segunda-feira, 1 de janeiro de 2018
Por que todos nos calamos!
Reproduzimos aqui um artigo de Marcelo Henrique publicado no Blog dos Espíritas, um dos poucos que se esforçam em pregar a fidelidade doutrinária que os deturpadores, que traem Allan Kardec, apenas fingem que defendem.
É chocante que o Espiritismo se reduziu, no Brasil, a um império de deturpadores os quais praticamente comandam todo o processo e são dotados da mais absoluta blindagem que supera até mesmo a dos já superblindados políticos do PSDB. Os deturpadores chegam mesmo a se julgar acima de Allan Kardec, como se o Codificador tivesse que se dobrar àqueles que desfiguraram e empastelaram seu legado.
Com isso, os deturpadores do "espiritismo", que se promovem às custas da pretensa imagem ligada a "caridade", "fraternidade" e "paz", se ascendendo às custas de muito sensacionalismo e pieguice, e fazendo apologia ao sofrimento humano, aproveitando a "liberdade de crença" para resgatar tudo que há de retrógrado no Catolicismo que dominou o Brasil no período colonial, como o proselitismo jesuíta e o "holocausto do bem" da Teologia do Sofrimento.
O texto que leremos abaixo é um alerta de como os "espíritas" impuseram até mesmo aos críticos da deturpação o silêncio, evitando o aprofundamento da discórdia, promovendo a "paz sem voz" na qual os deturpadores controlam a Doutrina Espírita e nós, a pretexto da "paz", do "perdão" e da "tolerância", aceitamos a ação e o poder destes lobos vestidos em pele de cordeiro e com a boca cheia de mel.
O texto lamenta a onda de silêncio, como se não bastasse os próprios deturpadores da Doutrina Espírita, sobretudo alguns "médiuns" bastante festejados e tidos como "unanimidade absoluta", que apelam aos sofredores suportarem as desgraças em silêncio, até quando oram.
Em tempo: não se deve confundir Blog dos Espíritas com o português Blog de Espiritismo, pois este segue uma orientação solidária aos deturpadores brasileiros. O Blog dos Espíritas é que se volta ao esforço de pregar a fidelidade doutrinária a Allan Kardec e toda sua trabalhosa trajetória. Vamos ao texto:
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Por que todos nos calamos!
Por Marcelo Henrique - Blog dos Espíritas
Primeiro eles vieram com a exaltação à "santidade" e a "pureza", ou "perfeição" do homem de Nazaré. Deturparam textos de Kardec, com traduções bizarras. E você se calou!
Depois, resolveram editar "Os quatro evangelhos" e, massificadamente, utilizaram o expediente da publicidade em sua "revista oficial", a da Reforma - não por acaso - divulgando a obra com seu epíteto "a revelação da revelação", porque "precisavam" de "novidades". E você se calou!
Então, foram introduzindo livros, ditos psicografados ou escritos por literatos espíritas, editando-os em sequência, apresentando o Jesus-fluídico (sem sofrimentos físicos) e a virgindade de Maria, para celebrar os "mistérios". E você se calou!
Elegeram um "anjo" - materialização de uma fábula católica - como "guia espiritual" do planeta e você achou sublime, porque a ideia da angelitude é uma metáfora em relação ao ápice do percurso espiritual. Você se deixou convencer, e se calou!
Adiante, aproveitando-se de uma prodigiosa (mas ingênua) mediunidade, que produzia muito, deram-lhe o caráter de "continuador" doutrinário, sem criticar os textos que provinham de um velho sacerdote católico, impregnado de suas crendices e visões igrejistas. E você, novamente, se calou!
Dizem, até, que os originais das obras psicografadas foram todos destruídos. Porque não havia necessidade de mantê-los, pois tínhamos os livros editados, físicos. E o silêncio foi a sua resposta!
Foram desistindo da filosofia e da ciência, entendendo que o edifício estava pronto e que as manifestações de espíritos eleitos e médiuns escolhidos, do ontem e do hoje, foram todas, sempre, autorizadas pela "Espiritualidade", e você silenciou novamente!
Capciosamente, tocaram o teu coração com a simbologia da mensagem sublime, sobre amor e caridade, sobre perdão e não-discórdia, para tê-lo como cordeiro diante do Pastor, e você não esboçou qualquer reação!
Resgataram velhos conceitos de temor e culpa, tão comuns entre as igrejas, desde Constantino, instituindo "prêmios" para bons comportamentos, bonificadores, definindo lugares imaginários para o regalo das almas submissas à meia-verdade, com departamentos e ocupações similares às da Terra, e você deixou "barato", porque desejava uma esperança de que, na outra vida, as coisas se parecessem com a "atmosfera" da vida física. E você se aquietou!
Agora resgatam textos evangélicos diferentes dos escolhidos como relevantes por Kardec e pela Verdade, publicando oficialmente "O Novo Testamento" e projetando uma versão da Bíblia (Antigo Testamento), porque, afinal, um é a consequência do outro, e que voltar aos textos antigos é buscar a "sinergia" entre as mensagens. E você até está pensando, silente, em comprar as obras!
Disseram-te, também, que o tal controle das mensagens só era necessário na época de Kardec, porque a doutrina estava iniciando e era necessário filtrar as muitas comunicações, evitando a desfiguração da "árvore cristã". E você aplaudiu, inconsciente, entendendo que a diretriz vinha, mesmo, do Alto, e calar-se para aprender seria a única alternativa!
E os pastores prosseguem, tangendo as almas pacatas, desfigurando a mensagem e aproximando-a das vaidades e das honrarias do mundo. Todos se maravilham ante os "dotes" artísticos, literários e de oratória de um ou outro virtuose, enquanto os grupos de aprofundamento espírita, de discussão e de promoção de saudáveis debates em busca dos conhecimentos progressivos, mingua e se esvai, no tempo, contando com a tua aquiescência e timidez, silenciosas!
Dizemos, por vezes, que não temos tempo, nem energia para gastar com contendas, que precisamos cuidar de coisas mais importantes, que não estamos no "movimento" para "procurar confusão", e os dias vão passando... E a você só resta o silêncio de sua intimidade, a conversa com seus botões, e aquela indignação quase morta, que não ultrapassa os limites de sua boca, de sua letra, ou de sua própria casa...
Porque você, eu, todos nós... Nos calamos!
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