sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Artigo científico mostra que "pioneirismo" de Chico Xavier foi um blefe

O PROFESSOR E FÍSICO RICHARD MILNER, DOS EUA.

Chico Xavier não previu vida em Marte. Definitivamente. Isso é fato consumado, e os "espíritas" terão que aceitar isso. Nossa constatação não parte de sentimentos de ódio contra um "homem de bem", mas se baseiam em fatos verídicos e argumentações lógicas, que a pesquisa revela de maneira irrefutável.

Sabe-se que as "previsões" atribuídas a Francisco Cândido Xavier e seus "parceiros espirituais" - como Maria João de Deus e um caricato Humberto de Campos que destoa severamente do original - envolvem presença de água, vida humana e civilizações avançadas.

Enquanto os "espíritas" brasileiros comemoram atribuindo a Chico Xavier um "pioneirismo científico" de 80 anos, a realidade mostra que tudo isso que aparece em Cartas de uma Morta e Novas Mensagens, respectivamente de 1935 e 1939, já era fartamente discutido antes do anti-médium brasileiro nascer.

Só para se ter uma ideia, Percival Lowell (1855-1916), notável astrônomo dos EUA e figura muito respeitada na ciência até hoje, já havia escrito uma trilogia sobre vida em Marte e o título mais recente, Mars as the Abode of Life, foi publicado dois anos antes de Chico Xavier nascer.

Traduzimos um texto do físico Richard Milner, publicado em 06 de outubro de 2011 na revista Astrobiology Magazine, periódico estadunidense cuja credibilidade é confirmada pelo fato de ser patrocinada pelo programa de pesquisas astrobiológicas da NASA, agência espacial dos EUA. O texto original pode ser obtido aqui.

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Traçando os canais de Marte: Obessão dos Astrônomos

Richard Milner
Astrobiology Magazine -  October 06, 2011


À ESQUERDA, ESTE MAPA DE MARTE DE 1894 FOI PREPARADO POR EUGENE ANTONIADI E REDESENHADO POR LOWELL HESS. À DIREITA O TELESCÓPIO ESPACIAL HUBBLE MOSTRA A VISÃO MODERNA DO NOSSO PLANETA VIZINHO. CRÉDITOS: TOM RUEN, EUGENE ANTONIADI, LOWELL HESS, ROY A. GALLANT, HUBBLE, NASA.

Em uma descoberta memorável, imagens obtidas há cerca de cinco anos pela câmera High Resolution Imaging Science Experiment (HiRISE) em torno do reconhecimento da NASA da órbita de Marte, que fotografa a área ao redor do planeta, parecem indicar a presença de água no local.

Durante décadas, cientistas espaciais pesquisaram o Planeta Vermelho sem detectar a presença desse líquido que sustenta a vida, e concluíram que ele era totalmente seco.

Em Agosto último, entretanto, cientistas acharam dúzias de declives ao redor do Hemisfério Sul de Marte onde antes passavam córregos escuros que surgiam e desapareciam conforme as estações. Quando o planeta se aquecia, os córregos apareciam e se expandiam no declive; eles desapareciam quando o lugar se esfriava. Cientistas acreditam que isso pode ser evidência de água salgada e derretida correndo córregos abaixo durante o verão em Marte.

Uma sequência de cinco imagens da Cratera de Newton e uma da Cratera de Horowitz mostram as linhas escuras que aparecem próximas aos topos dos declives e depois crescendo dentro de dezenas de córregos que duram meses até que a água fria volta a se formar e eles desaparecem. Na Cratera de Newton fotos indicam que mais de mil desses possíveis córregos desaguam nos declives e dentro da bacia.

Se confirmada, a descoberta poderá fundamentalmente mudar nossa compreensão de Marte, contribuindo para a teoria de que o planeta foi há muito tempo úmido e quente e pode renovar a esperança de que isso pode ter sido capaz de sustentar vida.

Há cerca de 120 anos, contudo, pelo menos um astrônomo proeminente havia se convencido de que Marte não só abrigava vida, mas tinha abrigado uma civilização avançada. Marcianos, segundo a teoria, haviam construído uma extensa rede de canais para levar água por supostas calotas de gelo nos pólos do Planeta Vermelho para irrigar um mundo que estava se ressecando.


CANAIS DE MARTE DESCRITOS POR PERCIVAL LOWELL. FOTO: DIVULGAÇÃO.

O homem que "descobriu a civilização" em Marte

Os imensos trabalhos ilusórios sobre a Terra (ou sobre Marte?) haviam sido estudados detalhadamente por um dos maiores astrônomos do final do século XIX e do começo do século XX, o rico e socialmente proeminente Percival Lowell

Na sua época, Lowell havia sido, de longe, o mais influente popularizador da ciência planetária nos EUA. Seus livros mais lidos incluíram Mars (1895), Mars and Its Canals (1906) e Mars As the Abode of Life (1908).

Lowell não foi o primeiro a acreditar que viu vastos canais em Marte. Tal distinção pertence ao astrônomo italiano Giovanni Schiaparelli, que em 1877 informou sobre o aparecimento de linhas longas e determinadas que ele chamou de "canali", que quer dizer "canais" em italiano. Mas ele não chegou a atribuí-los ao trabalho de marcianos inteligentes. "Deixem os marcianos; se preocupem com os canais", teria dito.

Lowell levou a matéria muito adiante. Seduzido pelos fenômenos inicialmente observados - e ainda inexistentes - , Lowell passou muitos anos tentando elucidar e teorizar a respeito dos mesmos. Os córregos, imaginou ele, deveriam "correr por milhares de milhas em direção ininterrupta, numa distância relativamente como a entre Londres e Bombaim, e mais precisamente entre Boston e San Francisco.

Ele refletiu que o Planeta Vermelho deveria ter sido coberto de vigorosa vegetação, mas atualmente está dessecada; os "canais" haviam sido uma admirável tentativa de seres cooperativos e inteligentes para salvar seu planeta.

Os Canais de Marte se tornaram uma das mais intensas e precipitadas obsessões na história da ciência, registrando o imaginário popular através de dúzias de artigos de jornais e revistas, assim como de clássicos da ficção científica como "A Princesa de Marte", um clássico 'noir' de quadrinhos feito por Edgar Rice Burroughs, que criou o imortal "Tarzan, o Rei das Selvas". Burroughs deu um raro presente por saber o que o público costuma adorar, dos Homens-Macacos aos Pequenos Homens Verdes.

Apesar do fato de que seus "canais" e as descrições elaboradas da civilização de Marte terem se transformado em produtos de fantasia (isso quando não é uma brincadeira deliberada), o nome de Lowell permanece honrado nos anais de Astronomia.

O legado astronômico de Lowell

Para seguir sua obsessão perdida, Lowell concebeu e inaugurou um dos maiores observatórios mundiais no pico de uma montanha de 2.195m que ele denominou Colina de Marte, próximo a Flagstaff, no Arizona. Ali ele pesquisava os céus, e particularmente Marte, com seu telescópio refrator de 24 polegadas construído por iniciativa própria, concluído em 1894, que se tornou uma maravilha da nossa era.

Em 1930, o astrônomo estadunidense Clyde Tombaugh descobriu o pequeno planeta Plutão usando um telescópio no observatório do Arizona.

Em 2012 o Observatório Lowell, que recebe atualmente cerca de 80 mil visitantes por ano, concluiu seu Telescópio do Discovery Channel, de 4,3m de altura. O ultramoderno instrumento irá expandir ainda mais o avanço das capacidades de pesquisa do observatório e trará novas imagens do universo para centenas de milhões através da transmissão ao vivo pela televisão.

Se a Terra não for invadida por marcianos ou atingida por asteroides gigantes até a próxima semana, meu próximo artigo irá revelar como os habitantes de Marte adorados por Lowell foram derrubados por outro notável cientista: ninguém mais do que o assistente de Charles Darwin na teoria da Evolução, Alfred Russel Wallace.

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