segunda-feira, 3 de abril de 2017
"Espiritismo" condena os castigos eternos? Mesmo?
O "espiritismo" brasileiro deturpou tanto que sucumbiu à Teologia do Sofrimento, corrente medieval da Igreja Católica. Perdido num resgate dissimulado do igrejismo de Jean-Baptiste Roustaing - nome que, assim como o ex-deputado Eduardo Cunha, é renegado oficialmente, mas tem suas ideias herdadas quase que na sua integridade - , os "espíritas" agora só apelam para as pessoas aceitarem o sofrimento.
Aparentemente, o "espiritismo" segue sua fonte original, a Doutrina Espírita nem sempre, ou talvez quase nunca, devidamente compreendida pelos brasileiros, quanto à ideia dos castigos eternos. Segundo o Espiritismo em geral, os castigos eternos não existem, havendo apenas o cumprimento de provações mediante um prazo limitado.
Só que as correntes que hoje predominam no "movimento espírita" não pensam nisso. Acham que, quanto mais desgraças, mais abençoado será o sofredor. bastando ele abrir mão de seus desejos e o que os "espíritas" entendem como "paixões terrenas".
Por exemplo, se um homem ou mulher desejam se casar com alguém pelo critério da afinidade pessoal, isso é "paixão terrena". Ou trabalhar onde melhor aproveitar o talento pessoal. Os "espíritas" acham isso frescura e recomendam ao desgraçado ou à desgraçada que aceitem se casar com cônjuges com graves divergências pessoais e trabalhar em empresa corrupta embora de grande projeção socio-econômica.
A ideia é viver uma vida "qualquer nota" e perder tempo resolvendo conflitos e outras complicações, quando a pessoa poderia ter oportunidades maiores de ajudar o próximo, com mais amplitude e espontaneidade.
Quanto tempo o homem perde tentando dialogar com uma esposa fútil? E a mulher, tentando amansar um marido violento? E o sujeito que tem que aguentar as variações mentais do patrão que lhe manda fazer uma coisa, e depois reclama e pede para fazer diferente?
O tempo que se perde para resolver desavenças neste tipo, na vida conjugal, poderia ter sido dispensado se houvessem oportunidades maiores de juntar casais afins, como o próprio Espiritismo nos mostra através de Allan Kardec e Amèlie Gabrielle Boudet.
Alguém acharia, segundo a visão dos "sábios espíritas brasileiros", que, se Allan Kardec, em vez de ter se casado com uma intelectual, se desposado de uma mulher de perfil leviano, ele aproveitaria seu tempo para estudar e transmitir as ideias que lançou? Boa parte do tempo seria usada para tentar amenizar as divergências com a esposa, o que tiraria preciosos dias para atividades mais nobres.
Do jeito que os "espíritas" ultimamente andam defendendo o sofrimento, cada vez mais identificados com a Teologia do Sofrimento católica e medieval, a ideia dos "castigos eternos" acaba lhes tomando o gosto, usando até como desculpa: "O que é uma vida inteira de desgraças diante da eternidade da vida futura?".
Há muitos relatos de pessoas que reclamam de serem brinquedos das circunstâncias. O problema dessas pessoas não é a desilusão em si, mas o fato de que o "remédio" é dado "acima da dose necessária" e, depois da desilusão, o sofredor se transforma não em alguém diferente de vida diferenciada, mas num escravo da ilusão do outro.
Muitos reclamam que recorrem a tratamentos espirituais nas "casas espíritas" dispostos a abrir mão dos chamados "prazeres mundanos", para depois passarem a atrair justamente as pessoas mais fúteis e levianas para a vida amorosa, fazendo os assistidos presas justamente daquilo que querem largar.
Isso é um grande desrespeito e o que se vê é a indiferença, a níveis das autoridades do Império Romano, do "espírita" em relação ao sofrimento alheio. Quando se fala que "o remédio está acima da dose", é como se os "espíritas" dissessem, com sadismo: "Pois é nos efeitos danosos da dose excessiva que o remédio surte efeito. A doença é a própria cura, quanto mais dor e malefícios, mais curado você ficará".
O malabarismo discursivo é muito fácil de moldar conselhos amargos com palavras belas. O adorno das palavras tornou-se a única arte do "movimento espírita", juntamente com um arremedo de filantropia que ajuda muito pouco, só servindo para dar cartaz a um astro "espírita", geralmente um "médium" dotado de culto à personalidade.
A deturpação "espírita" atinge todos os aspectos, e agora que a Teologia do Sofrimento mergulha fundo no "movimento espírita", então se deturpa o próprio conceito de castigo humano, já começando a gostar dos "castigos eternos", usados sob pretextos como "resgates morais" e "reajustes espirituais". Depois vão dizer que não se identificam com a Idade Média.
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