segunda-feira, 11 de abril de 2016
Livro de autor "não-espírita" endeusa Divaldo Franco
Em matéria de tendenciosismo, o "movimento espírita" é muito, muito habilidoso. Neste sentido, o "espiritismo" brasileiro ganha das seitas neopentecostais pela sua esperteza em forjar objetividade científica, imparcialidade e despretensão, diante dos grotescos pastores da Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Internacional da Graça de Deus e similares.
O Brasil já é um país surreal, em muitos e muitos aspectos, e quer comandar o mundo através de seu religiosismo esquizofrênico e sua sociedade longe de ser desenvolvida e próspera. Faz sentido que o país tornou-se terreno fértil para a deturpação da Doutrina Espírita que se tentou fazer na própria França de Allan Kardec.
Foi lançado há alguns meses o livro A Jornada Numinosa de Divaldo Franco, de Sérgio Sinotti, pela Livraria Leal, primeiro ensaio biográfico sobre o anti-médium baiano, obra supostamente dotada de objetividade e imparcialidade, por um "livre pensador", "observador isento" e não um "confrade ou acólito".
Na verdade, não é o primeiro livro sobre a vida de Divaldo Franco lançado nos últimos tempos. Há também a biografia jornalística Divaldo Franco - A Trajetória de um dos Maiores Médiuns de Todos os Tempos, de Ana Landi, da Bella Editora. Há ainda muitos outros livros falando sobre o trabalho "filantrópico" de Divaldo, o "maior filantropo do país" que não chega a ajudar 0,1% da população de Salvador e deixa Pau da Lima sob as trevas da violência.
Ambas as biografias tentam trazer objetividade ao processo de endeusamento de Divaldo Franco, um ídolo religioso similar ao de Francisco Cândido Xavier. Mas, diferente de Chico Xavier, Divaldo tenta apresentar uma roupagem "científica", através de sua pose "professoral" e de seu discurso rebuscado como que de um velho tribuno.
Quanto ao livro de Sérgio Sinotti, há um ponto a observar a respeito da palavra "Numinosa", que faz um claro trocadilho com a palavra "Luminosa". Segundo o dicionário Michaelis, "numinoso", "segundo a filosofia da religião de Rudolf Otto, aplica-se ao estado religioso da alma inspirado pelas qualidades transcendentais da divindade".
Isso significa que o livro do "não-espírita" Sinotti, mesmo assim, procura endeusar Divaldo Franco, transformando-o em um indivíduo dotado de "religiosidade da alma inspirado na transcendência da divindade". Pura divinização de uma simples pessoa.
Divaldo Franco é o plano B de uma possível falência do fenômeno Chico Xavier, envolto em confusões graves que vêm à tona em inúmeras denúncias. Já existe até mesmo uma campanha pelo relançamento, ou pelo menos pela disponibilização na Internet, do livro O Enigma Chico Xavier Posto à Clara Luz do Dia, de Attila Paes Barreto.
A diferença de Divaldo é, portanto, a roupagem "científica" e o verniz de "objetividade" que garantem que um ídolo religioso e a deslumbrante adoração que o cerca sobrevivam diante de aparentes questionamentos sobre o igrejismo entusiasmado.
De um lado, o discurso do pretenso "sábio", suposto filósofo, um falso "mestre" que afirma ter todas as respostas para tudo, algo que não é próprio de um verdadeiro mestre. Divaldo é um mistificador e deturpador da Doutrina Espírita, mas veste a capa do "bom kardeciano", de vez em quando puxando a brasa do mestre lionês para a muqueca igrejista do anti-médium baiano.
E isso é muito perigoso, porque camuflar o deslumbramento religioso com falsa objetividade científica é a maior habilidade do "movimento espírita", que dissimula seu igrejismo altamente místico (ou misticismo altamente igrejista, tanto faz) com alegações supostamente científicas.
Quando não funcionam as alegações científicas, investe-se no bom-mocismo, nos papos de "filantropia", "amor", "bondade", "caridade" e outras palavras lindas. Tudo para seduzir quem está de fora do circo da religião "espírita".
Isso é grave. Os inimigos internos da Doutrina Espírita, que a catolicizaram, assim que a fizeram irremediavelmente corrompida e hipócrita (se diz fiel a Allan Kardec mas contra ele se cometem traições doutrinárias severas), agora tentam cooptar ateus e agnósticos para seu domínio.
O "espiritismo" brasileiro, desta forma, sendo o Catolicismo medieval redivivo, fazer todos os artifícios para manter o seu poder e cumprir a hegemonia tão sonhada e descrita pelo seu "renegado" Jean-Baptiste Roustaing, em Os Quatro Evangelhos, que, muito antes de Chico Xavier e sua "data-limite", já falava na supremacia do "espiritismo" catolicizado sobre a humanidade da Terra.
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