sábado, 9 de julho de 2016
Com o "13 de Março", o "espiritismo" brasileiro deixou a máscara cair
Com os recentes textos exaltando, de forma tardia, as manifestações de 13 de março de 2016, definindo como processos de "libertação" e "regeneração" do Brasil, o "movimento espírita" simplesmente deixou a máscara cair de vez.
Sem poder explicar a postura "dúbia", na qual contraditoriamente bajula Allan Kardec e faz falsa apreciação dos assuntos científicos, mas por outro lado exalta o igrejismo e o mal-disfarçado catolicismo de Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco, o "espiritismo" se revelou que nunca foi mais do que uma reciclagem do Catolicismo medieval português.
A exaltação ao 13 de Março, usando como alegação a "conscientização política" dos jovens, pode até parecer uma confusão feita pelos "espíritas" aos protestos em prol do "Fora Collor", se não fosse o caráter ultraconservador que o "espiritismo", sobretudo através de Chico Xavier, demonstrou explicitamente, apoiando o golpe de 1964 e pregando a Teologia do Sofrimento.
A postura "coxinha" assumida pelo "movimento espírita" ao chamar de "regeneração" e atribuir "conscientização política" aos protestos de 13 de março, na verdade, revelam o aspecto sombrio da seita religiosa, através de quem e do que se destina tal apoio.
Em primeiro lugar, a doutrina que tanto fala em "amor" e reprova o ódio e a revolta acabou por dar seu apoio a manifestações que vieram de campanhas rancorosas nas mídias sociais, protestos fantasiados de trajes verde-amarelos e usando bandeiras do Brasil pedindo a volta da ditadura militar, mostrando suásticas nazistas e até mesmo pedindo morte a Dilma Rousseff, Lula e "toda a quadrilha" do PT.
Segundo, é só observar as pessoas e as ideias que estão por trás do "memorável momento" para ver o quanto a ideia de "regeneração" é ridícula. Vamos primeiro citar as pessoas, para se ver quem são os "iluminados" que os "espíritas" andam exaltando com tanto entusiasmo.
Fascistas como Jair Bolsonaro e Marco Feliciano, os manifestantes Renan Santos e Kim Kataguiri (ambos do Movimento Brasil Livre), Marcello Reis (Revoltados On Line), o neo-medieval Olavo de Carvalho e os trogloditas da opinião, Reinaldo Azevedo e Diogo Mainardi, são alguns dos ídolos do "povo" do 13 de Março, assim como uma Rachel Sheherazade que certa vez defendeu a tortura de um jovem ladrão por "justiceiros" e uma ensandecida juíza Janaína Paschoal.
Isso sem falar que a "histórica" manifestação impulsionou os deputados federais, presididos por um Eduardo Cunha (que já renunciou ao cargo) acusado de tantas corrupções, a votarem pelo afastamento de Dilma Rousseff e sua substituição pelo governo retrógrado de Michel Temer. Muitos dos deputados e senadores que participaram das votações ao longo do processo são investigados ou acusados de graves crimes, sobretudo corrupção.
Quanto às ideias, o "maravilhoso" 13 de Março propôs as seguintes causas: proteção aos privilégios dos ricos, precarização do mercado de trabalho, privatização do ensino público, projeto pedagógico que não promovesse o debate entre professores e alunos, entrega de reserva de pré-sal, mediante venda por valor bastante simbólico, às corporações estrangeiras do petróleo etc.
Além disso, a tese de "regeneração" difundida pelos "espíritas" é ridícula. Afinal, eles acreditam que o Brasil irá liderar a comunidade das nações e se tornará o "Coração do Mundo", sendo também a tal "pátria do Evangelho" a dar "lições de sabedoria e solidariedade" para o resto do mundo, com seu projeto "progressista" para a humanidade.
Só que, se tal alegação era impossível de qualquer maneira e sob todos os aspectos, já que esconde intenções teocráticas ("pátria do Evangelho") e propõe uma inconcebível posição de liderança (até por ela ser perigosa, vide exemplos como o Império Romano e a Alemanha nazista, e impossível, diante de um Brasil afundado em crise).
Além do mais, que nação-líder do mundo será um Brasil que retomará, aos olhos do "missionário" governo de Michel Temer, preparando o terreno para um futuro "grande líder" (Aécio Neves?), a postura de país periférico subordinado às diretrizes político-econômicas dos EUA?
Isso soa contraditório, pois o país que os "espíritas" alegam estar destinado a ser o "Coração do Mundo" está sujeito a voltar a ser um capacho dos EUA, o que não é uma postura de liderança, mas de subserviência das mais lamentáveis. A máscara caiu para o "espiritismo" brasileiro.
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