quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A ideia banalizada da mediunidade

A IMAGEM BANALIZADA DA MEDIUNIDADE ACABA COMPROMETENDO A COMPREENSÃO DOS LEIGOS.

A banalização da ideia que se tem da mediunidade no Brasil e até mesmo em alguns outros países que se servem do "exemplo" brasileiro, como Portugal e Espanha, fazem com que a prática tenha uma compreensão bastante corrompida e comprometida não só pelos leigos, mas principalmente por eles, e também por aqueles que se dizem especialistas.

Reduzida a um processo sisudo e solene de produção de mensagens religiosas e restrito a clichês que vão das supostas cirurgias espirituais que evocam médicos alemães ou das supostas pinturas mediúnicas que sempre apelam para "grupos de pintores", para não dizer as "cartas" e "livros" supostamente espirituais, a mediunidade tornou-se um processo indisciplinado e irregular.

A falta de estudos sérios e de cautela quanto à prática mediúnica faz com que quase tudo que se apoia no pretexto paranormal se torne irregular, defeituoso e, não obstante, fraudulento. Reduzir a prática mediúnica a processos sisudos e solenes de divulgação de mensagem religiosa torna-se inútil para garantir sua veracidade, e é nesses casos que as fraudes se tornam ainda mais intensas.

Isso porque o simples ato do praticante "espírita" estufar o peito e posar com toda a seriedade e pompa, ao lado de pessoas dotadas de semelhante sisudez, procurando evocar espíritos - ou fingir que evocam - e produzir mensagens de apelo religioso, são simulacros que não asseguram a atração de espíritos realmente sérios.

Afinal, trata-se de uma seriedade de forma. A pose sisuda, a postura pomposa, a fala ao mesmo tempo calma e grave, a quietude extrema, o critério de evocação restrito a "pessoas de bem" - principalmente espíritos de pessoas que se envolveram em missões religiosas - revelam apenas a forma e não o conteúdo, que pode ser mais vulnerável do que se pode imaginar.

Os leigos não percebem o quanto de irregularidades a prática supostamente mediúnica do "movimento espírita" apresentou. Mesmo com Chico Xavier e Divaldo Franco. A ideia banalizada de mediunidade a partir desses exemplos fez com que a atividade ficasse desmoralizada, rebaixada a uma bagunça, a um caos, com todo o simulacro de seriedade formado.

A verdadeira mediunidade acaba se tornando mais misteriosa e rara do que se pode supor no Brasil. Os espíritos do além se afastam da quase totalidade de atividades tidas como mediúnicas, porque, do outro lado, sabem, melhor do que nós, presos na "caverna material" chamada Brasil, que tais trabalhos não passam de simulações feitas da imaginação de supostos médiuns.

É como no estelionato feito por telefone, em que o autor dos golpes imita a voz que ele supõe ser de sua vítima, ou, no caso de usar a correspondência postal, envia à família, mediante um endereço colhido em outras fontes - como lista telefônica, por exemplo - uma carta com caligrafia qualquer nota, forjando um sequestro para pedir uma grande soma financeira como resgate.

A falta de estudos, mesmo quando a teoria da Ciência Espírita é aparentemente contemplada, é notória, porque saber a teoria nem sempre é compreendê-la com profundidade, sobretudo quando a prática não é a altura do que é entendido em ideias.

Se a maioria esmagadora das mensagens "espirituais" não passam de fraudes dissimuladas com propaganda religiosa e recados "fraternais", como se isso trouxesse alguma positividade genuína, então a mediunidade que se conhece no Brasil, "muito praticada", é aberrantemente irregular.

Daí que se admite que a autêntica mediunidade só pode nascer do zero no Brasil. O problema, porém, é que boa parte dos que dizem querer recuperar as bases kardecianas é complacente com esse método irregular de fraudes "mediúnicas", trazidas a partir dos "modelos" de Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco, também apoiados na condescendência desses "kardecianos fiéis".

Aí seria fazer o cachorro "espírita" correr atrás do próprio rabo. Querer resolver a irregularidade com a própria irregularidade é querer que o câncer se cure mantendo o próprio tumor, sem ter a noção de que é na eliminação da fonte dos prejuízos que se recuperará dos danos provocados. Nunca se repara o dano mantendo a causa do mesmo. A mediunidade irregular não se resolve com ela mesma.

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