sábado, 10 de outubro de 2015
O Brasil intolerante com o PT e tolerante demais com Chico Xavier
Ataque virtual à página do Partido dos Trabalhadores. Panfleto com a frase "petista bom é petista morto" no enterro do ex-presidente do PT, José Eduardo Dutra. Senhoras idosas que chamam os petistas de "nazistas" e perguntam se eles não foram todos mortos em 1964 (sic).
A intolerância cega ao PT e seus principais integrantes, sobretudo o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, a atual presidenta Dilma Rousseff e antigos militantes como José Dirceu e José Genoíno, comandada por uma mídia histérica e seus jornalistas que não estão aí com o povo, causa grande preocupação e serve de alerta para o Brasil.
Afinal, esses movimentos histéricos de "revoltados" e "indignados" falam em "acordar o Brasil" mas pregam um novo adormecimento como o que aconteceu durante 21 anos com os generais no poder e, com uma prorrogação nos anos 90, com a farra neoliberal de Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso, cercados pelas elites civis que haviam apoiado o regime militar.
Essa mesma histeria acontecia no período de crise institucional do governo João Goulart, desde que um plebiscito lhe devolveu o poder governamental tirado pelo parlamentarismo, em 1963. Só que naquela época não havia contraponto da Internet, a mídia alternativa mal havia surgido com jornais universitários e sindicais, e uma série de movimentos direitistas fez a causa golpista vencer.
O problema é que o direitismo brasileiro, seja ele o mais histérico - de Reinaldo Azevedo e Danilo Gentili, por exemplo - , seja o mais envergonhado - de Mário Kertèsz e Pedro Alexandre Sanches - , pode botar o Brasil a perder, diante de uma confusa e inadequada alternância de surtos intolerantes e complacências viciadas.
São pessoas que discriminam o raciocínio questionador, chamando contestadores da realidade estabelecida de "arredios", "pessimistas", "antissociais" e, simplesmente, "chatos". Mas pedem a intervenção militar para tirar Dilma Rousseff no poder sem saber do que estão dizendo, e vão depois "dormir" tranquilos nas mídias sociais, vendo bobagens no WhatsApp.
CHICO XAVIER: A "ZONA DE CONFORTO" ENCARNADA
E aí temos o espetáculo surreal de Francisco Cândido Xavier, que muitos acreditam resistir a todos os obstáculos, sobreviver além do tempo - mesmo com 13 anos de falecido - e estar acima de tudo e de todos no Brasil, no mundo e no universo.
Só que a trajetória de Chico Xavier foi confusa, cheia de escândalos graves - muitos propositalmente feitos ou apoiados por ele - , ele foi uma figura ultraconservadora, que pregava aos sofredores a aceitação submissa aos infortúnios e a conformação com a ganância dos opressores, igualzinho ao que Madre Teresa de Calcutá fez e foi denunciada por Christopher Hitchens e acadêmicos canadenses.
Aqui, porém, a blindagem de Chico Xavier é tanta que houve palestrante autenticamente espírita que chamou os chiquistas de "Estado Islâmico espírita". Plágios, pastiches literários, usurpação dos nomes dos mortos, apoio a fraudes de materialização, ideias retrógradas, defesa da ditadura militar, apologia ao sofrimento humano e profecias atrapalhadas, tudo isso mostra o "gigantesco umbral" que foi a obra de Chico Xavier.
O charlatanismo que Chico Xavier promoveu no "espiritismo", com episódios bastante explícitos e identificáveis - só a comparação do "Humberto de Campos" criado por Chico Xavier e a obra original do autor maranhense, que apresentam contradições evidentes e graves, ilustra isso - , tornou-se ainda mais grave do que a simples catolicização do "espiritismo" nas mãos de Adolfo Bezerra de Menezes.
Mas Chico Xavier virou a "zona de conforto" encarnada, um refúgio para pessoas que querem mascarar seus preconceitos e neuroses sociais apostando no "bom velhinho" e nas suas frases adocicadas, que inserem nas pessoas a falsa impressão, a níveis narcóticos, de que apoiam valores ligados à humildade, caridade e solidariedade.
Pois basta observar o que os chiquistas fazem nas mídias sociais para a máscara cair. Enquanto publicam felizes da vida as "elevadas" frases de Chico Xavier, maltratam os próprios velhinhos que têm em casa, como pais, avós, sogros e tios, ou mesmo irmãos mais velhos.
Enquanto elogiam os ideais de "fraternidade" e "solidariedade" trazidos pelo anti-médium mineiro, fogem dos próprios amigos que os seguem no Facebook dando um "oi" frio e seco, acelerando os passos para evitar conversar com os mesmos que fazem parte de sua lista social no referido portal digital.
Enquanto exaltam os princípios de "humildade" de Chico Xavier, os chiquistas mostram seu horror social aos pobres que vão para as praias e andam nas ruas, sem defender melhorias sociais para eles e sentindo emoções alarmistas de um elitismo furioso, hipócrita e discriminador.
São pessoas que pedem tolerância para Chico Xavier mas rezam para uma bomba explodir nas mãos de qualquer petista. Querem manter Chico Xavier no pedestal do Espiritismo, mas não veem a hora de tirar Dilma Rousseff do comando da República. Adoram quando Chico Xavier fala que o silêncio é a "voz dos iluminados" mas abrem a boca para xingar Dilma e Lula de "nazistas" e "gangsteres".
Essa é a face obscura de boa parte dos chiquistas, que escondem seus preconceitos e neuroses sociais, algumas violentas e paranoicas, com a adoração de um suposto símbolo de humildade e superioridade moral produzido pela mídia. E isso mostra as contradições entre o Brasil que condena até os acertos do PT, enquanto apoia os piores erros de Chico Xavier.
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