terça-feira, 6 de junho de 2017
"Médiuns" brasileiros erraram por cumplicidade a espíritos inferiores
Há uma ideia de que os maiores deturpadores da história de todo o Espiritismo, os "médiuns" Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco, "catolicizaram" a doutrina kardeciana por "acidente", "boa-fé" ou pelo "mau conselho" de espíritos inferiores.
Tal ideia é usada para proteger suas reputações de ídolos religiosos, associadas a uma suposta imagem de benevolência, humildade e caridade, que nunca passou de marketing para mascarar o charlatanismo pelo verniz da filantropia.
A atribuição de que Chico Xavier e Divaldo Franco deturparam "sem querer" o Espiritismo pode ser um aparente consenso entre os "espíritas" no Brasil, até com a adesão dos que questionam a deturpação espírita e não vão adiante, rendidos pela complacência fácil movida pelo medo de desafiar o "carisma" dos dois "médiuns" e quem estiver a eles associados.
Todavia, nota-se que essa atribuição apresenta sérios problemas, porque Chico e Divaldo nunca iriam deturpar "sem querer", por "boa-fé" ou pela "manipulação" de espíritos traiçoeiros se o resultado não fosse imenso, com centenas de livros ou palestras, longo, por durar muitos anos, e de grande alcance, atingindo um público de milhares de pessoas.
É muito difícil um "errinho de nada" ter grandes dimensões, até porque não é de hoje que Chico e Divaldo foram advertidos de deturparem o legado do Espiritismo, já que denúncias neste sentido ocorrem, pelo menos, desde os anos 1940, da parte de Chico, e, da parte de Divaldo, desde a década de 1960.
Apresentamos então algumas alegações de que os dois teriam feito a deturpação "sem querer" e os problemas relacionados a isso, o que faz com que tais alegações, por mais que recebam adesões amplas de muitos seguidores e simpatizantes, percam completamente o sentido. Vejamos:
1) CHICO XAVIER E DIVALDO FRANCO DETURPARAM O ESPIRITISMO SEM QUERER PORQUE TINHAM FORMAÇÃO CATÓLICA.
A ideia em questão corresponde à ilusão de que os dois "médiuns", por terem nascido em famílias que optaram pelo Catolicismo, teriam "entendido mal" o Espiritismo pela suposta boa-fé de que poderiam inserir conceitos do Cristianismo na nova doutrina.
O problema é que a catolicização do Espiritismo por Chico e Divaldo foi introduzida de maneira convicta e com exata consciência de seus atos, o que não é saudável, porque os dois "médiuns" souberam, sim, o que estavam fazendo, e têm que ser responsabilizados pelo grave erro de desfigurar uma doutrina que originalmente era muito distinta ao Catolicismo que os dois sempre professaram.
2) CHICO XAVIER E DIVALDO FRANCO NÃO TINHAM TEMPO HÁBIL PARA ESTUDAR E CONHECER COM PROFUNDIDADE A DOUTRINA ESPÍRITA E, POR ISSO, PUBLICARAM OBRAS DE CLARO APELO IGREJEIRO.
A alegação é falaciosa, mas à primeira vista verossímil. Os dois "médiuns", pelos compromissos de receber multidões e dar entrevistas, supostamente "não tinham tempo" para um estudo "mais adequado" para entender melhor a Doutrina Espírita. Mas, se observarmos bem, eles passaram longos anos expressando ideias igrejeiras mesmo depois de "prometerem entender Allan Kardec" e após alegarem pretensa identificação com a obra do pedagogo francês.
3) CHICO XAVIER E DIVALDO FRANCO FORAM TENTADOS POR MAUS ESPÍRITOS A DESVIAR OS ENSINAMENTOS ORIGINAIS DO ESPIRITISMO PARA A MISTIFICAÇÃO CATÓLICA MEDIEVAL.
Outra falácia. Afinal, eles não foram tentados. Fizeram com muito gosto. Começaram como adeptos assumidos de Jean-Baptiste Roustaing, o pioneiro deturpador do Espiritismo, para depois se tornarem enrustidos e se autoproclamarem "rigorosamente fiéis a Kardec". Não era algo "involuntariamente" intuído por espíritos inferiores, porque, neste caso, há a "lei de atração".
Chico e Divaldo sempre se identificaram com o Catolicismo ortodoxo medieval, e assimilaram seus conceitos com muito gosto. Souberam do que estavam fazendo e levavam tudo isso adiante numa obra bastante produtiva, longeva e de imensa repercussão. Isso não era feito "contra sua vontade" até porque centenas de livros e palestras que atingiram enormes demandas de público mostram que a deturpação espírita pelos dois "médiuns" foram feitas de propósito e com muita vontade própria.
OS EFEITOS FORAM MUITOS E DANOSOS
Os efeitos dessa postura adotada pelos dois "médiuns" foram muitos e danosos. De maneira comprovada, Chico e Divaldo foram espontâneos e conscientes na sua tarefa de deturpar o legado kardeciano, e diante de uma longa e ampla trajetória de trabalhos neste sentido, eles simplesmente desmoralizaram a obra de Kardec, causando consequências sérias e de extrema gravidade.
Os dois "médiuns" passaram a defender conceitos e práticas que eram claramente condenados pelos mais diversos capítulos de O Livro dos Espíritos e, principalmente, O Livro dos Médiuns, assim como outras obras kardecianas que apontam dados sobre possíveis deturpações. Em vários deles, aparecem aspectos condenáveis que mais tarde foram observados nas obras dos dois "médiuns".
Chico e Divaldo rebaixaram o Espiritismo a um sub-Catolicismo, o que mostra um ato de desonestidade doutrinária, algo que, por ser longo, amplo e de grande repercussão, não pode ser visto como "acidental".
Os dois deturparam o Espiritismo de propósito e com exata consciência do que faziam, e devem ser responsabilizados por esse grave erro, e não escondidos sob a máscara da pretensa caridade, que sabemos não ser mais do que o Assistencialismo, prática de baixa eficácia que só serve para a promoção pessoal do "benfeitor" e condenada por especialistas sérios por ser considerado um ato de oportunismo.
Além disso, Chico e Divaldo atraíram para si espíritos brincalhões e traiçoeiros, até pela falta de sinceridade que os dois "médiuns" exerceram em suas trajetórias, desenvolvendo falso Espiritismo enquanto bajulavam o Codificador, desfigurando a doutrina de Kardec que, no Brasil, é uma coisa completamente diferente e divergente da original.
Isso significa que Chico e Divaldo devem ser considerados culpados por seus atos, agindo de propósito e causando inúmeras confusões e conflitos. As vidas dos dois destoam das de Kardec, este um sujeito de trajetória marcada pela honestidade e pela coerência, diferente da dissimulação e falsidade que se faz no Brasil e que se torna permitido por conta das paixões religiosas que dominam e corrompem as consciências de muitas pessoas.
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