quinta-feira, 31 de agosto de 2017
As contradições graves dos "pensadores espíritas"
Quanta hipocrisia acontece no "movimento espírita" nos últimos 40 anos. Tanta deturpação do legado de Allan Kardec é feita, mas os próprios deturpadores insistem em explorar sua teoria, como se fossem "autênticos" adeptos da obra deixada pelo pedagogo de Lyon.
Quantos exércitos de palavras bonitas, perfumadas e enfeitadas, são acionados na desesperada preocupação de palestrantes, escritores e "médiuns" do "movimento espírita" ficarem com a palavra final. Quantos esforços de textos que apelam para a coerência dos outros, quando os próprios "espíritas" desprezam a sua própria coerência, se contradizendo o tempo todo.
Lançar ideias é um ato de profunda responsabilidade social, mas uma ideia não é um produto que, num dia, é mal servido e, em outro, é corrigido. Que é possível um pensador corrigir suas ideias e lançar obras que possam desmentir alguns conceitos apresentados, tudo bem, mas não da forma leviana que fazem os "espíritas".
Estes, sempre se preocupando com a palavra final, acreditando estarem com a posse da verdade - embora, no discurso, tentem desmentir isso, fingindo "caráter mais humano" - , sempre lançam uma ideia equivocada com a pretensão de apresentarem uma visão definitiva e coerente das coisas. Lançam, acreditando na ilusão de que não serão questionados por tal ideia apresentada.
Mas eis que a ideia repercute mal e eles têm que rever as ideias que acreditavam serem definitivas e pouco mutáveis. Imaginam que se podem produzir conceitos diferentes dos anteriores como alguém que prepara um pastel sem higiene e, no dia seguinte, o prepara com a maior limpidez possível.
Só que não é assim. A pretensão da posse da verdade, ou, pelo menos, da palavra final sobre as coisas, tudo para proteger o prestígio religioso do "espírita", faz o palestrante escrever ou dizer uma coisa, achando ser uma visão definitiva, e no momento seguinte escrever ou dizer algo diferente.
Dizer que todos somos falíveis é inútil, porque o "espírita" recorre a isso para evitar a decadência de sua reputação religiosa. Ele precisa "explicar" seus erros para evitar a desqualificação, mas, ao continuar bancando o "intelectual espírita", ele acumula uma obra cheia de contradições, um vergonhoso engodo de palavras bonitas e amistosas, mas um conteúdo extremamente confuso e cheio de incoerências.
PARÓDIAS DA PEREGRINAÇÃO DE JESUS
Poucos admitem que Jesus de Nazaré andava de casa em casa conversando com as pessoas para esclarecer a sociedade atrasada de seu tempo de diversas coisas. A posteridade deu uma abordagem religiosa da coisa, mas o que Jesus queria fazer, numa atitude reprovada pelos pais (Maria e José não aceitavam que ele virasse um andarilho a dizer coisas "subversivas"), era trazer às pessoas revelações inquietantes que a inteligência peculiar do jovem Jesus analisava da sociedade de seu tempo.
Jesus era um grande crítico dos pretensos intelectuais do seu tempo, da tirania do Império Romano e da ganância das pessoas. Seu trabalho era mais sócio-político do que religioso, e sua missão de falar com as pessoas era um ato considerado "anormal" e condenado pela sociedade dominante. Tanto que, por difundir "certas coisas", Jesus foi condenado à cruz, sem o julgamento de Pilatos que foi uma invenção ficcional da Idade Média para culpar os judeus e inocentar os romanos.
Embora os "espíritas", que vivem fazendo turismo pelas mais belas cidades a pretexto de "divulgar a boa nova", digam que estão fazendo o "mesmo trabalho peregrino de Jesus", o que eles fazem, na verdade, está mais próximo do que os velhos sacerdotes e escribas e dos pretensos profetas usurpadores da crendice alheia fizeram no tempo de Jesus e que este reprovava duramente.
Se Jesus voltasse e visse a maioria dos religiosos que atuam em seu nome, ele ficaria envergonhado bem mais do que quando viu os comerciantes de uma sinagoga venderem suas mercadorias em frente ao templo, episódio que ficou conhecido como "os vendilhões do templo".
Jesus havia alertado sobre os falsos cristos e falsos profetas. Allan Kardec alertou sobre os deturpadores do Espiritismo. Até o espírito Erasto se manifestou sobre tal risco, ele que viveu no tempo de Paulo de Tarso (o antigo anti-cristão Saulo, que depois virou admirador de Jesus). E no entanto nós vemos não só falsos cristos e falsos profetas, mas falsos kardecs, falsos erastos, falsos herculanos pires e o que vier de "lobo em pele de cordeiro".
Mesmo os "conceituados" Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco, eles mesmos deturpadores de primeira hora a envergonhar o legado espírita original, não escapam a esse festival de incoerências e confusões em suas obras rebuscadas e prolixas, de palavras perfumadas e enfeitadas escondendo toda uma podridão de sentidos obscuros e levianos.
De que adianta centenas de livros ou de palestras (Chico Xavier lançou mais de 400 livros), na mais espetacular coreografia das palavras agradáveis, arrancando lágrimas de gente incauta como que num orgasmo pelos olhos, se seu conteúdo é confuso, contraditório, em que conceitos primeiramente tidos como definitivos e taxativos são desmentidos depois da maneira mais desavergonhada e cafajeste?
Um Divaldo Franco, por exemplo, ávido em ficar prevendo os anos de evoluções da humanidade, veio desmentir, recentemente, esse passatempo, criticando a mania "dos outros" em estabelecer datas para isso e aquilo. Ah, os argueiros dos outros, ignorando a trave dos próprios olhos!
A paródia da peregrinação cristã, feita pelos fariseus contemporâneos do "espiritismo", os rebaixa aos piores sacerdotes dotados da vaidade obtida pela pretensão de alcançar os céus com menor demora possível, às custas de uma carreira de palavras enfeitadas e perfumadas e atos fajutos de caridade que mais produzem idolatria e devoção do que resultados concretos para a sociedade.
Se reunissem os textos isolados que certos palestrantes "espíritas" produzem, como se juntam as peças de um quebra-cabeça, o que se resultará é uma vexaminosa antologia de textos contraditórios que não se dialogam entre si, em que num texto se expõe a correta teoria kardeciana e em outro os delírios igrejeiros de André Luiz e Emmanuel.
A contradição não é um problema em si, se houvesse contexto para tal. Mas para os "espíritas", que sempre lançam um ponto de vista que julgam firme e definitivo, partir para uma ideia contrária à anterior demonstra total incoerência, manchando sua obra que se pretende ser a "expressão do bom senso e da coerência", mas que resulta num festival de contrassensos e incoerências que só são aceitas por quem não é suficientemente informado e esclarecido das coisas.
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