terça-feira, 28 de fevereiro de 2017
O perigo terrível da retratação ante os deturpadores do Espiritismo
A fraqueza humana diante da rendição aos deturpadores da Doutrina Espírita revela um perigo terrível da retratação. A tarefa de questionar os deslizes do "movimento espírita" e perder a firmeza no meio do caminho fez com que os deturpadores sempre triunfassem, sempre apoiados na mitificação religiosa e no aparato de bondade.
O arrivismo com que agiram os ídolos do "movimento espírita", se deixando valer dos clichês de humildade, bondade e misericórdia e se deixando valer pela encenação do coitadismo, fez com que os recados de Erasto sobre a deturpação do Espiritismo tivessem sido em vão no Brasil.
A Doutrina Espírita acabou sendo dominada pelos "inimigos internos". É doloroso para muitos, mas creditar Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco como "inimigos internos do Espiritismo" é coerente, porque eles apresentam caraterísticas de deturpadores graves, praticando irregularidades já identificadas em O Livro dos Médiuns de Allan Kardec.
Para piorar, Chico Xavier e Divaldo Franco, e sobretudo este último, fizeram espalhar a deturpação de tal forma que existem até traduções em francês de suas obras e federações "espíritas" à maneira do "movimento espírita" brasileiro em países como Portugal, Espanha ou mesmo a França, que parece ter esquecido as lições kardecianas originais.
No Brasil, há um cacoete de que, quando os deturpadores mostram uma suposta imagem de "amor" e "bondade", os críticos da deturpação recuam. É o truque da "misericórdia" e do "coitadismo". É fácil um deturpador do Espiritismo, quando as contestações contra seu trabalho se intensificam, ele logo põe crianças pobres e velhinhos doentes à sua frente, como escudo para as críticas não avançarem.
É patético que, numa comunidade de debates sobre a deturpação espírita, um internauta, mesmo aparentemente bem intencionado, diga que a "mediunidade" de Chico Xavier e Divaldo Franco são "100% confiáveis", se existem provas de contradições, pastiches e plágios em seus livros que desmontam facilmente essa ingênua constatação.
Não se pode limitar a identificação dos erros dos dois a uma incompreensão dos textos kardecianos, como se fosse possível incluir os dois "médiuns" no panteão dos espíritas autênticos, como se eles servissem para alguma coisa se caso houver recuperação das bases doutrinárias originais. Mas está comprovado que eles não servem.
O deslumbramento religioso faz com que as pessoas deixem os questionamentos pela metade. Como se a mera consideração às traduções mais honestas dos livros kardecianos, como as de José Herculano Pires, bastassem. Lê-se essas traduções e paramos por aí. Fica muito fácil. O problema é que isso é apenas o começo de um longo caminho.
As fraudes mediúnicas, várias delas grotescas e vindas de "médiuns" tidos como "gabaritados" e dotados de imunidade social plena, preocupam e não podem ser ignoradas só porque passamos a entender melhor Kardec. Se entendermos melhor a teoria mas não encaramos a questionar a prática, tudo fica em vão. É quase que aceitar a deturpação quando ela sai do papel.
Há quadros supostamente espirituais - como se não bastasse a estranha facilidade com que se "recolhem" pintores de épocas e países diferentes para "se reunirem" num mesmo evento filantrópico - que não refletem os estilos dos pintores falecidos atribuídos e as assinaturas sempre se assemelham, denunciando o estilo pessoal do suposto médium.
Esse questionamento, sobretudo no caso do baiano José Medrado - no qual se observa vestígios do seu estilo pessoal em "diferentes" pinturas e uma mesma caligrafia, seja qual for o nome do pintor - , choca e derruba a doce ilusão das elites baianas, esnobes e alienadas, de fantasiar com fictícias reuniões culturais feitas sob o pretexto da caridade. Uma caridade que essas elites, por conta própria, são incapazes de fazer.
Soa doloroso avançar nos questionamentos da deturpação do Espiritismo e no distanciamento das lições e dos avisos de Kardec. Mas a retratação é que, sim, é perigosa, porque legitima os deturpadores sob a desculpa da "bondade".
Entender a boa teoria é ótimo, conhecer os textos kardecianos é fundamental, essencial e obrigatório para quem quer realmente seguir Kardec. Mas isso é só o começo do caminho, pois a deturpação é um processo muito mais engenhoso do que imagina, e a "bondade" muitas vezes é só uma armadilha para se deixar passar qualquer conceito deturpador.
O próprio espírito Erasto já alertou para aumentarmos a vigilância justamente quando os deturpadores do Espiritismo mostrarem coisas aparentemente "boas" e "amorosas". Convém manter firme o questionamento e avançar no sentido da lógica, em vez de recuar no sentido da complacência aos ídolos religiosos.
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