INFELIZMENTE, A DETURPAÇÃO DO ESPIRITISMO HÁ MUITO TEMPO CHEGOU À TERRA DE ALLAN KARDEC. ESTE CARTAZ É SÓ UMA AMOSTRA RECENTE.
Não foi por falta de aviso que a Doutrina Espírita foi completamente tomada pelos inimigos internos. Há mais de 150 anos, o espírito Erasto descrevia com detalhes como agiriam esses inimigos, que se apropriariam da doutrina de Allan Kardec para impor abordagens que corrompessem a missão lógica e científica trazida pelo pedagogo de Lyon.
Erasto avisou de tudo. De textos prolixos, palavras bonitas e até mesmo a transmissão de "coisas boas" - os tais "conceitos de amor e bondade" - , tudo foi alertado por Erasto e também pelas próprias ideias de Kardec. E sob a recomendação de tomarmos cuidado com todos esses processos traiçoeiros.
Despindo de todo tipo de paixão terrena, vulnerável à sedução que os estereótipos espetaculares de "amor e caridade" que trazem, diante do "bom etnocentrismo" de muitos que concebem tipos aparentes de "pessoas humildes" e "mestres bondosos", vemos em Chico Xavier e Divaldo Franco os mais traiçoeiros e perniciosos inimigos da Doutrina Espírita, e, com toda segurança, os piores deles.
E, enfatizamos, ao constatar tudo isso, não estamos agindo com rancor, com intolerância religiosa, com fúria impiedosa contra o trabalho do bem, contra a ação social, entre outras alegações perversas. Nada disso. Constatamos isso pela observação calma, isenta e imparcial de ideias e conteúdos.
Vemos os textos e as práticas de Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco verdadeiras contrariedades aberrantes ao pensamento kardeciano, algo que preocupa porque, prestando bem atenção, se o pedagogo lionês dizia uma coisa, os anti-médiuns brasileiros diziam outra. Se aquele fazia algo, os dois faziam coisa bem diferente e oposta.
Desde que o "espiritismo" brasileiro passou a ser comandado pela corrente "dúbia", em que se declara nominalmente "fidelidade e respeito absoluto" a Allan Kardec mas, na prática, se comete as mesmas traições doutrinárias de sempre, o que se viu foi uma bajulação oportunista e irresponsável da ciência e da Filosofia pelo "movimento espírita".
A situação está pior do que nos tempos em que Jean-Baptiste Roustaing era assumidamente admirado pelos "espíritas". Hoje meros pregadores religiosos, como Divaldo Franco, posam de "intelectuais" através de um discurso rebuscado e prolixo que mais confunde do que esclarece. Exemplo disso são as delirantes abordagens que Divaldo fez das "crianças-índigo".
Mas essa fase "dúbia" faz até Chico Xavier ser definido como "cientista", através de atribuições mais delirantes. Não bastasse o fato dele ter cometido fraudes "mediúnicas", participado de farsas de materialização, fazendo pastiches literários e tudo, não fosse suficiente sua imagem de "bondade" ser altamente discutível (como no caso dele, tão levianamente, jogar à superexposição sensacionalista das famílias de pessoas comuns mortas), fala-se que ele "previu" descobertas científicas aqui e ali.
Isso é uma grande farra mística, que coloca o "espiritismo" brasileiro num nível abaixo ao pior dos movimentos neopentecostais, por mais retrógrados que sejam. Afinal, que diferença faz a "bancada da Bíblia" estabelecendo valores retrógrados, promovendo da degradação do mercado de trabalho a definições homofóbicas de família brasileira, diante de delirantes "espíritas" que acham que o misticismo brasileiro prevalecerá ao ceticismo lógico que aquece os debates no "velho mundo"?
Essencialmente, não existe diferença alguma. Divaldo Franco e Silas Malafaia são duas faces de uma mesma moeda. Dá até para fazer um "morph" (espécie de mash up de imagens, quando ocorre uma mistura digital de dois rostos diferentes), talvez gerando um Divlas Malafranco.
Mas a vantagem, que pode ser inexpressiva em termos práticos, dos neopentecostais aos "espíritas", está no fato de que os primeiros não estabelecem desonestidade doutrinária. Os neopentecostais, com todo o propósito, veem o mundo de forma religiosista, mistificada, e não travestem a fé religiosa que professam em "ciência" e "filosofia". Se eles mistificam, assumem isso e ainda citam passagens da Bíblia traduzida para seus propósitos "evangélicos".
Já o "espiritismo" peca pela desonestidade doutrinária. O que os "espíritas" fizeram ou fazem, e aqui devemos incluir Chico Xavier e Divaldo Franco, contraria abertamente o que Allan Kardec pensou e recomendou. A deturpação ocorre em palavras soltas, que os "espíritas" brasileiros mal se esforçam em dissimular.
Com o documentário e o livro Data-Limite Segundo Chico Xavier, respectivamente dirigido por Fábio Medeiros e escrito por seus co-produtores, Juliano Pozati e Rebeca Casagrande, a postura "dúbia" é levada às últimas conseguências.
Pozati, que tudo indica ser o principal escritor do livro, carrega demais no pretensiosismo científico. Ele chegou a delirar intitulando um capítulo como "Menos Religião, Mais Espiritualidade", se contradizendo falando no tripé Ciência, Filosofia e Religião supostamente atribuído a Allan Kardec (que, na verdade, queria que sua doutrina fosse uma combinação de Ciência, Filosofia e Moral), e se esquecendo que Chico Xavier era, acima de tudo, um fanático religioso.
Isso não é invenção. Se prestar atenção na biografia de Chico Xavier, ele nunca foi espírita de verdade, mas um católico ortodoxo em crenças, mas dotado de paranormalidade, o que lhe valeu ser excomungado pela Igreja em Pedro Leopoldo, não porque "desafiou os católicos", como tão mentirosamente dizem seus seguidores, mas porque tinha hábitos "estranhos".
Chico Xavier era defensor da Teologia do Sofrimento, o que confirma sua qualidade de católico ortodoxo. A constatação é dolorosa para os seguidores do anti-médium, mas verídica e realista. É só observar as ideias de Chico Xavier sobre o sofrimento: "sofrer amando", "sofrer sem queixumes", "sofrer sem divulgar suas desgraças aos outros". Pura Teologia do Sofrimento.
Os adeptos de Chico Xavier se esquecem que ele era um adorador de imagens católicas, um rezador de terços e novenas, uma pessoa que queria ter um pequeno altar onde ele estivesse, uma espécie de capela individual. Reportagens mostram isso de maneira explícita.
Juliano Pozati se esqueceu que Chico Xavier deixava claro seu fanatismo católico na entrevista do Pinga-Fogo. Xavier acreditava na missão da Igreja Católica para a condução moral da humanidade, e pedia aos espectadores respeito e submissão à religião apostólica romana.
Portanto, é irresponsável essa bajulação que os "espíritas" fazem à Ciência e à Filosofia. Pozati chegou a criar uma palestra sobre a "filosofia da Data-Limite" e, tolamente, expressava sua preferência à palavra "ciência". Ingenuidade ou hipocrisia?
E é esse o problema do "espiritismo" brasileiro, hoje afogado em suas próprias contradições. Dizendo uma coisa e fazendo outra, dizendo uma coisa e dizendo outra depois, num momento usando a "ciência" para camuflar o igrejismo, e outro usando a "bondade" para camuflar o mau cientificismo, o "espiritismo" não consegue dizer a que veio, e só consegue prevalecer por causa de seu pretenso bom-mocismo.
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