êxodo das populações diante da catástrofe e do terror para o Brasil, que se transformaria na nação-síntese dos povos do mundo inteiro e se ascenderia com as muitas transformações a serem realizadas em seu território.
De acordo com essa tese, o Brasil viveria um período próspero de progresso científico, cultural, social e haveria um surto de grande desenvolvimento no solo brasileiro, transformando o país sul-americano na mais próspera nação de um planeta em frangalhos.
Difícil é explicar como se dará essa evolução, se o Brasil sucumbe à mais extrema mediocrização sócio-cultural que faz com que haja vários casos de aberrações no âmbito da Educação, da mídia, da música brasileira e outros aspectos.
O sonho de Xavier parece bom demais para ser prenúncio da realidade.
quarta-feira, 28 de janeiro de 2015
"Espiritismo" brasileiro só não aproveitou a face mais cruel do Catolicismo medieval
A base fundamental do "espiritismo" brasileiro não está no cientificismo de Allan Kardec, mas no Catolicismo brasileiro vigente no Segundo Império, fortemente influenciado pelo Catolicismo português, que de sua parte ainda mantinha caraterísticas medievais.
Embora seja muito forte e arraigado o mito de que o "espiritismo" brasileiro rompeu com o Catolicismo e se opõe energicamente à fase da Santa Inquisição, é bom tomar cautela e interpretar as coisas com mais prudência.
O "espiritismo" brasileiro apenas rompeu com aspectos considerados "mais pesados" do Catolicismo medieval, naquilo que havia de mais cruel ou antiquado. Afinal, o "movimento espírita" não iria investir em queimas de hereges, sobretudo em praça pública.
Que o moralismo do "espiritismo" brasileiro é bastante severo, isso é verdade. Só para citar um exemplo, o "movimento espírita" trata o suicídio como se fosse um "crime hediondo", enquanto minimiza a gravidade do homicídio sob a desculpa de "cumprimento das leis de reajustes espirituais".
No entanto, algumas mudanças pontuais precisavam ser feitas, e o "espiritismo" brasileiro precisou eliminar a antiga intolerância do Catolicismo inquisitorial, Em vez de combater outras crenças e ignorar por absoluto valores científicos, o "espiritismo" brasileiro prefere cooptá-los.
Seu discurso supõe que sua doutrina acolhe o pensamento científico e a diversidade religiosa. No entanto, o pensamento científico é apreciado de forma distante e sem conhecimento de causa, e a diversidade religiosa como um pretexto para unir várias crenças numa só, criando não só uma fusão, mas uma confusão.
A partir dessa aparente assimilação de crenças, o "espiritismo" brasileiro descarateriza-se como doutrina que, em tese, se inspirava no pensamento de Allan Kardec. Isso porque o próprio processo de diversidade é menosprezado, pois o "espiritismo" não se preocupa em manter as caraterísticas doutrinárias do Espiritismo original, mas ser uma "colcha de retalhos" de outras crenças.
Assim, essa "colcha de retalhos", em que prioriza a influência do Catolicismo, absorve também alguns ritos protestantes, judaicos, umbandistas e até mesmo ocultismo. Sob o pretexto de respeitar essas crenças, o "espiritismo" brasileiro as tenta absorvê-las, realizando o projeto de Jean-Baptiste Roustaing de criar uma "religião única" para os próximos tempos.
No que diz à ciência, o "espiritismo" brasileiro supostamente aprecia o conhecimento científico, mas acaba subvalorizando suas atividades, já que a apreciação é superficial e pedante, praticamente restrita a menções de caráter leigo, ou seja, sem muita especialização científica.
Mas mesmo os cientistas especializados que se envolvem nas palestras e contribuem em periódicos "espíritas", uns sérios e outros nem tanto, acabam sendo prejudicados de uma forma ou de outra pela supremacia do religiosismo.
Os mais sérios não podem ir muito adiante nas suas análises e pesquisas, e mesmo conhecimentos ligados ao Magnetismo e à TransComunicação Instrumental são restritos a especialistas e alguns estudiosos mais dedicados, não sendo acessíveis ao grande público, como se não bastasse a já discutível e duvidosa atividade mediúnica, cheia de irregularidades.
Já os que não são muito sérios, mesmo aqueles que são professores, físicos e demais acadêmicos ou cientistas fora da atividade "espírita", comprometem a transmissão do conhecimento científico dentro dos limites que não divirjam da "fé espírita" nem mesmo os do religiosismo caraterístico desta doutrina.
Apesar de todo esse ecletismo, ou melhor, por causa dele, o "espiritismo" brasileiro se afastou de sua própria estrutura doutrinária, delineada por Allan Kardec, e se tornou um sistema de crenças confuso, contraditório, irregular e em muitos aspectos antiquado, desmerecendo o status de vanguarda das crenças espiritualistas existentes no Brasil.
terça-feira, 27 de janeiro de 2015
"Espiritismo" brasileiro nunca rompeu com a Igreja Católica
BUSTO DO PADRE MANUEL DA NÓBREGA EM SÃO PAULO.
É um mito fantasioso a ideia de que o "movimento espírita" brasileiro rompeu com a Igreja Católica. O aparente conflito entre "espíritas" e católicos, na verdade, foi entre os "espíritas" e setores ortodoxos do Catolicismo, que não aceitavam práticas que iam além de seus ritos e dogmas tradicionais.
Desde Luiz Olímpio Teles de Menezes - sem relação com Adolfo Bezerra de Menezes, apesar de similar devoção católica - , que criou as primeiras comunidades "espíritas" na Bahia, já por volta de 1865, em Salvador, o Grupo Familiar de Espiritiismo, o "movimento espírita" sempre procurou se afinar com os princípios defendidos pelo Catolicismo.
Não era o "movimento espírita" tão progressista como se propagava ser, mas a sociedade brasileira é que era bem mais conservadora do que o contexto do mundo em que vivia. Portugal ainda não havia se desapegado de seu ranço medieval quando ainda exercia influência sobre o Brasil, mesmo depois da Independência e atingindo até parte do período do Segundo Império.
Figuras como Bezerra de Menezes e, mais tarde, Francisco Cândido Xavier, revelaram-se católicos entusiasmados, devotos que continuavam sendo à Igreja Católica e a todos os seus dogmas e ritos que não encontram contradição com os valores espiritualistas que apreciavam.
Em vez de significar uma ruptura, o "espiritismo" brasileiro se afastou do cientificismo de Allan Kardec, primeiro através de Jean-Baptiste Roustaing, depois com a adaptação brasileira de Chico Xavier, e mesmo as evocações à ciência se aproximam mais do pedantismo e do tendenciosismo do que da essência difundida pelo professor lionês.
É só observar que muitos ritos católicos foram adaptados para o "espiritismo" brasileiro: a água benta virou "água fluidificada", o confessionário virou "auxílio fraterno", as missas viraram "doutrinárias", os sermões viraram "palestras", a Bíblia deu lugar aos livros de Chico Xavier, a ideia do "céu e inferno" virou a do "mundo superior versus umbral" e por aí vai.
Até mesmo o culto às imagens se manteve, como no caso das fotos de figuras de "centros espíritas" ou personalidades conhecidas - como Chico Xavier, Divaldo Franco, Bezerra de Menezes e Emmanuel - , adaptando os santos católicos, que no "espiritismo" ganham equivalente na figura dos "espíritos de luz".
Mesmo o moralismo familiar defendido pela Igreja Católica aparece inteiro no "espiritismo" brasileiro, para compensar o pouco valor que a doutrina feita no suposto "coração do mundo" dá aos conhecimentos científicos do pedagogo francês.
Fora aspectos relacionados a mediunidade, passes e a consciência da vida do além-túmulo e da reencarnação, além das curas espirituais, o "espiritismo" brasileiro sempre se manteve afinado com as tradições da Igreja Católica, preferindo adaptá-las do que romper com as mesmas.
Daí o eventual apelido de Espiritolicismo para uma doutrina que se diz "kardecista" mas que preferiu se afastar completamente da essência das lições de Allan Kardec.
É um mito fantasioso a ideia de que o "movimento espírita" brasileiro rompeu com a Igreja Católica. O aparente conflito entre "espíritas" e católicos, na verdade, foi entre os "espíritas" e setores ortodoxos do Catolicismo, que não aceitavam práticas que iam além de seus ritos e dogmas tradicionais.
Desde Luiz Olímpio Teles de Menezes - sem relação com Adolfo Bezerra de Menezes, apesar de similar devoção católica - , que criou as primeiras comunidades "espíritas" na Bahia, já por volta de 1865, em Salvador, o Grupo Familiar de Espiritiismo, o "movimento espírita" sempre procurou se afinar com os princípios defendidos pelo Catolicismo.
Não era o "movimento espírita" tão progressista como se propagava ser, mas a sociedade brasileira é que era bem mais conservadora do que o contexto do mundo em que vivia. Portugal ainda não havia se desapegado de seu ranço medieval quando ainda exercia influência sobre o Brasil, mesmo depois da Independência e atingindo até parte do período do Segundo Império.
Figuras como Bezerra de Menezes e, mais tarde, Francisco Cândido Xavier, revelaram-se católicos entusiasmados, devotos que continuavam sendo à Igreja Católica e a todos os seus dogmas e ritos que não encontram contradição com os valores espiritualistas que apreciavam.
Em vez de significar uma ruptura, o "espiritismo" brasileiro se afastou do cientificismo de Allan Kardec, primeiro através de Jean-Baptiste Roustaing, depois com a adaptação brasileira de Chico Xavier, e mesmo as evocações à ciência se aproximam mais do pedantismo e do tendenciosismo do que da essência difundida pelo professor lionês.
É só observar que muitos ritos católicos foram adaptados para o "espiritismo" brasileiro: a água benta virou "água fluidificada", o confessionário virou "auxílio fraterno", as missas viraram "doutrinárias", os sermões viraram "palestras", a Bíblia deu lugar aos livros de Chico Xavier, a ideia do "céu e inferno" virou a do "mundo superior versus umbral" e por aí vai.
Até mesmo o culto às imagens se manteve, como no caso das fotos de figuras de "centros espíritas" ou personalidades conhecidas - como Chico Xavier, Divaldo Franco, Bezerra de Menezes e Emmanuel - , adaptando os santos católicos, que no "espiritismo" ganham equivalente na figura dos "espíritos de luz".
Mesmo o moralismo familiar defendido pela Igreja Católica aparece inteiro no "espiritismo" brasileiro, para compensar o pouco valor que a doutrina feita no suposto "coração do mundo" dá aos conhecimentos científicos do pedagogo francês.
Fora aspectos relacionados a mediunidade, passes e a consciência da vida do além-túmulo e da reencarnação, além das curas espirituais, o "espiritismo" brasileiro sempre se manteve afinado com as tradições da Igreja Católica, preferindo adaptá-las do que romper com as mesmas.
Daí o eventual apelido de Espiritolicismo para uma doutrina que se diz "kardecista" mas que preferiu se afastar completamente da essência das lições de Allan Kardec.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
Brasil como "coração do mundo": outra mania de Chico Xavier
ALEGORIA ILUSTRATIVA DO BRASIL COMO "CORAÇÃO DO MUNDO".
Outra das manias de Francisco Cândido Xavier é sua obsessão em ver o Brasil como nação mais poderosa do planeta, um devaneio tipicamente caipira, de um ufanismo a princípio bastante ingênuo e fantasioso, mas que passou a ser a "bandeira de luta" do "movimento espírita" brasileiro.
A expressão "coração do mundo" veio de sua cabeça, quando, já na primeira edição de Parnaso de Além-Túmulo, ele inseriu, por exemplo, num poema intitulado "Brasil", que ele colocou como de autoria do espírito do poeta parnasiano Olavo Bilac, mas que, com toda a certeza, não é de autoria desse espírito, por destoar completamente de seu estilo bastante pessoal.
Em seguida, Chico usava o nome de Humberto de Campos, para fazer o livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, de 1938, cujo ponto de partida, na verdade, teria sido a palestra de Leopoldo Machado feita em 1934 na FEB e mencionada em O Reformador (edições 03-10-1934, pg. 519 e 01-11-1934, pg. 575) intitulada "Brasil, Berço da Humanidade, Pátria dos Evangelhos".
Segundo o livro de Chico Xavier, o segundo e o principal que ele atribui a Humberto de Campos - o que gerou o famoso processo judicial de 1944 - , o Brasil seria a nação predestinada do Evangelho, a partir de uma conversa do espírito Helil com um estranho Jesus Cristo, triste, atormentado e desinformado sobre a localização do que hoje é o território brasileiro.
Helil teria dito que havia uma nação sob a constelação celeste do Cruzeiro do Sul que seria preparada para conduzir a humanidade planetária e a guiar a evolução da população da Terra. Com uma narração típica de contos de fadas, a chegada de Pedro Álvares Cabral e sua esquadra a Porto Seguro, na Bahia, em 22 de abril de 1500, foi "motivo de festa" no "mundo espiritual".
Ao longo da vida, Chico Xavier defendeu a causa, e seu complemento ocorreu três décadas depois do livro ufanista. Em 1969, Chico descreveu o tal sonho que inspirou o livro Não Será em 2012 e o documentário Data-Limite Segundo Chico Xavier que reafirmava a suposta profecia descrita no livro de 1938.
Era a sua obsessão a conversão do Brasil como "coração do mundo". Devaneio caipira, fantasia infantil, sonho movido por razões puramente emocionais. Mas que toda a verborragia "espírita" tentou dar um tempero "científico", apoiado pelo próprio Xavier, ele mesmo cúmplice e colaborador do pseudo-cientificismo "espírita".
Com isso, a "pátria do Evangelho" seria não somente uma teocracia "espírita", mas também um paraíso de "avanços culturais e científicos", de "profundo progresso social", virtudes consideradas "certeiras" apesar do quadro lamentável que encontramos nesses aspectos.
Pelo carisma que Chico acumulou ao longo dos anos, seus devaneios passaram a ser vistos como "otimismo realista", como "lição de esperança" para seus seguidores, que dormem tranquilos acreditando que, depois de 2019, o Brasil liderará a comunidade das nações, depois que o "velho mundo" for derrubado pelas catástrofes e pelo terrorismo.
Afinal, às vezes todo sonho fantasioso tem seu lado cruel. E o problema não são as flores a serem cultivadas pelo devaneio emotivo, mas os espinhos a serem "plantados" no outro lado. O "lado oposto" da ideia do "coração do mundo" é que é o perigoso enigma que pode revelar o lado sombrio da "maravilhosa profecia".
Outra das manias de Francisco Cândido Xavier é sua obsessão em ver o Brasil como nação mais poderosa do planeta, um devaneio tipicamente caipira, de um ufanismo a princípio bastante ingênuo e fantasioso, mas que passou a ser a "bandeira de luta" do "movimento espírita" brasileiro.
A expressão "coração do mundo" veio de sua cabeça, quando, já na primeira edição de Parnaso de Além-Túmulo, ele inseriu, por exemplo, num poema intitulado "Brasil", que ele colocou como de autoria do espírito do poeta parnasiano Olavo Bilac, mas que, com toda a certeza, não é de autoria desse espírito, por destoar completamente de seu estilo bastante pessoal.
Em seguida, Chico usava o nome de Humberto de Campos, para fazer o livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, de 1938, cujo ponto de partida, na verdade, teria sido a palestra de Leopoldo Machado feita em 1934 na FEB e mencionada em O Reformador (edições 03-10-1934, pg. 519 e 01-11-1934, pg. 575) intitulada "Brasil, Berço da Humanidade, Pátria dos Evangelhos".
Segundo o livro de Chico Xavier, o segundo e o principal que ele atribui a Humberto de Campos - o que gerou o famoso processo judicial de 1944 - , o Brasil seria a nação predestinada do Evangelho, a partir de uma conversa do espírito Helil com um estranho Jesus Cristo, triste, atormentado e desinformado sobre a localização do que hoje é o território brasileiro.
Helil teria dito que havia uma nação sob a constelação celeste do Cruzeiro do Sul que seria preparada para conduzir a humanidade planetária e a guiar a evolução da população da Terra. Com uma narração típica de contos de fadas, a chegada de Pedro Álvares Cabral e sua esquadra a Porto Seguro, na Bahia, em 22 de abril de 1500, foi "motivo de festa" no "mundo espiritual".
Ao longo da vida, Chico Xavier defendeu a causa, e seu complemento ocorreu três décadas depois do livro ufanista. Em 1969, Chico descreveu o tal sonho que inspirou o livro Não Será em 2012 e o documentário Data-Limite Segundo Chico Xavier que reafirmava a suposta profecia descrita no livro de 1938.
Era a sua obsessão a conversão do Brasil como "coração do mundo". Devaneio caipira, fantasia infantil, sonho movido por razões puramente emocionais. Mas que toda a verborragia "espírita" tentou dar um tempero "científico", apoiado pelo próprio Xavier, ele mesmo cúmplice e colaborador do pseudo-cientificismo "espírita".
Com isso, a "pátria do Evangelho" seria não somente uma teocracia "espírita", mas também um paraíso de "avanços culturais e científicos", de "profundo progresso social", virtudes consideradas "certeiras" apesar do quadro lamentável que encontramos nesses aspectos.
Pelo carisma que Chico acumulou ao longo dos anos, seus devaneios passaram a ser vistos como "otimismo realista", como "lição de esperança" para seus seguidores, que dormem tranquilos acreditando que, depois de 2019, o Brasil liderará a comunidade das nações, depois que o "velho mundo" for derrubado pelas catástrofes e pelo terrorismo.
Afinal, às vezes todo sonho fantasioso tem seu lado cruel. E o problema não são as flores a serem cultivadas pelo devaneio emotivo, mas os espinhos a serem "plantados" no outro lado. O "lado oposto" da ideia do "coração do mundo" é que é o perigoso enigma que pode revelar o lado sombrio da "maravilhosa profecia".
domingo, 25 de janeiro de 2015
Chico Xavier: seus hábitos e suas manias
NOSSA SENHORA DA ABADIA - A santa de devoção do sempre católico Chico Xavier.
Francisco Cândido Xavier entrou na Doutrina Espírita pela porta dos fundos e ninguém quer tirá-lo de lá. Nem mesmo alguns brasileiros que se preocupam com as bases de Allan Kardec querem tirar Chico Xavier de seu pedestal, apesar das traições violentas que ele fez à doutrina codificada pelo pedagogo francês.
Chico Xavier foi superestimado de tal forma que virou uma obsessão daqueles que buscam uma orientação na sua espiritualidade. Vão pelo caminho errado, porque não conseguem, ou não se interessam, em procurar outro brasileiro que tenha lições de vida bem melhores que o anti-médium brasileiro. E isso apesar de termos tido Paulo Freire, Oscar Niemeyer e Milton Santos.
Como figura do Espiritismo, Chico Xavier foi uma figura abaixo do medíocre. Ele mais errou do que cometeu acertos, essa é a dolorosa verdade. Muito do que ele fez de "positivo" é controverso e duvidoso, muito do que ele fez de errado é dolorosamente verídico. E tal constatação não vem de "perseguidores" nem de "juízes terrenos", mas pela observação cautelosa.
Na verdade, Chico Xavier, que construiu seu carisma por acumular, ao longo da vida, estereótipos considerados agradáveis relacionados à humildade, velhice e bondade, foi um católico excêntrico, com hábitos tradicionais e algumas manias.
Ele era um colecionador de imagens religiosas e um católico fervoroso - posição que, do contrário que muitos acreditam, ele nunca rompeu - , como se observa na sua devoção à Nossa Senhora da Abadia, a principal entre os tantos santos cultuados pelo anti-médium mineiro.
Chico era também um devorador de livros que nunca o fez um intelectual, mas apenas um leitor exemplar de obras literárias, como muitas pessoas interioranas com capacidade de leitura faziam, pelo menos desde o século XIX.
Ele tinha poderes paranormais que foram valorizados ao extremo. O que se comprova é que ele conversava com o padre jesuíta Manuel da Nóbrega, que adotou o codinome Emmanuel, mas é muito duvidoso que ele tenha realmente outros dons que fizeram sua fama de "médium".
Mas ele tinha suas manias. Além da contradição de ideias, que o fascinava e fazia elaborar um jogo de ideias em suas frases e gestos - como contrapor pobreza e riqueza, fraqueza e força, ignorância e sabedoria, silêncio e voz, conformação e transformação etc - ele sentia um fetiche por pessoas que morriam cedo.
Daí a apropriação de Chico Xavier pelos jovens falecidos, a ponto de parecer "donos deles", o que faz com que, hoje, um Humberto de Campos dificilmente seja lembrado fora da "tutela" do anti-médium mineiro.
O fetiche pelos jovens falecidos, que se estende pela devoção exagerada à instituição Família - herança do catolicismo fortemente arraigado em Xavier - , se torna claro, neste caso, com as chamadas "cartas espirituais" que glamourizam as tragédias prematuras dos filhos e a comoção de seus pais e, sobretudo, mães, considerados "órfãos de filhos".
Esse é também um aspecto contraditório, pois a religião "espírita", que glamouriza o sofrimento e as tragédias humanas, se fundamenta, através de Chico Xavier, pela preservação simbólica do velho, em detrimento do sacrifício dos jovens. O "novo" ceifado para salvar o "velho".
E só mesmo o conservadorismo latente em muitos brasileiros, esse "complexo de vira-lata" que faz do Brasil um país com a teimosia em "modernizar" o atraso, sempre cosntruindo o "novo" com bases envelhecidas, que transforma Chico Xavier num "mestre" sem qualquer razão para isso.
E ainda tem outra mania, que detalharemos a seguir, que é de Chico Xavier sonhar com o Brasil como nação mais poderosa do planeta. Daí que, desde as primeiras obras, botando tudo nos nomes de Humberto de Campos, Olavo Bilac e outros, mas eventualmente defendendo ele mesmo a causa, a do "Coração do Mundo e da Pátria do Evangelho".
Xavier era um católico excêntrico que conversava com padre, colecionava imagens de santos, sentia fetiche por pessoas precocemente falecidas e adorava justapor ideias contraditórias. Um caipira mineiro com tais hábitos nem de longe estaria pronto para ser o "mestre" que muitos atribuem a ele, a ponto de julgar até mesmo os destinos futuros da humanidade planetária.
Mais do que as manias que marcaram a vida de Francisco Cândido Xavier, é a mania maior de seus seguidores verem ele sempre como um "mestre" absoluto para suas vidas num país confuso como o Brasil.
Francisco Cândido Xavier entrou na Doutrina Espírita pela porta dos fundos e ninguém quer tirá-lo de lá. Nem mesmo alguns brasileiros que se preocupam com as bases de Allan Kardec querem tirar Chico Xavier de seu pedestal, apesar das traições violentas que ele fez à doutrina codificada pelo pedagogo francês.
Chico Xavier foi superestimado de tal forma que virou uma obsessão daqueles que buscam uma orientação na sua espiritualidade. Vão pelo caminho errado, porque não conseguem, ou não se interessam, em procurar outro brasileiro que tenha lições de vida bem melhores que o anti-médium brasileiro. E isso apesar de termos tido Paulo Freire, Oscar Niemeyer e Milton Santos.
Como figura do Espiritismo, Chico Xavier foi uma figura abaixo do medíocre. Ele mais errou do que cometeu acertos, essa é a dolorosa verdade. Muito do que ele fez de "positivo" é controverso e duvidoso, muito do que ele fez de errado é dolorosamente verídico. E tal constatação não vem de "perseguidores" nem de "juízes terrenos", mas pela observação cautelosa.
Na verdade, Chico Xavier, que construiu seu carisma por acumular, ao longo da vida, estereótipos considerados agradáveis relacionados à humildade, velhice e bondade, foi um católico excêntrico, com hábitos tradicionais e algumas manias.
Ele era um colecionador de imagens religiosas e um católico fervoroso - posição que, do contrário que muitos acreditam, ele nunca rompeu - , como se observa na sua devoção à Nossa Senhora da Abadia, a principal entre os tantos santos cultuados pelo anti-médium mineiro.
Chico era também um devorador de livros que nunca o fez um intelectual, mas apenas um leitor exemplar de obras literárias, como muitas pessoas interioranas com capacidade de leitura faziam, pelo menos desde o século XIX.
Ele tinha poderes paranormais que foram valorizados ao extremo. O que se comprova é que ele conversava com o padre jesuíta Manuel da Nóbrega, que adotou o codinome Emmanuel, mas é muito duvidoso que ele tenha realmente outros dons que fizeram sua fama de "médium".
Mas ele tinha suas manias. Além da contradição de ideias, que o fascinava e fazia elaborar um jogo de ideias em suas frases e gestos - como contrapor pobreza e riqueza, fraqueza e força, ignorância e sabedoria, silêncio e voz, conformação e transformação etc - ele sentia um fetiche por pessoas que morriam cedo.
Daí a apropriação de Chico Xavier pelos jovens falecidos, a ponto de parecer "donos deles", o que faz com que, hoje, um Humberto de Campos dificilmente seja lembrado fora da "tutela" do anti-médium mineiro.
O fetiche pelos jovens falecidos, que se estende pela devoção exagerada à instituição Família - herança do catolicismo fortemente arraigado em Xavier - , se torna claro, neste caso, com as chamadas "cartas espirituais" que glamourizam as tragédias prematuras dos filhos e a comoção de seus pais e, sobretudo, mães, considerados "órfãos de filhos".
Esse é também um aspecto contraditório, pois a religião "espírita", que glamouriza o sofrimento e as tragédias humanas, se fundamenta, através de Chico Xavier, pela preservação simbólica do velho, em detrimento do sacrifício dos jovens. O "novo" ceifado para salvar o "velho".
E só mesmo o conservadorismo latente em muitos brasileiros, esse "complexo de vira-lata" que faz do Brasil um país com a teimosia em "modernizar" o atraso, sempre cosntruindo o "novo" com bases envelhecidas, que transforma Chico Xavier num "mestre" sem qualquer razão para isso.
E ainda tem outra mania, que detalharemos a seguir, que é de Chico Xavier sonhar com o Brasil como nação mais poderosa do planeta. Daí que, desde as primeiras obras, botando tudo nos nomes de Humberto de Campos, Olavo Bilac e outros, mas eventualmente defendendo ele mesmo a causa, a do "Coração do Mundo e da Pátria do Evangelho".
Xavier era um católico excêntrico que conversava com padre, colecionava imagens de santos, sentia fetiche por pessoas precocemente falecidas e adorava justapor ideias contraditórias. Um caipira mineiro com tais hábitos nem de longe estaria pronto para ser o "mestre" que muitos atribuem a ele, a ponto de julgar até mesmo os destinos futuros da humanidade planetária.
Mais do que as manias que marcaram a vida de Francisco Cândido Xavier, é a mania maior de seus seguidores verem ele sempre como um "mestre" absoluto para suas vidas num país confuso como o Brasil.
sábado, 24 de janeiro de 2015
Chico Xavier: um homem fascinado por contrastes
O que faz Chico Xavier fascinar muitas pessoas nem é a sua suposta imagem de homem bondoso, de símbolo máximo da caridade humana, mas a própria vocação de muitos brasileiros em viverem cercados de muitos contrastes.
Francisco Cândido Xavier nem de longe deveria ser uma personalidade importante, até porque seu perfil não diferia muito entre um ligeiro misto de Jeca Tatu com o Pagador de Promessas, mas que no fundo nunca teve qualquer serventia para a verdadeira Doutrina Espírita.
Se Chico Xavier tornou-se um mito, foi porque as circunstâncias favoreceram. A Justiça dos homens é falha, sendo condescendente ou rígida na razão inversa dos méritos. Temos uma democracia ainda frágil, voltada à manutenção das desigualdades sociais promovida pelas classes dominantes, eventualmente defensoras de soluções autoritárias.
No âmbito religioso, então, o Brasil mal conseguiu se livrar do ranço católico medieval que havia sido superado pelas nações européias no século XV, sendo nosso país só se livrado de seus valores na proximidade da República.
Daí o contexto do maior país da América do Sul assimilar muito mal as ideias de Allan Kardec, sem compreender seu nível científico bem de acordo com o contexto de seu país, da França das descobertas científicas e das correntes filosóficas, da Europa de intensas novidades intelectuais e científicas.
E aí veio o "espiritismo à brasileira", que aproveitou apenas alguns pontos amenos da doutrina de Allan Kardec, além de alguns conceitos genéricos (como admitir a vida após a morte e a reencarnação) e nele inseriu-se justamente o "lixo" que a Igreja Católica não queria mais.
Daí que o "espiritismo" brasileiro tornou-se a mais mofada das religiões, por ter trazido para si a "mobília"embolorada do Catolicismo medieval português, tirando todo o aspecto novo da doutrina kardeciana e sucumbindo a um religiosismo retrógrado e conservador.
Francisco Cândido Xavier foi o símbolo máximo desse "espiritismo" retrógrado. Ele reuniu todos os ingredientes ideológicos de uma mitificação que interessava aos dirigentes da FEB atraírem maior visibilidade à instituição, produzindo um personagem que pretendia ser uma aparente unanimidade entre os brasileiros.
Em princípio, Xavier personificava a figura do jovem caipira gentil, desses que entram em um estabelecimento, sorridente mas cabisbaixo, colocando o chapéu no cabide e cumprimentando todas as pessoas em volta. Mais tarde, a essa figura aparentemente humilde somou-se a do "bom velhinho" supostamente associado à experiência de vida e à sabedoria intuitiva.
Mas o que chama a atenção no mito de Chico Xavier é sua inclinação para os contrastes, o seu fascínio por ideias opostas, o que cabe muito bem num Brasil que quer parecer "novo" mantendo o "velho" e quer parecer "moderno" mantendo valores atrasados.
Chico já era fascinado por pessoas que falecessem jovens, já que isso representava um exotismo que contrariava o curso natural da vida. Muitos dos mortos dos quais ele se apropriou faleceram cedo, incluindo jovens anônimos, mas também alguns famosos.
Entre os que tiveram seus nomes usados na bibliografia de Chico Xavier, observa-se, em maioria, falecidos precoces: Irma de Castro, a Meimei (24 anos), poetisa Auta de Souza (25 anos), escritor Humberto de Campos (48 anos), Augusto dos Anjos (30 anos), Casimiro de Abreu (23 anos), Castro Alves (24 anos) ou mesmo Marilyn Monroe (36 anos).
Mesmo o fictício personagem de André Luiz, que pesquisas de conteúdo de textos revelaram coincidir suas ideias e sua narrativa com as de Waldo Vieira, parecia ter morrido na casa dos 40 anos, ou ao menos antes dos 60 anos de idade, depedendo da interpretação sobre quem ele "teria sido".
Chico imaginava então uma religião que protegesse o velho e sacrificasse o novo. Uma religião que criminalizava suicidas enquanto atribuía aos homicidas uma suposta missão de "reajustes espirituais" das vítimas.
Sim, o novo baseado na manutenção do velho e no sacrifício dos jovens. Que transforma vítimas em culpadas e culpados em "agentes do destino". E que faria de Chico Xavier a personificação de muitas ideias bastante contraditórias.
Ele pregava, em muitas de suas palavras dóceis, que nas dificuldades da vida a "voz" que deveria se expressar era a do silêncio. Se alguém pisar em nossos calos, não ousemos sequer gritar, bastando ficarmos quietos, "engolindo" a dor e orando em silêncio. Nem é questão de aceitar desculpas a quem pisou em nós, mas pura e simplesmente de aceitarmos quietos e serenos todo sofrimento.
Contraditório, o Chico Xavier que queria que nós sofrêssemos calados no "silêncio da prece" queria que nós nos libertássemos na castração dos nossos desejos, das nossas vontades e interesses, da repressão do que queremos, mesmo quando nossos desejos, vontades e interesses fossem para ajudar o próximo. Se tudo dá errado em nossas vidas, limitemo-nos a "orar em silêncio".
Chico é o anti-ativista por excelência, mas que é tido pelos seus adeptos como o "maior ativista do Brasil". Outra contradição. Afinal, Chico não gostava que as pessoas questionassem e se mobilizassem, preferindo que a sociedade se acomodasse em preces e apenas praticasse caridades paliativas que não rompessem com as estruturas dominantes de nossa sociedade.
A religião "chiquista" - como se tornou o suposto "kardecismo" feito no Brasil - glamourizava o sofrimento humano e, na sua mania de contrastes, pregava que o sofrimento era uma benção, que a ideia de sofrer, ainda que seja o pior dos sofrimentos, era vista como um "benefício", conforme a interpretação contrastante de Chico Xavier.
Ele mesmo personificava outros contrastes: era o interiorano promovido a "guia maior do Universo". Um pobre coitado tido como um quase Deus. Um suposto iletrado (na verdade Chico era "devorador" de livros) transformado em mestre. Um aparente ignorante transformado em sábio. Um autor de frases piegas que eram vistas como "ciência" por seus seguidores e simpatizantes.
Chico, além disso, era um conservador que seus adeptos supunham ser "progressista". Além disso, era um devoto católico, que entrou como penetra na Doutrina Espírita, que passou a ser visto até como "cientista" por conta de supostas previsões sobre como seria seu mundo, na visão dele, a partir de 2019.
Por isso, Chico tornou-se um homem cheio de contrastes. E isso encaixa muito no inconsciente de muitos brasileiros que, incapazes de desenvolver suas qualidades e tomados de muitos preconceitos, se confortam com as frases de Chico Xavier cuja "luminosidade" ofusca suas trevas interiores.
Daí que muitas pessoas que colocam as frases de Chico Xavier nas mídias sociais, se julgando dotadas de aperfeiçoamento espiritual, quando se encontram nas ruas com aqueles que os seguem nessas mídias (os seus amigos "virtuais"), os cumprimentam com terrível desdém de quem não quer tê-los como verdadeiros amigos.
Por isso, a Doutrina Espírita ficou comprometida no Brasil graças à figura contraditória de Chico Xavier e seus ideais. E fez com que os ideais de Allan Kardec fossem deturpados de tal forma que até para o que hoje são o Catolicismo e o Protestantismo o "nosso espiritismo" ficou bastante atrasado, obsoleto e antiquado.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2015
O fundamentalismo "chiquista"
Passaram-se algumas semanas do atentado contra a redação do periódico francês Charlie Hebdo - com perfil semelhante ao nosso Pasquim - , que matou dez de seus funcionários, além de outros assassinados no caminho dos terroristas (que mataram outros, incluindo reféns, antes deles serem mortos pela polícia e de uma cúmplice fugir), trouxe discussões em torno do fundamentalismo religioso.
O Charlie Hebdo é um jornal que se dedicava a fazer críticas sociais e políticas, sobretudo de cunho religioso. Várias correntes religiosas são criticadas, e, exageros à parte, elas puxam um debate em torno do fanatismo religioso. O periódico continua sendo publicado, conduzido agora pelos remanescentes da redação tragicamente desfeita.
No Brasil, o fundamentalismo pode ter outro matiz, conforme indica a repercussão de um vídeo editado por nós no YouTube, que revela o lado oculto das "dóceis profecias" de Francisco Cândido Xavier naquele sonho que virou até livro e documentário, conforme sabemos por aqui.
Apesar de ter havido, até anteontem, quase 9 mil visualizações, a repercussão, como é de se esperar, é negativa. No termômetro de avaliação do YouTube, até anteontem 120 pessoas não gostaram do que viram, enquanto apenas 28 pessoas gostaram.
As pessoas que não gostaram acharam o vídeo "um absurdo". Tomados da idolatria a Chico Xavier e da vontade ufanista de ver o Brasil como nação mais poderosa do planeta - tudo isso às custas do "silêncio da prece" e da caridade paliativa, dentro de um quadro de grave contexto sócio-cultural e político - , os seguidores do anti-médium ficaram irritados com o que o vídeo mostrava.
Quisemos adiantar, no vídeo, muitos dos questionamentos que aqui fazemos em Data-Limite Segundo Chico Xavier. Vimos um dado oculto sobre o desejo de Chico Xavier ver o Brasil exercendo uma supremacia político-religiosa - como "nação poderosa" do planeta e como país que propaga seu "espiritismo" - , vendo as coisas por trás da aparência.
Pesquisamos reportagens referentes ao sonho de Chico Xavier em 1969 e ele anunciava o fim do "velho mundo", com a destruição da Europa, dos EUA, do Oriente Médio e do restante da Ásia, através de catástrofes ou de ações terroristas, abrindo o caminho para a ascensão do Brasil como potência máxima do planeta.
Isso significa a destruição de países que já atingiram um nível de qualidade de vida que ainda inexiste no Brasil. A Escandinávia (Noruega, Suécia, Dinamarca, Finlândia e Islândia, em que pese a estrutura vulcânica deste último), conhecida pelo seu elevado nível de vida, seria destruída pelas enchentes causadas pelo derretimento polar.
A França, Reino Unido e EUA seriam destruídos pelo terrorismo. Enchentes e terremotos destruiriam a Califórnia. A Ásia seria arrasada por catástrofes naturais e terrorismo. Multidões seriam dizimadas e quem tiver dinheiro que fugisse para a "terra abençoada pelo Cruzeiro do Sul".
Em contrapartida, no Brasil marcado pela mediocrização cultural, pelos baixos investimentos à Educação e à Ciência e pela baixa valorização de seu rico patrimônio cultural - só a chamada Música Popular Brasileira virou refém da canastrice brega-popularesca dominante e quase monopolista - , é anunciado como o eldorado de transformações profundas no âmbito sócio-cultural.
Isso significa que grandes cientistas, intelectuais e artistas surgirão do nada, sem investimentos nem visibilidade, se projetando no mundo não se sabe como. Talvez fazendo piruetas sob os semáforos nas ruas das cidades ou vendendo pipocas em estádios de futebol, porque eles não têm como furar o bloqueio da imbecilização cultural que no Brasil atinge níveis quase totalitários.
DOUTRINAS DETURPADAS PRODUZEM FANATISMO
Questionar tudo isso é um grave risco num país onde focos de pistolagem, violência conjugal e cyberbullying nas mídias sociais mostram o alto grau de reacionarismo que se vive no Brasil, e do qual o efeito da "má repercussão" do vídeo revelador é apenas uma das consequências.
A verdade dói, a realidade machuca, por isso o Brasil é um terreno fértil para movimentos fundamentalistas. O que preocupa, e muito, é que os seguidores de Chico Xavier possam resultar num movimento fundamentalista que, por enquanto, não incomoda, mas que pode gerar um comportamento violento amanhã.
Ainda vamos explicar melhor isso, porque alegações "positivas" e "fraternais" não impedem que surjam fundamentalistas, porque o fanatismo religioso já demonstrou usar pretextos "superiores" para promover a violência e a barbárie.
Algumas pistas já foram lançadas para isso. Amauri Xavier, sobrinho de Chico Xavier, foi denunciar as irregularidades mediúnicas do tio, e a FEB teria ordenado que "sumissem com o jovem", criando uma campanha difamatória em que até os ínfimos defeitos de Amauri foram exagerados e outros foram até inventados, como a tal "falsificação de dinheiro".
Amauri foi vítima de uma campanha de pesada carga de ódio e rancor, vinda justamente daqueles que pedem o "perdão incondicional" e a "misericórdia". Chico Xavier poderia cometer das suas, que se recomenda "toda misericórdia a ele", mas quem denuncia irregularidades e equívocos graves é vítima de toda carga de ódio e fúria vinda daqueles que são "incapazes de ter ódio no coração".
No caso da farsante Otília Diogo, que criou fraudes de materialização sob o apoio de Chico Xavier, repórteres de O Cruzeiro que foram investigar o caso chegaram a sofrer ameaças e eram caluniados em matérias pagas por "espíritas" e em outros periódicos do "movimento espírita", apenas porque cumpriram sua missão de exercer o jornalismo investigativo.
Isso se deve porque o "espiritismo" brasileiro, distante das bases de Allan Kardec, produziu sua legião de fanáticos intolerantes (sim, o mesmo pessoal que defende a "tolerância" e o "perdão sem limites"), o que diz muito sobre diversas doutrinas e ideologias que, uma vez deturpadas, produzem suas legiões de fanáticos e fundamentalistas que agem com ódio e violência.
COMO SE FAZ UM FUNDAMENTALISTA
Não são as bases ideológicas originais que produzem fundamentalistas. O fanatismo surge quando um sistema de valores sofre sua primeira deturpação. As ideias originais são diluídas, muito de sua essência original é descartado e um outro sistema de ideias, menos ousado e supostamente pragmático, surge em seu lugar, prometendo vantagens pessoais imediatas.
Isso surge em vários tipos de ideologias. Na religião, é ilustrativo o fato do Cristianismo primitivo, humanista, progressista e pacifista, ter dado lugar ao retrógrado Catolicismo medieval, deturpação que produziu os primeiros fundamentalistas, criando um período de horror que consistiu na Idade Média que conhecemos.
Mas no Brasil até mesmo casos recentes são feitos, mesmo fora da religião. Na cultura rock, o descartamento da rádio Fluminense FM, que divulgava a cultura rock original, de influência nos movimentos juvenis dos anos 60 e 70 e no pós-punk, com toda a valorização do ativismo e da produção de conhecimento, deu espaço a rádios deturpadoras que produziram depois seus fanáticos.
A Fluminense FM era de Niterói e, na mesma região do Grande Rio, seguiu-se a deturpação grosseira, caricata e reacionária da Rádio Cidade, que nem era originalmente uma rádio de rock, surgida em 1977 como uma despretensiosa rádio pop.
Mas, uma vez assumindo o rótulo "rock", a Rádio Cidade criou uma deturpação violenta do gênero, com uma perigosa legião de fanáticos que parecem uma versão skatista do Tea Party, o movimento de extrema-direita dos EUA.
Os adeptos da Rádio Cidade são pessoas supostamente rebeldes que chegaram a fazer ameaças contra quem contestasse os desmandos e deslizes cometidos pela Cidade, cujos locutores são conhecidos pelo estilo animadinho que falam como se dirigissem a crianças mimadas de no máximo 12 anos de idade.
Quem acompanhou os fóruns de discussões da página da Rádio Cidade na Internet pôde perceber o ultrarreacionarismo desses "roqueiros de condomínio de luxo": eles defendiam o fechamento do Congresso Nacional e a extinção do Poder Legislativo, odiavam ler livros e condenavam os movimentos sociais de operários, camponeses e povos indígenas.
O reacionarismo faz sentido neste e em outros exemplos, como o fundamentalismo islâmico, que destoa da essência original da religião muçulmana e de uma figura admiravelmente pacifista que havia sido Maomé, que em sua vida se esforçou em fazer progredir a humanidade de seu tempo.
Maomé, Jesus Cristo, Allan Kardec, Karl Marx, Tropicalismo, cultura rock, movimento LGBT, cultura nerd, tudo isso é passível de más interpretações. Os fundamentalistas não buscam as bases doutrinárias ou ideológicas, o que eles defendem são as vantagens de ascensão rápida e ampla trazida pelas deturpações feitas pelas ideias originais.
Os fanáticos se apegam ao que as deturpações prometem: ascensão social rápida, grandes privilégios, compactuação fácil com o poder, vantagens pessoais fáceis. Eles apenas se apoiam às ideologias originais na sua fachada, mas não raro eles mesmos criticam seus pioneiros, embora se autoproclamem seus seguidores.
A deturpação dissolve as ideias originais e tudo aquilo que as doutrinas, movimentos ou ideologias originais têm de essencial. Fundamentalismo não é necessariamente a defesa ou o esforço de resgatar os fundamentos originais, mas "fundamentalizar" a deturpação dos ideais e movimentos originais.
O fundamentalista quer que a caricatura seja o retrato oficial de seus ideais. Ele despreza o desenho original, muito "complicado" e "ineficiente" para seus propósitos. Usa a deturpação como forma de afirmar os ideais originais, alegando que o resgate dos fundamentos originais viria quando a deturpação prevalecesse, o que praticamente nunca acontece, apesar das promessas.
Daí que, quando se questiona a validade das deturpações, seus seguidores reagem da pior forma. Daí o rancor, as represálias, a violência, em diversas formas, de acordo com o contexto. E isso é muito perigoso e não exclui sequer o pretexto de "doutrina de amor e fraternidade" do "espiritismo" popularizado por Chico Xavier.
O próprio "espiritismo" já sinalizou que condena mais o suicídio do que o homicídio, visto como um "mal menor", um "ato de justiça para reparar as dívidas morais", aquele pretexto conhecido como "reajustes morais", alegando "acertos de contas" de "encarnações passadas".
O doloroso é revelar tudo isso e tirar o véu da ilusão, criando nos chiquistas uma irritabilidade da qual alguns até conseguem disfarçar, quando tentam, de forma cínica, criar um discurso raivosamente dócil do tipo "meu irmão, você está tomado da influência de nossos amiguinhos sofredores, que lhe fazem divulgar mentiras (sic) desse nível", "você está obsediado, querido irmão" etc.
Esse fundamentalismo não existe quando se defende, autenticamente, as bases de Allan Kardec. Tanto que Kardec foi atacado e humilhado e não surgiu um exército de seguidores raivosos para defendê-lo.
Pelo contrário, os seguidores de Chico Xavier, que deturpou a Doutrina Espírita de Kardec tal qual o imperador romano Constantino deturpou o Cristianismo primitivo dos adeptos de Jesus, é que preferiram desviar das bases kardecianas no que elas tinham de "complicado" e "pouco pragmático".
Eles preferiram a deturpação bem-sucedida de Chico Xavier, que não rompeu com os velhos dogmas católicos de influência ibérico-medieval, porque oferecia vantagens mais fáceis e não ameaçava o sistema de privilégios sócio-culturais, políticos, religiosos, econômicos etc. E isso sob o respaldo do espírito Emmanuel, que é o mesmo retrógrado jesuíta Manuel da Nóbrega.
O "espiritismo" segundo Chico Xavier era uma forma de eliminar tudo aquilo que havia de iluminista e transformador em Allan Kardec, reduzindo a Doutrina Espírita ao mais rígido conservadorismo, substituindo o ativismo social pelo "silêncio da prece" e condenando os movimentos sociais ao defender, em seu lugar, a "reforma íntima", eufemismo que significa conformismo e acomodação.
Por isso, não foi a doutrina de Allan Kardec que gerou fundamentalistas. Foi o fanatismo dos seguidores do sistema deturpado simbolizado por Chico Xavier, ele portador de estereótipos diversos associados a valores conservadores dominantes no país.
Os fundamentalistas "chiquistas" abandonaram os fundamentos de Kardec. Eles preferiram "fundamentalizar" os conceitos deturpados e de cunho conservador popularizados pelo anti-médium mineiro, do qual a fantasia está acima da realidade.
Por isso, eles preferem que o "silêncio da prece", associado ao ufanismo conservador, façam com que o Brasil em extrema crise de valores vire a "nação mais poderosa do planeta". É assim que surgem os fanáticos fundamentalistas, que poderão reagir de forma violenta a cada imperativo da realidade e da busca pela coerência dos fatos.
Os fundamentalistas perdem a razão, mas se acham donos dela. E isso é horrível, pois mesmo os pretextos de "amor, luz e fraternidade" podem gerar ódios, trevas e egoísmos de grupos. Vide o caráter anti-Cristo que teve o Catolicismo medieval, supostamente "cristão". O maior medo é que a história se repita com o "coração do mundo".
quarta-feira, 21 de janeiro de 2015
A suposta psicografia de Chico Xavier e seus parceiros
ANTÔNIO WANTUIL DE FREITAS E WALDO VIEIRA TERIAM CO-ESCRITO AS SUPOSTAS PSICOGRAFIAS DE FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER.
A aparente psicografia de Francisco Cândido Xavier já mostrava suas irregularidades. Elas geraram até problemas judiciais, escândalos vergonhosos, para os quais a reação variava entre a omissão e os ataques violentos dos partidários contra aqueles que "obstruíram" o caminho "sereno" do anti-médium mineiro.
Daí as manifestações de puro rancor, como verdadeiras bestas-feras soltas nas selvas, contra Amauri Pena, só por causa de uma denúncia divulgada porque o jovem sobrinho de Chico Xavier estava com peso de consciência, diante das pressões que os líderes "espíritas" fizeram sobre ele para praticar supostas atividades psicográficas.
As irregularidades custaram graves incidentes contra Chico Xavier. desde o processo judicial dos herdeiros de Humberto de Campos - com o advogado Milton Barbosa apontando falhas na suposta psicografia atribuída ao escritor maranhense - até acusações de cumplicidade no caso da farsante Otília Diogo, a falsa irmã Josefa em rituais de falsa materialização, que eram puro ilusionismo.
Se juntarmos as irregularidades em torno de Chico Xavier, dariam um livro amargo que deixaria os adeptos do anti-médium entristecidos, reagindo com eventual coitadismo, vítimas do "impiedoso julgamento dos homens na Terra" mas, às vezes, despejando língua ferina acusando os questionadores de "homens de ciência convertidos em juízes cruéis das pessoas de bem".
Mas Chico Xavier apresentou irregularidades, mesmo. E constatá-las não é perseguir uma figura tida como muito querida por seus seguidores nem se escravizar aos "julgamentos terrenos". É uma questão de lógica dos fatos, mesmo. Assim, avaliado friamente, sem raivas nem rancores, usando o critério da coerência, que está acima de pessoas ou de partidos diversos.
Se observamos, por exemplo, uma disparidade entre o poema de Olavo Bilac, com seu estilo sofisticado de calcular métricas e rimas, antecipando a musicalidade do movimento simbolista em seus poemas parnasianos, e o cansativo poema de apelo religioso de um suposto "Olavo Bilac espírito", carregando bandeiras típicas de Chico Xavier, seguimos critérios lógicos.
Nem de longe queremos perseguir nem desmoralizar coisa alguma. Mas, devido a avaliações lógicas e questionadoras, temos que ser severos diante de irregularidades cometidas, pois não há palavrinha amorosa que possa permitir a fraude ou mesmo a sua dissimulação em "lindas lições de vida".
Pesquisamos os textos de Chico Xavier e somos obrigados pela lógica dos fatos a constatar que muito do que se atribui à sua psicografia tem crédito duvidoso. Não fosse essa avaliação, teríamos que adotar situações e processos surreais e de teor fictício, como se Chico Xavier fosse o Speed Racer da escrita mediúnica.
EQUIPES EDITORIAIS
Há a famosa acusação do eminente escritor católico Alceu Amoroso Lima, que às vezes escrevia sob o pseudônimo de Tristão de Athayde (ou Tristão de Ataíde, numa grafia mais atualizada), de que Parnaso de Além-Túmulo teria sido escrito por uma equipe de editores.
A tese foi considerada "absurda" e "inconcebível" pelos partidários de Chico Xavier, mas tem seu aspecto lógico. Para piorar, algumas cartas de Chico a Antônio Wantuil de Freitas, então presidente da FEB, em 1947, comprovam tal visão, apontando negociações de revisão das reedições do referido livro poético, e foram reveladas em fontes simpáticas ao anti-médium, conforme registra Testemunhos de Chico Xavier, de Suely Caldas Schubert.
Pois foi uma fonte favorável a Chico Xavier, publicada pela editora da FEB, deixou confirmar, por acidente, uma tese que seus partidários julgavam "inconcebível" e "absurda". Negavam o ato de forma veemente, mas tiveram que apresentar seus vestígios.
O livro poético já fez errado ao ser reparado em cinco sucessivas edições, em pouco mais de duas décadas - a revisão da quinta para a sexta e "definitiva" edição durou dez anos e da qual vieram as cartas de 1947 entre Chico e Wantuil - , pelo contexto e pretexto a que se inseriu.
Pois Parnaso de Além-Túmulo, se considerarmos a suposta superioridade espiritual de Chico Xavier, e a elevada qualidade moral dos poetas envolvidos, deveria ter sido uma obra pronta e irretocável de mensagens espirituais, das quais não tivesse necessidade de haver qualquer reparo.
No entanto, a obra se contradisse pelo fato de ter feito sucessivos reparos - alguns deles severos e motivados por situações desagradáveis - em cinco edições e duas décadas, o que desqualifica a "pureza intocável" da "primeira psicografia" de Chico Xavier.
E, piorando mais ainda, a revelação que confirma a "absurda tese" do católico Alceu Amoroso Lima veio de uma escritora e suposta médium, ligada à FEB, que, lembrando carinhosamente do querido Chico Xavier, deixou publicar cartas que simplesmente "confessam o crime", com Chico Xavier pedindo para Wantuil e outros editores "revisassem" o livro porque Chico não tinha "possibilidade nem oportunidade" (ou melhor, "tempo") para fazer minuciosamente a revisão.
São contradições e irregularidades que os partidários de Chico Xavier deixam mostrar e que se apresentam claramente aos nossos olhos. Como é que, constatando as mesmas de maneira objetiva, podemos ser acusados de "perseguir homens de bem" ou de nos limitarmos aos "juízos terrenos" em detrimento da "lógica (?!?!?!) do coração"?
OS PARCEIROS DE CHICO XAVIER
Observando os livros de Chico Xavier, talvez a única hipótese de mediunidade autêntica estaria associada aos livros do jesuíta Emmanuel, que teria sido o padre Manuel da Nóbrega e aparentemente era o "mentor e confidente" do anti-médium mineiro.
Mesmo assim, talvez não teriam sido todos os livros. Há denúncias, mesmo dentro do "movimento espírita", de que algumas obras de autoria de Emmanuel se contradizem em várias ideias, e que, dos anos 60 em diante, mesmo as obras dessa "lavra" teriam sido feitas por equipes editoriais.
Podemos identificar, no entanto, a verdadeira autoria dos livros atribuídos a André Luiz e a Humberto de Campos / Irmão X, que claramente mostram aspectos irregulares que contradizem claramente as autorias espirituais. Em ambos, Chico Xavier teria co-escrito os livros, mas não sozinho, e ele teria recebido a colaboração de outro alguém.
No caso de Humberto de Campos, o mais antigo deles, nota-se que o tom messiânico, de ranço fortemente católico, destoa completamente do estilo que o escritor maranhense escrevia em vida, mais descontraído e coloquial, embora bastante culto em informações.
Em contrapartida, observa-se, na obra do suposto "Humberto de Campos / Irmão X" ("Irmão X" foi o pseudônimo usado para evitar o prolongamento dos litígios com os herdeiros do escritor), uma alternância do conservadorismo religioso de ligeiras evocações pseudo-científicas de Antônio Wantuil de Freitas, de uma escrita solene e eventualmente agressiva, e o sentimentalismo católico de Chico Xavier.
Dessa feita, a "safra Humberto de Campos" seria, na verdade, uma parceria que Chico Xavier, que escrevia de sua própria mente, teria feito com Wantuil, que era também escritor e, com o pseudônimo de "Minimus", só tardiamente revelado, escreveu obras como Síntese de O Novo Testamento, em 1949.
Quanto à "safra André Luiz", Chico Xavier teria co-escrito os livros junto a Waldo Vieira. Oficialmente, a identidade do suposto André Luiz remete a várias personalidades. Waldo atribuiu ao médico Carlos Chagas (1879-1934). Há também uma teoria, sem um responsável direto, e um tanto remota, de que André teria sido Osvaldo Cruz (1872-1917). Já Luciano dos Anjos atribuiu a identidade ao médico e ex-dirigente esportivo Faustino Esporel (1888-1931).
Embora haja argumentos favoráveis para cada tese, elas sempre esbarram em alguma contradição, tendo sido a tese de Esporel considerada mais convincente. Mas uma observação cuidadosa dos livros de "André Luiz" apontam que a verdadeira identidade não pode ser outra: André teria sido, na verdade, um personagem fictício do próprio Waldo Vieira.
Nosso Lar, de 1943,seria uma obra de ficção científica medíocre, mas atribuída a um relato "realista" do mundo espiritual, e apresentava uma narrativa e um estilo de argumentar próprios de Waldo em sua Conscienciologia, religião pseudo-científica que criou depois que rompeu com a FEB, em 1968.
O próprio livro Nos Domínios da Mediunidade (1955), feito sob encomenda pela FEB para substituir O Livro dos Médiuns de Allan Kardec, permitindo certas "licenças" que fogem do cientificismo kardeciano, apresenta muitos aspectos pseudo-científicos que compõem hoje a Conscienciologia e seu derivado, a Projeciologia.
Isso é certo, porque observa-se as identidades pelos conteúdos das obras. As ideias de "André Luiz", assim como sua forma de narrativa e argumentação, se afinam, e muito, com as ideias de Waldo Vieira hoje difundidas na sua seita.
Chico Xavier teria, provavelmente, atuado como co-autor das histórias e teorias dos livros do suposto espírito. Em certos casos, Waldo escrevia sozinho, como em Conduta Espírita (1960), sendo a co-autoria Waldo e Chico observada através da alternância entre o dogmatismo religioso xavieriano e o pseudo-cientificismo de Waldo.
A parceria teria se encerrado em 1968. O livro E a Vida Continua, provavelmente com autoria exclusiva de Chico Xavier, pela predominância do religiosismo, embora com "orientações" deixadas por Waldo.
Entre os livros posteriores, já com Waldo ocupado em sua seita, destaca-se Cidade do Além (1983), que Chico fez em parceria com a sobrinha do falecido Eurípedes Barsanulfo, Heigorina Cunha, também falecida. Chico usou o crédito de André Luiz, enquanto Heigorina teria usado Lucius, que supostamente teria sido o "mentor" de Zibia Gasparetto.
Heigorina fez, em Cidade do Além, a parte que antes coubera a Waldo, acrescentando uma narrativa "científica" e ela mesma desenhando as plantas que seriam da tal "cidade espiritual" do livro, que procurava seguir a linha de Nosso Lar, num contexto mais "contemporâneo".
SOBRECARREGADO DEMAIS
Chico Xavier, muito provavelmente, pode não ter escrito boa parte dos livros publicados depois dos anos 70. Como um popstar do "movimento espírita", ele tinha que comparecer a inúmeros compromissos, receber pessoas e escrever supostas mensagens espirituais. Eram compromissos intensos, que levavam muitas horas, impossibilitando a dedicação intensa a livros.
Um livro não se escreve às pressas numa vez só. Ele leva tempo para ser escrito. Imagine Chico Xavier escrevendo de quinze a vinte livros por ano, cheio de compromissos, recebendo centenas de pessoas, fazendo visitas, dando depoimentos, divulgando mensagens etc etc etc.
Alguém imaginaria Michael Jackson lançando de quinze a vinte álbuns por ano? O prazo entre um álbum e outro, do finado cantor norte-americano, sempre foi longo, pelo menos contado a partir de Off The Wall, já que antes, ao menos, ele tinha uma discografia mais consecutiva, em anos, junto aos seus irmãos do Jackson Five / The Jacksons, sendo seu primeiro trabalho solo de 1975 inserido dentro desse ritmo de lançamentos.
Por isso, muitos dos livros de Chico Xavier, já no crepúsculo de sua carreira, eram na verdade feitos por equipes editoriais, como em muitos livros de auto-ajuda que um autor assina o que um "time" de ghost writers, geralmente seus próprios subordinados, acabam escrevendo.
O próprio Chico já alegava a tal "falta de tempo" na carta a Wantuil que deixou vazar que Parnaso de Além-Túmulo era feito por uma equipe de editores. Acabou "confessando" o que fez. E isso é o que os "espíritas" tanto temem, daí que eles acusam os questionadores de "perseguição injusta a um homem de bem" (no caso, Chico) e de "julgamento dos homens da terra".
Sem perseguições nem julgamentos injustos. A lógica dos fatos mostra essas contradições. A realidade dói mais aos "espíritas", que preferem botar na conta do além toda sorte de absurdos e surrealismos.
A aparente psicografia de Francisco Cândido Xavier já mostrava suas irregularidades. Elas geraram até problemas judiciais, escândalos vergonhosos, para os quais a reação variava entre a omissão e os ataques violentos dos partidários contra aqueles que "obstruíram" o caminho "sereno" do anti-médium mineiro.
Daí as manifestações de puro rancor, como verdadeiras bestas-feras soltas nas selvas, contra Amauri Pena, só por causa de uma denúncia divulgada porque o jovem sobrinho de Chico Xavier estava com peso de consciência, diante das pressões que os líderes "espíritas" fizeram sobre ele para praticar supostas atividades psicográficas.
As irregularidades custaram graves incidentes contra Chico Xavier. desde o processo judicial dos herdeiros de Humberto de Campos - com o advogado Milton Barbosa apontando falhas na suposta psicografia atribuída ao escritor maranhense - até acusações de cumplicidade no caso da farsante Otília Diogo, a falsa irmã Josefa em rituais de falsa materialização, que eram puro ilusionismo.
Se juntarmos as irregularidades em torno de Chico Xavier, dariam um livro amargo que deixaria os adeptos do anti-médium entristecidos, reagindo com eventual coitadismo, vítimas do "impiedoso julgamento dos homens na Terra" mas, às vezes, despejando língua ferina acusando os questionadores de "homens de ciência convertidos em juízes cruéis das pessoas de bem".
Mas Chico Xavier apresentou irregularidades, mesmo. E constatá-las não é perseguir uma figura tida como muito querida por seus seguidores nem se escravizar aos "julgamentos terrenos". É uma questão de lógica dos fatos, mesmo. Assim, avaliado friamente, sem raivas nem rancores, usando o critério da coerência, que está acima de pessoas ou de partidos diversos.
Se observamos, por exemplo, uma disparidade entre o poema de Olavo Bilac, com seu estilo sofisticado de calcular métricas e rimas, antecipando a musicalidade do movimento simbolista em seus poemas parnasianos, e o cansativo poema de apelo religioso de um suposto "Olavo Bilac espírito", carregando bandeiras típicas de Chico Xavier, seguimos critérios lógicos.
Nem de longe queremos perseguir nem desmoralizar coisa alguma. Mas, devido a avaliações lógicas e questionadoras, temos que ser severos diante de irregularidades cometidas, pois não há palavrinha amorosa que possa permitir a fraude ou mesmo a sua dissimulação em "lindas lições de vida".
Pesquisamos os textos de Chico Xavier e somos obrigados pela lógica dos fatos a constatar que muito do que se atribui à sua psicografia tem crédito duvidoso. Não fosse essa avaliação, teríamos que adotar situações e processos surreais e de teor fictício, como se Chico Xavier fosse o Speed Racer da escrita mediúnica.
EQUIPES EDITORIAIS
Há a famosa acusação do eminente escritor católico Alceu Amoroso Lima, que às vezes escrevia sob o pseudônimo de Tristão de Athayde (ou Tristão de Ataíde, numa grafia mais atualizada), de que Parnaso de Além-Túmulo teria sido escrito por uma equipe de editores.
A tese foi considerada "absurda" e "inconcebível" pelos partidários de Chico Xavier, mas tem seu aspecto lógico. Para piorar, algumas cartas de Chico a Antônio Wantuil de Freitas, então presidente da FEB, em 1947, comprovam tal visão, apontando negociações de revisão das reedições do referido livro poético, e foram reveladas em fontes simpáticas ao anti-médium, conforme registra Testemunhos de Chico Xavier, de Suely Caldas Schubert.
Pois foi uma fonte favorável a Chico Xavier, publicada pela editora da FEB, deixou confirmar, por acidente, uma tese que seus partidários julgavam "inconcebível" e "absurda". Negavam o ato de forma veemente, mas tiveram que apresentar seus vestígios.
O livro poético já fez errado ao ser reparado em cinco sucessivas edições, em pouco mais de duas décadas - a revisão da quinta para a sexta e "definitiva" edição durou dez anos e da qual vieram as cartas de 1947 entre Chico e Wantuil - , pelo contexto e pretexto a que se inseriu.
Pois Parnaso de Além-Túmulo, se considerarmos a suposta superioridade espiritual de Chico Xavier, e a elevada qualidade moral dos poetas envolvidos, deveria ter sido uma obra pronta e irretocável de mensagens espirituais, das quais não tivesse necessidade de haver qualquer reparo.
No entanto, a obra se contradisse pelo fato de ter feito sucessivos reparos - alguns deles severos e motivados por situações desagradáveis - em cinco edições e duas décadas, o que desqualifica a "pureza intocável" da "primeira psicografia" de Chico Xavier.
E, piorando mais ainda, a revelação que confirma a "absurda tese" do católico Alceu Amoroso Lima veio de uma escritora e suposta médium, ligada à FEB, que, lembrando carinhosamente do querido Chico Xavier, deixou publicar cartas que simplesmente "confessam o crime", com Chico Xavier pedindo para Wantuil e outros editores "revisassem" o livro porque Chico não tinha "possibilidade nem oportunidade" (ou melhor, "tempo") para fazer minuciosamente a revisão.
São contradições e irregularidades que os partidários de Chico Xavier deixam mostrar e que se apresentam claramente aos nossos olhos. Como é que, constatando as mesmas de maneira objetiva, podemos ser acusados de "perseguir homens de bem" ou de nos limitarmos aos "juízos terrenos" em detrimento da "lógica (?!?!?!) do coração"?
OS PARCEIROS DE CHICO XAVIER
Observando os livros de Chico Xavier, talvez a única hipótese de mediunidade autêntica estaria associada aos livros do jesuíta Emmanuel, que teria sido o padre Manuel da Nóbrega e aparentemente era o "mentor e confidente" do anti-médium mineiro.
Mesmo assim, talvez não teriam sido todos os livros. Há denúncias, mesmo dentro do "movimento espírita", de que algumas obras de autoria de Emmanuel se contradizem em várias ideias, e que, dos anos 60 em diante, mesmo as obras dessa "lavra" teriam sido feitas por equipes editoriais.
Podemos identificar, no entanto, a verdadeira autoria dos livros atribuídos a André Luiz e a Humberto de Campos / Irmão X, que claramente mostram aspectos irregulares que contradizem claramente as autorias espirituais. Em ambos, Chico Xavier teria co-escrito os livros, mas não sozinho, e ele teria recebido a colaboração de outro alguém.
No caso de Humberto de Campos, o mais antigo deles, nota-se que o tom messiânico, de ranço fortemente católico, destoa completamente do estilo que o escritor maranhense escrevia em vida, mais descontraído e coloquial, embora bastante culto em informações.
Em contrapartida, observa-se, na obra do suposto "Humberto de Campos / Irmão X" ("Irmão X" foi o pseudônimo usado para evitar o prolongamento dos litígios com os herdeiros do escritor), uma alternância do conservadorismo religioso de ligeiras evocações pseudo-científicas de Antônio Wantuil de Freitas, de uma escrita solene e eventualmente agressiva, e o sentimentalismo católico de Chico Xavier.
Dessa feita, a "safra Humberto de Campos" seria, na verdade, uma parceria que Chico Xavier, que escrevia de sua própria mente, teria feito com Wantuil, que era também escritor e, com o pseudônimo de "Minimus", só tardiamente revelado, escreveu obras como Síntese de O Novo Testamento, em 1949.
Quanto à "safra André Luiz", Chico Xavier teria co-escrito os livros junto a Waldo Vieira. Oficialmente, a identidade do suposto André Luiz remete a várias personalidades. Waldo atribuiu ao médico Carlos Chagas (1879-1934). Há também uma teoria, sem um responsável direto, e um tanto remota, de que André teria sido Osvaldo Cruz (1872-1917). Já Luciano dos Anjos atribuiu a identidade ao médico e ex-dirigente esportivo Faustino Esporel (1888-1931).
Embora haja argumentos favoráveis para cada tese, elas sempre esbarram em alguma contradição, tendo sido a tese de Esporel considerada mais convincente. Mas uma observação cuidadosa dos livros de "André Luiz" apontam que a verdadeira identidade não pode ser outra: André teria sido, na verdade, um personagem fictício do próprio Waldo Vieira.
Nosso Lar, de 1943,seria uma obra de ficção científica medíocre, mas atribuída a um relato "realista" do mundo espiritual, e apresentava uma narrativa e um estilo de argumentar próprios de Waldo em sua Conscienciologia, religião pseudo-científica que criou depois que rompeu com a FEB, em 1968.
O próprio livro Nos Domínios da Mediunidade (1955), feito sob encomenda pela FEB para substituir O Livro dos Médiuns de Allan Kardec, permitindo certas "licenças" que fogem do cientificismo kardeciano, apresenta muitos aspectos pseudo-científicos que compõem hoje a Conscienciologia e seu derivado, a Projeciologia.
Isso é certo, porque observa-se as identidades pelos conteúdos das obras. As ideias de "André Luiz", assim como sua forma de narrativa e argumentação, se afinam, e muito, com as ideias de Waldo Vieira hoje difundidas na sua seita.
Chico Xavier teria, provavelmente, atuado como co-autor das histórias e teorias dos livros do suposto espírito. Em certos casos, Waldo escrevia sozinho, como em Conduta Espírita (1960), sendo a co-autoria Waldo e Chico observada através da alternância entre o dogmatismo religioso xavieriano e o pseudo-cientificismo de Waldo.
A parceria teria se encerrado em 1968. O livro E a Vida Continua, provavelmente com autoria exclusiva de Chico Xavier, pela predominância do religiosismo, embora com "orientações" deixadas por Waldo.
Entre os livros posteriores, já com Waldo ocupado em sua seita, destaca-se Cidade do Além (1983), que Chico fez em parceria com a sobrinha do falecido Eurípedes Barsanulfo, Heigorina Cunha, também falecida. Chico usou o crédito de André Luiz, enquanto Heigorina teria usado Lucius, que supostamente teria sido o "mentor" de Zibia Gasparetto.
Heigorina fez, em Cidade do Além, a parte que antes coubera a Waldo, acrescentando uma narrativa "científica" e ela mesma desenhando as plantas que seriam da tal "cidade espiritual" do livro, que procurava seguir a linha de Nosso Lar, num contexto mais "contemporâneo".
SOBRECARREGADO DEMAIS
Chico Xavier, muito provavelmente, pode não ter escrito boa parte dos livros publicados depois dos anos 70. Como um popstar do "movimento espírita", ele tinha que comparecer a inúmeros compromissos, receber pessoas e escrever supostas mensagens espirituais. Eram compromissos intensos, que levavam muitas horas, impossibilitando a dedicação intensa a livros.
Um livro não se escreve às pressas numa vez só. Ele leva tempo para ser escrito. Imagine Chico Xavier escrevendo de quinze a vinte livros por ano, cheio de compromissos, recebendo centenas de pessoas, fazendo visitas, dando depoimentos, divulgando mensagens etc etc etc.
Alguém imaginaria Michael Jackson lançando de quinze a vinte álbuns por ano? O prazo entre um álbum e outro, do finado cantor norte-americano, sempre foi longo, pelo menos contado a partir de Off The Wall, já que antes, ao menos, ele tinha uma discografia mais consecutiva, em anos, junto aos seus irmãos do Jackson Five / The Jacksons, sendo seu primeiro trabalho solo de 1975 inserido dentro desse ritmo de lançamentos.
Por isso, muitos dos livros de Chico Xavier, já no crepúsculo de sua carreira, eram na verdade feitos por equipes editoriais, como em muitos livros de auto-ajuda que um autor assina o que um "time" de ghost writers, geralmente seus próprios subordinados, acabam escrevendo.
O próprio Chico já alegava a tal "falta de tempo" na carta a Wantuil que deixou vazar que Parnaso de Além-Túmulo era feito por uma equipe de editores. Acabou "confessando" o que fez. E isso é o que os "espíritas" tanto temem, daí que eles acusam os questionadores de "perseguição injusta a um homem de bem" (no caso, Chico) e de "julgamento dos homens da terra".
Sem perseguições nem julgamentos injustos. A lógica dos fatos mostra essas contradições. A realidade dói mais aos "espíritas", que preferem botar na conta do além toda sorte de absurdos e surrealismos.
terça-feira, 20 de janeiro de 2015
Chico Xavier corrompeu a mediunidade no Brasil
Oficialmente, Francisco Cândido Xavier é considerado o maior médium do Brasil. Alguns, mais entusiasmados, exageram e o elegem o maior médium do mundo de todos os tempos. No entanto, as irregularidades em torno de Chico Xavier fizeram com que a prática mediúnica, no país, se tornasse praticamente desmoralizada.
O dom mediúnico de Chico Xavier, na verdade, era alvo de muita controvérsia. No fundo, seu dom mediúnico não tinha a amplitude que se atribui a ele, que mesmo postumamente foi promovido não só a conselheiro sentimental mas a dublê de filósofo, cientista, profeta e guia máximo do Brasil, só faltando dizer que ele é o presidente espiritual do país (e há quem goste dessa ideia).
Xavier exercia a mediunidade através de contatos com o espírito do padre Manuel da Nóbrega. O mineiro era católico e devoto de Nossa Senhora da Abadia (que também tem como devoto o cantor de sambrega Alexandre Pires, de Uberlândia, do mesmo Triângulo Mineiro da Uberaba que adotou o anti-médium), e o jesuíta prontamente adotou o codinome de Emmanuel.
Chico não teria se acautelado quanto ao processo mediúnico, e, ambicioso, ignorava seus próprios limites como médium, e, da maneira que passou a agir, nos momentos em que a mediunidade não se exercitava - ela não acontece 24 horas por dia - , ele topou fazer, sob o pretexto da psicografia, obras que vieram apenas de sua imaginação e de seus parceiros e colaboradores.
Pela figura exótica que Chico se tornou e pelos paradigmas que ele personificou ligados ao jovem caipira, simpático e gentil, posteriormente somadas à figura paternal do "bom velhinho", a sua figura de médium passou a desvirtuar o sentido que se tem do termo "médium", conforme a Teoria da Comunicação.
No sentido semântico, "médium" quer dizer "intermediário", o "meio" de um processo comunicativo. O médium seria aquele que se servia de canal para a comunicação de espíritos do além (normalmente emissores, mas às vezes receptores) e as pessoas na Terra (normalmente receptores, mas eventuais emissores).
ANTI-MÉDIUM
Não foi isso que aconteceu no Brasil. O médium quebrou essa estrutura comunicativa, quando se tornou o centro das atenções. Em vez de ser o "canal" - o "recurso" comunicativo - , ele passou a ser o emissor de mensagens, já que virou um consultor sentimental.
Mas o grande problema é quando as irregularidades do processo mediúnico fazem com que os espíritos do além, que deveriam ser os emissores / receptores da mensagem, passam a ser o "canal" quando servem mais para alimentar o prestígio e a suposta confiabilidade do dito médium.
Em muitos casos, os espíritos do além não dão sequer as caras. A partir do próprio exemplo, que somos obrigados a admitir como péssimo, de Chico Xavier, que produziu pastiches literários com a ajuda de editores da FEB e consultores literários associados, através de Parnaso de Além-Túmulo, já a partir de 1932, as "almas do outro mundo" passaram a ser meros nomes mencionados.
Neste sentido, nem os espíritos do além participam do processo comunicativo. Eles foram embora, envergonhados de ver seus nomes associados àquilo que eles seriam incapazes de escrever. Nem todo mundo se dispõe ao papel constrangedor de se limitar ao propagandismo religioso.
O já definido anti-médium - porque deixou de assumir o papel intermediário (médium) e se tornou o centro das atenções, pois até quando familiares buscam mensagens de entes queridos o "médium" torna-se prioridade, acima até mesmo da "turma do além" - , não obstante, passou a criar mensagens da sua própria imaginação e apenas usa os nomes dos mortos para os créditos de "autoria".
Ele virou uma espécie de ghost writer às avessas. O escritor-fantasma, ou o pintor-fantasma ou a voz-fantasma não são os das almas do outro mundo, mas do suposto médium que deveria ser o "canal", o "intermediário", mas passa a ser o próprio emissor de mensagens ditas "espirituais".
E Chico Xavier corrompeu a mediunidade, com suas irregularidades, cuja constatação nem de longe tem a ver com calúnias ou "injusta perseguição a um homem de bem" (como alardeiam seus partidários), mas por observações cuidadosamente comparativas entre as supostas mensagens espirituais e o que os supostos autores haviam produzido em vida.
Só mesmo sendo ingênuos para ignorarmos a disparidade de estilos e aspectos pessoais observados em obras supostamente atribuídas a espíritos de Humberto de Campos, Auta de Souza, Olavo Bilac e outros, reduzidos a patéticos propagandistas religiosos, a igualmente falar os mesmos propósitos e mensagens de Chico Xavier, em prejuízo da individualidade deles.
ESCOLA RUIM
Isso criou uma escola ruim de médiuns sem qualquer preparo. Se o mau exemplo já vem de um Chico Xavier parodiando estilos poéticos (não sozinho, mas com ajuda de outrem), depois de um Divaldo Franco com seus pastiches e até falsetes e com José Medrado pintando pastiches de quadros de pintores famosos (e conflitando com Divaldo na irregular "psicofonia" de Bezerra de Menezes), tidos como conceituados, imagine então o que ocorre em divisões inferiores.
Hoje a coisa ficou tão bagunçada, que a mediunidade passou a ser um passatempo comparável ao das mesas girantes da França, que numa primeira intância revelaram fenômenos espirituais interessantes, mas depois, no auge da popularidade, geraram práticas fraudulentas.
E, o que é pior, a mediunidade "autêntica", como se considera no Brasil, aprecia mensagens fraudulentas, apenas pela "semelhança" que guardam aos estilos e personalidades que os mortos expressaram em vida. Famílias são enganadas, com gritos e choros de comoção, quando só verificam alguns aspectos pessoais dos entes queridos, sem perceber as diferenças.
É claro que, num Brasil ainda escravo da fé cega religiosa, mensagens fraudulentas sejam vistas como "autênticas" porque apresentam semelhanças parciais - algumas tidas como "sutis" - em que os supostos falecidos venham com saudações "infantis" tipo "Querida mamãe" e alguma mensagem "fraternal" junto. Belos sentimentos camuflando a fraude.
Isso porque não são as semelhanças que apontam fraudes. São as diferenças, por pequenas que sejam, que, destoando de tudo que se relaciona à personalidade de um falecido, derrubam as semelhanças mais sutis, quanto mais aquelas consideradas genéricas.
Há até, nos bastidores, a regra de que um médium que não conseguisse se concentrar para receber um espírito do outro mundo - e nem mesmo um zombeteiro, uma alma bagunceira, que se passa pelo "amigo do além" - é, na falta dessa capacidade mediúnica, criar uma mensagem da própria mente que seja carregada de "apelos de amor e fraternidade".
É um padrão que conforta a todos e deixa as mães dormirem tranquilas, mesmo quando a narrativa é sempre padronizada, da alma infeliz que sofreu logo após a morte, que depois foi socorrida numa colônia espiritual e aprendeu os ensinamentos de "amor e fraternidade" cristãs e que traz essas "lições" para os entes na Terra.
No entanto, "palavras de amor" são apenas palavras, e toda essa catarse sentimental é perigosa, e faz com que muito da "verdadeira mediunidade" praticada no Brasil seja tão somente uma fraude "bem intencionada", o que praticamente desmoraliza essa prática e a faz seriamente corrompida.
Por isso, a atividade mediúnica no Brasil se tornou gravemente prejudicada. Um sério prejuízo se deu porque, aos olhos da Terra, muitos acreditaram que o mundo espiritual era uma gigantesca igreja e foram dormir tranquilos, sem saber que muito do que se atribui às "vozes do além" se originou tão somente da imaginação fértil dos ditos médiuns, a partir do exemplo de Chico Xavier.
segunda-feira, 19 de janeiro de 2015
Allan Kardec teria considerado o caso Amauri Xavier
Diferente da atitude rancorosa dos líderes "espíritas" e de atitudes de bastidores que sugerem que Amauri Xavier pode ter sido assassinado, não bastassem as acusações contra ele fossem demasiado mesquinhas para um rapaz de sua espécie, Kardec teria apreciado o caso com a humildade de alguém com o interesse de pesquisar.
Kardec era um estudioso e, muito antes de codificar a Doutrina Espírita, via as coisas com muito ceticismo. Mas sua dúvida não o impelia a ignorar ou desprezar as coisas, mas de procurar estudá-las para ver se elas tinham um sentido de verdade ou não.
Ele não investiria em acusações caluniosas e veria aspectos lógicos da situação. "Vocês estão acusando Amauri de ser um vagabundo, ladrão e ébrio porque ele foi assim mesmo ou porque ele disse algo que não lhes agradou?", seria o mínimo que Kardec perguntaria aos "espíritas" brasileiros.
Allan Kardec teria ouvido Amauri Xavier, com dedicada paciência. Ele teria chamado Amauri para conversas e perguntaria a outros envolvidos sobre o que consiste em tais denúncias. O mestre lionês pegaria os materiais acusados de mistificação e examinaria cuidadosamente, um por um, e daria o seu parecer de maneira mais objetiva e imparcial possível.
O grande problema, para o "movimento espírita" brasileiro, é que o sentido da investigação tenderia para um parecer contrário a Chico Xavier, não porque se trata de reforçar uma "campanha injusta" ou simbolizar "julgamentos terrenos", mas por causa de aspectos lógicos referentes a irregularidades cometidas.
Afinal, não é culpa dos "inimigos eternos de Chico Xavier" que poemas atribuídos a autores falecidos apresentem problemas de estilo em relação ao que estes fizeram em vida. É a lógica, a comparação observadora que comprova que os poetas e escritores do além seriam incapazes de "perder seu talento" em prol da "linguagem universal do amor".
Não se sacrifica o talento e a individualidade para esse fim. Isso é lógico. Agir assim seria agir como um idiota. Até porque o talento e a individualidade tornam-se patrimônios ainda mais urgentes dos falecidos, já desprovidos de seus corpos e de seus atributos sociais.
Seria uma forma de identificarem-se, sem o invólucro corporal. E, ainda por cima, o espírito torna-se lúcido sem as vestes corporais. Como é que ele se tornaria medíocre no além-túmulo? Para servir à "linguagem universal do amor"? Isso não tem o menor sentido de lógica.
Por isso, os "espíritas" brasileiros, temendo ver Chico Xavier novamente no banco dos réus, agiram contra Amauri, desmoralizando-o e exagerando nos seus defeitos. Com isso, ele foi depois atirado nos bastidores para sucumbir e ser o bode expiatório da tragédia que o "espiritismo" brasileiro, rancoroso e impiedoso apesar das pregações contrárias, rogou contra o jovem.
Allan Kardec, por sua personalidade firme mas justa e generosa, teria considerado o relato de Amauri, independente de concordar com ele ou não, mas sempre agindo em favor da coerência e da lógica. E, neste caso, a coerência e a lógica não estavam ao lado de Chico Xavier.
sábado, 17 de janeiro de 2015
Caso Amauri Xavier não desmascarou só Chico Xavier, mas o "movimento espírita" como um todo
O caso Amauri Xavier não apenas desmascarou o tio, Francisco Cândido Xavier, como desmascarou o "movimento espírita" como um todo, na medida em que sua denúncia criou uma reação de fúria dos líderes "espíritas" e teve como consequência a tragédia precipitada do jovem.
Afinal, que religião é essa, fundamentada nos "mais elevados princípios morais" e na "nobre defesa do amor e da fraternidade" que deixaria Amauri morrer de tanto beber, quando ele era interno de um sanatório "espírita" que deveria ter sido eficaz na recuperação do rapaz?
E que líderes "espíritas", dotados de "caráter mais elevado", que reagem com tanta fúria e desprezo ao jovem Amauri, depois que ele revelou, por uma questão de consciência, que ele e seu tio não passavam de mistificadores?
Quem deve e teme e Amauri havia sido um personagem tão enigmático, diante da recusa de se fazer qualquer investigação sobre tal denúncia - mesmo na hipótese de Amauri estiver errado - , que até seus dados biográficos foram desencontrados e confusos, além de não haver até agora uma foto sobre o rapaz.
E olha que Chico Xavier possui várias fotos de álbuns de família, incluindo a irmã Maria Xavier e o marido desta, Jaci Pena, mas estranhamente não aparece alguma foto que aparecesse o sobrinho, tratado como um verdadeiro entulho humano.
Os textos de O Semanário, seja de Henrique Rodrigues, seja de Olívio Novaes, tentam ser melífluos quando o assunto é defender o "espiritismo" e Chico Xavier. Ainda que, no caso de Rodrigues, este tenha se preocupado mais em atacar Amauri e os padres católicos. No entanto, os "espíritas" não conseguem dizer, com segurança, se os padres católicos manipulavam ou eram manipulados por Amauri.
Pois o "desequilibrado" Amauri foi depreciado pelos líderes "espíritas", estes sim tomados de desequilíbrio e manifestando seu trauma de ter visto seu ídolo Chico Xavier no banco dos réus, por causa do processo movido pelos herdeiros de Humberto de Campos.
A "serpe venenosa" dos "iluminados espíritas" expôs o seu fel quando classificou, no seu julgamento severo - contradizendo o que sua doutrina determina, "não julgar" - os familiares de Campos de "mercenários", por desejarem a patente autoral do suposto autor espírita.
Enquanto isso, Chico Xavier e seus partidários, se apropriando de um nome ainda de grande sucesso como Humberto, morto ainda relativamente jovem, aos 48 anos de idade, afirmavam que só agiam "em nome da caridade", produzindo, sob o crédito do falecido escritor, textos que destoam severamente de seu estilo original.
Muitas obras que Chico publicou atribuindo a espíritos de escritores mortos são fáceis de terem suas fraudes detectadas. Seus estilos destoam e muito dos que os autores haviam produzido em vida, e no entanto são iguais quanto à mesma pregação chorosa de Chico Xavier, que costuma glamourizar o sofrimento humano.
Isso é bastante evidente. Não se trata de uma constatação caluniosa nem ofensiva. Se há irregularidades na obra de Chico Xavier, seremos obrigados a admiti-la por uma questão de coerência. Pretextos associados ao amor e à caridade não podem estar acima da lógica dos fatos, se existe um conflito nesse sentido, o amor e a caridade perdem todo o valor.
O caso Amauri Xavier só agravou, ainda mais, o lado do "movimento espírita", que a todo custo tenta abafar todo tipo de polêmica e irregularidade, fazendo com que Chico Xavier tentasse derrubar todo tipo de obstáculo para se tornar "líder" às custas dos estereótipos que ele trabalha.
Esses estereótipos, ligados a paradigmas de velhice, humildade e sabedoria que habitam o imaginário contraditório das pessoas, é que sustentam Xavier e o fazem imune a tudo, numa imunidade que nem os políticos mais corruptos conseguem obter como figuras do Poder Legislativo.
Ele tentou escapar ileso até mesmo à crise do roustanguismo, nos anos 70, fingindo defender a fidelidade a Allan Kardec para agradar espíritas prestigiados como Carlos Imbassahy (pai) e José Herculano Pires.
No entanto, as obras falam muito, mais do que pretensões e muito mais do que os "olhos do coração" podem (dentro dos seus limites fantasiosos) ver, e Chico Xavier foi o que mais seguiu Jean-Baptiste Roustaing, adaptando-o perfeitamente para o contexto brasileiro, de forma que Roustaing podia ser descartado, como teve que ser.
Mas o superherói dos "espíritas" queria estar imune a tudo e o "todo-poderoso" Chico Xavier só faltava ser considerado um dos mestres do marxismo, do iluminismo, da Semana de Arte Moderna, de tudo. Dão a Chico Xavier qualidades e atributos que ele não tem e até o futuro da humanidade da Terra é "entregue" a ele, de bandeja.
Só que isso cria um contexto surreal e Chico Xavier torna-se, por excelência, o mais surreal dos brasileiros, um homem que desafia ética, lógica e realidade, como se ele fosse o "dono" do Brasil com seu jogo de contrastes discursivos.
Daí que não querem tirar a máscara do caipira mineiro que assumiu inúmeras qualidades que na realidade nunca teve. E, uma vez desmascarado Chico Xavier, desmascara-se também o "movimento espírita", diante das manifestações de rancor contra Amauri Xavier quando este resolveu fazer as suas denúncias.
sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
Artigo de O Semanário tenta defender Chico Xavier - III
Segue a terceira e última parte do artigo de O Semanário, em que encerra sua sequência de apologias exageradamente religiosas em prol do "espiritismo" brasileiro e de seu astro principal, Chico Xavier.
CAMPANHA INJUSTA E PRIMÁRIA CONTRA CHICO XAVIER
Por Olívio Novaes - O Semanário, Belo Horizonte
Edição 134 - Semana de 06 a 13 de novembro de 1958
Ao encerrarmos esta série de reportagens queremos recapitular para os nossos leitores, o motivo que a ensejou, e que foi, como se sabe, uma nota publicada em "O Globo", de 16-7-58, dizendo que um sobrinho de Chico Xavier, ao procurar um jornal de Belo Horizonte, declarara que tudo quanto ele - Amauri Pena, esse o seu nome - havia escrito, apesar das diferenças de estilo, fôra criado pela sua própria imaginação, sem que para isso houvesse qualquer interferência de almas-do-outro-mundo ou qualquer fenômeno miraculoso. Tanto bastou para que o "maior jornal do país" acrescentasse, por sua conta, que havia desmascarado Francisco Cândido Xavier. Em que parte do mundo já se viu as declarações de uma pessoa, sobre si mesma, servirem para desmascarar outra? Desmascarado foi, nesse caso, o sr. Roberto Marinho, demonstrando estar a serviço de campanhas gratuitas contra uma Doutrina, da qual jamais teve motivos para combatê-la. Desmascarado foi o sr. Roberto Marinho, ao revelar o tipo de jornalismo que está transmitindo aos seus alunos, já que é diretor de uma escola de jornalismo e cujos alunos fazem estágios em "O Globo".
Esses futuros orientadores da opinião pública, portanto, estão recebendo aulas, não de um jornalismo sadio, como convém e é necessário ensinar-se, mas de mau jornalismo, como se infere da própria torção da notícia que deu origem a esta série de reportagens. Que se acautelem, pois, os pais dos alunos de jornalismo da Faculdade Católica (Comunicação Social. PUC-DF, atual PUC-RJ) quanto ao falso jornalismo que está sendo transmitido a seus filhos. Há jornalistas, Jornalistas-Diretores e Diretores de Jornal, simplesmente este último é o caso do Sr. Roberto Marinho conquanto possa estar registrado como jornalista. Tem muitos, porém, nas mesmas condições, mas que jornalistas não são na verdadeira acepção do termo. Jornalista de verdade, foi seu ilustre pai. Fazemos, então justiça à grande qualidade de diretor de jornal que é o Sr. Roberto Marinho no sentido de bem vender ideias.
O VERDADEIRO CHICO XAVIER
Chico Xavier não pode ser desmascarado pela simples razão de que jamais usou máscara. Sua vida é um livro aberto, quer como funcionário exemplar, quer como irmão, amigo e cidadão. Sua simplicidade e humildade contrasta com a arrogância e a vaidade de seus opositores. Sua honestidade é precisamente o que confunde os que pretendem combater sua obra. Chico Xavier já recebeu, através de sua mediunidade, mais de 60 volumes de escritores diversos, além de centenas de milhares de páginas avulsas que, concatenadas em livro dariam mais dezenas de volumes. Se houvesse declarado que essa produção era de sua autoria, já teria talvez logrado assento em mais de uma academia. Como, porém, afirma ser dos Espíritos, falando portanto, a verdade sobre o apodo, as infâmias, as injúrias de que tem sido vítima. Chegamos a um ponto no mundo em que ser honesto é crime, e falar a verdade é ser passível de combate!
PATRIMÔNIO DO MUNDO
Ao publicarmos esta série de reportagens fizemo-lo tão somente movido pela obrigação de defender um justo contra a injustiça; um fraco contra os poderosos, a verdade contra o embuste. Não recebemos procuração do famoso médium de Pedro Leopoldo. Antes, pelo contrário, se o tivéssemos dado ciência prévia, dele teríamos recebido a solicitação de não o fazer. Chico Xavier é, hoje, patrimônio do mundo. Suas produções já transpuseram as fronteiras, juntamente com a santidade de sua vida. Só não a conhecem - por que não lhes convém - os ímpios, os heréticos, os atassalhadores da dignidade alheia. Esta ressalva tem em mira dizer que existe uma instituição que está no dever, inclusive de promover as medidas judiciais que no caso couberam visando à defesa da honra daquele que lhe tem sido um filão inapreciável de recursos. Nós o fazemos cumprindo nosso dever da mesma forma que outros já o fizeram ou o farão. E queremos dizer, na oportunidade que na defesa dos oprimidos, dos injustiçados, dos sofredores, estaremos sempre na estacada, pois esse é o dever do cristão do Cristo, do indivíduo de boa formação moral, do religioso no bom sentido, enfim. A autoridade com que falamos discorre também do livro aberto que é a nossa vida. Jamais conhecemos a tibieza ante a opressão dos humildes; o conforto face ao sofrimento dos nossos semelhantes, principalmente no campo social. Não é próprio, mesmo, de quem se disser espírita ou simplesmente cristão, negar a justiça, acomodar-se á torção da verdade, pactuar com o erro, acovardar-se, enfim, quando a cristalinidade dos seus ideais vale e impõe o sacrifício da própria vida pois que esta pouco ou nenhum valor tem sem dignidade, sem liberdade e sem o direito de esclarecer a humanidade, através da cultura, como o faz Francisco Cândido Xavier.
A verdade, a importância e a oportunidade do Espiritismo já foram e são constantemente proclamadas por todos os homens de bem. Ainda há pouco, num processo ignominioso movido contra outro médium de Congonhas do Campo, pelo simples fato de curar os sofredores, isto é, fazer o bem aos desenganados da ciência inclusive, após a justiça o haver condenado, tal como o fizera o Sinédrio, foi o próprio Sr. Presidente da República, que como Médico e como Primeiro Magistrado do País, reconheceu a realidade de tais operações, mandando indultar o jovem veículo dos desígnios do Alto.
Tal como Chico Xavier, que jamais recebeu qualquer centavo pela atividade que desenvolve em razão da sua mediunidade, José Arigó não permite que se lhe falem em recompensa de qualquer espécie, ficando, ao revés, molestado moralmente, se alguém tenta insistir. Daí crismarem-no de exercer a falsa medicina Quer dizer, então, que a Medicina só é verdadeira quando paga? Para os Espíritos, porém, a eficácia da Medicina resulta das curas que produz e não do rendimento financeiro. Essa a distância que separa o Espiritismo do Cientismo. O Espiritismo cura, indistintamente e de preferência, os necessitados. Quem cura são os Espíritos, isto é, a alma de Médicos de grande saber já desencarnados, melhor explicando, fora da matéria. Quem possuir recursos e com eles puder curar-se, não procurará, é claro, os médiuns espíritas. Os que apesar de tudo não conseguem alívio aos seus sofrimentos mediante a aplicação da ciência terrena, ao procurarem curar-se fora dos conhecimentos acadêmicos, usam apenas de um direito que lhes é assegurado pela lei natural: o de legítima defesa.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2015
Artigo de O Semanário tenta defender Chico Xavier - II
Segue o segundo artigo da série publicada em O Semanário, com todas as apologias exageradas em favor do "espiritismo" brasileiro e que fazem do texto não a "reportagem" que se autoproclama, mas praticamente um panfleto "espírita".
CAMPANHA INJUSTA E PRIMÁRIA CONTRA CHICO XAVIER
Por Olívio Novaes - O Semanário, Belo Horizonte
Edição 133 - Semana de 30 de outubro a 06 de novembro de 1958
Quando se fala em combate ao Espiritismo, aparece, logo, infelizmente, o catolicismo, como o iniciador desse combate. Preferíamos que assim não fosse. Lamentavelmente essa é a realidade. Não nos move nenhuma animosidade contra qualquer religião muito menos a católica, de onde afluem, sem dúvida alguma, os maiores contingentes para as fileiras do Espiritismo. Donde se conclui que a Igreja aprimora os sentimentos caritativos dos seus fiéis que, ao ingressarem na Doutrina dos Espíritos, fazem-no pelo imperativo lógico da evolução. O Espiritismo jamais iniciou qualquer campanha de combate às convicções alheias. Tem o direito, portanto, de exigir tratamento recíproco. Não se compreende, mesmo, que a essa altura da civilização, ainda tenhamos que assistir acontecimentos próprios de épocas primitivas. O Espiritismo é uma escola de aperfeiçoamento moral, de pregação dos bons costumes, de elevação espiritual. Da seriedade dos seus objetivos falam bem alto os pronunciamentos das mais elevadas personalidades, tanto espíritas quanto leigas, em todos os quadrantes do mundo. Os que pretendem enxovalhar essa realidade, dão, unicamente, uma demonstração de atraso.
No Brasil, quando se fala do Espiritismo, associa-se, desde logo, a ideia de Chico Xavier. Dado o conceito que desfruta a Doutrina Espírita, a própria associação de ideias já coloca o médium de Pedro Leopoldo no lugar que por direito ocupa. A mediunidade de Francisco Cândido Xavier é tão pura quanto sua alma e a sua vida de cidadão e de funcionário público. Ela tem sido examinada por diversas personalidades de mais alto estofo moral. E também por inúmeros adversários do Espiritismo que, ostensiva ou disfarçadamente o têm procurado, com intuitos, já se vê, de encontrar pontos vulneráveis. Houvessem encontrado e já teriam, evidentemente, explorado. Por que então, não têm a coragem moral de afirmar o que viram? Renderiam um preito à Justiça e dariam uma demonstração de não ser escravos dos preconceitos ou de injunções desse ou daquele jaez. Mas os homens de bem e de consciências libertas que até lá foram, têm proclamado, alto e bom som a verdade do que viram. E não é só isso mas também e principalmente essa coisa rara nos tempos atuais: o indivíduo concordante e seu pensamento fielmente com os princípios elevados da doutrina que professa. Diz-se que o Brasil é um país essencialmente católico. Que o catolicismo é a religião da maioria. Pois bem: se todos procedessem como Chico Xavier, é fora de dúvida que estaríamos desfrutando de uma vida menos atribulada em todos os setores menos crimes estampariam os jornais etc, porque as religiões bem praticadas conduzem e induzem a um melhor comportamento em sociedade. Mas as criaturas humanas ainda estão aquém dos princípios religiosos. Daí...
Chico Xavier, porém, exemplifica o que professa e professa o que exemplifica. Tanto é o funcionário pontual quanto o irmão extremoso e companheiro dedicado. Seu traço caraterístico é a humildade. A bússola que lhe orienta o rumo é a Caridade. Seu objetivo permanente é o Amor. Humildade, Caridade e Amor, são, dentre outras, virtudes pregadas e exemplificadas pelo Espiritismo. E, se necessário for, ilustrar essa assertiva aí temos: a humildade com que o Chico e todos nós recebemos as injúrias assacadas contra a sua honra; a caridade com que procuramos responder aos nossos irmãos detratores; o amor com que buscamos compreender suas dificuldades em aceitar e proclamar a verdade do que têm assistido ou aprendido acerca do Espiritismo. E ainda mais: a certeza com que lhe dizemos que ao Espiritismo ninguém causará mossa, por não se tratar de uma doutrina engendrada por homens falíveis, para atender necessidades eventuais, senão que um conjunto de princípios do mais alto valor moral, resultante da experiência de incontáveis Espíritos que pela Terra têm passado.
Dentre os argumentos dos que se julgam adversários do Espiritismo, está o sobrenatural. Ora, o Espiritismo sempre pregou e provou a não existência do sobrenatural. O contrário, portanto, do que alegam. Mais ainda: o Espiritismo proclama a inexistência de milagres, exatamente por negar o sobrenatural. Para o Espiritismo, o que hoje é inconcebível, inacreditável, extraordinário, decorre do relativo atraso em que ainda se encontra a Terra. Amanhã será perfeitamente admissível, aceitável normal.
COMBATE PULVERIZADO
O combate ao Espiritismo já foi, há muito, pulverizado. No Brasil e em todo o mundo. Porém, como a Hidra de Lerne da lenda, que somente seria vencida se tivesse, de um só golpe, cortados todos os seus tentáculos - produtos da má-fé aliada à ignorância - procurando negar ou esconder o que é, já agora, sabido pelo mundo inteiro: a realidade do Espiritismo. Em nosso país, no passado como no presente, homens da maior envergadura moral, intelectual e social já pulverizaram os ataques contra o Espiritismo. E o fizeram com a elegância que lhes é peculiar. Desde Bezerra de Menezes, Viana de Carvalho, Leopoldo Cirne, Everton Quadros, Guillon Ribeiro, Manuel Quintão, Sayão Bitencourt Sampaio, Lins de Vasconcelos, Inácio Bitencourt e centenas de outros, no passado, até à atualidade, com Carlos Imbassaí (Imbassahy), Deolindo Amorim, Aurino Barbosa Souto, A. Pereira Guedes, Xavier d'Araújo, Gen. Duque Estrada, Lauro Sales, Amadeu Santos, Prof. Arnaldo Santiago, Caetano Mero, Gen. Levino Wischral, Campos Vergal, Vinícius e muitos outros, além dos próprios Espíritos, através da mediunidade de Chico Xavier, todos vêm procurando explicar, mostrar, provar com a autoridade irretorquível dos fatos não mais a realidade do Espiritismo, apenas, mas a sua importância na reforma do comportamento da sociedade humana. O Espiritismo reforma, inicialmente, a criatura. Reformada esta, a sociedade estará reformada. Não seria possível modificar-se a vida de um pais, sem, antes, transformar-se, para melhor, a conduta do povo que o compõe. Ainda agora vemos uma série de crimes diariamente publicado nos jornais. Haveria lei alguma que, determinando em seu artigo: "fica extinto o crime no Brasil", conseguisse, de imediato, o seu objetivo? Jamais. A propósito, vale recordar que se há um país no mundo onde existem leis sábias, humanas e até avançadas, esse é o Brasil. E por que nos encontramos na conjuntura atual? Por que o homem brasileiro ainda está despreparado para descobrir o tesouro incalculável sobre o qual está vivendo. Há uma lenda hindu, segundo a qual o esmoler passara uma existência inteira a estender a mão aos mandantes. No dia seguinte à sua morte, ao revolverem a pedra em que permanecera sentado, encontraram vastíssimo e incalculável tesouro. Assim é o homem despreparado. Preparar o homem para as grandes realidades, para a razão de ser da sua finalidade no mundo, tem sido e será, sempre, a preocupação do Espiritismo e dos espíritas, de um modo geral.
O VERDADEIRO OBJETIVO
O verdadeiro objetivo dos que trazem para as colunas da publicidade o nome de Chico Xavier, não é, propriamente, o já famoso médium de Pedro Leopoldo, mas, sim o bom nome do Espiritismo. Este, como aquele são inconspurcáveis, porém. O Espiritismo não pede a ninguém que para ele venha. Solicita, isso sim, que o estudem. Que o façam os detratores gratuitos da Doutrina dos Espíritos, porém, com sinceridade, com honestidade, e então terão verificado a inutilidade, inocuidade e inoportunidade desse combate tão primário quanto medieval.