quinta-feira, 27 de abril de 2017
De que adianta assumir os erros e não sofrer seus efeitos?
Os "espíritas" têm um discurso tão contraditório que, se num dia são taxativos e firmes em certas recomendações, no outro se tornam hesitantes e apavorados tentando explicar que não era bem assim o que eles queriam dizer, desmentindo a si mesmos.
A doutrina igrejista, cujo "pecado original" foi a preferência pelos valores igrejistas trazidos por Jean-Baptiste Roustaing, um nome hoje considerado um "palavrão" pelo meio, está agora imersa num emaranhado de contradições e equívocos que seus palestrantes e dirigentes tentam relativizar e minimizar, com medo de serem desqualificados de maneira irreversível.
Um exemplo é quando se fala em irregularidades do "movimento espírita". seus palestrantes chegam a dizer, em princípio, que os erros partem apenas de "certos centros espíritas pouco preparados". Tem até palestrante "espírita" escrevendo coisas do tipo: "Ih, lá vem a Maricota da Lavanderia, que acha que espírito veste lençol de cama, como fantasminhas de desenho animado".
Chegamos a um ponto em que os próprios deturpadores "espíritas" andam fazendo "boa teoria", transmitindo os ensinamentos de Allan Kardec que eles próprios não seguem. Tem até suposto médium, criador de quadros falsamente mediúnicos, que gravou o vídeo alertando sobre os "médiuns farsantes". Assim fica fácil roubar doce de criança.
Um outro palestrante "espírita" chegou a dizer, taxativo, que se deve ter "conduta espírita" e "manter coerência". Questionado nas suas incoerências - ele bajulava Erasto, mas depois exaltava a "sabedoria" do medieval Emmanuel - , ele depois escreveu, envergonhado, que "somos todos falíveis". Mas continua com seu balé de palavras na esperança de ter em suas mãos a posse da Verdade.
Os "espíritas" pecam pela ilusão que contraem por achar, sem qualquer cautela nem qualquer rigor de coerência e respeito à Ciência Espírita, que estão conectados com o "Alto" apenas por uma questão de palavrinhas bonitas e suposta filantropia. Mas muitas omissões, desonestidades, ignorâncias e arrogâncias acabam por corromper e tornar o Espiritismo, na forma como é feita no Brasil, uma doutrina praticamente desmoralizada e decadente.
Há até "espíritas" que impõem seu juízo de valor, se achando juízes da vida alheia, donos da vontade dos outros etc etc. Se alguém lhes recorre, nos auxílios fraternos, reclamando de sofrimentos e adversidades pesadas, os "espíritas", em vez de ajudá-los a combater, ficam dando explicação a favor de tais circunstâncias e sempre dão aqueles falsos conselhos que os falsos amigos já dão no dia a dia.
O "espiritismo" brasileiro se afastou de Allan Kardec e é inútil haver milhares de textos e palestras bajulando o pedagogo francês, reproduzindo parágrafos de seus livros - sobretudo de traduções igrejistas - e babando ovo em cima de Erasto e ainda falando mal dos "falsos cristos e falsos profetas" sem se olharem no espelho.
Pois os "espíritas", que desfiguram Kardec, são os que mais falam do argueiro do olho alheio. Tão fácil falar dos "falsos cristos e falsos profetas" quando eles são os outros. E que trave enorme não há nos olhos dos próprios "espíritas", num primeiro momento seguidores eufóricos de Jean-Baptiste Roustaing e, posteriormente, roustanguistas envergonhados babando ovo no túmulo de Kardec!
Que falso cristo não foi Francisco Cândido Xavier, forjando vitimismo quando era acusado de fraudes literárias e mediúnicas fáceis de serem comprovadas? Que falso profeta não foi ele estabelecendo datas fixas para isso e aquilo, como forma de tantar iludir as massas com falsas esperanças? E Divaldo, que transformava a criação de datas fixas como seu recreio nas suas pregações verborrágicas?
Quantos falsos cristos, no "movimento espírita", não há, entre aqueles que, parodiando a peregrinação de Jesus de Nazaré, ficam a viver transmitindo palavrinhas bonitas, se achando seguidor do exemplo cristão quando, em verdade, apenas reproduzem a verborragia barata dos antigos sacerdotes que o próprio Jesus tanto reprovou em seus discursos?
Quantos falsos profetas, no "movimento espírita", não há, entre aqueles que anunciam a bonança quando a tempestade se aproxima? E ainda mais quando o "espiritismo" está cada vez mais próximo, talvez num caminho sem volta, num velho Catolicismo jesuíta, e pregando, de forma nunca assumida mas aberrantemente explícita, da Teologia do Sofrimento que nem é unanimidade entre os católicos!
Nem todos os que dizem "Senhor, Senhor" estarão no reino dos céus! E, no balé de palavras bonitas em que os palestrantes e escritores "espíritas" produzem em quantidades industriais, na tentativa de, na visão deles, poderem agradar Deus com belas palavras e garantir com menor dificuldade possível o ingresso aos céus, quanta decepção não esperam os "espíritas" no retorno à "pátria espiritual".
Que adianta assumir que "errou e errou muito", que "nasceu falho e talvez continue falhando", se todo esse discurso é feito para evitar ocorrer os efeitos de seus erros. Os sofredores tão "assistidos" pelos "espíritas", indiferentes estes à desgraça alheia, podem, aos olhos desta doutrina igrejista, acumularem desgraças e enfrentar impasses terríveis, sem esperança de alguma bonança.
Mas os "espíritas" não querem ser questionados. Que teatro do coitadismo não fizeram os "espíritas", a exemplo do próprio Chico Xavier, que arrumava confusão com seus projetos sensacionalistas, e depois se promovia forjando silêncio e tristeza. "Não vamos botar querosene neste incêndio", disse Chico certa vez, achando que é no silêncio e na postura de tristonho cabisbaixo que iria triunfar, como um falso cristo inventando falsas cruzes para forjar uma pretensa "ascensão ao Senhor".
Hoje o "espiritismo" vive sua aguda crise e a antiga esperança de retratação, que fazia os deturpadores, numa suposta conciliação "espírita", fingirem que participam da recuperação das bases doutrinárias. O que se viu são os próprios deturpadores pregando a "boa teoria espírita" e praticando igrejismo, alternando livros e textos de "rigor aos ensinamentos de Kardec" com outros em que o deslumbramento religioso atropela os próprios postulados espíritas.
Daí ser inútil apelar para a única solução que os "espíritas" apelam neste momento de aguda crise no movimento: "entender melhor Allan Kardec". Muito se fez nesse sentido nos últimos 40 anos e não é repetindo esse procedimento que a crise no "movimento espírita" será resolvida. Isso é correr atrás do próprio rabo e só fará agravar, ainda mais, as contradições que ameaçam até mesmo derrubar reputações antes consideradas inabaláveis dentro do "movimento espírita" brasileiro.
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