sexta-feira, 24 de novembro de 2017
Modismo das tatuagens revela preguiça em guardar valores na mente das pessoas
Nem sempre certas atitudes aparentemente "livres" representam vanguarda ou rebeldia. A desculpa de que a rejeição dessas atitudes indica "preconceito" ou "moralismo" nem sempre procede, porque muitos dos "libertários" da ocasião é que são os mais conservadores e convencionais.
O modismo das tatuagens no Brasil, em especial no Estado do Rio de Janeiro, diz mais sobre a incapacidade das pessoas de terem ideias próprias ou guardar seus valores na mente e expressarem pelas conversas do que de qualquer uso do corpo para alguma livre expressão.
Isso tanto é verdade que as pessoas mais convencionais e conservadoras que vivem no Grande Rio e regiões similares em todo o país - mas também nos EUA e Reino Unido, por exemplo - são as que mais usam tatuagens. Há muito ser tatuado tinha a ver com transgressão ou rebeldia, assim como o uso de piercing ou a apreciação de um gosto musical de baixa qualidade e valor artístico-cultural duvidoso.
Nada disso tem a ver mais com transgressão ou vanguardismo. Ter o pior gosto musical, ouvir as mais derramadas canções bregas e a esculhambação que vier nas FMs mais populares - como os "sertanejos", funkeiros ou coisa parecida - , e, depois, a falsa sofisticação musical de nomes igualmente cafonas, mas dotados de uma cosmética "chique", como Chitãozinho & Xororó e Alexandre Pires, é sinal mais de convencionalismo conservador do que de subversão ou provocação.
No caso de tatuagens e piercings, a mesma coisa, assim como a hipersexualização. No caso da hipersexualização, um modismo hoje em decadência - com "musas" como Solange Gomes e Renata Frisson, a "Mulher Melão", mostrando seus corpos agora em espaços menos expressivos da Internet, como o BOL - , a "liberdade do corpo" era apenas uma cortina de fumaça para mulheres de corpos siliconados expressarem valores machistas que impulsionam as taras dos sociopatas da Internet.
A hipersexualização cria um impasse, quando dá a uma parcela de mulheres a opção monolítica de só mostrar seus corpos em "poses sensuais" (tão frequentes e apelativas que causam mais tédio, só empolgando os tarados compulsivos). Afinal, a "livre sensualidade" acaba causando, nos internautas iludidos com esse "mundo livre das siliconadas", um impulso sexual descontrolado e uma sensação de que podem tudo.
Daí que homens passaram a se achar no direito de fazer estupros coletivos, combinados com outros rapazes, na ilusão de ver em certas mulheres "casadas com todos os homens". Ou de masturbarem em público ao ver mulheres que, mesmo sem a vulgaridade das siliconadas, causam, sem querer, excitação sexual nos machões descontrolados.
O que mostra um aspecto conservador e retrógrado na "liberdade do corpo" de siliconadas, e o que causou um profundo desgaste nas mesmas, é que a "liberdade" que elas representavam entrou em choque com os impulsos machistas, sobretudo num tempo em que famosos como o ator brasileiro José Mayer e o produtor de Hollywood, Harvey Weinstein, foram denunciados por assédio sexual (e estupro, da parte deste último).
Mesmo a tentativa de atribuir às siliconadas um suposto feminismo, apenas pelo fato delas aparentemente não terem namorados nem maridos - embora elas fossem empresariadas por homens, fato ignorado por muitos - , criando um desnecessário maniqueísmo entre duas concepções machistas da mulher, a escrava do lar (reconhecidamente machista) e a mulher-objeto (tida como falsamente feminista), não convenceu.
Vivemos uma época em que os valores estão sendo reavaliados. E entra o caso da tatuagem, no qual um artigo de Veja escrito por uma autora convidada, em 1985, já havia alertado sobre a mania de criar "cicatrizes" no corpo com a tatuagem. Mais de três décadas depois, muitos adotam a tatuagem como se fosse uma forma de autoafirmação pessoal, sem perceber que a fama de transgressora dessa medida, se não era forte, se dissolveu hoje.
Nas redes sociais, o que se observa é que os tatuados são, em maioria, figuras conservadoras ou, quando dotadas de algum progressismo, este é muito frágil e limitado. Em todo caso, são pessoas quase sempre dotadas de algum anacronismo cultural ou ideológico que necessitam da pintura do corpo para parecerem "diferentes", mas o corpo tatuado não acoberta a mesmice mental que essas pessoas possuem.
Incapazes de terem ideias próprias, as pessoas recorrem à tatuagem para forjar uma modernidade que não têm, sem saber que, de tão banal, a tatuagem já perdeu qualquer sentido de modernidade. São pessoas incapazes de formar em suas próprias mentes suas ideias e valores e preferem marcá-los, como gado marcado a ferro sob as ordens do dono da fazenda, no seu corpo. O anacronismo dos tatuados os faz não serem considerados "livres", mas submissos como gado bovino.
Numa sociedade hoje dominada pelo anacronismo que é a do Estado do Rio de Janeiro, no qual os últimos redutos de modernidade, como Copacabana e Ipanema, são invadidos por fenômenos ou espécies típicos do interior coronelista rural, como linchamentos de vendedores e ações de "justiceiros" exterminando moradores de rua, os tatuados se tornam um fenômeno já condenado à decadência.
Na vida amorosa, homens e mulheres tatuados são desvalorizados de tal forma que somente o contexto pode permitir algum êxito, sobretudo quando as tatuagens são poucas e discretas. Essa desvalorização já se reflete também em outros aspectos, como o fanatismo por religião e futebol, o reacionarismo ideológico extremo ou o gosto musical por músicas consideradas bregas e "populares demais".
A alegação de "combate ao preconceito" só expressa o vitimismo que tais pessoas têm, que, apegadas a tais convenções sociais - curtir um "sertanejo" ou um "pagode romântico", botar uma tatuagem na perna ou falar de futebol até quando não ocorre uma única partida sequer deste esporte - , falsamente tidas como "inconvencionais", não percebem o quanto querem ser vistas como "diferentes" e "livres", mesmo tão presas a essas convenções e submissas ao poder midiático e mercadológico que lhes indica tais "liberdades".
A tendência que está surgindo é a necessidade de remover tatuagens, que ainda formará longas e longas filas nas clínicas de cirurgia plástica. A hipótese apavora muitos dos tatuados que acham que suas marcas no corpo são "eternas", mas da forma como a tatuagem está se associando a pessoas cafonas, convencionais e conservadoras fará muita gente correr para os cirurgiões plásticos para a remoção das marcas que antes lhes eram motivo de orgulho e triunfo.
Espera-se, que, no caso das pessoas desejarem remover suas tatuagens, que procurem clínicas de melhor conceito, que trabalhem sob condições rigorosas de higiene e cometam os mais austeros cuidados de qualquer espécie. Para que assim a remoção de tatuagens possa representar um processo menos danoso para as pessoas, evitando que a remoção da marca crie cicatrizes piores na pele ou causem qualquer tipo de dano ou mesmo a morte.
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