domingo, 23 de abril de 2017
"Filantropia" é usada no Brasil como desvio de foco do Espiritismo
O "espiritismo" brasileiro é uma coisa estranha. Uma sucessão de falácias e artifícios no qual o principal, os ensinamentos de Allan Kardec, não são devidamente apreciados, mas constantemente distorcidos ao sabor das circunstâncias. Tudo é feito para dar a impressão de estar tudo em ordem, mas na verdade não é isso que acontece.
Nota-se uma ênfase estranha na aparente filantropia. Não que o Espiritismo não falasse em caridade e há a célebre frase de Kardec, "Fora da caridade não há salvação". Mas ela é usada de maneira tendenciosa e espetacularizada, de modo que os próprios ensinamentos kardecianos fiquem em segundo plano.
O legado de Kardec nunca foi devidamente apreciado no Brasil, salvo pequenas iniciativas que não se podem ser vinculadas ao que oficialmente se denomina "movimento espírita". Ou seja, são iniciativas que nem de longe passam pela sombra dos deturpadores Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco, dois maiores inimigos internos da Doutrina Espírita que a desfiguraram na igrejificação explícita.
O que se observa, portanto, é uma série de fingimentos. Finge-se que se compreende perfeitamente o legado kardeciano, que se cumpre o rigor dos postulados espíritas originais e que se está cumprindo a missão de transformação da humanidade. Tudo no clima do faz de conta.
Você vê claramente que os assuntos de "família" e as atividades "filantrópicas", mesmo que de uma forma ou de outra sigam, em tese, os postulados espíritas, servem mais para desviar o foco. Diante da catolicização do Espiritismo, criam-se uma engenhosa série de artifícios para botar a deturpação debaixo do tapete.
Isso é grave. Porque "bondade" e "fraternidade", entre tantas palavras bonitas, são na verdade usados para disfarçar a ignorância aos ensinamentos kardecianos originais e até como formas de legitimar as visões mistificadoras que fantasiam o mundo espiritual, degradam a encarnação presente e estabelecem juízos de valor citando supostas encarnações anteriores.
O açúcar das mensagens "espíritas" entorpece as pessoas e corrompe a percepção. Cria-se uma emotividade cega, que relativiza qualquer erro grave cometido sob o rótulo do Espiritismo no Brasil, com ressalvas sucessivas que acabam colocando os próprios deturpadores acima do Codificador.
É um sentimentalismo viscoso, gosmento, piegas, que não raro vai com exageros como "Jesus Cristo construiu a Terra" ou tolices como "O bebê Jesus pulou feliz dentro da barriga de Maria ao saber que João Batista estava dentro da barriga de Isabel", aceitas sem crítica porque evocam, em tese, ideias consideradas "positivas", mas, não raro, fúteis e extremamente tolas.
O emaranhado de meias-verdades cria uma teia discursiva que parece harmoniosa em suas entranhas, parecendo um engodo uniforme, que muitos pensam ser expressão de equilíbrio, imparcialidade e prudência. Mas o "espiritismo", na prática, se tornou uma doutrina não apenas confusa e irregular, mas absolutamente mentirosa e dissimulada.
Isso porque se pratica um igrejismo alucinado enquanto, no discurso, se apela para uma falsa fidelidade aos ensinamentos de Kardec, criando uma série de artifícios e aparatos que desviam o foco da ignorância que se tem à Doutrina Espírita, principalmente à Ciência Espírita.
Num dado momento, os próprios "espíritas" desobedecem os ensinamentos kardecianos, ao praticar invigilância, transformando em conselheiros absolutos os "médiuns" que mais pregam a deturpação. Deixa-se de lado o rigor da Razão, apelando para a desculpa fácil de que "certos fenômenos escapam da percepção humana". Uma grande falácia, que permite a aceitação de tantos absurdos.
E é isso que compromete a compreensão do Espiritismo e permite a predominância de "médiuns" que já violam a natureza de sua atividade, centro os "centros das atenções" e usufruindo o culto à personalidade. E são eles os maiores responsáveis pela desfiguração do legado espírita, hoje entregue a um balé de belas palavras e um aparato de supostas boas ações que apenas distraem as pessoas diante do próprio desprezo que o "espiritismo" no Brasil faz às ideias de Kardec.
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