"DONA DILMA, QUEREMOS DINHEIRO", DIZEM O GOVERNADOR PEZÃO E O PREFEITO PAES.
O Rio de Janeiro anda falido, em todos os sentidos. O Estado e sua capital passam por uma decadência vertiginosa sem precedentes, inimaginável até nos tempos da República Velha, quando a antiga capital do país procurava fazer reformas urbanas e sociais para superar seu antigo provincianismo.
É o Rio de Janeiro da intolerância social dos "coxinhas", do fanatismo do futebol carioca, das baixarias intelectualmente consentidas do "funk", dos ônibus com pintura padronizada, do comercialismo pseudo-roqueiro da Rádio Cidade, do exibicionismo grotesco das "popozudas", do excesso de fumantes nas ruas, da poluição que supera São Paulo e faz o Grande Rio preocupantemente superaquecido.
Pois não é mais o Rio 40 Graus, mas o Rio rumo aos 50 graus, que sofre o caos da saúde pública e a violência que "acidentalmente" mata milhares de inocentes, principalmente pobres, o que faz técnicos e especialistas da ONU falarem em "limpeza social" com tantos e tão descontrolados incidentes que parecem terem sido feitos de propósito pela truculência policial.
É o Rio de Janeiro reacionário em que antigos baderneiros da Internet, os troleiros, passam agora a hostilizar famosos e influentes nas mídias sociais e até nas ruas, e geram episódios mais típicos de cidades primitivas do interior, com jovens "tudo de bom" linchando um vendedor de gelo na antes cosmopolita Ipanema.
Vive-se um contexto em que os cariocas só tardiamente se arrependeram de eleger como deputado federal o reacionário e prepotente Eduardo Cunha, um religioso que prometia moralizar o Legislativo e, transformado num Joseph McCarthy dos trópicos (alusão ao senador estadunidense que perseguia comunistas e que inspirou o termo "macartismo"), agora é investigado por corrupção.
O Rio de Janeiro teve um 2015 horrível, tragicômico, em que personalidades de destaque, com um histórico de tabagismo no passado, como a jornalista Sandra Moreyra e a atriz Marília Pera, morreram para avisar aos cariocas que não é divertido ficar fumando e espalhando fumaça de nicotina (que inclui substâncias usadas em combustíveis de carros e veneno de rato) nas ruas.
Foram tantas notícias que variavam entre gafes, tragédias, escândalos e graves transtornos, que puseram em xeque a condição de "cidade-modelo" que o Rio de Janeiro, depois da falência social de São Paulo, passou a ter para o resto do país.
Se os desastres do maluf-tucanato e da imprensa brutamontes (não só os Cidade Alerta e Brasil Urgente da vida, mas também a Veja e os jornalões paulistanos) tiraram da Av. Paulista o símbolo máximo do "paraíso brasileiro" de prédios imponentes e cidadãos engravatados decidindo por todo o país, é a vez da ex-Cidade Maravilhosa deixar de ser vista como o "paraíso brasileiro".
E aí vemos o decadente grupo político do prefeito carioca Eduardo Paes e do governador fluminense Luiz Fernando Pezão, tentando sobreviver sacrificando o amigo Eduardo Cunha, que se tornou um "anel" apertado demais para os dedos dos detentores do poder no Rio de Janeiro.
Nem a família Picciani - o presidente da Assembleia Legislativa estadual, Jorge Picciani e seus filhos, o líder do PMDB na Câmara Federal, Leonardo Picciani, e o secretário de Transportes carioca, Rafael Picciani (que queria eliminar a ligação direta Zona Norte X Zona Sul para "otimizar" o sistema de ônibus) - , que jurava eterna lua-de-mel com Eduardo Cunha, quer mais ficar com ele.
Todos os envolvidos agora passaram a posar de "progressistas" e pretensos "amigos" da presidenta Dilma Rousseff, sobretudo com as bajulações baratas de um demagogo como Eduardo Paes, que pouca gente se lembra ter sido uma cria do pouco expressivo PSDB carioca.
Esse falso engajamento em prol da tendenciosa postura "fica Dilma", se opondo aos empenhos do vice-presidente Michel Temer e Eduardo Cunha em se voltarem contra a chefe do Executivo federal, não é todavia uma postura gratuita, como se fosse uma jura de amor fiel à presidenta.
Toda essa postura "fica Dilma" do PMDB carioca tem um propósito: arrancar do Governo Federal as verbas públicas para socorrer o Estado do Rio de Janeiro, que com toda sua farra política usando como pretexto a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, deixou um grande rombo nos cofres públicos que quase pôs o setor da Saúde para a paralisação definitiva, transformando hospitais públicos em verdadeiros abatedouros de gente.
Foi revelado, por uma série de reportagens do Jornal da Record, em série intitulada "O Rio de Janeiro na Lama", que o grupo político de Eduardo Paes estabeleceu um esquema de favores e acordos com grandes empreiteiros, de forma que transferisse grandes somas de dinheiro para as fortunas pessoais dos envolvidos, políticos e empresários (sobretudo empreiteiros).
Os cariocas, geralmente marionetes da "imparcialidade midiática" dos jornais O Dia e Meia Hora, que pautam o "gosto cultural" do "povão" no Grande Rio, acharam que as denúncias não passavam de "lorotas" feitas pela Rede Record, cujo dono Edir Macedo apoia a carreira política do colega Marcelo Crivella, com intenções de vencer as próximas eleições para a Prefeitura do Rio de Janeiro, embora não se tenha ainda chegado sequer a hora de lançar pré-candidatos.
Só que os "parciais" jornalistas da Rede Record que denunciaram os escândalos de Paes e companhia são conhecidos por investigar vários escândalos políticos, independente de partidos políticos, tendo mostrado a corrupção de dirigentes esportivos da CBF e FIFA e o esquema de propinas e desvio de dinheiro público do PSDB paulista, através das concessões e obras do metrô paulistano e de alianças com empreiteiros que fizeram os tucanos turbinarem suas contas em paraísos fiscais no exterior.
Claro, a "boa sociedade" carioca, que sempre se achava com a palavra final para tudo - vide, sobretudo, a turma da trolagem na Internet - , acha que investigar dirigentes esportivos e políticos cariocas é "perda de tempo" de gente que "não pensa em favor do Rio de Janeiro".
Essa "boa sociedade" é que é responsável direta pela tragédia que acontece no Estado e consentiu com a falência de valores e princípios, que não quer que a crise seja denunciada e, irritada com as revelações da decadência do Rio de Janeiro, queria que nós esquecêssemos tudo isso e procurássemos os "anos dourados" cariocas até em videocassetadas no Whatsapp e nos glúteos das "popozudas".
Só que a "boa sociedade" tem que engolir a decadência do Estado do Rio de Janeiro, promovida pelos políticos cariocas que ela elegeu. A própria imprensa tem que relatar essa decadência, por mais que tenha vontade de esconder tudo sob o tapete.
Quanto ao PMDB carioca, seu aparente apoio a Dilma Rousseff, até pela associação com o desgastado grupo político de Eduardo Paes, soa como uma outra forma de dizer "Fora Dilma", forçando o agravamento político da crise do governo petista com o vínculo a autoridades estaduais tão corruptas, autoritárias e demagogas.
Enquanto isso, a crise fluminense se agrava mais e mais, derrubando a reputação do Estado do Rio de Janeiro e sua capital para os demais Estados do país. Alguém tem coragem de ver, na outrora imponente cidade do Rio de Janeiro, cidade-modelo para alguma coisa?
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