terça-feira, 19 de julho de 2016
Brasileiros estão brincando com fogo, politicamente falando
Nunca antes na história do nosso país determinados políticos podiam ser livremente caluniados e acusados levianamente, com mentiras grosseiras e sem provas. A catarse coletiva que expressa rancor ao PT e tudo que está a ele relacionado - sobretudo o Método Paulo Freire, só para citar o caso da Educação - e a tranquilidade diante da esperança de que "Temer veio pra ficar" é preocupante.
Os brasileiros estão brincando com fogo. Defendem um governo instaurado por políticos corruptos, através de um impedimento de uma titular da República feito por votações na qual a maioria de deputados e senadores é comprovadamente acusada de crimes graves, de crimes eleitorais a homicídio, de corrupção a crimes ambientais.
Mas não é só isso. Hoje as pessoas estão apoiando um governo que promete acabar com as conquistas sociais e fazer a vida do brasileiro virar um inferno. Um governo representado por entidades, instituições e setores da sociedade que defendem valores machistas, racistas, religiões medievais, preconceitos elitistas e tudo o mais de pior.
A alegre esperança das pessoas de que o presidente interino Michel Temer irá "melhorar o país" caso se torne efetivo - o meio político, a grande mídia empresarial e o mercado estão lutando para que haja o afastamento definitivo de Dilma Rousseff - é uma grande ilusão, na medida em que sua agenda política não consegue esconder que se destina aos mesmos privilegiados de sempre.
O papo do "Estado mínimo", das privatizações desvairadas, dos cortes aos gastos sociais, da precarização do trabalho e outras medidas amargas para "combater a crise" só resultou num desastre, em níveis devastadores, da Economia no Brasil, não com os governos do PT, mas com os do PSDB, os dois governos de Fernando Henrique Cardoso.
Diferente do PT, em que as denúncias são rumores e declarações muito mal esclarecidos, mas que o contexto sempre toma como "verdades indiscutíveis" só para desmoralizar o partido, as denúncias contra o PSDB se fundamentam em provas documentais sérias e na averiguação de acusações sobre crimes diversos contra a Economia e o patrimônio público.
Não há como dar o mesmo peso a jornalistas sérios como Aloísio Biondi e Milton Severiano, já falecidos, Amauri Ribeiro Jr. e Palmério Dória, que investigam os escândalos do PT, e a brutamontes da palavra, como Reinaldo Azevedo, Merval Pereira, Diogo Mainardi e Eliane Cantanhede, que despejam entulhos verbais contra os políticos do PT às custas de muita boataria e mentiras.
Não se está aqui querendo ser petista, pois o PT cometeu erros, sim, mas o que se percebe é que há uma diferença muito grande entre criticar o partido pelo que fez ou deixou de fazer e disparar calúnias e mentiras escancaradas, se servindo até de foto montagens e tudo.
Lula vestindo roupa de presidiário, publicada pela "insuspeita" revista Veja. A revista Isto É, agora numa linha editorial psicopata, dizendo que Dilma Rousseff "enlouqueceu". Na Internet, houve montagem até com Dilma Rousseff e Lula se "reunindo" com Pablo Escobar, chefe do narcotráfico colombiano falecido em 1993! E o pessoal acredita, como sendo "verdade absoluta".
Enquanto isso, um governo composto de maneira surreal, através de votações de parlamentares corruptos, de um juiz que sofre de miopia jurídica, Sérgio Moro, que só enxerga as leis com o umbigo, apoiado pelo fanfarrão jurídico, Gilmar Mendes e outros ministros e juízes hesitantes, é encarado com otimismo e esperança por muitos brasileiros incautos.
"ESPÍRITAS" ESTÃO COM TEMER
O "espiritismo", que cada vez mais comprova ser a Teologia do Sofrimento rediviva, algo que não consegue mais ser escondido pelos Alamar, Carrara e Simonetti da vida e muito menos por um verborrágico Divaldo Franco prometendo "felicidade", provou que seu partido é o partido da plutocracia, é o partido de Michel Temer.
Também, para o "espiritismo", valem duas ideias: a vítima é a "culpada" e pimenta nos olhos dos outros é refresco. Tanto faz a pessoa sofrer demais, suportar desgraças o tempo todo, se sacrificar em vão por uma oportunidade e o palestrante "espírita" fazer pouco caso, dizendo que a pessoa "não se sacrificou o bastante" para superar uma dificuldade.
Esse recado de que a pessoa "não se sacrificou o bastante" lembra muito os velhos sacerdotes medievais, ou os antigos católicos jesuítas que, no além-túmulo, voaram como pombos famintos para o milharal "espírita", que desde o começo rasgou o legado de Allan Kardec mas, nas últimas quatro décadas, tenta juntar alguns pedaços rasgados e colar de qualquer jeito para compor o "kardecismo autêntico" de hoje.
Recentemente, alguns "espíritas", com o atraso de uns três meses, foram classificar as terríveis passeatas de 13 de março passado como "sinais de regeneração da humanidade", o que revela uma visão muito absurda e até ridícula.
Afinal, as passeatas do 13 de Março, na verdade, eram manifestos de ódio e revolta, qualidades tão condenadas aparentemente pelos "espíritas", nas quais se exibiam até suásticas nazistas, se pedia o golpe militar e rogava pena de morte para Lula e Dilma Rousseff, com raivosos manifestantes no trio elétrico despejando mentiras e ofensas anti-PT aqui e ali.
Os "espíritas" deram um tiro no pé, mas neste caso agiram em coerência com seu conservadorismo adormecido (recentemente, o presidente da Federação "Espírita" Brasileira apareceu ao lado de Dilma Rousseff com "diplomacia").
O "movimento espírita" esteve na Marcha da Família Unida com Deus pela Liberdade, a passeata que pediu o golpe militar em 1964. Francisco Cândido Xavier, o tão festejado Chico Xavier, apoiava a ditadura militar em 1971, numa época em que nem Carlos Lacerda, o maior defensor do golpe de 1964, apoiava mais este regime.
Isso sem falar que o mito "filantrópico" de Chico Xavier, fabricado para fazer frente à ascensão dos pastores eletrônicos R. R. Soares e Edir Macedo, no final dos anos 1970, foi uma tarefa da Rede Globo de Televisão, a mesma que divulga mentiras contra Lula e Dilma e que acumula um histórico de fraudes e farsas feitos para manipular o inconsciente coletivo dos brasileiros, mesmo uma parcela dos que acreditam não serem influenciados nem seguidores da emissora.
Faz parte. Afinal, o conservadorismo do "movimento espírita" se torna cada vez mais acentuado, caindo a máscara de uma doutrina que muitos incautos acreditavam ser "futurista", "progressista", "científica" e "moderna".
A cada vez mais o "espiritismo" mostra que nunca passou de uma adaptação paranormal do Catolicismo português da Idade Média, acolhendo, mais do que a Igreja Católica atual, os velhos jesuítas do Brasil colônia que, com seus preconceitos medievais, desnortearam a doutrina de Allan Kardec em prol de um igrejismo velho, gosmento e extremamente moralista.
E é esse igrejismo com cheiro de mofo que movimenta o "espiritismo" brasileiro que aposta todas as fichas do governo retrógrado de Michel Temer, seguindo o "espírito do tempo" de uma sociedade neurótica que é capaz de abrir mão da ética, da lógica e do bem-estar coletivo para se manterem em suas convicções pessoais.
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