sábado, 30 de dezembro de 2017
Depois de receber Divaldo Franco, PUC-RS tem evento com Sérgio Moro. Progressista?
Depois de oferecer suas instalações para a realização do 9ª Congresso Espírita do Rio Grande do Sul, do qual um dos principais palestrantes foi Divaldo Franco, a Pontifícia Universidade Católica do Estado sulista, cuja sigla é PUC-RS, promove um curso de pós-graduação com figuras associadas ao conservadorismo ideológico.
Intitulado "Pós-graduação em finanças, investimentos e banking", o evento tem em seu programa convidados associados ao pensamento conservador brasileiro nos últimos anos, incluindo personagens que vieram à tona depois que a presidenta Dilma Rousseff foi expulsa do poder, em 2016.
Um dos convidados a dar aula-palestra é o juiz paranaense Sérgio Moro, um dos responsáveis pela Operação Lava Jato. Muito badalado, o juiz Moro, no entanto, é conhecido por desobedecer princípios do Direito, investindo em arbitrariedades policialescas como a condução coercitiva para depoimento. Ele também é acusado de quebrar protocolos que seriam caros para seu ofício, como receber homenagens de políticos do PSDB e de executivos da Rede Globo.
Mas a pior acusação relacionada ao juiz Sérgio Moro é a de que sua atuação está sendo bastante parcial, sendo o magistrado extremamente rigoroso e inflexível com acusados ligados ao Partido dos Trabalhadores (PT) - principalmente o ex-presidente Lula, condenado sem provas documentais - , mas bastante frouxo em relação a outros partidos, como o próprio PSDB.
O evento conta também com a participação do economista e comentarista do Manhattan Connection do canal Globo News - um dos veículos destacados do cenário conservador atual e que tem o reacionário Diogo Mainardi, do blog de extrema-direita O Antagonista, como participante - , Ricardo Amorim (que falou uma besteira sobre a reforma trabalhista, dizendo que, "para os salários crescerem, eles teriam que cair").
Outro participante é Luiz Felipe Pondé, "filósofo" de direita que, por uma certa ironia, não acredita no Espiritismo, seja ele autêntico ou bastardo. Não faz mal: em relação ao "espiritismo" brasileiro, se Luiz Felipe Pondé não acredita nos "espíritas", os "espíritas" acreditam nele. O "espiritismo" brasileiro, pelo menos, apoiou o mesmo golpe político de 2016 apoiado também por Pondé.
Porto Alegre também é sede do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no qual três desembargadores, sendo um deles, João Pedro Gebran Neto, amigo e ex-colega de faculdade de Moro, irão julgar em segunda instância a condenação que o juiz paranaense deu a Lula pelo caso do triplex do Guarujá, de nove anos e meio de prisão em regime semi-aberto.
Será que Divaldo Franco manifestou suas bênçãos aos desembargadores do TRF-4, quando esteve na capital gaúcha? Sabe-se que o "espiritismo" adora Sérgio Moro e não vê a hora de Lula sair de cena para abrir caminho a um político mais sintonizado com o que os conservadores - e os próprios "espíritas" - definem como "melhor sintonizado com os ensinamentos cristãos". Depois dizem que o "espiritismo" brasileiro é progressista...
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